Um Curso em Milagres e Trabalho – Dr. Kenneth Wapnick
O Que Diz Dr. Kenneth Wapnick Sobre Trabalho?
Para responder a essa pergunta, nós estamos transcrevendo, em tradução livre, trechos do livro “Q&A – Detailed Answers to Student-Generated Questions on the Theory and Practice of A Course in Miracles” [“Perguntas e Respostas – Respostas Detalhadas às Perguntas Geradas pelos Estudantes sobre a Teoria e a Prática de Um Curso em Milagres”], Supervisionado e Editado pelo Dr. Kenneth Wapnick, Ph.D., Foundation for A Course in Miracles©, para conhecimento e entendimento sobre o tema “trabalho e ambiente de trabalho”, conforme o sistema de pensamento do Curso.
Tradução livre Projeto OREM® (PO)
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Raiva e culpa no ambiente de trabalho
Pergunta #107: Eu tenho uma pergunta sobre a ideia: “É impossível que qualquer coisa seja perdida, se o que tens é o que és.” (T-26.VII.11:4). Essa afirmação está no contexto da descrição da nossa verdadeira Identidade. Isso também é verdadeiro para as nossas experiências como um ego? O meu ambiente de trabalho traz à tona grande parte da minha culpa, seja projetando-a nos outros ou internalizando-a. Lembro-me de muitas vezes em que uma ideia que eu tenho é desafiada e eu fico muito ofendido, magoado, zangado, etc. Parece que eu me tornei aquela ideia, que ela me representa. Então, isso é a mesma ideia, ou seja, o que eu tenho é a minha decisão de escolher o ego, então é isso o que eu sou? Eu me torno ou reflito o que eu escolho? Portanto, se eu pudesse recuar e olhar com Jesus para essas situações de trabalho e escolher a sua visão, então eu me tornaria aquela visão? Isso está certo?
Resposta: Sim, você está no caminho certo. Cada passo em nossa descida do estado de unicidade implicou uma escolha, tornando-nos então aquilo que nós escolhemos, mas negando que nós o escolhemos. A meta desde o início era adquirir e manter a nossa individualidade, mas não assumir a responsabilidade por ela. Portanto, a experiência predominante da existência humana é a vitimização, que reforça a crença interna: “Eu não sou responsável”. Considerando apenas a nossa identificação com o ego, não as nossas mentes certas, as nossas vidas aqui não podem ser outra coisa senão uma experiência após a outra de nos sentirmos ofendidos, com raiva, ressentidos, com medo, envergonhados, etc., porque o mundo nada mais é do que os nossos pensamentos de pecado, de culpa e de medo projetados para fora, “…o retrato externo de uma condição interna.” (T-21.in.1:5). [Com isso em mente] Nós necessitamos levar as coisas para o lado pessoal, caso contrário, nós não podemos responsabilizar os outros por nossa condição. Em outras palavras, nós temos nos tornado o sistema de pensamento do ego e, portanto, aprender a perdoar seria inicialmente percebido como tremendamente ameaçador. É por isso que o que o Curso chama de perdão-para-destruir é a versão comumente aceita de perdão no mundo. O pecado veio a ser real e ainda existe uma separação entre quem perdoa e quem é perdoado, diretamente antitética ao que o Curso ensina.
As lições do Livro de Exercícios enfatizam repetidamente a importância de recuar e olhar com Jesus para o que nós estamos fazendo e pensando. Nós necessitamos da ajuda de um professor que esteja fora do sistema de pensamento com o qual nós nos identificamos tão profundamente, caso contrário, nós não teríamos como ir além dele. Portanto, você está bastante correto ao concluir que olhar com Jesus e escolher contra o ego lhe daria automaticamente a mesma visão de Jesus. A chave é lembrar que sempre nós temos uma escolha; os esforços do ego são direcionados para nos manter sem mente. Quem realmente nós somos, o Filho único de Deus, nunca mudou e nunca foi afetado pelo sonho da separação. Nós necessitamos apenas negar a nossa negação dessa verdade (T-12.II.1:5) e então o que nós temos tornado invisível voltará, por meio de nossa união com Jesus ou com o Espírito Santo, a ser tudo o que nós vemos (T-12.VIII.3). Nas palavras de uma bela oração: “Eu não tenho nada, eu não quero nada, eu não sou nada além do amor de Jesus”.
“Quando fizeste com que fosse visível o que não é verdadeiro, o que é verdadeiro veio a ser invisível para ti. No entanto, não pode ser invisível em si mesmo, pois o Espírito Santo o vê com perfeita clareza. É invisível para ti porque estás olhando para uma outra coisa. No entanto, não cabe a ti decidir o que é visível e o que é invisível, como não cabe a ti decidir o que é a realidade. O que pode ser visto é o que o Espírito Santo vê. A definição da realidade é de Deus e não tua. Ele a criou e Ele conhece o que ela é. Tu, que conhecias, esqueceste e se Ele não tivesse te dado um caminho para lembrares, terias te condenado ao esquecimento.” (T-12.VIII.3)
P #1092: Como um gerente de uma loja de varejo, eu sou defrontado quase diariamente com situações de confronto com clientes. Embora eu reconheça que isso me oferece muitas oportunidades de praticar o perdão, eu estou tendo dificuldade em abandonar o mau hábito de me sentir pressionado e inseguro quando alguém está realmente chateado, bravo e sendo irracional. Eu tento não levar para o lado pessoal, entretanto, eu não consigo encontrar a perspectiva certa para resolver a situação e manter a calma sob estresse. Eu sei que o problema está todo dentro de mim. Você poderia, por favor, dar alguns exemplos de como aplicar o perdão a mim mesmo e dar um passo para trás para deixar o Espírito Santo me ajudar a lidar com a minha dose diária de estresse?
R: Você tem a abordagem certa – ver a situação como uma sala de aula na qual você está aprendendo a perdoar, o que significa aprender a não levar os ataques para o lado pessoal. Isso não é fácil de fazer, como você tem descoberto, porque, como egos, nós nos damos bem responsabilizando os outros por nossa falta de paz: “Se essa pessoa fosse mais razoável, eu não me sentiria tão inseguro e ameaçado”. O que realmente está acontecendo é que nós tomamos a decisão mental de nos afastar do amor antes que a troca com a outra pessoa aconteça e então a culpa por essa decisão é projetada em qualquer coisa que aconteça. Em outras palavras, nós secretamente queremos ser maltratados para que a nossa atenção possa se concentrar no que outra pessoa está fazendo conosco, ao invés de se concentrar na dor da culpa em nossas mentes.
A causa dos sentimentos de inadequação e fraqueza é a face do comportamento irracional dos outros, portanto, não tem nada a ver com essas pessoas e o comportamento delas. Isso tem a ver com o nosso sentimento profundo e permanente de deficiência em nosso relacionamento conosco mesmos (ódio a nós mesmos) porque nós escolhemos nos separar do nosso amoroso Criador e, então, cortar toda a conexão com esse Amor, acreditando que nós nos sairíamos bem sozinhos. Portanto, ao olhar para esse autoconceito com o amor de Jesus ao seu lado, você estará lidando com a verdadeira causa dos problemas que você tem estado enfrentando. O próximo passo seria aceitar a garantia do amor de que a sua autoacusação é injustificada, sendo baseada em premissas falsas. É impossível separar-se da Totalidade e rejeitar o Amor que abrange toda a realidade. Portanto, a sua única responsabilidade é observar como você se identificou com o ego e com a culpa e reconhecer que tudo isso é apenas uma decisão equivocada.
“E assim a tua inocência não foi perdida.” (T-28.I.10:7)
Quando a sua percepção estiver enraizada em sua inocência ou santidade, você não será afetado por seus clientes, por mais beligerantes que eles sejam. Você enxergará além do ego deles, para a mesma mente certa na qual agora você está inserido. Você reconhece que, em sua mente errada, você deseja ser fraco e ser maltratado pelos outros; então, você reconhece que o problema é essa decisão de se identificar com o ego; então, você pede ajuda para corrigir essa escolha; e quando você aceita a inocência em sua mente certa como a verdade sobre você, você permanecerá em paz, não importa o que os outros façam ou digam.
“Que elas sejam tão odientas e mais quanto possam, não poderiam ter nenhum efeito sobre você, a não ser que tenham fracassado em reconhecer que esse é o seu sonho” (T-27.VIII.10:6).
A partir desse centro tranquilo, que você sabe que todos compartilham com você, você responderá de uma forma amorosa a todos os envolvidos. Você perceberá qualquer fraqueza em você como simplesmente uma defesa contra essa verdade, sem poder para mudá-la.
Trabalho e negócio como defesa contra Jesus
P #74: Eu li em “Absence from Felicity” [livro; “Ausência de Felicity” – Dr. Kenneth Wapnick] sobre como Helen usava as compras como defesa contra Jesus. Isso a preocupava quase totalmente e conseguia manter Jesus longe de sua atenção. O meu trabalho e os meus compromissos estão fazendo o mesmo por mim. Embora eu nunca tenha pensado que os estava usando como defesa – apenas sendo normal. Isso pode ser evitado?
R: Um dos principais focos do ensino e treinamento do Curso é nos fazer pensar em termos de propósito.
“Em qualquer situação na qual você está certo, a primeira coisa a considerar, muito simplesmente, é ‘O que eu quero que resulte disso? Para que serve isso?’” (T-17.VI.2:1-2).
“O teste para todas as coisas na terra é simplesmente esse: ‘Para que serve isso?’ A resposta faz com que sejam o que são para ti. Elas não têm significado em si mesmas, entretanto, tu podes dar realidade de acordo com o propósito ao qual serve.” (T-24.VII.6:1-3)
Existem Apenas dois propósitos que estão abertos à escolha em nossas mentes. Ou nós temos escolhido reforçar a nossa crença na separação ou desfazer essa crença e nunca há um instante em que nós não estejamos fazendo essa escolha. Outra maneira de afirmar isso é que nós estamos sempre escolhendo entre afastar o amor de Jesus ou unir-nos a ele [em nossa mente]. Isso significa que nunca é a atividade em que nós estamos engajados que é o problema ou a razão pela qual nós não estamos em paz, mas sim é a escolha que nós estamos fazendo de usar a atividade para nos manter separados ou em conflito, etc..
O Curso ensina que nós criamos o mundo para ser uma distração e uma cortina de fumaça, para que nós nos esqueçamos completamente de que nós temos uma mente que, a todo instante, escolhe se identificar com o sistema de pensamento do ego ou do Espírito Santo. Nós ficamos preocupados com o nosso trabalho, as nossas famílias, etc., sem nunca reconhecer o propósito subjacente que tem sido escolhido em nossas mentes. Nós justificamos a nossa imersão no mundo dizendo: “Todas as pessoas fazem isso” ou “Isso é normal”. No entanto, tudo é muito proposital, como refletido nessa declaração:
“Cada relacionamento especial que tenhas feito tem, como seu propósito fundamental, o objetivo de ocupar a tua mente de forma tão completa que não ouças o chamado da verdade.” (T-17.IV.3:3)
Nós, é claro, não temos ciência de que isso está acontecendo e é por isso que o Curso é tão útil.
Em vista disso, a sua pergunta sobre como evitar usar o trabalho, ou qualquer outra coisa, como defesa contra o amor de Jesus, em certo sentido, é a pergunta ou o foco errado. Como a citação acima indica, esse é o próprio propósito de nós estarmos no mundo, com todas as nossas obrigações e compromissos – estarmos preocupados com o que está fora de nossas mentes, de modo que nós nos esqueçamos completamente de que nós temos uma mente que está escolhendo a cada instante. Nesse sentido, então, nós não podemos evitar usar o mundo como defesa, porque é para isso que nós estamos aqui! Portanto, o que mais o ajudaria é simplesmente ser honesto sobre essa sua intenção subjacente ao estar ocupado. O propósito não é o que você pensa, assim como Jesus nos informa na Lição 5 que “eu nunca estou transtornado pela razão que imagino.”
Helen sabia disso claramente. Ela sabia que as compras dela eram uma forma de manter Jesus afastado. Se você puder ser claro sobre isso, o problema não será agravado pela culpa pela desonestidade. Ter medo de se aproximar do amor não é pecado; portanto, vergonha e culpa não são justificadas. O medo não é pecado e não tem efeito sobre o amor de Jesus por você. Quando Helen soube que estava pronta para aceitar o amor de Jesus, a experiência dela foi que Ele lhe disse que ela não precisava mais ir às compras e não havia senso de sacrifício. Ela sempre tinha clareza sobre o propósito do que ela estava fazendo. É isso o que todos nós necessitamos almejar. Nós nunca estamos ocupados pela razão que imaginamos!
A correção vem Quando nós, em primeiro lugar, reconhecemos o propósito que nós temos escolhido em nossas mentes erradas e então nós pedimos a Jesus ou ao Espírito Santo para nos ajudar a mudar o nosso propósito para que nós possamos usar todas as coisas como um meio de desfazer a separação e ver os nossos interesses como compartilhados com os de todos os outros, ao invés de em conflito com eles. O desafio é aprender como fazer as duas coisas – como estar ciente do que está acontecendo em nossas mentes e, ao mesmo tempo, cumprir conscientemente as nossas obrigações e responsabilidades no mundo da melhor maneira possível. É possível fazer isso, mas requer muita prática. É para isso que os exercícios do Livro de Exercícios foram elaborados para fazer. Nós aprendemos como funcionar no mundo de forma eficaz, enquanto aprendemos que nós não somos do mundo.
Escolhendo uma linha de trabalho
P #282: Além de ser uma estudante de Um Curso em Milagres, eu também sou Budista. Eu penso que o Budismo e o Curso combinam muito bem. Eu estou considerando assumir o hábito e me tornar uma monja Budista para aprofundar o meu entendimento espiritual. Ao abandonar um estilo de vida “normal” de ter um emprego, pagar contas, etc., eu estou adiando lições que eu necessitarei aprender, ou a adoção de um estilo de vida monástico é um grande passo para me livrar do meu apego (desculpem a terminologia Budista) ao mundo de ilusões que o meu ego tem criado?
R: Um Curso em Milagres concentra-se apenas no conteúdo da nossa mente, não na forma ou no comportamento. E esse conteúdo é ou do ego ou do Espírito Santo. Portanto, estar em um monastério ou em um escritório corporativo não faz diferença sob esse ponto de vista. O que faz a diferença, espiritualmente, é se você vê os seus interesses como diferentes dos de todos os outros ou como iguais. O Curso nos encoraja a ver as circunstâncias e os cenários da nossa vida como uma sala de aula na qual nós somos capazes de escolher aprender o currículo do ego, que se baseia na separação, ou o currículo do Espírito Santo, que se baseia na desfazer da separação. Ele nos ensina a pensar sempre em termos de propósito: Nós estamos usando o mundo e os nossos relacionamentos para reforçar a nossa crença na separação ou para desfazê-la? O mundo e o corpo, portanto, não são o problema; a maneira como nós os usamos é o problema. E isso sempre é o resultado da escolha que nós fazemos em nossas mentes de sermos ensinados pelo ego ou por Jesus. Portanto, o mais útil na sua situação é pedir ajuda para desfazer qualquer especialismo que possa estar envolvido na decisão que você está tomando. Isso contribuirá muito para eliminar as dúvidas e os conflitos que você experiencia.
P #284: Eu tenho sido policial há mais de seis anos. Desde que eu entrei para a polícia, eu tenho me interessado por vários ensinamentos espirituais, incluindo Hatha Yoga e Um Curso em Milagres. Como resultado, há alguns anos, eu decidi pedir demissão do meu emprego na polícia e tentar encontrar um emprego mais alinhado com um estilo de vida espiritual. O trabalho policial parecia se tornar mais difícil à medida que eu tentava encarar o trabalho com mais amor e sem julgamentos. Eu sentia que eu estava me tornando vulnerável demais para esse tipo de trabalho intenso.
Mas então eu retornei ao trabalho policial depois de um ano de folga, tendo concluído que eu não poderia fugir das minhas projeções porque elas me seguiam onde quer que eu fosse. Apenas a forma mudou. Eu voltei para a polícia por cerca de dois anos antes de sentir novamente um forte desejo de sair. Atualmente, eu estou de licença do meu trabalho, estudando para me tornar um professor certificado de Yoga. Eu estou quase terminando o programa e tenho que tomar uma decisão sobre o que fazer a seguir. Eu tenho pensado muito em me tornar um monge na ordem Vedanta, pois isso me parece o mais próximo do que eu acredito ser a Verdade, no entanto, eu penso que isso pode ser apenas mais um mecanismo de fuga. Eu tenho continuado a estudar o Curso junto com a Yoga, embora em muitos aspectos essas duas práticas pareçam contraditórias, já que a Yoga se concentra em usar o corpo como um meio de cultivar a quietude.
A minha principal pergunta é: da perspectiva do Curso, o trabalho policial é um caminho mais difícil de trilhar enquanto se tenta despertar, já que ele envolve lidar com tanta frequência com situações muito intensas e ver os egos em seu pior momento? Isso conduz à prática do perdão? E quanto à vida monástica? Como o foco do Curso é perdoar relacionamentos, ele pode não ser compatível com a vida monástica, ou seja, renunciar ao mundo. Se eu pudesse estar disposto a ouvir a voz de Jesus ou do Espírito Santo e parar de me confundir… É uma pena ter a consciência no nível da realidade [awareness] de que eu estou fazendo isso comigo mesmo, mas não ter disponibilidade suficiente para parar isso.
R: Embora você diga que tem uma pergunta principal, parece que, na verdade, você tem duas perguntas distintas, mas ainda assim inter-relacionadas. E a pergunta anterior é: com qual caminho espiritual, Yoga ou o Curso, você quer se comprometer? Você reconhece que eles não são a mesma coisa, mas se você tentar manter um pé em cada caminho, à medida que eles divergem cada vez mais em sua experiência ao longo do tempo, você se sentirá cada vez mais dividido e confuso. Portanto, essa é a primeira pergunta que você pode querer uma resposta e nesse ponto uma resposta para a segunda pergunta – qual linha de trabalho ou carreira você deve escolher – pode ser mais facilmente aparente. Embora os ensinamentos metafísicos mais profundos do Curso e do Vedanta – ambos afirmam a natureza não-dualista da realidade – sejam os mesmos, os meios para lembrar que a realidade e o despertar são diferentes. Embora os ensinamentos metafísicos mais profundos do Curso e do Vedanta — ambos afirmam a natureza não-dualística da realidade — sejam os mesmos, os meios para lembrar dessa realidade e desse despertar são diferentes.
Jesus, dirigindo-se ao estudante que tem se comprometido com o Curso, destaca como o Curso difere de outros caminhos:
“Nem há necessidade de toda uma vida de contemplação e de longos períodos de meditação com o objetivo de desapegar-te do corpo. Todas essas tentativas, em última instância, terão sucesso devido a seu propósito. No entanto, os meios são tediosos e consomem uma grande quantidade de tempo, pois todos procuram a liberação no futuro a partir de um estado de presente indignidade e inadequação.” (T-18.VII.4:9-11)
“O teu caminho será diferente, não em relação ao propósito, mas ao meio. Um relacionamento santo é um meio de ganhar tempo. Um instante passado junto com o teu irmão restaura o universo para ambos.” (T-18.VII.5:1-3)
Em outras palavras, o processo de despertar do Curso é o perdão – não a meditação – praticado no contexto de todos os nossos relacionamentos no mundo. Alguns relacionamentos são mais intensos do que outros, mas todos oferecem oportunidades para curar [to heal] as nossas projeções da culpa que nós temos buscado colocar para fora de nossas mentes, retirando essas projeções e enxergando-as dentro de nós, onde elas são capazes de então serem liberadas.
E portanto, qual caminho você deseja seguir é a primeira decisão que você pode querer tomar. O Curso não afirma ser o único caminho:
“Existem muitas outras formas, todas com o mesmo resultado.” (MP-1.4:2)
A Única base para a decisão é ouvir o seu mestre interior e tornar mais claro com qual caminho você realmente se identifica. Se você decidir que a Yoga é o seu caminho, a escolha de se tornar um monge e renunciar ao mundo pode ser o próximo passo.
Se, por outro lado, você decidir que o Curso é o seu caminho para o despertar, você pode encarar a sua escolha sobre trabalho de forma diferente. O trabalho policial é, sem dúvida, muito desafiador e, por esse motivo, oferece tremendas oportunidades para praticar o perdão, à medida que você reconhece cada vez mais que quaisquer reações ou sentimentos de vulnerabilidade que você experiencia são apenas projeções de seus próprios pensamentos. Mas o Curso jamais insistiria que apenas uma linha de trabalho ou apenas certos relacionamentos específicos lhe proporcionariam essas oportunidades de aprendizado. Como você disse, as suas projeções o seguirão aonde quer que você vá. Então, relaxe. Talvez você seja capaz de encontrar algum conforto no fato de que a confusão que você sente não é sobre qual linha de trabalho seguir. Isso é apenas uma distração da sua escolha real, visto que a salvação não depende de nada que aconteça no tempo, mas apenas do que acontece em sua mente, fora do tempo e do espaço. Escolher entre o ego e o Espírito Santo, entre reforçar a culpa ou aceitar a cura [healing] e o perdão, é a única escolha que realmente importa. Mesmo que seja simplesmente a resistência às suas lições de perdão que esteja levando você a se afastar do trabalho policial, o mais importante seria entrar em contato com a resistência, não se forçar a permanecer no trabalho.
Quando você tiver clareza sobre qual é a sua meta, o resto virá (T-17.VI). Pois se a sua meta é o perdão, todas as coisas podem ser vistas servindo a esse fim. E então você é capaz de simplesmente suspirar aliviado, pois não precisa realmente descobrir mais nada!
P #524: Eu tenho estado desempregada há quase um ano e não estou tendo muita sorte em encontrar uma vaga para um emprego. Um Curso em Milagres diz que todas as coisas acontecem como resultado de pensamentos, não de ações. Eu acredito que o meu verdadeiro trabalho está em algum coisa que eu sempre amei e que nunca me deixou! Será que é porque eu ainda não encontrei um “emprego regular” para poder fazer o trabalho dos meus sonhos? Que se eu simplesmente começar a fazê-lo e confiar na orientação do Espírito Santo, ele se manifestará? Eu estou me sentindo um tanto perdida, frustrada e como um perdedora porque nada tem acontecido ainda, entretanto, muitas pequenas coisas relacionadas ao que eu realmente quero fazer têm se manifestado. A Lição 64 afirma que Deus só quer que eu seja feliz porque essa é a minha função. Eu acho que a questão é: se eu continuar pensando no que eu quero, isso realmente se manifestará por si mesmo?
R: O Curso ensina que…
“Todo pensamento produz forma em algum nível” (T-2.VI.9:14).
Mas o propósito dele não é nos ensinar como usar o nosso pensamento para controlar ou produzir as formas que nós pensamos que nós queremos. Ao invés disso, a meta do Curso é nos ajudar a aprender que nós não somos capazes de encontrar felicidade real em nada no mundo (T-31.IV). Agora, se você se sente atraído por um certo tipo de trabalho e os eventos parecem apoiar a sua cura [healing] nessa direção, com certeza vá em frente, pois não há nada a perder perseguindo os seus sonhos. No entanto, o que se ganha pode não ser exatamente o que você está pensando que ele é. Ao contrário da crença da maioria das pessoas sobre a sua experiência no mundo, a posição do Curso é que nada no mundo é capaz de nos fazer felizes ou infelizes. E quaisquer sonhos pelos quais nós nos sintamos atraídos provavelmente representam alguma forma de especialismo que nos permitirá encobrir, pelo menos temporariamente, a culpa que todos nós carregamos enterrada em nossas mentes por nossa crença na separação, de modo que ela não possa ser curada [healed]. No entanto, tais situações também oferecem oportunidades valiosas para aprendermos as nossas lições de perdão se nós aceitarmos a orientação do Espírito Santo.
Isso não significa que você não deva sentir qualquer alegria ou prazer que possa encontrar em seguir o que acredita ser o seu verdadeiro trabalho. Entretanto, como um estudante do Curso, você precisa ao menos estar ciente de que todas as coisas do mundo são uma espada de dois gumes; isso é, elas podem parecer causa de dor e também de prazer. E é aqui que a orientação do Espírito Santo pode ser mais útil. Pois o Seu papel não é nos orientar nas decisões da vida, mas sim nos ajudar a aprender a usar quaisquer circunstâncias da vida para praticar o perdão. É isso que a Lição 64 quer dizer quando afirma:
“No entanto, aprendemos que o Espírito Santo tem outra utilidade para todas as ilusões que tens feito e assim Ele vê um outro propósito nelas. Para o Espírito Santo, o mundo é um lugar onde aprendes a te perdoar pelo que pensas serem os teus pecados. Nesta percepção a aparência física da tentação vem a ser o reconhecimento espiritual da salvação.” (LE-pI.64.2:2-4)
Em outras palavras, o Seu propósito é nos ajudar a despertar do sonho, não torná-lo um sonho mais feliz, usando o que nós temos feito para separação e especialismo como um meio de cura [healing].
Portanto, quando você diz que Deus quer que nós sejamos felizes, é importante deixar claro que essa Lição está dizendo que nós só somos capazes de ser verdadeiramente felizes se nós perdoarmos e não buscarmos a felicidade em situações e circunstâncias externas a nós mesmos. A Lição 64 afirma claramente:
“O propósito do mundo que vês é o de obscurecer a tua função de perdoar e te prover uma justificativa para esquecê-la.” “Só serás feliz cumprindo a função que te foi dada por Deus. Isso porque a tua função é a de ser feliz, usando o meio pelo qual a felicidade vem a ser inevitável. Não há outro caminho. Portanto, toda vez que escolheres cumprir ou não a tua função, na realidade estás escolhendo entre ser ou não feliz.” (LE-pI.64.1:2; 4:1-4)
P #887: De acordo com Um Curso em Milagres, visto que todas as coisas nesse mundo é um meio de enxergar o propósito do Espírito Santo ou o propósito do ego, eu de fato espero que você possa sugerir algumas possíveis oportunidades de perdão em minha recente escolha para um novo emprego. Muitos sentem que eu ter escolhido ser um cobrador de impostos inadimplentes para o nosso país significa que eu estarei promovendo a ideia de que tirar dos outros é aceitável, visto que o meu trabalho envolverá fazer cumprir leis que exigem que os bens de uma pessoa sejam tomados e vendidos em leilão público se os impostos não forem pagos. Alguns chamam isso de roubo legal. Apesar do sentimento de culpa que isso traz à tona, eu prefiro ver esse trabalho como uma outra maneira de aprender que não há ordem de dificuldade em milagres. Eu acolho a sua perspectiva e agradeço os seus comentários.
R: Você está correto, “não há ordem de dificuldades em milagres” (T-1.I.1:1). O princípio complementar a esse, de que não há hierarquia de ilusões (T-23.II.2), substancia ainda mais a igualdade de cada sala de aula com qualquer outra sala de aula, de seu trabalho com qualquer outro trabalho. Seria um erro pensar que a escolha de um trabalho depende de ele não contribuir de alguma forma para a vitimização percebida de outras pessoas. Se fosse esse o caso, muitas pessoas teriam que deixar os seus empregos e muito trabalho não seria realizado. Além disso, para que esse mundo funcione em seus termos, tirar dos outros não é apenas aceitável, é necessário. A vida no corpo depende de tirar vida de outros organismos; animais e vegetais. Do útero ao túmulo, a sobrevivência significa que alguém ou alguma coisa tem que morrer para que eu possa viver. Esse é um mundo “é matar ou ser morto” (M-17.7). As necessidades básicas são atendidas em troca de alguma forma de pagamento. Os impostos são parte do acordo e os cobradores de impostos são necessários para realizar o trabalho. Se os seus amigos usam estradas, semáforos, pontes ou qualquer uma das inúmeras coisas pagas por impostos, eles podem agradecer por você fazer o seu trabalho. Enquanto isso, é a sua sala de aula para desvendar a culpa induzida pela crença de que, ao escolher a separação, nós roubamos a vida e o poder de Deus e somos imigrantes ilegais em um mundo que nós mesmos fizemos.
Também é um erro pensar que alguns empregos são mais espirituais, valiosos ou importantes do que outros, ou que pessoas “santas” são isentas de impostos. Como todos nós sabemos, duas coisas são certas nesse mundo: a morte e os impostos. O ego quer nos fazer acreditar que, em ambos os casos, nós somos enganados por figuras de autoridade muito poderosas e cruéis (Deus e o governo). O Espírito Santo nos diz que isso é a projeção da decisão insana da mente de se enganar identificando-se com o pensamento de separação, ao invés de aceitar a sua verdadeira Identidade como Filho de Deus. Ver os sentimentos de culpa e vitimização que surgem em relação a impostos, política e governos é uma oportunidade perfeita para ver o reflexo do conflito da mente dividida. É importante lembrar que esse conflito está presente em todos os relacionamentos, bem como em todos os empregos, não importa quão habilmente disfarçado ele esteja. Toda a dor e miséria experienciadas nesse mundo são os impostos que nós pagamos pelo erro de escolher o ego. Esses impostos têm que ser pagos até que seja tomada a decisão de nos identificarmos com o Espírito Santo. Só então nós aceitaremos a herança a que nós temos direito como Filho de Deus: “a consciência [no nível da realidade (awareness)] da presença do amor” (T-in.1:7). E essa herança é isenta de impostos.
Competição no trabalho
P #195: Como um atleta, a competição é a forma de pagar as contas. Como você concilia vencer um oponente e se esforçar diariamente para melhorar a sua performance como, digamos, um boxeador ou jogador de futebol faria? Eu também sou músico e, se eu deixo o meu nível de habilidade cair abaixo de um certo ponto, eu perco o trabalho. Então, como nós lidamos com os desafios da competição e da sobrevivência diária sem estarmos cientes do dualismo?
R: O foco do nosso trabalho com Um Curso em Milagres não é ir além da nossa consciência no nível da realidade [awareness] do dualismo; o foco é nos tornarmos mais cientes de qual professor nós temos escolhido para nos guiar em nossa vida diária: o ego ou Jesus [Espírito Santo] e, portanto, se nós estamos aprendendo a reforçar a nossa crença na separação ou em desfazê-la. Como não há hierarquia de ilusões, nós podemos aprender as nossas lições de perdão em qualquer ocupação. A competição permeia quase tudo nesse mundo, porque o mundo nada mais é do que a imagem externa do sistema de pensamento do ego de competição em nossas mentes. O ego está em um estado perpétuo de competição com o que ele sente como uma ameaça à sua própria existência. Portanto, “matar ou ser morto” descreve praticamente todas as dimensões da existência física e psicológica no mundo que estão enraizadas nesse sistema de pensamento.
O seu papel como um músico (a forma), portanto, pode agora ser visto como uma sala de aula na qual – se você escolher Jesus ou o Espírito Santo como o seu professor – você é capaz de aprender a desfazer a separação que normalmente percebe entre você e os seus colegas (o conteúdo). Assim, você praticaria e faria tudo o que fosse necessário para manter a sua competência (a forma), mas o faria com Jesus ou o Espírito Santo (o conteúdo). O seu propósito não seria derrotar os outros por uma posição – embora a forma se parecesse com isso. O seu propósito seria aprender que os seus interesses não são separados dos de ninguém e que ganhar ou adquirir alguma coisa às custas de outrem é verdadeiramente sem valor. Assim, você poderia aprender a competir pela primeira cadeira na orquestra – por exemplo – enquanto, ao mesmo tempo, aprende que a única coisa de real valor é perceber a si mesmo e a todas as outras pessoas na orquestra como parte do único Filho de Deus. Em outras palavras, você agiria de forma diferente. A sua atitude ou o conteúdo em sua mente é o que teria mudado. Em última análise, não faz diferença se uma pessoa é um músico melhor do que outra.
Em princípio, nós somos capazes de praticar o Curso em qualquer função.
“Não há ordem de dificuldades em milagres. Um não é mais ‘difícil’ nem ‘maior’ do que o outro. Todos são o mesmo.” (T-1.I.1:1-3)
Portanto, é perfeitamente possível aprender o Curso jogando futebol ou sendo boxeador. Tem havido muitos exemplos de atletas profissionais que praticaram o esporte deles de maneira “cavalheiresca” e ainda assim foram classificados entre os melhores.
Por fim, nós necessitamos sempre nos precaver contra julgar o nosso próprio progresso espiritual ou o de outrem com base na forma, pois nos é impossível enxergar em sua totalidade o nosso próprio caminho de Expiação ou o de qualquer outra pessoa. Talvez ser um jogador de linha defensiva em um time de futebol seja o papel que a mente escolheu para aprender a inutilidade da vitória ou a insignificância do corpo. Em princípio, nós não podemos descartar essa possibilidade. Analogamente, o Bhagavad Gita conta a história de Krishna aconselhando Arjuna a ser o melhor guerreiro possível, porque esse é o seu dharma. “Como pode o imortal morrer?”, Krishna lembra Arjuna, que estava perturbado por ter que matar outros.
Dificuldades com o chefe sobre remuneração
P #256: No meu relacionamento com o meu chefe, eu estou tendo dificuldade em distinguir entre a mentalidade certa e a errada. Eu tento praticar os princípios de generosidade, tolerância e paciência descritos no Manual de Professores, mas nós temos problemas de comunicação em relação à minha remuneração. Os meus ganhos mudam conforme o capricho dele, fazendo-me sentir impotente e mal pago. Eu tenho medo de perder o emprego se eu pedir o que eu acredito que me é realmente devido. Embora dinheiro não seja tudo para mim, eu li no panfleto de Psicoterapia que um curador [healer] não curado [unhealed] pode exigir dinheiro quando o Espírito Santo poderia guiar de outra forma.
Parece que eu tenho medo de todas as coisas e sempre erro em algum ponto. Será que é a dor de um relacionamento especial? Você pode me dizer se eu estou tentando ser bom demais? Eu estou tentando aplicar os princípios de Um Curso em Milagres com o ego, temendo a verdadeira orientação do Espírito Santo? Eu sofro de uma forma inversa de pobreza, que se expressa em falsa generosidade?
R: Ao estudar o Curso, é importante lembrar que ele nos fala em diferentes níveis. Nós estamos aprendendo a desfazer o sistema de pensamento do ego com o qual nós nos temos identificado, enquanto aprendemos uma maneira inteiramente nova de perceber. Parece-nos que temos um pé em dois mundos e isso pode ser muito confuso. A mente errada vê o problema como alguma coisa externa à mente, causada por um agente externo, nesse caso, o seu chefe. A mente certa reconhece que a causa está na mente e o mundo da forma é o efeito. Ela não atribui a culpa de nenhuma situação a nada externo à mente. Uma maneira fácil de distinguir qual parte da mente foi escolhida é perguntar se você está atribuindo a causa da sua perturbação a alguma coisa externa a você. Essa é uma maneira simples de distinguir a mente errada da mente certa. Reconhecer que a causa de qualquer perturbação é uma escolha na mente é o início do pensamento disposto ao certo. Isso não é toda a história, mas isso é um começo.
Como ainda nós acreditamos que nós somos corpos separados e individuais no mundo, nós temos que lidar com o mundo e com os nossos relacionamentos de acordo com isso. Nós continuamos a fazer tudo o que nós temos que fazer para atender às nossas necessidades percebidas no corpo. Não há nada de errado em chegar a um acordo com o seu chefe sobre a sua remuneração. Você pode ser honesto sobre o que você considera um salário justo e, talvez, solicitar um cronograma de mudanças para que o seu salário não flutue de forma imprevisível, se possível. Isso não é diferente de nenhuma das coisas que nós fazemos para cuidar do corpo. O Curso não fornece diretrizes de comportamento no nível da forma. Ao invés disso, ele nos ensina a expor os pensamentos e julgamentos que nós temos sobre nós mesmos e os outros em nossas mentes, para que a mente possa ser curada [healed]. Somente então as características de um professor de Deus, descritas no Manual, fluirão naturalmente da mente curada [healed]. Elas não devem ser “exercidas” ou “praticadas” enquanto houver crenças subjacentes que se oponham a elas. A prática do Curso reside em encontrar todas as crenças ocultas que estão em operação em seu relacionamento com o seu chefe e com todas as pessoas. Essas são as crenças na separação, escassez e vitimização que de fato tornam todos os nossos relacionamentos especiais.
A maneira de desfazer o especialismo é expor as crenças, reconhecendo-as e levando-as ao Espírito Santo para que sejam transformadas. Não nos pedem que pratiquemos qualidades santas que de fato nós não possuímos, como o desapego à riqueza material ou outras mentalidades “virtuosas”. Não nos pedem que nós sejamos “bons” de forma alguma (aliás, nem que nos esforcemos para ser “maus”). Pedem-nos apenas que nós olhemos para as nossas crenças com a disponibilidade de as transformar. Isso nem sempre é tão fácil quanto parece, porque nós temos um desejo enorme de nos apegar a elas. Pedem-nos que nós tomemos ciência do nosso apego a essas crenças e do quanto nós não queremos que elas sejam mudadas. Apegamo-nos a elas apesar da culpa e da dor que elas causam. Na verdade, é por causa da culpa e da dor que nós nos apegamos a elas. Isso é o que o Curso chama de atração pela culpa:
“A atração doentia pela culpa tem que ser reconhecida pelo que é. Pois tendo se tornado real para ti é essencial vê-la claramente e, retirando o teu investimento nela, aprendendo a abandoná-la.” (T-15.VII.3:1-2)
Essa é a orientação que o Espírito Santo dá. Não há imposição do sistema de pensamento Dele, nem qualquer comportamento no mundo que seja necessário. Por trás de todas as preocupações com dinheiro, pobreza e injustiça está o sentimento de carência e privação que advém da crença de que a nossa separação de Deus realmente se concretizou. Essa é a crença fundamental que o Espírito Santo nos convida a questionar. É a crença que subjaz a todos os conflitos com o seu chefe. Enquanto você trabalha com o seu chefe para chegar a um acordo sobre o seu salário, você é capaz de aplicar os ensinamentos do Curso sendo muito honesto consigo mesmo sobre o que você está sentindo e os pensamentos de julgamento que lhe ocorrem.
Esses pensamentos e sentimentos representam a escolha de se identificar com o sistema de pensamento do ego na mente, que é onde a cura [healing] é necessária. Quando eles são trazidos à luz do Espírito Santo, são gradualmente transformados e reconectados com a paz Dele. Só então a questão de mais ou menos dinheiro será irrelevante e generosidade, tolerância e paciência substituirão todo medo. Até que esse ponto seja alcançado, a honestidade consigo mesmo sobre as suas necessidades percebidas e com o seu chefe na busca por um acordo é a melhor maneira de praticar o Curso. Acreditar que um acordo é possível já é um reconhecimento de que, até certo ponto, você e o seu chefe não têm interesses separados. E esse é o começo da cura [healing].
Fonte
Livro “Q&A – Detailed Answers to Student-Generated Questions on the Theory and Practice of A Course in Miracles” [“Perguntas e Respostas – Respostas Detalhadas às Perguntas Geradas pelos Estudantes sobre a Teoria e a Prática de Um Curso em Milagres”], Supervisionado e Editado pelo Dr. Kenneth Wapnick, Ph.D., Foundation for A Course in Miracles©. Tradução livre Projeto OREM® (PO)
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—–Continua Parte II—–
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A Espiritualidade nas Empresas trata-se de uma Filosofia cujos Princípios são capazes de ajudar tanto as Pessoas quanto as Organizações.
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