Buscando conhecer e entender a Organização Baseada na Espiritualidade (OBE), nós estamos destacando, em tradução livre, trechos do artigo abaixo referenciado do McKinsey Health Institute, para a nossa reflexão.
Artigo: “In search of self and something bigger: A spiritual health exploration” [“Em busca de si mesmo e de alguma coisa maior: Uma exploração da saúde espiritual”]
Fonte: McKinsey Health Institute
Pesquisa global do McKinsey Health Institute com 41.000 pessoas descobre que a saúde espiritual é importante para muitos, independentemente da idade, país ou crenças religiosas.
Autores: Erica Coe and Kana Enomoto with Jacqueline Brassey and Victoria Bennett – Março de 2024
Site: in-search-of-self-and-something-bigger-a-spiritual-health-exploration.pdf
Tradução livre Projeto OREM® (PO)
Em resumo
“— Saúde espiritual envolve ter um significado na vida de uma pessoa, um sensação de conexão com alguma coisa maior do que ela própria e um senso de propósito. Encontrar esse significado está associado a uma boa saúde mental, social e física.
— Embora a avaliação da saúde espiritual varie amplamente entre idades e locais, a Pesquisa Global da Geração Z do McKinsey Health Institute em 26 países descobriu que, entre os grupos geracionais, a grande maioria dos entrevistados disse que a saúde espiritual é ‘um pouco’ a ‘extremamente’ importante para eles.
— Partes interessadas sociais, públicas e privadas podem explorar maneiras de ajudar as pessoas a encontrar propósito e espaço para refletir sobre as vidas delas. Isso inclui empregadores que buscam ajudar indivíduos a encontrar significado em seu trabalho.
Na visão do McKinsey Health Institute (MHI) de um entendimento moderno da saúde, a saúde espiritual não é apenas algo ‘bom de se ter’, mas sim uma dimensão essencial, juntamente com a saúde física, mental e social. Mas a saúde espiritual pode ser difícil de ser definida. Para muitos, ela evoca uma variedade de sentimentos. Há aqueles que a veem como inseparável da religião, bem como aqueles que a associam a seguir uma bússola moral interna ou a encontrar paz e calma por meio da meditação. Embora esses sentimentos possam se sobrepor, o conceito de saúde espiritual do MHI[1] não está necessariamente vinculado a crenças religiosas, mas sim ao significado da vida, a um amplo senso de conexão com alguma coisa maior do que si mesmo e a um forte senso de propósito. Esses podem ser encontrados em uma comunidade, um chamado, uma forma de divindade, a capacidade de se sentir enraizado e atento no momento presente, ou todos os itens acima. E aqueles que são capazes de desenvolver a saúde espiritual deles frequentemente veem sobreposições positivas com as outras dimensões da saúde.
[1] Os subcomponentes da saúde espiritual têm sido reconhecidos há décadas, conforme discutido em ‘Adding years to life and life to years’ [‘Adicionando anos à vida e vida aos anos’], McKinsey Health Institute, março de 2022. Para mais informações, consulte S. K. Chaturvedi, Neera Dhar e Deoki Nandan, ‘Spiritual health, the fourth dimension: A public health perspective’ [‘Saúde espiritual, a quarta dimensão: Uma perspectiva de saúde pública’], WHO South-East Asia Journal of Public Health, janeiro de 2013, volume 2, número 1; Francesco Chirico, ‘Spiritual well being in the 21st century: It is time to review the current WHO’s health definition’ [‘Bem-estar espiritual no século XXI: É hora de revisar a definição de saúde atual da OMS’], Journal of Health and Social Sciences, março de 2016, volume 1, número 1; Christina M. Puchalski, ‘Integrating spirituality into patient care: An essential element of person-centered care’ [‘Integração da espiritualidade no atendimento ao paciente: Um elemento essencial do atendimento centrado na pessoa’], Polish Archives of Internal Medicine, setembro de 2013, volume 123, número 9; Giancarlo Lucchetti et al., ‘Spirituality and health in the curricula of medical schools in Brazil’ [‘Espiritualidade e saúde nos currículos das escolas médicas no Brasil’], BMC Medical Education, agosto de 2012, volume 12, número 78; Comitê Consultivo do Sudeste Asiático para Pesquisa Médica, ‘Spiritual aspects of health: Global strategy for health for all by the year 2000’ [‘Aspectos espirituais da saúde: Estratégia global para a saúde para todos até o ano 2000’], Organização Mundial da Saúde, março de 1984.
No entanto, existem diferenças entre as gerações quanto à forma como relatam a saúde espiritual. A recente Pesquisa Global da Geração Z do MHI — uma pesquisa intergeracional que amostrou a Geração Z para obter insights sobre a geração, ao mesmo tempo em que amostrou todas as outras gerações para fins de comparação — destaca a complexidade de como a saúde espiritual é percebida e praticada ao redor do mundo e a maneira como a saúde espiritual afeta o bem-estar geral.[2] Entre 41.000 entrevistados em grupos geracionais em 26 países, a grande maioria disse que a saúde espiritual é ‘um pouco’ a ‘extremamente importante’ para eles (veja a barra lateral, ‘Metodologia’). Essa descoberta é semelhante às de pesquisas anteriores do MHI. Essa pesquisa também destaca as diferentes perspectivas globais sobre a importância da saúde espiritual. Mais de 80% dos entrevistados no Brasil, Indonésia, Nigéria e Vietnã disseram que a saúde espiritual era muito ou extremamente importante, por exemplo, em comparação com menos de 45% dos entrevistados na Irlanda, Holanda e Suécia. Entender o quanto a saúde espiritual varia em nível de importância pode gerar melhor entendimento em um mundo globalizado, inclusive para aqueles que trabalham no setor social, público ou privado.
[2] A pesquisa fez perguntas baseadas nas quatro dimensões da saúde: mental, física, social e espiritual. O MHI então analisou diferenças e semelhanças entre gerações e países, com a esperança de informar o diálogo mais amplo sobre a saúde mental da Geração Z. Além disso, embora a Geração Z tenda a relatar pior saúde mental, a causa subjacente não é clara. Existem vários fatores específicos da idade que podem impactar a saúde mental da Geração Z, independentemente de seu grupo geracional, incluindo estágio de desenvolvimento, nível de envolvimento com a saúde e atitudes familiares ou sociais.
Essa também é uma área com potencial para mais pesquisas: uma análise do MHI descobriu que cerca de 75% dos estudos relacionados à saúde medem principalmente a saúde física, enquanto apenas 12% medem a saúde mental, 6% a saúde social e 1% a saúde espiritual.[3] O MHI tem conduzido diversas pesquisas globais para entender como os indivíduos percebem as quatro dimensões da saúde e quais lacunas existem. Em uma pesquisa recente do MHI com funcionários, por exemplo, mais da metade dos entrevistados em 30 países relataram saúde holística geral positiva, mas os entrevistados relataram a menor proporção de pontuações positivas quando se tratava de saúde espiritual. Isso pode indicar que alguns funcionários, independentemente do país, podem estar tendo dificuldades para integrar significado em suas vidas e trabalho, o que pode, por sua vez, afetar a saúde física, mental e social deles.
[3] ‘Adicionando anos à vida e vida aos anos’, McKinsey Health Institute, março de 2022.
A série de insights abaixo ilustra o que entrevistados intergeracionais disseram sobre a saúde espiritual deles na Pesquisa Global da Geração Z, como entender melhor as diferenças com base na idade e no país e como todos têm um papel a desempenhar para ajudar as pessoas a terem vidas com propósito. Isso pode começar pelo entendimento de como a saúde espiritual se interconecta com outras dimensões. O MHI destaca a Geração Z especificamente devido aos muitos desafios que os jovens enfrentam na transição para a vida adulta e como insights sobre aspectos da saúde podem levar a uma maior resiliência.
Embora aqueles da Geração Z que têm boa saúde espiritual pareçam estar se saindo bem em todas as dimensões, aqueles com saúde espiritual precária podem estar enfrentando dificuldades (Anexo 1). Indivíduos que relataram saúde espiritual precária tiveram até quatro vezes menos probabilidade de dizer que tinham saúde mental boa ou muito boa do que aqueles que relataram saúde espiritual neutra ou boa. Além disso, aqueles com saúde espiritual precária tiveram cerca de duas vezes menos probabilidade de relatar boa saúde social ou física. A pesquisa da Geração Z não é a única pesquisa realizada para descobrir como a saúde espiritual pode se sobrepor a outras dimensões. A saúde espiritual tem sido correlacionada com múltiplas dimensões da qualidade de vida em outros estudos[4] e tem havido uma discussão crescente sobre o papel da saúde espiritual no cuidado médico holístico.[5] Isso pode incluir o papel das crenças espirituais na saúde mental, com alguns estudos descobrindo que pontuações mais altas de espiritualidade estão correlacionadas com menos sintomas depressivos ou que a saúde espiritual e o apoio social percebido estão associados a menos ansiedade pela morte em idosos.[6]
[4] WHOQOL SRPB Group, ‘A cross-cultural study of spirituality, religion, and personal beliefs as components of quality of life’ [‘Um estudo transcultural de espiritualidade, religião e crenças pessoais como componentes da qualidade de vida’], Social Science & Medicine, março de 2006, Volume 62, Número 6.
[5] Tracy A. Balboni et al., ‘Spirituality in serious illness and health‘ [‘Espiritualidade em doenças e saúde graves’], JAMA, julho de 2022, Volume 328, Número 2.
[6] Benjamin R. Doolittle e Michael Farrell, ‘The association between spirituality and depression in an urban clinic’ [‘A associação entre espiritualidade e depressão em uma clínica urbana’], Primary Care Companion to the Journal of Clinical Psychiatry, 2004, Volume 6, Número 3; Mehrdad Hajihasani e Nahid Naderi, ‘Death anxiety in the elderly: The role of spiritual health and perceived social support’ [‘Ansiedade da morte em idosos: o papel da saúde espiritual e do apoio social percebido’], Aging Psychology, 2021, Volume 6, Número 4.
Metodologia
Para entender melhor a Geração Z
Em comparação com outras gerações, o McKinsey Health Institute (MHI) conduziu uma pesquisa online em maio de 2022 em dez países europeus (França, Alemanha, Itália, Holanda, Polônia, Espanha, Suécia, Suíça, Turquia e Reino Unido), com aproximadamente 1.000 respostas por país. Em agosto de 2022, foram coletadas mais 1.600 respostas por país, em 16 países, em sua maioria não europeus (Argentina, Austrália, Brasil, China, Egito, Índia, Indonésia, Irlanda, Japão, México, Nigéria, Arábia Saudita, África do Sul, Emirados Árabes Unidos, Estados Unidos e Vietnã). No total, a pesquisa coletou respostas de 42.083 pessoas, incluindo 16.824 da Geração Z (a maioria entre 18 e 24 anos e uma minoria insignificante de entrevistados não europeus entre 13 e 17 anos), 13.080 da Geração Y (25 a 40 anos), 6.937 da Geração X (41 a 56 anos), 5.119 Baby Boomers (57 a 75 anos) e 123 da Geração Silenciosa (76 a 93 anos).
Em cada país, a pesquisa aplicou pesos para adequar a distribuição dos grupos etários, gênero e proporção da população com ensino superior na amostra ao censo nacional do país. A amostra foi extraída de populações com acesso à internet, o que a tornou mais representativa dos entrevistados da Geração Z. Nesse grupo etário, quase todos os indivíduos com acesso à internet são usuários ativos de tecnologia; no entanto, para outras gerações, isso é menos provável. Essa análise reflete os resultados autorrelatados em 2022.
Considerações para pesquisas intergeracionais
A pesquisa se concentrou em como os entrevistados — principalmente a Geração Z — estavam se sentindo no momento em que foram entrevistados. Portanto, nós não podemos determinar se as diferenças nas respostas entre as faixas etárias são causadas por uma diferença intrínseca de atitudes e comportamentos ou se são meramente induzidas por diferenças de idade: é possível que a Geração Z acabe pensando e se comportando como a Geração Y, a Geração X ou os Baby Boomers quando atingir essas idades.
Considerações sobre pesquisas realizadas online
A pesquisa foi realizada online. Portanto, ela pode não refletir com precisão os comportamentos ou atitudes de indivíduos que não têm acesso online confiável. Isso pode ser particularmente significativo em vários aspectos da vida, visto que a internet pode ter um impacto profundo nas informações que nós acessamos e como nós as processamos.
Considerações para pesquisas entre países
Diferenças socioculturais entre países são capazes de afetar percepções, escala de uso e outros fatores que podem influenciar as respostas. No entanto, nós não podemos concluir automaticamente que essas diferenças sejam objetivas. As variações nas respostas em uma escala de concordância, por exemplo, podem ser devidas à inclinação do respondente em concordar ou discordar e à sua propensão a escolher respostas extremas, como ‘discordo totalmente’ ou ‘concordo totalmente’.
Embora nós tenhamos contado com especialistas culturais e revisores de jovens para garantir a equivalência de significados entre os idiomas durante as traduções, algumas diferenças observadas entre os países ainda podem ser induzidas pelas traduções.
Para mensurar as diferenças, nós calculamos as médias dos países e as utilizamos para calcular médias simples entre os países. Dessa forma, nós tratamos cada país igualmente, independentemente do tamanho de sua população.
Para mais informações sobre as definições de saúde física, mental, social e espiritual, consulte o interativo ‘A modern understanding of health’ [‘Um entendimento moderno da saúde’ no relatório do MHI, ‘Adding years to life and life to years’ [‘Acrescentando anos à vida e vida aos anos’].
Anexo 1
Entre a Geração Z, há uma associação positiva entre saúde espiritual e outras dimensões da saúde.
Estado de saúde por categoria, por estado de saúde espiritual, entrevistados da Geração Z, %

Fonte: Pesquisa Global sobre Saúde Cerebral da Geração Z do McKinsey Health Institute (2022), amostra da Geração Z (inclui entrevistados de 13 a 24 anos); ponderada por gênero, idade e nível educacional. Datas de coleta: 26 de agosto a 2 de novembro de 2022; n = 16.635
Outros estudos têm constatado que a saúde espiritual e física estão fortemente conectadas para alguns pacientes, com um estudo Americano de 2011 constatando que 41% dos pacientes desejavam uma discussão sobre questões religiosas e/ou espirituais durante a hospitalização.[7]
[7] Joshua A. Williams et al., ‘Attention to inpatients’ religious and spiritual concerns: Predictors and association with patient satisfaction,’ [‘Atenção às preocupações religiosas e espirituais de pacientes internados: Preditores e associação com a satisfação do paciente’] Journal of General Internal Medicine, julho de 2011, Volume 26, Número 11.
Há também algumas evidências da conexão entre bem-estar espiritual, social e mental, com um estudo de 2017 constatando que idosos no Irã que apresentavam comportamentos espirituais e boa saúde social eram mais propensos a ter capacidade de autocuidado.[8]
[8] Mahboobeh Mohammadi et al., ‘Assessment of the relationship between spiritual and social health and the self-care ability of elderly people referred to community health centers’ [‘Avaliação da relação entre a saúde espiritual e social e a capacidade de autocuidado de idosos encaminhados para centros de saúde comunitários’], Iranian Journal of Nursing and Midwifery Research, dezembro de 2017, Volume 22, Número 6.
No geral, os entrevistados da Geração Z relataram desafios com a saúde espiritual em uma taxa maior do que os entrevistados de outras gerações; cerca de três vezes mais da Geração Z relataram saúde espiritual precária do que os Baby Boomers.[9] A Geração Z com saúde mental precária teve três vezes mais probabilidade de relatar falta de sentido em suas vidas do que aqueles com boa saúde mental (Anexo 2). E embora a Geração Z relate ter mais dificuldades com a saúde espiritual, não é a única geração em que a saúde espiritual e mental estão conectadas: os entrevistados de outras gerações com saúde mental precária tiveram mais de quatro vezes mais probabilidade de relatar falta de sentido em suas vidas, em comparação com aqueles com boa saúde mental.
[9] Erica Coe, Andrew Doy, Kana Enomoto e Cheryl Healy, ‘Gen Z mental health: The impact of tech and social media’ [Saúde mental da Geração Z: O impacto da tecnologia e das mídias sociais]‘, McKinsey Health Institute, 28 de abril de 2023.
Embora os resultados da pesquisa em todos os países tenham afirmado que aqueles com menor saúde espiritual apresentaram pontuações mais baixas em saúde mental, a percepção dessa conexão varia de país para país. Oitenta e oito por cento dos entrevistados na Indonésia, por exemplo, afirmaram que a saúde espiritual positiva ajudou a sua saúde mental, enquanto apenas 15% dos entrevistados no Japão concordaram com esse sentimento.[10] Isso significa que pode ser mais difícil em certos países argumentar que o investimento em uma melhor saúde espiritual é capaz de melhorar a saúde mental.
[10] Como em todas as pesquisas transculturais, as diferenças nas pontuações entre os países podem ser motivadas pelos dois fatores a seguir: diferenças reais entre os países em variáveis de interesse e diferenças entre os países devido a artefatos como estilos de resposta dentro do país ou estigma motivado pelo contexto. Como exemplo, em nossa pesquisa atual, nós observamos pontuações mais baixas em muitas variáveis de interesse no Japão em comparação com outros países. Ao revisar os resultados transculturais, nós recomendamos que o leitor considere o contexto cultural do país e da região.
Ao abranger 26 países, a Pesquisa Global da Geração Z oferece insights sobre as distintas diferenças regionais na forma como os indivíduos percebem a saúde espiritual (Anexo 3). Os entrevistados em economias de renda mais alta, por exemplo, eram substancialmente menos propensos do que aqueles em economias de renda baixa ou média-baixa a indicar que a saúde espiritual era ‘extremamente importante’ para eles (27 contra 43 por cento).
Anexo 2
Entrevistados da Geração Z com problemas de saúde mental foram menos propensos a dizer que tinham um significado em suas vidas.
Respostas à afirmação ‘Eu tenho um significado na minha vida’, entrevistados da Geração Z, %

Observação: Os entrevistados que responderam “Prefiro não responder” não são mostrados (2% para cada grupo). Os números podem não totalizar 100% devido a arredondamentos. Fonte: Pesquisa Global sobre Saúde Cerebral da Geração Z do McKinsey Health Institute (2022), amostra da Geração Z (inclui entrevistados de 13 a 24 anos); ponderada por gênero, idade e nível de escolaridade. Datas de preenchimento: 26 de agosto a 2 de novembro de 2022; n = 16,824
Anexo 3
A importância da saúde espiritual entre os entrevistados variou de 41% a 85%, dependendo de onde residem.
Proporção de entrevistados que afirmaram que a saúde espiritual é ‘muito importante’ (Very) ou ‘extremamente importante’ (Extremely) para eles, %

Fonte: Pesquisa Global sobre Saúde Cerebral da Geração Z do McKinsey Health Institute (2022), amostra da Geração Z (inclui entrevistados de 13 a 24 anos); ponderada por gênero, idade e nível socioeconômico. Datas de coleta: 26 de agosto a 2 de novembro de 2022; n = 41,960
Anexo 4
Com base em afirmações sobre propósito e significado, a Geração Z é a geração com o menor nível de saúde espiritual.
Compartilhe quem ‘concorda’ ou ‘concorda fortemente’ com cada afirmação, por geração, %

Fonte: Pesquisa Global sobre Saúde Cerebral da Geração Z do McKinsey Health Institute (2022), amostra da Geração Z (inclui entrevistados de 13 a 24 anos); ponderada por gênero, idade e nível educacional. Datas de coleta: 26 de agosto a 2 de novembro de 2022; n = 41,960
Embora a saúde espiritual não se limite à religião, essas diferenças complexas ao redor do mundo às vezes se correlacionam com a prática religiosa. Menos da metade dos entrevistados na França, Irlanda, Holanda e Suécia, por exemplo, disseram que a saúde espiritual era extremamente ou muito importante para eles, em comparação com 85% dos entrevistados na Nigéria. Mas é relevante lembrar que muitos avaliam a sua saúde espiritual fora da religião tradicional: em 21 dos 26 países pesquisados, a maioria dos entrevistados em cada país disse que a saúde espiritual é importante para eles, enquanto muito menos relataram praticar hábitos religiosos regularmente, como ir a um culto religioso.
Pesquisas recentes do Pew Research Center corroboram essa ideia de que existe um meio-termo entre a ausência de crenças espirituais e a prática religiosa ou espiritual plena, constatando que quase um terço dos entrevistados nos EUA afirmam ser Ateus (17%), Agnósticos (20%) ou não listam ‘nada em particular’ (63%). Quase metade dos ‘sem religião’ afirmou que os seus motivos estão relacionados à antipatia por organizações religiosas e um terço apresentou um motivo relacionado a experiências negativas com pessoas que se descreveram como religiosas. No entanto, nesse grupo, quase metade afirmou que a espiritualidade é importante ou que se considera espiritual.[11]
[11] Gregory A. Smith et al., ‘Religious ‘nones’ in America: Who they are and what they believe’ [‘‘Não religiosos’ na América: quem são e no que acreditam’], Pew Research Center, janeiro de 2024; quando questionados sobre as suas crenças quanto à presença de espíritos ou energias espirituais nos seguintes casos, 69% dos ‘sem religião’ e 71% dos afiliadas a religiões, escolheram pelo menos uma das seguintes opções ao responder se acreditam que os seguintes itens podem ter espíritos ou energias espirituais: animais que não sejam humanos; elementos da natureza, como montanhas, rios e árvores; cemitérios ou locais memoriais; certos objetos, como cristais, joias e pedras.
Ao explorar as diferenças na importância da saúde espiritual entre países ou regiões e entender os diferentes sentimentos em relação à religião, organizações e indivíduos poderiam potencialmente ter um entendimento mais profundo de como promover a saúde holística.
Isso é capaz de estimular o diálogo em ambientes sociais, públicos e privados sobre fatores que influenciam a saúde espiritual. Por exemplo, perguntar a alguém: ‘De que maneiras você encontra propósito na sua vida?’ ou ‘Como você está ajudando os outros a encontrar significado?’ isso é capaz de gerar discussões frutíferas.
Embora encontrar caminhos para buscar a saúde espiritual individual seja importante entre as gerações, os nossos dados sugerem que isso é especialmente importante para a Geração Z (Anexo 4). Quando pesquisados, a Geração Z foi a menos propensa a endossar afirmações positivas sobre saúde espiritual: mais de um terço dos entrevistados relatou falta de sentido em suas vidas. Os membros da Geração Z também foram os menos propensos a relatar encontrar um senso de propósito em seu trabalho e ter crenças pessoais que lhes deem força para enfrentar as dificuldades. Uma possível explicação é que os indivíduos nessa fase da vida podem ainda estar desenvolvendo ativamente o seu senso de propósito, o que dá credibilidade ao apoio às gerações mais jovens nesse importante elemento de saúde deles.
Trabalhos anteriores do MHI destacaram os desafios enfrentados pelas gerações mais jovens para manter a saúde e como os empregadores podem contribuir para melhorá-la. Por exemplo, intervenções no local de trabalho que promovam comportamentos positivos e limitem os negativos podem ajudar a criar climas organizacionais que promovam a saúde holística. Na busca por significado, alguns indivíduos podem encontrar um senso de propósito em seus empregos. Outros, no entanto, podem sentir fortemente que o trabalho é uma parte intelectual ou necessária da vida, mas que o seu propósito principal vem do voluntariado em suas comunidades, da criação de uma família, da criação artística, do engajamento em ativismo ou de outras ações.
A saúde espiritual pode ser profundamente pessoal, mas as descobertas do MHI sugerem que o local de trabalho pode ser um dos muitos lugares onde os indivíduos experienciam um senso de propósito e uma saúde espiritual positiva em geral (Anexo 5). Uma pessoa pode achar o seu trabalho insatisfatório, mas o outro lado também pode ocorrer: as pessoas são capazes de encontrar profunda realização em trabalhos remunerados ou não remunerados. Cerca de dois terços dos entrevistados da Geração Z, por exemplo, disseram que considerações sobre saúde espiritual, como uma declaração de missão com propósito e oportunidades de trabalho pro bono, eram ‘muito importantes’ ou ‘importantes’ na hora de escolher um empregador. Setenta por cento dos Millenials e 66% da Geração X relataram o mesmo.
No entanto, ter um senso de propósito no trabalho não pode anular elementos negativos, como comportamento tóxico e burnout.[12] Além disso, os indivíduos podem preferir não buscar propósito no local de trabalho; ao invés disso, eles podem recorrer a caminhos como voluntariado, ajudar familiares, participar de uma comunidade religiosa ou espiritual, ou todos os itens acima. Ainda assim, reconhecer o papel que o local de trabalho é capaz de desempenhar na promoção da saúde espiritual é um elemento da saúde holística total do funcionário e criar oportunidades para um propósito no local de trabalho pode ser essencial para o futuro do trabalho.
[12] Jacqueline Brassey, Brad Herbig, Barbara Jeffery e Drew Ungerman, ‘Reframing employee health: Moving beyond burnout to holistic health’ [‘Reformulando a saúde dos funcionários: indo além do esgotamento para a saúde holística’], McKinsey Health Institute, 2 de novembro de 2023.
“…reconhecer o papel que o local de trabalho é capaz de desempenhar na promoção da saúde espiritual é um elemento da saúde holística total do funcionário e criar oportunidades para um propósito no local de trabalho pode ser essencial para o futuro do trabalho.“
Anexo 5
Em todas as gerações, fatores de saúde espiritual, como o trabalho voltado para uma missão, são importantes para os entrevistados ao considerarem um futuro empregador.
Importância das considerações sobre saúde espiritual ao selecionar um futuro empregador, por geração, 1%

A saúde espiritual pode ser enquadrada como parte do bem-estar geral de um indivíduo. Buscar propósito e significado, conectar-se com o que importa e agir com intenção pode ser uma jornada para a vida toda, assim como a necessidade de avaliar regularmente a saúde física, mental e social. ‘Alguns de nós somos mais predispostos do que outros a nos sentirmos espiritualmente conectados… Mas todos nós somos capazes de cultivar essa capacidade natural e fortalecer a nossa força espiritual’, observa Lisa Miller, pesquisadora em saúde espiritual e autora de ‘The Awakened Brain: The New Science of Spirituality and Our Quest for an Inspired Life’ [‘O Cérebro Desperto: A Nova Ciência da Espiritualidade e Nossa Busca por uma Vida Inspirada’] (Random House, agosto de 2021).
Semelhante à saúde mental, embora a saúde espiritual seja pessoal para cada indivíduo, comunidades fortes podem ser essenciais para aumentar o bem-estar espiritual de pessoas ao redor do mundo, juntamente com outras dimensões da saúde. Partes interessadas sociais, públicas e privadas podem explorar maneiras de ajudar as pessoas a encontrarem propósito e espaço para autorreflexão, a fim de impulsionar a saúde holística. Essas maneiras podem incluir garantir que os moradores da cidade tenham acesso a espaços naturais ou verdes que provoquem reflexão ou explorar como os esforços em nível comunitário podem melhorar o bem-estar geral das pessoas. Outra consideração para os empregadores é como transmitir melhor o seu apreço pelo trabalho baseado em missão aos funcionários ou como os locais de trabalho podem incentivar uma visão holística da saúde. Outras ações potenciais podem incluir simplesmente diminuir os estigmas em relação a discussão sobre saúde espiritual.
Para aqueles que desejam cultivar a saúde espiritual, o caminho pode começar com o reconhecimento de seu papel no bem-estar geral. E iniciar a conversa sobre saúde espiritual poderia ser um primeiro passo importante para melhorar a nossa saúde e a dos outros.
Erica Coe é sócia da McKinsey no escritório de Atlanta e colíder do McKinsey Health Institute (MHI); Kana Enomoto é sócia do escritório de Washington, D.C. e diretora de saúde cerebral do MHI; Jacqueline Brassey é colíder de saúde do funcionário do MHI e pesquisadora sênior no escritório de Luxemburgo; e Victoria Bennett é pesquisadora do MHI no escritório de Nova York.
Os autores agradecem a Manish Chopra, Alexandru Degeratu, Ignacio Fantaguzzi, Kai Grunewald, Anna Hextall, Abhishek Mahajan, Yukiko Sakai e Claudia von Hammerstein por suas contribuições para esse artigo. Eles também agradecem a Shri Murali Doraiswamy, da Duke University; ao ex-aluno da McKinsey, Tom Latkovic, da Backrs; a Lisa Miller, do Spirituality Mind Body Institute, Teachers College, Columbia University; a Shekhar Saxena, da Harvard T.H. Chan School of Public Health; e Moitreyee Sinha, da citiesRISE, por suas contribuições para esse artigo.
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