“A eternidade é um tempo único e a sua única dimensão é ‘sempre’.” (T-9.VI.7:1)
“A tua mente não pode apreender o presente, que é o único tempo que existe. Portanto, não pode compreender o tempo e não pode, de fato, compreender coisa alguma.” (LE-pI.8.1:5-6)
“O milagre encurta o tempo, colapsando-o, assim eliminando certos intervalos dentro dele.” (T-1.II.6:9)
“O milagre substitui um aprendizado que poderia ter levado milhares de anos.” (T-1.II.6:7)
“Em última instância, o espaço é tão sem significado quanto o tempo. Ambos são meramente crenças.” (T-1.VI.3:5)
“O tempo [ego] e a eternidade[Espírito Santo] estão ambos em tua mente e irão conflitar até que percebas o tempo só como um meio de reaver a eternidade.” (T-10.Int.1:3)
“É possível achares a luz analisando a escuridão, como faz o psicoterapeuta, ou como o teólogo, reconhecendo a escuridão em ti mesmo e procurando uma luz distante para removê-la, enfatizando a distância durante todo o tempo? “(T-9.V.6:3)
O que é o tempo em UCEM?
A palavra “tempo” em Um Curso em Milagres, como outras palavras já mencionadas em artigos anteriores, tem outro significado, dependendo se a mensagem do Curso está no Nível I, na visão metafísica ou estado de Céu (conteúdo), ou no Nível II, na visão do mundo de separação ou estados do corpo e da mente (forma).
Como exemplo nós extraímos trechos do livro “Q&A: Detailed Answers to Student – Generated Questions on the Theory and Practice of ‘A Course in Miracles’” [tradução livre: “P&R: Respostas Detalhadas para Estudantes – Questões Levantadas sobre a Teoria e a Prática de ‘Um Curso em Milagres’”], supervisionado e editado pelo Dr. Kenneth Wapnick, Ph.D., sobre a questão do tema “tempo” em Um Curso em Milagres.
“Na versão Urtex de UCEM, nós temos uma passagem onde Helen pergunta a Jesus para que era um Curso em Milagres e a resposta que ela recebeu foi:
‘A situação mundial está piorando de forma alarmante. Pessoas em todo o mundo estão sendo chamadas para ajudar e estão fazendo as suas contribuições individuais como parte de um plano geral previamente combinado. Por causa da emergência aguda, o processo lento e evolutivo usual está sendo contornado no que poderia ser melhor descrito como uma <aceleração celestial>’.
Ainda nessa passagem consta que ‘Helen podia sentir a urgência que estava por trás dessa ‘explicação’ … e fortemente sentiu que o que estava sendo transmitido a ela era que o tempo estava se esgotando.‘”
Uma questão foi levantada sobre a “aceleração celestial” e teve como resposta do Dr. Kenneth Wapnick, que estamos transcrevendo a seguir em tradução livre:
“O que isso significa, exatamente? Qual é o pior que poderia acontecer? Mesmo se nós destruíssemos todos os seres vivos do planeta, nós não estaríamos ainda vivos em espírito? Existe, na realidade, algo com que se preocupar?”
“Resposta: Em primeiro lugar, um esclarecimento sobre a ‘aceleração celestial’. Essa foi a experiência pessoal de Helen; foi uma forma [símbolo] para ela entender as experiências inquietantes que estavam ocorrendo em sua vida (1965), sem aumentar o medo que já estava presente.
Ela ainda não havia considerado a teoria do tempo totalmente ilusória, o que Jesus explicaria muito mais tarde; isso teria sido muito perturbador para ela naqueles primeiros meses.
E assim o conteúdo da mensagem de Jesus foi expresso de uma forma significativa para Helen e com a qual ela poderia se sentir razoavelmente confortável. Muito provavelmente, Helen não teria expressado o significado dessa forma anos mais tarde, depois de ter visto a imagem completa.
O esquecimento dessa distinção forma/conteúdo tem levado muitos estudantes a interpretar literalmente a transcrição da ‘aceleração celestial’ de Helen.
Quando a irrealidade do tempo é trazida à discussão, é óbvio que não poderia haver literalmente a necessidade de acelerar as coisas.
A situação no mundo poderia piorar e ser motivo de preocupação apenas se o mundo fosse real e o tempo também fosse real e linear.
Em segundo lugar, a destruição de qualquer tipo pode emanar apenas do sistema de pensamento do ego.
Só porque o Planeta Terra é capaz de não existir mais não significa que nós teríamos retornado à nossa verdadeira Identidade como espírito.
“A situação no mundo poderia piorar e ser motivo de preocupação apenas se o mundo fosse real e o tempo também fosse real e linear.“
A dor em nossas mentes torturadas pelo ódio de nós mesmos não desaparece simplesmente porque o planeta explodiu. Se nós (‘Quem é o ‘tu’ que está vivendo neste mundo?’ [T-4.II.11: 8]) destruíssemos o planeta, nós poderíamos estar muito ‘vivos’, entretanto, na culpa de nossa mentalidade errada, não na inocência e pureza de espírito, como Cristo.
Nós ainda seríamos apanhados no sonho do pecado, da culpa e do medo e de sua projeção. Em outras palavras, como mentes, nós estaríamos percebendo um planeta destruído e a nossa culpa, da qual nós não abandonamos, se manifestaria em alguma outra forma.
Entender que o mundo não é real e que nós não somos os nossos corpos é um passo na direção certa – um passo importante; no entanto, a nossa cura [healing] ainda não está completa.
É muito reconfortante ter certeza de que o mundo e os corpos não são reais, porque nós não temeríamos mais que o fim do planeta seja o fim de ‘nós’.
Essa dimensão do nosso terror diminui, felizmente, o que então nos libera para passar para a próxima etapa, que é a de nós experienciarmos como mentes que tomam decisões [tomadores de decisões], que estão constantemente escolhendo se identificar com o sistema de pensamento do ego ou do Espírito Santo.
Nós devemos olhar para o nosso investimento em defender o propósito servido por nossa crença no pecado, na culpa e no medo.
Em última análise, nós devemos atingir o nível de prontidão para abandonar todo o senso de individualidade, de consciência no nível da percepção [consciousness] e de especialismo antes de nós retornarmos à nossa existência como espírito.
O estágio intermediário, porém, é a consciência no nível da realidade [awareness] da mentalidade certa de que nós somos os sonhadores do sonho.
Esse é o estágio em que nós optamos consistentemente por perceber tudo ‘acima do campo de batalha’, com a certeza de que toda destruição e sofrimento, todo prazer e excitação, são apenas o resultado de uma mente sonhando que se separou da Unicidade do Céu.”
Dr. Wapnick ainda nos esclarece em outra mensagem:
“Esse mundo todo é uma sala de aula: as nossas vidas individuais são salas de aula individuais que nós assistimos dentro dessa universidade.
Todo esse caminho então vem a ser como um currículo que nós temos que aprender e as nossas experiências individuais veem a ser salas de aula que assistimos para desfazermos a culpa que tornamos específica.
Esse é o propósito do mundo, o propósito do tempo. ‘O tempo cessará quando não for mais útil para facilitar o aprendizado’.
Isso acontecerá quando nós tivermos cumprido o propósito do tempo, quando cada última criança ‘separada’ de Deus tiver retornado à sua mentalidade certa – é isso o que Um Curso em Milagres chama de Segunda Vinda, que é o despertar do Filho do seu pesadelo.
Isso abre caminho para o Juízo Final, que é a separação final entre verdade e ilusão. É aí que o mundo todo desaparecerá, como o Curso diz, ‘…o tempo acaba para sempre, enquanto o mundo vai girando para o nada de onde veio’ (ET-4.4:5).”
Esse é o propósito do mundo, o propósito do tempo. ‘O tempo cessará quando não for mais útil para facilitar o aprendizado’.
Outro conceito importante e didático no Curso sobre o “tempo” é a ideia do “tapete do tempo”, detalhado no livro “Os Cinquenta Princípios dos Milagres de Um Curso em Milagres” escrito pelo Dr. Kenneth Wapnick, Ph.D., editado pela Foundation for A Course in Miracles. (vide gráfico acima)
No livro Texto, o Curso diz:
“Milagres são tanto princípios como fins e assim alteram a ordem temporal. São sempre afirmações de renascimento, que parecem retroceder mas realmente avançam. Eles desfazem o passado no presente e assim liberam o futuro.” (T.1.I.13:1-3)
Dr. Wapnick nos esclarece que a melhor forma de entendermos isso é em termos do gráfico acima. Nós podemos pensar nesse caminho como o tapete que reflete todo o desenrolar da nossa experiência nesse mundo.
“O que o milagre faz é pegar certos aspectos dessa experiência, todos os quais estão radicados na crença da separação ou em nossa própria culpa (aqui é de onde viriam o fim e o início) e, em certo sentido, os isola como áreas problemáticas com as quais nós temos que lidar.
Digamos que nós estejamos tendo um relacionamento particularmente difícil. O milagre iria fazer com que nós nos focalizássemos nesse relacionamento e o perdoássemos. Nesse sentido, o milagre seria um início e um fim, porque ele circunscreve o que é o problema.
Quando nós curamos [heal] o problema real, o que significa que nós perdoamos a pessoa que tem sido a maior dificuldade para nós, ou quando realmente nós liberamos uma situação que nos trouxe tremendos sentimentos de separação, ansiedade, culpa, raiva, etc., o que acontece então é que todo esse aspecto do tempo foi encolhido. É isso o que quer dizer que milagres ‘alteram a ordem temporal’.
O Curso ensina que, quando a separação começou, naquele único instante, o tempo todo, todo o mundo da evolução aconteceram ao mesmo tempo.
Naquele único instante em que nós acreditamos nos termos separado de Deus, um imenso tapete se desenrolou.
Esse é o tapete que iria constituir todo o mundo da evolução – passado, presente e futuro.
Um Curso em Milagres também ensina que naquele mesmo instante em que isso pareceu acontecer, Deus criou o Espírito Santo, Que desfez a própria crença que fez surgir esse tapete [o enrolar do tapete, de volta para casa].
É como se a separação tivesse acontecido naquele instante e, no mesmo instante, ela tivesse sido corrigida. O problema, no entanto, é que nós ainda acreditamos que esse mundo do tempo no qual nós estamos vivendo, que é realmente um sonho, é a realidade.
É por isso que o Curso fala do Espírito Santo como uma Voz. Ele é a Voz por Deus, Que se estende no sonho para que Ele seja capaz de nos despertar do sonho; e todo o mundo da evolução é parte desse sonho.”
O autor enfatiza que uma das formas do ego nos enraizar aqui nesse sonho e nos fazer acreditar que o sonho é realidade, é que ele fez a noção do tempo como linear – passado, presente e futuro.
“Esse é o impedimento-chave para tentarmos entender como o Curso vê o tempo e como o milagre funciona. As nossas mentes estão tão estruturadas na crença em que o tempo é linear que é impossível para nós reconhecermos que o tempo é realmente holográfico, o que é um modelo que os físicos quânticos nos deram.
A holografia ensina que dentro de cada parte está contido o todo, o que significa que dentro de cada uma de nossas mentes, apesar do que nós acreditamos conscientemente, está toda a história do ego, que é toda a história não só desse planeta, mas de todo o universo físico.
O que torna esse conceito tão enlouquecedor é que a mente (e, portanto, o cérebro) foi severamente limitada pela construção do tempo como nós o fizemos, que é uma visão linear: passado, presente e futuro.
“As nossas mentes estão tão estruturadas na crença em que o tempo é linear que é impossível para nós reconhecermos que o tempo é realmente holográfico, o que é um modelo que os físicos quânticos nos deram.“
O que realmente acontece é que em qualquer momento determinado, nós escolhemos experienciar uma parte em particular desse holograma; nós mergulhamos em nossa mente e nós escolhemos atravessar ou experienciar uma parte de todo esse sonho.
É isso o que o Curso quer dizer quando fala que atravessamos um roteiro que já está escrito (LE-pI.158.4:3). Esse é o roteiro. O Espírito Santo não escreve o roteiro. O Espírito Santo não faz as coisas acontecerem a nós no mundo. O que Ele faz é unir-se a nós nesse roteiro e nos ensinar que existe uma outra maneira de olhar para ele.”
Dr. Wapnick nos esclarece que existe uma linha no Livro de Exercícios onde o Curso fala do Espírito Santo como “Aquele Que escreveu o roteiro da salvação em Nome do Seu Criador” (LE-pI.169.9:3).
O roteiro da salvação é o roteiro do ego virado de cabeça para baixo.
Onde o roteiro do ego tem como propósito reforçar a crença na separação, o Espírito Santo usa esse roteiro, o que significa todos os relacionamentos e situações em nossa experiência, para que nós sejamos capazes de aprender que nós não somos (estamos) separados.
Ele usa o mundo como uma sala de aula; o ego usa o mundo como uma prisão [campo de batalha]. É o mesmo mundo, no entanto, a maneira de olhar do ego nos enraíza ainda mais nele. A maneira de olhar do Espírito Santo nos libera dele.
O que nos mantém nesse tapete é a culpa, que significa que a forma de nós despertarmos desse sonho, ou de sairmos do tapete, é nos libertarmos dessa culpa. É isso o que o perdão faz.
Uma afirmação que o Curso faz sobre si mesmo é que ele irá economizar tempo. Ele diz isso repetidamente. Por exemplo, Jesus nos diz que se nós fizermos o que ele diz, isso irá economizar tempo (T-18.VII.4:5) e, muitas vezes, ele diz que nós somos capazes de economizar milhares de anos (T-1.II.6:7).”
Dr. Wapnick nos orienta que isso pode ser entendido como significando que eles (os milagres) isolam problemas e dizem, “é aí que você tem que se focalizar” e trabalhar isso muda a ordem temporal.
“O que você realmente faz, uma vez que todos os nossos problemas estão enraizados no passado, é dizer que o problema não está no passado. Ele está realmente bem agora, no presente, bem aqui, no momento em que eu estou escolhendo e agora eu poderia escolher de modo diferente.
Então, eles veem a ser ‘afirmações de renascimento, que parecem retroceder mas realmente avançam’ (T-1.I.13:2). É isso o que o Curso diria com ‘nascer de novo’, em outra passagem (T-13.VI.3:5).
Isso não significa nascer novamente no sentido que os Cristãos fundamentalistas usariam. Isso significa nascer novamente no sentido de nós escolhermos viver seguindo o Espírito Santo ao invés do ego. Seguir o ego leva à morte; seguir o Espírito Santo nos leva de volta à vida eterna.
O milagre, realmente, é a afirmação da vida eterna, o que então torna o renascer em termos do nosso pensamento muito diferente. Ele parece voltar para trás porque cura o passado. Se eu estiver zangado com você nesse exato momento, é porque eu não estou vivendo com você nesse exato momento; estou trazendo algo do passado.
“Seguir o ego leva à morte; seguir o Espírito Santo nos leva de volta à vida eterna.“
Tem uma seção no Texto, chamada de ‘Sombras do passado’ (T-17.III), que explica como nós vemos sempre as pessoas em termos do passado, quer sejam coisas que nós acreditamos que elas fizeram a nós ou a outras pessoas, ou baseadas em nosso passado e o tipo de necessidades que nós acreditamos que tivemos.
Então, o milagre desfaz o passado no presente e isso libera o futuro.
Portanto, o milagre pega a visão que o ego tem do tempo e nos liberta dela. A visão que o ego tem do tempo, mais uma vez, linear, pega a culpa do passado e a projeta no futuro.
Por causa da minha culpa passada, eu agora fico com medo do que o futuro irá trazer. Eu me sinto inseguro sobre se irei ter dinheiro suficiente quando for mais velho, ou se irei me sentir inseguro ou amedrontado de que algo terrível irá me acontecer.
Todos esses medos estão enraizados na culpa que está no passado, que, em última instância, está enraizada na crença em que nós pecamos contra Deus.
O que o ego faz em seu uso do tempo é usar o passado, projetá-lo no futuro e, dessa forma, ignorar totalmente o presente.
Existe uma seção no início do Capítulo 15, chamada ‘Os dois usos do tempo’ (T-15.I), que é uma ótima declaração de como o ego usa o tempo e, então, como o Espírito Santo o faz [transcrito na íntegra mais à frente para conhecimento e entendimento].
O que o Espírito Santo faz é nos dizer que o passado não existe porque ele está radicado na culpa, que não é real. Portanto, não há nada que nós tenhamos que temer no futuro.
Então, ele nos ensina que o único momento que existe é o agora; o presente é o único tempo que existe, uma declaração que o Curso faz depois (LE-pI.8.1:6; LE-pI.132.3:1).
Isso então permite que o Espírito Santo se estenda através de nós, e, portanto, o futuro vem a ser uma extensão do presente, de tal forma que a paz, o amor e a unidade que nós sentimos agora se estendem através de nós. É isso o que determina tudo o mais.
Um Curso em Milagres não fala especificamente sobre a questão da reencarnação ou vidas passadas [na versão FIP], exceto em um lugar e lá ele não toma uma posição (MP-24.3:1). Ele certamente deixa implícitas muitas referências, no entanto, de que essa não é a primeira vez em que nós viemos para cá.
Quando ele diz que nós poderíamos economizar milhares de anos, realmente está dizendo que nós poderíamos economizar muitas, muitas existências.
Isso então significa que se nós tivermos um imenso problema de culpa que nós tenhamos que expressar em certa área de nossos relacionamentos, existe algo que nós estamos continuamente fazendo, que reforça o nosso ódio a nós mesmos e a nossa própria crença na separação.
No espaço comum de tempo, nós podemos levar dez existências para trabalharmos isso, para ficarmos voltando de novo e de novo, até termos trabalhado tudo.
Se, no entanto, nós escolhermos trabalhar esse problema difícil de uma vez, o que significa, geralmente, um relacionamento ou situação que o mundo iria julgar como pesados demais, repletos de muita dor, angústia e sofrimento, nós poderíamos realmente olhar para isso de forma diferente, o que basicamente significa entender que nós não somos vítimas dessa outra pessoa, situação ou vítimas de nós mesmos.
Então, em uma existência, nós poderíamos simplesmente pegar esse problema e dissolvê-lo. É isso o que o Curso quer dizer quando fala que nós poderíamos economizar tempo, ou poderíamos economizar mil anos. É isso o que significa quando ele fala sobre o milagre que ele abole tempo, ou que ‘altera a ordem temporal‘.
Ele não abole todo o desenrolar do tempo; isso ele não faz. O que ele realmente faz é colapsar a quantidade de tempo que iria nos custar para trabalharmos o imenso problema de culpa que nós temos.
Não é necessário, certamente, nós entendermos ou até mesmo concordarmos com toda essa visão metafísica do tempo. O que é necessário é entender, quando você se vir em uma situação muito difícil e dolorosa, que existe um propósito que você poderia identificar dentro dessa situação.
O propósito é que você poderia aprender a não ver a si mesmo como uma vítima e, na extensão em que aprender isso, nessa mesma extensão, você irá curar [heal] toda essa culpa em si mesmo. É isso o que economiza tempo para você.”
Dr. Wapnick também nos esclarece que a palavra “Expiação” é a palavra do Curso para o plano geral de despertar o Filho de Deus do seu pesadelo de que ele era separado.
A palavra também é usada em um sentido mais restrito para descrever o plano individual de Expiação que cada um de nós tem que completar.
“O Curso diz que a nossa única responsabilidade é aceitarmos a Expiação para nós mesmos (T-2.V.5:1). Isso significa que nós temos que aceitar a negação da realidade da separação e a irrealidade da culpa nos relacionamentos e situações específicas com as quais nos deparamos.
Expiação, então, tem significado em um nível individual, que é o nosso próprio caminho particular. Em outras palavras, esse tapete do tempo é feito de centenas de milhares de pequenas fibras e cada fibra representa a vida individual que nós chamamos de nossa.
Cada um de nós necessita desfazer as crenças que estão em cada fibra e essa é a Expiação. Quando cada última criança de Deus completar o seu plano, o plano geral da Expiação estará completo. É assim que a palavra é usada.
O Curso diz:
‘O milagre é um instrumento de aprendizado que faz com que a necessidade de tempo diminua. Ele estabelece um intervalo temporal fora do padrão, que não está sujeito às leis usuais do tempo. Nesse sentido, ele é intemporal.’ (T-1.I.47:1-3).“
Dr. Wapnick então explica que a necessidade que todos nós compartilhamos é de usarmos o tempo para nos ajudar a entender que não existe tempo e para nos tirar desse tapete (veja gráfico acima).
“Vamos dizer que nós temos um problema massivo do ego com certas pessoas específicas sobre certas questões específicas, que iria nos fazer levar um tempo tremendamente longo para sairmos desse tapete.
O milagre nos levanta acima do mundo do tempo. Através da nossa escolha de nós perdoarmos essa imensa porção de culpa, ele nos carrega e então nos põe de volta no tempo.
Ele estabelece ‘um intervalo temporal fora do padrão‘ . Digamos, por exemplo, que esse intervalo, dentro das leis do mundo, teria sido de mil anos. Elevando-nos acima do mundo do tempo, carregando-nos e depois nos devolvendo para baixo de novo, nós economizamos esses mil anos e, então, todo o intervalo do tempo agora foi abolido.
Mais uma vez, essa é a ideia de economizar tempo.
Um relacionamento muito difícil – um que traga uma quantidade tremenda de raiva, mágoa, ressentimento, culpa, ansiedade, etc. – então, vem a ser um meio muito poderoso, se assim nós o permitirmos, de trabalharmos uma imensa porção de culpa.
Pois é essa culpa profundamente reprimida que foi trazida à superfície através do relacionamento. Se você ler o primeiro parágrafo na página 8 no Texto (T-1.II.6), verá esse processo claramente discutido. É um resumo muito bem condensado de tudo o que nós estivemos falando.
Mas lembre-se, o Curso não diz que você deve pular de uma ponta do tapete para a outra, porque isso iria apenas precipitá-lo ao pânico. Você irá lentamente, passo a passo.
À medida em que nós enrolamos o tapete de volta – o que o perdão e o milagre fazem – nós nos aproximamos da própria base do sistema egótico (linha vermelha do gráfico). O começo do tapete é o nascimento do ego, que é o lar do pecado e da culpa.
E essa é a pane mais profunda do sistema do ego. Se você pensar na imagem do iceberg, o fundo do iceberg é o núcleo da culpa que todos nós sentimos.
Ao nos aproximarmos da culpa e do medo que nós evitamos ao longo da vida inteira (se não forem muitas vidas), realmente nós cairemos em pânico. Essa culpa é a coisa mais devastadora e amedrontadora que existe no mundo.
E por isso que o processo é lento e também é por isso que nós temos que ser pacientes ao empreendê-lo. Se nós formos rápido demais, nós não estaremos preparados para o ataque da culpa que se abaterá sobre nós.
Nos dois últimos parágrafos do primeiro capítulo do Texto (T-1.VII.4-5), nós lemos sobre a necessidade de irmos bem devagar e com cuidado ao longo do material do Curso, incluindo os primeiros quatro Capítulos. Se nós não formos, nós não estaremos preparados para o que virá a seguir e ficaremos com medo. É aí que as pessoas jogam o livro fora.
Nós temos que trabalhar lentamente através de tudo isso em nós mesmos, ainda sem sequer mencionar o estudo do Curso em si mesmo, porque de outro modo o nosso medo atingirá proporções maiores do que nós seremos capazes de administrar.
Assim, ao nos aproximarmos do fundamento do sistema egótico, nós ficaremos mais amedrontados da culpa que está lá enterrada. A menos que nós saibamos que existe Alguém caminhando conosco e nos dando a mão, Alguém que não somos nós mesmos e que nos ama, nós não seremos capazes de dar esse passo.
Um Curso em Milagres nos ensina que a meta desse processo de desfazer a nossa culpa não é despertarmos do sonho inteiramente, mas vivermos no ‘mundo real’ ou no ‘sonho feliz’. (vide gráfico acima)
Assim, à medida que o tapete volta a ser enrolado, eventualmente a nossa mente atinge um estado no qual nós não temos mais nenhuma culpa para projetar e, portanto, nós estamos em paz o tempo todo, sem considerarmos o que está acontecendo no mundo exterior.
Esse estado é o ‘mundo real’ e é um conceito que reflete a gentileza do caminho do Curso.
Corno nos diz o Texto,
‘A Vontade de Deus é que ele desperte gentilmente e com alegria e deu-lhe o meio para despertar sem medo.’ (T-27.VII.13:5)
Como o Curso diz:
‘Agora o único tempo que resta é o presente.’ (LE-pI.132.3:1).”
Os dois usos do tempo
O Curso diz no Capítulo 15 do Livro Texto, título “O Instante Santo”, seção I, título “Os dois usos do tempo”, parágrafos de 1 a 15:
Podes imaginar o que significa não ter cuidados, preocupações, ansiedades, mas apenas ser perfeitamente calmo e sereno o tempo todo? No entanto, é para isso que serve o tempo, para aprender só isso e nenhuma outra coisa. O Professor de Deus não pode ficar satisfeito com o Seu ensinamento até que esse ensinamento constitua todo o teu aprendizado. Ele não terá cumprido a Sua função de ensino, enquanto não fores um aprendiz tão consistente que aprendas só com Ele. Quando isso tiver acontecido, não mais terás necessidade de um professor ou de tempo para aprenderes.
Uma fonte de possível desencorajamento da qual poderás sofrer é a tua crença em que isso leva tempo e que os resultados do ensino do Espírito Santo estão em um futuro distante. Isso não é assim. Pois o Espírito Santo usa o tempo à Sua própria maneira e não é limitado por ele. O tempo é Seu amigo no ensino. O tempo não O desgasta, assim como desgasta a ti. E todo o desgaste que o tempo parece trazer consigo, não se deve a outra coisa senão à tua identificação com o ego, que usa o tempo para dar suporte à própria crença na destruição. O ego, como o Espírito Santo, usa o tempo para convencer-te da inevitabilidade da meta e do fim do ensinamento. Para o ego, a meta é a morte, que é o seu fim. Mas, para o Espírito Santo, a meta é a vida, que não tem fim.
O ego é um aliado do tempo, mas não um amigo. Pois ele é tão desconfiado da morte quanto da vida, e o que quer para ti, ele não pode tolerar. O ego quer que tu morras, mas não ele mesmo. O resultado da sua estranha religião tem que ser, portanto, a convicção de que ele pode perseguir-te além do túmulo. E como ele não quer que aches paz nem mesmo na morte, te oferece a imortalidade no inferno. Ele te fala do Céu, mas te assegura que o Céu não é para ti. Como podem os culpados esperar o Céu?
A crença no inferno é inescapável para aqueles que se identificam com o ego. Seus pesadelos e seus medos estão todos associados com ele. O ego ensina que o inferno está no futuro, pois é para isso que todo o seu ensino é dirigido. O inferno é a sua meta. Pois embora o ego ambicione a morte e a dissolução como um fim, não acredita nelas. A meta da morte, que obsessivamente procura para ti, deixa-o insatisfeito. Ninguém que siga o ensinamento do ego pode deixar de ter medo da morte. No entanto, se pensássemos na morte simplesmente como um fim para a dor, seria ela temida? Nós já vimos antes esse estranho paradoxo no sistema de pensamento do ego, mas nunca tão claramente quanto aqui. Pois o ego precisa aparentar afastar o medo de ti para manter a tua fidelidade. Ao mesmo tempo, ele precisa engendrar medo de forma a se manter. Mais uma vez, o ego tenta, e com sucesso demasiado, fazer as duas coisas usando a dissociação para manter unidos os seus objetivos contraditórios de tal forma que pareçam conciliados. Assim, o ego ensina: a morte é o fim no que diz respeito à esperança do Céu. Entretanto, porque tu e o ego não podem ser separados e porque ele não pode conceber a própria morte, ainda irá perseguir-te porque a culpa é eterna. Tal é a versão do ego acerca da imortalidade. E é isso que a versão que ele dá ao tempo apoia.
O ego ensina que o Céu está aqui e agora porque o futuro é o inferno. Inclusive quando ataca de forma tão selvagem a ponto de tentar tirar a vida daquele que acredita que a sua voz é a única que existe, o ego ainda fala do inferno, até mesmo a ele. Pois lhe diz que o inferno está aqui também e o solicita a escapar do inferno para o esquecimento. O único tempo que o ego permite a alguém olhar com equanimidade é o passado. E mesmo lá, o seu único valor está em já não existir mais.
Como é desolador e desesperador o uso que o ego faz do tempo! E como aterroriza! Pois sob a sua insistência fanática para que o passado e o futuro sejam a mesma coisa, jaz escondida uma ameaça muito mais insidiosa à paz. O ego não faz propaganda da sua ameaça final, pois quer que seus adoradores ainda acreditem que ele pode oferecer-lhes uma saída. Mas a crença na culpa necessariamente leva à crença no inferno e sempre o faz. A única maneira na qual o ego permite que o medo do inferno seja vivenciado é trazendo o inferno para cá, mas sempre como um antegosto do futuro. Pois ninguém que se considere merecedor do inferno pode acreditar que a punição terminará em paz.
O Espírito Santo ensina assim: não há nenhum inferno. O inferno é apenas o que o ego fez do presente. A crença no inferno é o que te impede de compreender o presente, porque tens medo dele. O Espírito Santo conduz com tanta firmeza ao Céu quanto o ego leva ao inferno. Pois o Espírito Santo, Que só conhece o presente, usa-o para desfazer o medo através do qual o ego quer fazer com que o presente seja inútil. Não há como escapar do medo no uso que o ego faz do tempo. Pois o tempo, de acordo com o seu ensinamento, não é nada além de um instrumento de ensino para compor a culpa até que ela abranja tudo, exigindo vingança para sempre.
O Espírito Santo quer desfazer tudo isso agora. O medo não é do presente, mas somente do passado e do futuro, que não existem. Não há medo no presente quando cada instante salta claro e separado do passado, sem que a sua sombra alcance o futuro. Cada instante é um nascimento limpo e sem mancha, no qual o Filho de Deus emerge do passado para o presente. E o presente se estende para sempre. E tão bonito e tão limpo e tão livre de culpa que nada existe nele além da felicidade. Nenhuma escuridão é lembrada e a imortalidade e a alegria são agora.
Essa lição não toma tempo. Pois o que é o tempo, sem um passado e sem futuro? Levou tempo para conduzir-te equivocadamente de forma tão completa, mas ser o que tu és, não leva absolutamente tempo algum. Começa a praticar o uso que o Espírito Santo faz do tempo, como um recurso de ensino para chegares à felicidade e à paz. Toma esse mesmo instante, agora, e pensa nele como sendo tudo o que há do tempo. Aqui, nada do passado pode te atingir e é aqui que és completamente absolvido, completamente livre e totalmente sem condenação. Deste instante santo dentro do qual a santidade renasceu, avançarás no tempo sem medo e sem ter a sensação de mudança com o tempo.
O tempo é inconcebível sem mudança, no entanto, a santidade não muda. Aprende com esse instante mais do que simplesmente que o inferno não existe. Nesse instante redentor está o Céu. E o Céu não vai mudar, pois o nascimento no presente santo é a salvação da mudança. Tudo o que muda é uma ilusão, ensinada por aqueles que não podem ver a si mesmos sem culpa. Não há nenhuma mudança no Céu porque não há mudança em Deus. No instante santo, no qual te vês brilhante de liberdade, lembrar-te-ás de Deus. Pois lembrar-se Dele é lembrar da liberdade.
Se és tentado a sentir-te des-inspirado pensando que tomaria muito tempo mudar por completo a tua mente, pergunta a ti mesmo: “Quanto tempo demora um instante?” Não seria possível entregar ao Espírito Santo um tempo tão curto para a tua salvação? Ele não pede mais do que isso, pois não necessita mais do que isso. Leva muito mais tempo para ensinar-te a estares disposto a dar isso a Ele, do que para Ele usar esse instante diminuto para oferecer-te todo o Céu. Em troca deste instante, Ele está pronto para dar-te a lembrança da eternidade.
Nunca darás esse instante santo ao Espírito Santo em favor da tua liberação, enquanto não estiveres disposto a dá-lo aos teus irmãos em favor da sua liberação. Pois o instante da santidade é compartilhado e não pode ser apenas teu. Lembra-te, então, quando te sentires tentado a atacar um irmão, que o seu instante de liberação é o teu. Milagres são os instantes de liberação que ofereces e irás receber. Eles atestam a tua disponibilidade para seres liberado e de ofereceres o tempo ao Espírito Santo para que Ele o use.
Quanto tempo demora um instante? É tão curto para o teu irmão quanto é para ti. Pratica a dádiva deste instante abençoado de liberdade para com todos aqueles que estão escravizados pelo tempo e faze, assim, com que o tempo venha a ser um amigo para eles. O Espírito Santo te dá o instante abençoado dos teus irmãos através da tua dádiva. Assim como a dás, Ele a oferece a ti. Não te recuses a dar o que irias receber Dele, pois te unes a Ele nesta doação. Na clareza cristalina da liberação que dás, escapas instantaneamente da culpa. Tens que ser santo se ofereces a santidade.
Quanto tempo demora um instante? O tempo que leva para restabelecer a sanidade perfeita, a paz perfeita e o amor perfeito para todas as pessoas, para Deus e para ti mesmo. O tempo que leva para lembrar a imortalidade e as tuas criações imortais que a compartilham contigo. O tempo que leva para trocar o inferno pelo Céu. Tempo bastante para transcender tudo o que o ego fez e ascender ao teu Pai.
O tempo é teu amigo se deixares que o Espírito Santo o use. Ele precisa de muito pouco tempo para restaurar em ti todo o poder de Deus. Ele, que transcende o tempo para ti, compreende para que serve o tempo. A santidade não está no tempo, mas na eternidade. Nunca houve um instante em que o Filho de Deus pudesse perder a sua pureza. Seu estado imutável está além do tempo, pois a sua pureza permanece para sempre além de qualquer ataque e sem variação. O tempo está parado em sua santidade e não muda. E assim o tempo já não existe em absoluto. Pois, tomado no instante único da santidade eterna da criação de Deus, ele é transformado em eternidade. Dá o instante eterno, para que a eternidade possa ser lembrada para ti naquele instante brilhante de perfeita liberação. Oferece o milagre do instante santo através do Espírito Santo e deixa que Ele o dê a ti.
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…..Continua Parte II…..
“Um milagre é uma correção. Ele não cria e realmente não muda nada. Apenas olha para a devastação e lembra à mente que o que ela vê é falso. Desfaz o erro, mas não tenta ir além da percepção, nem superar a função do perdão. Assim, permanece nos limites do tempo.” (LE.II.13)