..…Continuação da Parte III…..
Regra 2 (continuação) – Parte X
“Retornando agora em ‘Estabelecer a meta‘, deixe-me reler a segunda frase do parágrafo quatro:
‘Farás, portanto, todos os esforços para não ver o que interfere com a realização do teu objetivo e concentrar-te-ás em tudo aquilo que te ajuda a realizá-lo.’ (T-17.VI.4:2)
Para reiterar, você não nega o que vê; você simplesmente nega que o que você vê tenha qualquer validade. Você não nega o que percebe, apenas nega que [o que você vê] tenha qualquer validade para determinar como você se sente.
‘É bastante marcante que essa abordagem tem te trazido para mais perto da seleção que o Espírito Santo faz da verdade e da falsidade. O que pode ser usado para realizar a meta vem a ser verdadeiro. O que é inútil deste ponto de vista vem a ser falso.’ (T-17.VI.4:3-5)
Conforme você pratica isso mais e mais, você começará a entender a diferença entre verdade e falsidade, verdade e ilusão, que não é a maneira como o mundo vê a diferença. Essa é uma abordagem prática totalmente utilitária.
Não há nada nesse mundo que seja verdadeiro. O perdão não é verdadeiro. Esse ‘santo’ Curso em Milagres não é verdadeiro. Nada é verdadeiro nesse mundo. A verdade está somente em Deus. Nós somos capazes, no entanto, de termos o reflexo da verdade nesse mundo.
Esse Curso, portanto, é o reflexo da verdade. Outras espiritualidades são reflexos da verdade. O perdão é um reflexo da verdade [vide o gráfico]. Ele não é a verdade, mas sim o reflexo da verdade. É por isso que Jesus diz que o amor não é possível nesse mundo, mas que o perdão é o equivalente do amor do Céu nesse mundo. A santidade não é possível nesse mundo, no entanto, é possível ser o reflexo da santidade. Na verdade, ‘O reflexo da santidade‘ é o título de uma Seção no Capítulo 14 do Texto [seção IX]. Jesus fala sobre o relacionamento santo como sendo o ‘arauto da eternidade’ [Capítulo 20.V]. Não é a eternidade, no entanto, é o precursor da eternidade. Assim, o que é verdadeiro nesse mundo é tudo o que reflete a verdade do Céu, tudo que o ajuda a despertar do sonho.
“Esse Curso, portanto, é o reflexo da verdade.“
Novamente, nós estamos falando sobre uma maneira puramente prática de entender a verdade. Isso certamente não significa que nada nesse mundo seja verdade. Significa antes que eu posso dar a esse mundo um propósito que reflete a verdade.
Nós podemos, no entanto, ter o reflexo da verdade nesse mundo.
Se a verdade do Céu é a Unicidade perfeita e unidade perfeita, então o propósito nesse mundo que reflete essa verdade é perceber que todos nós compartilhamos os mesmos interesses e o mesmo objetivo. Por não ver os seus interesses como separados ou separados dos meus, eu estou refletindo a verdade do Céu de que nós somos um só.
Isso é o que Jesus quis dizer quando disse que o que é verdade é o que cumpre o nosso objetivo de paz. Não é verdade literalmente, porque a verdade está somente em Deus, mas é o reflexo da verdade. A percepção de você como separado de mim vem a ser falsa, porque é o reflexo da falsa ideia original do ego de que eu sou capaz de estar separado de Deus.
Nós podemos, no entanto, ter o reflexo da verdade nesse mundo.
O que é verdade não se baseia no fato, na forma. É o conteúdo ou o propósito que o estabelece como verdadeiro.
A segunda das dez características dos professores de Deus fornecidas no Manual de Professores é a honestidade. E a definição que Jesus dá para honestidade não é em termos de forma; ao invés disso, que o seu comportamento seja consistente com o seu pensamento. Se os seus pensamentos são amorosos, tudo o que você fizer será honesto, mesmo que aos olhos do mundo não seja verdade. Em outras palavras, você poderia dizer algo que literalmente não é verdade, entretanto, seria honesto porque serve a um propósito amoroso. Isso é o que nós chamamos de mentira branca, por exemplo. Obviamente, você deve ter muito cuidado para não abusar ou fazer uso indevido desse princípio. No entanto, a definição de honestidade é centrada no propósito. A definição de verdade nesse Curso também se concentra no propósito – pelo menos nesse mundo dentro do sonho.
Então, novamente, você é capaz de ver que Jesus pega a mesma ideia e a aplica a pensamentos aparentemente separados. A verdade e a honestidade são definidas, interpretadas e entendidas no Curso pela fidelidade ao propósito. Se o seu propósito é o amor, tudo o que você fizer será honesto e verdadeiro.
Portanto, uma vez que você tenha estabelecido a meta (que você necessita se lembrar de quem você é como criança em Deus), uma vez que você tenha estabelecido a meta da verdade, tudo o que ocorre em seus dias servirá a esse propósito. E você verá tudo sob essa luz. Isso é o que fará com que seja verdade. Uma interpretação falsa, por exemplo, ‘o que isso significa para mim?’ você irá descontar, porque não irá contribuir para a meta. Você não dá a ela nenhum significado, nenhuma importância, nenhum poder. Quando o seu objetivo é o especialismo, você dará ao sistema de pensamento do ego um tremendo poder. Você irá apenas esperar até que alguém faça algo com o seu ego. E se eles não fizerem isso, você irá inventar de qualquer maneira. Você quer que as pessoas reflitam o ego porque é isso que irá provar que o seu objetivo de especialismo foi alcançado. No entanto, se o seu objetivo é a verdade e o desfazer do especialismo, você verá que o especialismo das outras pessoas não tem nenhum efeito sobre você. E você perceberá que é o pedido de ajuda delas que reflete o seu pedido de ajuda.
‘A situação agora tem significado, mas somente porque a meta fez com que ela fosse significativa.’ (T-17.VI.4:6)
Se você pensar nas primeiras lições do Livro de Exercícios, você se lembrará de que Jesus quer que nós vejamos que nada nessa sala significa [de verdade] nada, nada ao meu redor significa alguma coisa – todas as coisas não têm sentido. A razão pela qual elas não têm sentido é que o ego lhes deu o seu significado. Essas primeiras lições nos ajudam a perceber o que é significativo. E o que é significativo nesse mundo é tudo que cumpre ou reflete o propósito do Espírito Santo. Em outro nível, nada nesse mundo tem significado porque não existe mundo. O único significado está no Céu. No sonho, entretanto, o que não tem sentido é tudo o que o enraíza ainda mais no sonho e o que é significativo é tudo o que o leva além do sonho.
Então, tudo nesse mundo virá a ser significativo para você se você vir isso como uma forma de perceber que você projetou no mundo a sua culpa adormecida inconsciente. Agora o mundo mostra isso para você e você é capaz de olhar para ele e dizer: ‘Não, isso não está lá fora, está em mim.’ Isso faz com que a situação seja muito significativa. O que faz com que a situação seja sem sentido é pensar que realmente há algo lá fora que você deseja – ou apenas algo lá fora, ponto final.
Resumindo: o que estabelece algo como sem sentido é que foi dado o significado do ego; o que o estabelece como significativo é que ele recebeu o significado do Espírito Santo. Isso significa que você é aquele, o único em todo o universo, que é capaz de controlar o significado da vida por si mesmo, porque você é aquele que escolhe entre se identificar com o seu ego, o que faz com que tudo em sua vida seja totalmente sem sentido, ou escolher Jesus ou o Espírito Santo como o seu professor, que dá a tudo em sua vida significado total. Você é quem está no controle disso.
A lição 253 diz: ‘Quem rege o universo é o meu Ser.‘
É o meu universo, o meu sonho. E esse sonho é capaz de ser qualquer coisa que eu escolher que ele seja. O que quer que o meu sonho venha a ser é exclusivamente a minha responsabilidade. Não há absolutamente ninguém que seja capaz de fazer isso por mim.
‘A meta da verdade tem outras vantagens práticas. Se a situação é usada em favor da verdade e da sanidade, o seu resultado tem que ser a paz. E isso está bastante à margem do que seja o resultado.’ (T-17.VI.5:1-3)
Esse segundo ‘resultado’ é algo comportamental, externo. O ‘resultado’ falado na frase dois é um resultado em sua mente. Aqui novamente você vê, em duas frases, como Jesus usa as palavras de maneira diferente. Se a situação for usada para a verdade (ou seja, essa é uma sala de aula que eu escolhi e escolhi Jesus como o meu professor para que eu seja capaz de aprender que os seus interesses e os meus não são separados), então o resultado tem que ser a paz. Isso porque se essa é a meta que eu estabeleci e esse é o meu sonho, então eu alcançarei o que desejo. Eu tenho que alcançar o que eu desejo porque tudo está ocorrendo em minha mente. Se eu quiser paz, eu estarei em paz. Se eu quiser conflito, eu terei conflito. Ninguém fora de mim é capaz de fazer isso por mim.
De modo que, novamente, se eu vejo a situação como o meio que eu escolhi para alcançar a verdade e a sanidade, então tem que ser assim e eu estarei em paz. E isso é totalmente independente do que acontece externamente. O que acontece externamente é irrelevante. Para usar um exemplo extremo: você seria capaz de estar em Auschwitz onde o resultado físico não é muito indutor de felicidade. No entanto, se o objetivo de você estar em Auschwitz for aprender que você não é o seu corpo e que eles não são capazes de fazer nada por você – e eles não são realmente eles; os alemães são tão parte da Filiação quanto você; nós somos todos parte do mesmo todo – então, eles não são os seus inimigos. O ‘inimigo’ é o tomador de decisões em nossas próprias mentes que percebe os outros como o inimigo. Se esse é o seu objetivo, que você aprenda essa lição, então, independentemente do que aconteça naquele campo de extermínio, para você ou para as pessoas que você ama, independentemente do que aconteça, você ainda estará em paz. É disso que se trata.
Novamente, o que essas frases no início do parágrafo estão dizendo é que uma vez que você tenha estabelecido o objetivo da verdade, independentemente da forma da sala de aula, independentemente do que acontecer com você ou do que acontecer ao seu redor, você ainda encontrará a verdade porque isso é o que você queria. Você verá que a situação é a sala de aula que o ajudará a aprender isso.
O seu resultado será de paz, portanto, independentemente do resultado externo. Isso lhe dá liberdade perfeita. Não há absolutamente nada nesse mundo que possa prendê-lo. Não há nada nesse mundo que possa tirar o Amor de Deus de você. E na forma mais extrema, que é o que Jesus ensinou, não há nada nesse mundo que pode tirar a vida de você – porque você vai perceber em algum momento que não está vivo aqui. Você também não está morto aqui. Você simplesmente não está aqui. Você não nasceu; você não morre; você não está aqui. Tudo isso é um sonho. Portanto, ninguém pode tirar a sua vida de você.
A razão pela qual Jesus estava perfeitamente em paz e não sentiu absolutamente nenhuma dor na cruz foi que ele sabia que não estava aqui. Ele sabia que não era o seu corpo. Como ele é parte da mente da Filiação, ele estava ciente do sonho. Mas ele também sabia que era parte de Deus, então ele sabia que isso era apenas um sonho e nada estava acontecendo. Portanto, para ele, literalmente, nada aconteceu. Muita coisa parecia acontecer aos olhos do mundo, mas nada aconteceu com ele, porque ele sabia que não estava aqui.
Esta é a forma mais extrema. Mas isso é o que você aprende quando o seu objetivo é amor e paz e você sabe que esse amor e paz estão dentro de você e que você simplesmente escolheu contra eles. Tendo reconhecido isso, você verá todas as situações e circunstâncias em sua vida como oportunidades de aprendizagem nas formas específicas que são necessárias para aprender. Nós aprendemos por meio das formas específicas que nós escolhemos contra o amor, mas agora nós poderíamos facilmente escolher por ele. A situação então se torna o laboratório ou a sala de aula em que nós praticamos essa lição. E o significado final da lição é que eu estou simplesmente me lembrando do que já está dentro de mim. Eu não tenho que encontrar Jesus; Eu simplesmente tenho que aceitá-lo, porque ele já está presente em mim.
Portanto, eu posso aprender essa lição, independentemente da forma que minha sala de aula assuma. Eu sou quem escolhe a forma da sala de aula, porque é o meu roteiro. Eu escolhi a forma da sala de aula em que o meu ego falou primeiro e erroneamente ao me dizer que eu era uma vítima. Agora eu volto para a mesma sala de aula com um professor diferente e aprendo uma lição totalmente diferente. O Curso diz que ‘o ego sempre fala primeiro’ e está errado e o ‘Espírito Santo é a Resposta’ (por exemplo, T-5.VI.3:5; T-6.IV.1:1). Então, nós repassamos os mesmos roteiros inúmeras vezes até aprendermos a lição.
Quando nós aprendemos a lição, o roteiro desaparece. Quando a mente certa corrige a mente errada, ambas desaparecem. Quando o meu sonho de ataque e separação com você como um relacionamento específico em minha vida é substituído pelo sonho de perdão, o sonho termina. Então nós não precisamos mais ficar juntos em uma sala de aula. Nós podemos ainda estar juntos fisicamente, mas as aulas acabaram.
Quando você aprende a lição do perdão que desfaz a lição do julgamento, ambos desaparecem. O único propósito do perdão é corrigir e desfazer o pensamento de julgamento do ego. Quando o pensamento de julgamento é desfeito, o perdão cumpriu o seu propósito e não existe mais.
No final do processo, pouco antes de você atingir o mundo real, o seu ego é substituído de uma vez por todas pelo Espírito Santo – o que significa que o ego desaparece, o Espírito Santo desaparece e você se torna, assim como Jesus era, a manifestação do Espírito Santo, não mais separado de você. Isso está bem no final do processo.
O único propósito do perdão é corrigir e desfazer o pensamento de julgamento do ego.
O que nos ajuda a caminhar passo a passo é ter em mente o nosso objetivo da verdade, o objetivo de realmente querer aprender o que é o perdão. À medida que nós aprendemos mais e mais, nós vemos cada vez mais que tudo o que ocorre em nossas vidas é simplesmente outra oportunidade de aprender essa lição.
Se a paz é a condição da verdade e da sanidade e não pode haver paz sem elas, onde está a paz, elas têm que estar (T-17.VI.5:4).
O que Jesus está dizendo é que se o seu objetivo é a verdade e, portanto, você vê a situação como um meio para alcançar essa verdade, então você sentirá paz. E é por meio dessa paz que você saberá que cumpriu o propósito da situação, que é a verdade.
A verdade vem por si mesma (T-17.VI.5:5)
Em outras palavras, você não precisa se preocupar com a verdade. Isso é o mesmo que dizer que você não precisa se preocupar com o amor, não precisa se preocupar com Deus. Tudo o que você precisa fazer é remover as interferências que você colocou entre você e a verdade. Há uma passagem no capítulo 16 em que Jesus diz:
A sua tarefa não é buscar o amor [a verdade], mas simplesmente buscar e achar todas as barreiras que construíste dentro de ti contra ele (T-16.IV.6:1).
Então, novamente, é por isso que esse não é um Curso em nada de positivo, não é um Curso em amor. Esse é um Curso em milagres, porque é o milagre que o ajuda a remover as interferências que você colocou entre você e o amor.
A verdade vem por si mesma. Se vivencias a paz é porque a verdade veio a ti e verás o resultado verdadeiramente, pois o engano não pode prevalecer contra ti (T-17.VI.5:5-6).
Se você quer a verdade, se essa for a sua escolha, qualquer engano que esteja ao seu redor não terá efeito sobre você. ‘Engano‘ aqui é apenas outro termo para o sistema de pensamento do ego. Se você se afastar do sistema de pensamento do ego e se voltar para Jesus ou o Espírito Santo – o que significa que o seu objetivo agora é a verdade (que é o que o princípio da Expiação afirma) – então qualquer comportamento ou pensamento do ego que estejam acontecendo ao seu redor não terão nenhum efeito sobre você. Você só pode ser afetado por sua própria escolha de se identificar com o ego, não pelo que o ego de outra pessoa faz a você.
Irás reconhecer o resultado porque estás em paz. Aqui, mais uma vez, vês o oposto da maneira de ver as coisas do ego, pois o ego acredita que a situação traz a experiência (T-17.VI.5:7-8).
Eu experimento a paz porque a situação funcionou de um certo modo. Eu experimento felicidade, alegria, amor, seja o que for, porque a situação funcionou de um certo modo. Nós sempre, então, somos vítimas do que outras pessoas fazem. Nós estamos à mercê de coisas além de nós, de forças que nós não podemos controlar e de pensamentos que nos vêm contra a nossa vontade, como o Curso diz em um ponto (T-19.IV-D.7:4). Nós somos afetados pelo sonho: o sonho está nos sonhando, e não – que é a verdade – que somos nós que sonhamos o sonho.
O Espírito Santo sabe que a situação é como a meta a determina e é vivenciada de acordo com a meta (T-17.VI.5:9).
Portanto, não há nada objetivo no mundo. O que dá a qualquer coisa o seu significado ou propósito e nos ajuda a entendê-la é a meta que atribuímos a ela – os meios que atribuímos à situação para nos ajudar a alcançar a meta que nós escolhemos primeiro. Portanto, o ponto de tudo isso é que nós somos solicitados a definir a meta primeiro; então veríamos automaticamente a situação, relacionamento, reunião ou circunstâncias como um meio de nos ajudar a atingir esse objetivo.
Se o objetivo é o reforço do especialismo, então é isso que nós vivenciaremos em nossa vida diária. Se o objetivo é o fim do especialismo, por meio do perdão, é isso que nós vamos experienciar. E a experiência não tem absolutamente nada a ver com a situação. A experiência tem a ver com o professor que nós escolhemos. O mundo então, como é, é irrelevante para isto.
Isso é o mais longe que nós iremos nesta seção (‘Estabelecer a meta’). Antes de retornar à segunda regra na seção ‘Regras para decisões’, eu queria voltar ao significado e à aplicação de ‘perdão’ usando a situação de uma estudante para ilustrar o que tenho ensinado. Ela ainda está muito zangada com o ex-marido e sabe que não quer perdoá-lo. Ela não está lutando contra isso, mas percebe que não pode ficar em paz sem perdão. Expliquei-lhe que ela não está conseguindo paz porque não a quer. E é aí onde ela tem que parar. O motivo pelo qual ela não vai perdoar o seu ex-marido e afirmar que, em vez disso, tem justificativa para guardar queixas contra ele, é que ela não deseja a paz que adviria de se livrar das queixas. E essa informação é extremamente útil de se ter, porque agora ela sabe o motivo pelo qual está chateada: não é por causa do ex-marido!
A tentação nesse ponto – para qualquer pessoa envolvida nesse tipo de situação – é sentir que você falhou em perdoar. E ainda assim você está fazendo exatamente o que o perdão pede de você. Uma das melhores definições de perdão vem do resumo do Livro de Exercícios chamado: ‘O que é o perdão?’. É aí que Jesus diz:
O perdão, por sua vez, é quieto e na quietude nada faz. … Apenas olha e espera e não julga (LE-pII.1.4:1,3).
Então você está fazendo isso. Você está olhando para o seu ego em ação e percebendo que ainda deseja mantê-lo. Então você espera pacientemente até que esteja pronto para deixar isso ir e durante todo o tempo você não julga a si mesmo. O perdão, portanto, como Jesus usa o termo, não perdoa da maneira como o mundo o entende. O perdão envolve o processo de perceber que o problema não está fora de mim em outra pessoa, mas que o problema está dentro de mim e está dentro de mim porque eu escolhi tê-lo dentro de mim.
E o ‘milagre’ é basicamente o termo que o Curso usa para a dinâmica pela qual o perdão ocorre – eles são virtualmente intercambiáveis.
O perdão não significa que o seu coração está cheio de doçura e luz. O perdão significa que você perdoa a si mesmo porque o seu coração está cheio de maldade, escuridão, pecado e assassinato. Você é muito mais honesto consigo mesmo dessa forma.
E então você não precisa sentir que precisa fingir que está sentindo algo que não está. Vá em frente e sinta todo o ódio, toda a obstinação de se agarrar a ele que você precisa, mas esteja ciente de que está fazendo isso porque não quer ficar em paz.
Lembre-se do primeiro obstáculo à paz, explicado no Capítulo 19 do Texto. Na introdução, Jesus fala sobre como são esses obstáculos que impedem que a paz simplesmente flua através de você.
O primeiro obstáculo para a paz é o desejo de se livrar dela. Esse é o primeiro obstáculo para a paz: você não a quer!
Portanto, o problema é que a maioria das pessoas não está ciente de que não é isso que elas desejam. A maioria das pessoas diz que quer paz, amor e alegria e quer fazer o que o Curso diz e quer perdoar e todas essas coisas. E elas não querem dizer isso de forma alguma!
A lição do Livro de Exercícios ‘Quero a paz de Deus‘ começa com:
Dizer essas palavras não é nada. Mas dize-las com real intenção é tudo” (LE-pI.185.1:1-2).
Como venho dizendo, uma declaração como essa deixa bem claro que Jesus entende muito bem os seus estudantes. Por que ele diria algo assim se não fosse pelo fato de que a maioria das pessoas não deseja a paz de Deus? E ainda assim essas pessoas irão articular as palavras e dizê-las. Mas elas não se referem a elas. E o que o Curso ajuda você a entender é por que você não quis dizer essas palavras. Todos nós em sã consciência diríamos: ‘É claro que eu quero a paz de Deus.’ Mas nós não estamos cientes de que dizer: ‘Eu quero a paz de Deus’ significa dizer: ‘Eu não quero o meu especialismo.’ Essa é a pegadinha [o porém].
É isto o que Jesus quer dizer na seção ‘A última questão sem resposta’, quando discute quatro perguntas, as três primeiras são relativamente fáceis de responder. É a quarta que é muito difícil e a quarta que ainda nós não respondemos:
E quero eu ver aquilo que neguei porque é a verdade? (T-21.VII.5:14)
Eu quero ver o que eu neguei, que é o Amor de Deus, porque é a verdade? E em sua discussão sobre isso, Jesus explica que a razão de você não ter respondido isso ainda é porque você não entende que dizer sim (que eu quero ver o que neguei porque é a verdade), significa que você deve primeiro dizer não. Essa é exatamente a mesma afirmação que nós discutimos antes, que a tarefa do trabalhador em milagres é negar a negação da verdade.
Dizer não, não significa que você olha para o sistema de pensamento do ego, que é a negação do sistema de pensamento de Deus, ou o sistema de pensamento do Espírito Santo (este é o não) e então você olha para isto e diz: ‘Eu não quero isso ‘.
Portanto, dizer: ‘Sim, eu quero a paz de Deus, eu quero estar com Jesus, eu quero o seu amor, eu quero praticar o seu Curso’ significa que você deve olhar para o especialismo do ego (que é a negação ou o negação do Amor do Espírito Santo) e dizer: ‘Eu não quero mais isso.’
…a tarefa do trabalhador em milagres é negar a negação da verdade.
Quantas pessoas vão dizer isso com sinceridade? Muito, muito poucos. Principalmente quando eles começam a entender o que realmente estão dizendo. Dizer: ‘Eu não quero o meu especialismo’ é dizer: ‘Eu não quero mais a minha individualidade, eu não quero a minha singularidade, eu não quero o que me torna diferente de qualquer outra pessoa, seja ela melhor ou pior.’ E o ego não se importa se você é a melhor pessoa em todo o mundo ou se você é a própria escória da sociedade. Não importa, contanto que você seja diferente e especial.
Eu penso que o que acontece, conforme você trabalha com o Curso por muitos, muitos anos, é que você começa a entender o que isso realmente significa. Demora um pouco até que você começa a penetrar, porque é muito fácil ler esse Livro e pular todas as passagens terríveis – aquelas que lidam com sangue, violência, maldade, assassinato, culpa e ódio – e ver apenas aquelas maravilhosas que falam sobre amor, paz, alegria, unicidade e unidade. À medida que você começa a prestar atenção às passagens do ego, você percebe do que elas estão realmente falando e do que realmente se trata o sistema de pensamento do ego e o quanto você está identificado com esse sistema de pensamento. Novamente, é muito, muito assustador perceber isso.
Portanto, dizer sim a Jesus é dizer não ao ego, o que significa que você não pode dizer sim até que primeiro seja capaz de olhar para o sistema de pensamento do seu ego e dizer: ‘Eu não estou mais disposto a pagar esse preço.’ Quando você olha para ele e diz: ‘Obviamente, ainda eu estou disposto a pagar esse preço’, diga: ‘Está tudo bem. Eu não estou tão adiantado quanto gostaria, mas pelo menos eu estou o suficiente para saber que eu não estou tão longe.’ Esse é um progresso maravilhoso. Portanto, há esperança!
Parte XI – Regras 3 e 4
(3) Lembra mais uma vez do dia que queres e reconhece que alguma coisa ocorreu que não é parte dele (T-30.I.6:1).
Por ‘dia que queres’, Jesus se refere ao dia que você realmente deseja, que é um dia de paz e felicidade. Agora aconteceu algo que não faz parte disso: você não está feliz. Você está desapontado, com raiva ou triunfante porque conseguiu o que queria. Novamente, eu penso que disse antes que triunfo não é paz. O êxtase não é paz. A alegria não é paz. Grande drama não é paz. Paz é a paz em Deus, o que significa que é constante e estável – não sobe e desce.
Assim, o que você deve fazer é monitorar a si mesmo durante o dia e perceber o mais rápido possível que algo saiu dos eixos. Você saiu do caminho porque não está em paz.
Então reconhece que colocaste uma pergunta por conta própria e necessariamente estabeleceste uma resposta nos teus próprios termos (T-30.I.6:2).
Aqui, novamente, ele está dizendo que a pergunta que nós estamos fazendo ao Espírito Santo não é realmente uma pergunta. É uma declaração: ‘Eu quero isso. E quero que você me diga que está tudo bem que eu queira.’ ‘Eu quero’ significa que nós estamos no sistema de pensamento do ego, o que significa que a resposta que nós recebermos será um ídolo feito pelo ego. Então nós chamamos esse ídolo de Espírito Santo ou Jesus ou Deus. Mas a coisa toda foi configurada. Nós estabelecemos qual é a pergunta e, portanto, a resposta deve vir nesses termos. Este é um ponto extremamente importante.
O suplemento Canção da Oração, que Helen tomou notas de Jesus um ano após a publicação do Curso, foi originalmente escrito para Helen – e depois para todos – para corrigir o equívoco de que pedir ao Espírito Santo significava pedir vagas para estacionar, para onde ir fazer compras, onde morar, o que fazer da vida – seja algo que nós possamos rotular de trivial ou algo que nós consideremos importante.
O que Jesus explicou a ela (primeiro em uma mensagem especial que foi reescrita para o público em geral, que agora está no suplemento) foi que embora não haja nada de errado com esse tipo de pedido, é apenas o passo inicial e não é realmente o que você precisa. Sempre que você pede ao Espírito Santo uma pergunta específica, você está na verdade dizendo a Ele qual deve ser a resposta. Você não está deixando espaço para nada que Ele queira dizer, porque está dizendo a Ele o que Ele deve dizer. Quando você pergunta: ‘Eu devo aceitar o trabalho A ou o trabalho B?’ a única resposta que você se permitirá ouvir é A ou B, porque foi assim que você formulou a pergunta. O que você não está ciente é que esse é um ataque muito sutil e uma tentativa de controlar Deus novamente, assim como nós tentamos fazer no início.
Portanto, fazer uma pergunta específica é, na verdade, uma tentativa de controlar a resposta. Não vai parecer que você está realmente tentando controlar Deus. O que Jesus diz na Canção da Oração é que quando você pede algo específico, é exatamente o mesmo que olhar para o pecado, torná-lo real e depois perdoá-lo. Mais tarde, no suplemento, ele cunha um novo termo, ‘perdão para destruir‘, que não é usado no Curso, embora o processo seja descrito.
Eu torno o pecado real quando digo que você fez algo errado comigo, mas na bondade do meu coração, eu vou esquecer isso – depois de tê-lo tornado real. Isso é o que ele chama de perdão para destruir.
Ele está dizendo que pedir coisas específicas ao Espírito Santo é exatamente a mesma coisa, então, embora não seja um termo que ele usa lá, nós podemos dizer que é um exemplo de pedir para destruir. E, no entanto, parece ser a coisa certa a fazer. O Curso diz que você deve pedir ajuda, orar, etc. Mas você não entende que o seu especialismo está realmente levando vantagem.
Na Canção da Oração, ele diz que as especificidades da canção da oração não são o que você deseja; você quer a própria canção. Em outras palavras, não são as respostas específicas a perguntas específicas que você deseja. Você quer o amor que inspira isso. Você quer a canção em si, não os contornos da canção, não a melodia, não os harmônicos, não os intervalos. Não é a forma da canção que você deseja, é o amor que a inspirou.
Em ‘A canção esquecida’, uma bela seção no início do capítulo 21 do Texto, Jesus fala sobre a canção esquecida como aquela presença do Amor do Espírito Santo em nossas mentes, que nos lembra a canção do Céu. Ele diz que ‘As notas não são.’ (T-21.I.7:1). As partes da canção, a forma que ela assume, não são nada. É a canção que você deseja.
Então, ele está falando que o que você quer é uma experiência do amor de Jesus. Quando você insiste que o que deseja são respostas específicas para perguntas específicas, você está arrancando o amor dele de sua mente e o colocando no mundo, porque é onde você acredita que você esteja. Então você vai mais longe e diz: ‘Conserte isso para mim!’ Você nega o fato de que inventou o problema para que pudesse consertá-lo, para que pudesse cuidar do amor dele, para que não precisasse vivê-lo. Imagine a arrogância disso: Aqui nós estamos – nós inventamos um mundo, inventamos um problema para excluir o amor de Jesus; e então nos metemos em tantos problemas que o colocamos e imploramos: ‘Por favor, conserte!’ E ele diz: ‘Não.’ Não porque ele esteja com raiva ou vingativo. Mas porque ele diz que não há nada para consertar.
‘Não me peça para consertar os seus problemas específicos; peça-me, em vez disso, para me juntar a você, o que desfará a causa de todos os seus problemas específicos.‘
A causa de todos os nossos problemas específicos é a crença de que nós estamos separados do Amor de Deus. Nós chamamos isso de pecado da separação. Então, nos sentimos culpados pelo que nós fizemos e acreditamos que merecemos ser punidos por nossos pecados. Essa é a fonte de toda a nossa angústia – em qualquer forma. Portanto, ao pedirmos para nos unir a Jesus e pedir a sua ajuda (o que realmente é uma forma de pedirmos a nós mesmos para nos unirmos a ele), nós estamos desfazendo a separação do Amor de Deus que é a causa de todos os problemas. E é por isso que este Curso é tão simples.
Para complicar tudo, os estudantes de Um Curso em Milagres arrastam Jesus ou o Espírito Santo da mente onde Eles estão, para um mundo onde Eles não estão, para um mundo onde nós não estamos e eles [os estudantes] exigem que Eles [Jesus ou o Espírito Santo] consertem as coisas para nós aqui. E então nós ficamos bem é com raiva quando Eles não fazem isso.
A Canção da Oração pega todas essas ideias no Curso, porque as pessoas não estavam prestando atenção. A Canção da Oração foi ditada para que todos os erros que já estavam começando a ocorrer dentro de um ano de vida do Curso fossem corrigidos. O problema, claro, é que as pessoas nunca se preocuparam com o panfleto (agora chamado de suplemento), porque nunca se preocuparam com o que o Curso realmente diz. Portanto, agora os mesmos erros se repetem continuamente, tornando-se quase universais entre as pessoas.
As pessoas não prestam atenção ao que o Curso diz, porque elas pensam que entendem o que ele diz simplesmente porque podem ler em inglês [português]. Elas não percebem que o significado do Curso não está nas palavras (ou, como eu disse antes, no entendimento intelectual). O significado está em fazer parte do mesmo processo e unir-se ao amor que inspirou o Curso. Isso significa, novamente, que você realmente deve cultivar uma atitude de humildade ao trabalhar com isso, porque é muito fácil pensar que você está ouvindo o Espírito Santo, quando tudo o que você está fazendo é ouvir a ressonância de sua própria voz. É disso do que se trata.
Então, reconhece que colocaste uma pergunta por conta própria e necessariamente estabeleceste uma resposta nos teus próprios termos. [O que significa que você ouvirá exatamente o que gostaria de ouvir e é assim que você configurou] Então, dize [agora essa é a terceira regra]: Eu não tenho nenhuma pergunta. Eu esqueci o que decidir (T-30.I.6:2-5).
Esse é o começo da verdadeira humildade. Não é só que eu não tenha uma pergunta: eu nem sei o que perguntar. Pelo menos agora você está limpando a sua lousa. Pelo menos agora você está retirando a arrogância que diz: eu sei qual é o meu problema. Eu sei qual é a solução. E eu tenho uma ‘influência‘ com o Espírito Santo – Ele resolverá isso para mim. E se você for muito bom nisso, dirá a seus amigos: ‘Eu farei com que Ele resolva os seus problemas para você também – porque Ele fala por meu intermédio. E se você vier a mim, Ele falará com você através de mim.’
Bem, adivinhe o que isso significa? Isso me torna muito especial, porque eu tenho uma ‘influência‘ com essa Voz maravilhosa. E isso o torna especial, porque você tem o privilégio de estar na minha companhia. A coisa toda é tão especial que é surpreendente que as pessoas façam isso em nome de Um Curso em Milagres e não percebam o que estão fazendo. Quando você entende o que é especialismo, pode ver claramente o que está acontecendo. Pessoas que fazem isso não são más, pessoas ruins. Elas são apenas pessoas temerosas que estão com medo do que a mensagem do Curso realmente é e então substituem por sua própria mensagem, sem saber o que estão fazendo.
Isso anula os termos que estabeleceste e deixa que a resposta te mostre qual foi realmente a questão (T-30.I.6:6).
Se a sua mente é uma lousa em branco, a resposta será alguma experiência do amor de Jesus e você entenderá qual deveria ser a pergunta. Ou seja, a questão tem a ver com o ego não ser mais o seu professor e, em vez disso, querer Jesus como o seu professor. Portanto, a pergunta nunca é ‘Eu faço A ou B?’ A pergunta é: ‘Qual professor eu irei escolher? Que orientador irei escolher? Que guia irei escolher para me ajudar a aprender qual é a coisa ‘certa’ a fazer?’ O que você quer fazer, que novamente é a mensagem da Canção da Oração, é unir-se ao amor de Jesus. E nesse amor você encontrará todas as respostas para as perguntas específicas que pensa ter.
Na Canção da Oração, ele cita a famosa frase do Sermão da Montanha: ‘Buscai primeiro o Reino de Deus e tudo o mais vos será dado.’ E ele diz que naquela única resposta – unindo-se ao meu amor, à minha canção – todas as pequenas respostas serão encontradas; você não precisa se preocupar com elas.
Isso não significa que você não tenha que fazer uma escolha entre o emprego A e o emprego B, permanecer no emprego A ou deixar o emprego A, permanecer em um relacionamento ou sair de um relacionamento. Claro que você tem que tomar uma decisão. E você faz o melhor que pode a qualquer momento quando a decisão precisa ser tomada. Mas, acima de tudo, tente se envolver com o processo subjacente de ir além do investimento do seu ego na resposta – ‘Droga! O que eu faço?!’ – para a verdadeira questão, que é perguntar: ‘Por que eu persisto em escolher o meu ego quando o Amor de Deus está lá para pedir? ‘
Portanto, a terceira regra agora é desfazer o fato de termos esquecido as duas primeiras regras. Portanto, nós dizemos:
‘Eu não tenho nenhuma pergunta. Eu esqueci o que decidir.‘
E o teu medo de receber uma resposta diferente do que a tua versão da pergunta pede crescerá em velocidade proporcional ao tempo, até que acredites que o dia que queres é aquele no qual consegues a tua resposta para a tua pergunta (T-30.I.7:3).
A palavra ‘até‘ é usada aqui de forma um pouco diferente da forma que normalmente é usada no inglês popular. O que isso significa é que a sua versão da pergunta ganhará impulso até aquele momento e incluindo o ponto em que você acredita que o seu dia feliz chegará quando a sua pergunta for respondida com a sua resposta – em outras palavras, quando você conseguir o que deseja.
Então, basicamente, esse é o ponto culminante do processo. E você se apega a isso mais e mais porque não quer ouvir a outra resposta – porque sabe em algum lugar dentro de você que a outra resposta significa que você está errado, o que, por sua vez, significa que você não existe. Esse é o terror de estar errado. Estar errado se torna um símbolo de um pensamento muito mais amplo que diz que se eu estiver errado, então o Espírito Santo deve estar certo – porque é sempre ‘um ou outro” (veja gráfico).
Uma das marcas do sistema do ego é “um ou outro”. Você nunca tem mais do que duas opções e é sempre uma ou outra. É uma gangorra: se um está para cima, o outro deve estar para baixo. Se um está certo, o outro deve estar errado. Se um é inocente, o outro deve ser culpado. E não há escolha nisso. Uma vez que você se identifica com o sistema do ego, é nisso que você está acreditando: a ideia de que é um ou outro. O ego não conhece a palavra ‘mesmo’. A palavra ‘mesmo’ não existe no vocabulário do ego, porque toda a sua existência é baseada na ideia de que Deus e o Filho são diferentes, pela qual o ego também quer dizer separado.
Deus e o Filho são o mesmo – esse é o princípio da Expiação. Deus e Cristo são totalmente um só. Eles são o mesmo espírito. Deus é o Criador, Cristo é o criado. Deus é a Causa Primeira; Cristo é o efeito.
Mas, como foi mencionado antes, na verdade não há Deus e Cristo no Céu, nenhuma causa e efeito no Céu. Estas são categorias que nós introduzimos em um mundo dualístico para nos ajudar a entender o mundo que está além da dualidade. Todo o sistema de pensamento do ego começa e se baseia na premissa de que Deus e Seu Filho são separados e diferentes. Consequentemente, se isso é o que o sistema de pensamento do ego é, tudo o que vem dele deve compartilhar dessa ideia [ideias não deixam sua fonte]. No entanto, se nós somos todos iguais, nós não somos fragmentados; e se nós, como espírito, somos iguais a Deus, então nós não estamos separados Dele. Esse é o fim do ego. Isso é o princípio da Expiação.
Portanto, o ego só conhece a diferença – que eu sou diferente de Deus e, portanto, diferente de todas as outras pessoas. Essa é uma das maneiras de entender o que é especialismo. A própria palavra ‘especial’ implica uma comparação. Alguém é mais especial do que outra pessoa; alguém é diferente de outra pessoa. Portanto, novamente, se eu estiver certo, você não pode estar certo, porque nós não podemos ser os mesmos. Nós devemos ser diferentes.
Vamos usar algo trivial como exemplo – um fato simples do mundo: você diz que a capital do estado de Nova York é a cidade de Nova York. Outra pessoa diz que não é Nova York, é Albany. Está provado que você está errado e fica chateado. Por que você está ficando chateado? Porque isso é um símbolo – não que você esteja errado sobre a capital de um estado, mas que você está errado, ponto final. É por isso que tantas vezes você encontra pessoas que não podem estar erradas – elas sempre têm que estar certas e ficam muito chateadas se não estiverem certas. Elas ficam muito chateados porque o pensamento subjacente é que eu estou errado, ponto final. E se eu estou errado, é apenas porque o Espírito Santo está certo. E se o Espírito Santo está certo, então todo este sistema de pensamento está errado – todo este mundo está errado, o que significa que deixo de existir como uma criatura do ego. Esse é o terror. É por isso que nos esforçamos tanto para estar sempre certos, o que significa ser sempre especiais; e sempre provar que Deus está errado.
Esse é o problema de tudo isso. O nosso medo é que nós estejamos comprovados como errados, o que significa que nós não sabemos o que é de nosso interesse.
Assim novamente:
E o teu medo de receber uma resposta diferente do que a tua versão da pergunta pede crescerá em velocidade proporcional ao tempo, até que acredites que o dia que queres é aquele no qual consegues a tua resposta para a tua pergunta. E não a conseguirás, pois ela destruiria o dia por roubar-te aquilo que realmente queres (T-30.I.7:3-4).
A distinção aqui é entre o que você deseja e o que realmente quer. O que você realmente quer é a paz de Deus. O que você deseja é a versão do ego disso – alguma indulgência e satisfação com o seu especialismo. Portanto, o que Jesus está dizendo é que você nunca obterá o que deseja, porque o que você deseja está em conflito com o que você realmente quer. Em outras palavras, mesmo que você consiga o que pensa que deseja, nunca será o suficiente.
Todos nesta sociedade estão cientes disso: nunca é suficiente. Você sempre quer mais e mais. Quer se trate de mais comida, mais dinheiro, mais sexo, mais fama ou mais coisas materiais – você sempre quer mais, você sempre quer o melhor – porque nunca é o suficiente. Você consegue o que pensa que deseja, mas isso realmente não o satisfaz, porque em algum lugar bem no fundo de você existe uma sensação torturante de que algo está faltando.
O que está faltando é o Amor de Deus que você jogou fora. Mas o ego nunca permitirá que você saiba disso. Em vez disso, o ego diz que essa sensação de falta em você vem do fato de que você é imperfeito. É a isso que o Curso se refere como o ‘princípio da escassez’. O que resulta disso é que você sempre tem que tirar proveito de fora para preencher o vazio interno. E é por isso que o que você ingere nunca é suficiente. O buraco nunca é preenchido e nunca pode ser preenchido até que você mude de ideia sobre a decisão original.
É por isso que esse Curso sempre volta a isso e é para isso que você sempre deve olhar. É por isso que Jesus diz que você não conseguirá o que deseja, ‘pois ela [isso] destruiria o dia por roubar-te aquilo que realmente queres”.
Portanto, o que Jesus está fazendo é apelar para nós agora, dizendo-nos: ‘Você tem uma mente dividida [vide gráfico]. Sim, você tem uma mente do ego que só quer e quer e quer, e matará para consegui-lo; mas você tem outra parte de sua mente, também – a mente certa.’ Depois de entender que a sua mente está dividida, o conceito de um tomador de decisões torna-se incrivelmente significativo, porque agora a sua escolha é significativa. Você está escolhendo entre o sistema de pensamento do ego, que é uma ilusão e uma mentira e o sistema de pensamento do Espírito Santo, que é a verdade. E mesmo se você não exercer essa escolha imediatamente, pelo menos entenderá agora que tem uma escolha – entre o que você deseja como ego e o que você realmente quer, que é voltar para casa.
P: Suponha que você tenha chegado ao ponto em que as coisas do mundo, como relações sexuais e comida, não funcionam mais para você. Você pensa que não os quer. Você percebe que não tem mais investimento neles – semelhante a perceber que você fica batendo a porta nos seus dedos, então a coisa a fazer é parar de ficar batendo a porta nos seus dedos. Como você pode saber se está negando tudo isso?
R: Esta é uma questão extremamente importante, porque a solução que você está propondo não funcionará. Sim, se você continuar batendo a porta nos seus dedos, pelo amor de Deus, pare de bater a porta nos seus dedos! – se essa for a causa da sua dor. Se você acredita que a causa de sua dor são todos esses relacionamentos ruins com os quais está sempre se envolvendo, que nunca funcionam de qualquer maneira, então você está absolutamente justificado em dizer: ‘Chega de relacionamentos, eu me tornarei uma freira.’
P: Isso também não funciona.
R: Certo! Porque esse não é o problema. O problema não é o relacionamento – o problema é a culpa em sua mente e a escolha que você fez a respeito de quem o ajudará com a culpa: o ego versus o Espírito Santo. Se você está nesse mundo nesse corpo, então você está aqui para aprender lições. Os relacionamentos são as salas de aula por excelência. É por isso que o Curso está repleto de material sobre esse tópico – é para isso que este é um Curso – porque a nossa culpa é mais clara e poderosamente expressa em nossos relacionamentos especiais. Nós pegamos a culpa em nós mesmos e a jogamos em outra pessoa.
Ontologicamente, tudo o que começa é literalmente separando uma parte de nós que nós não queremos e criando uma nova pessoa com isso. Basicamente, o seu relacionamento especial, o seu parceiro especial, é uma parte separada do mesmo todo do qual você é uma parte separada. É por isso que é tão importante que vocês não se vejam como separados. Tentar resolver isso no nível do corpo nunca funcionará: você meio que bate a porta nos dedos repetidamente. E então você parecerá justificado em concluir que simplesmente não se envolverá mais em relacionamentos porque eles não funcionam. Mas esses relacionamentos são a sala de aula perfeita. O que o Curso diria é: ‘Não desista de relacionamentos. Em vez disso, convide-me [Jesus ou o Espírito Santo] para que agora eu possa ensiná-lo por meio dessa sala de aula. Se você fechar a porta para o relacionamento, como posso ensinar você? Você veio a esse mundo em um corpo, com todos esses parceiros especiais ao redor – passado, presente e futuro – apenas para perceber que eu poderia ser o seu professor. E quando chegar a esse ponto, feche o porta e declare: Não há mais sala de aula. Então eu [Jesus] tenho que continuar desempregado!’
O que você precisa perceber é que o problema não é o que há de errado entre você e a outra pessoa. O problema é o que vai errado em sua mente – quando você escolhe contra Jesus e pelo ego. Esse é o problema. O ego tentará convencê-lo de que o problema são as situações ou relacionamentos em sua vida. E depois de identificar isso como o problema, a solução é fácil: desista deles! Foi assim que começaram os monastérios [mosteiros, conventos]. Literalmente! Eles começaram no século 5, quando os homens fugiram dos males da cidade (o que realmente significava os males das mulheres) e se tornaram monges – pensando erroneamente que queriam estar somente com Deus. Estar apenas com Deus significava para eles que não podiam ter nada a ver com ninguém. Certamente nada a ver com sexo! Porque o ego diria que o problema é entre corpos; portanto, a solução é simplesmente ignorar ou negar o corpo. O Curso diz, por meio do milagre, que o problema não é o corpo – o problema é com quem você está olhando para o corpo, ou seja, com o seu ego.
O problema sempre volta a esse ponto de escolha em sua mente. Portanto, o que você quer ver é que os relacionamentos são as salas de aula perfeitas e que, claro, você vai bagunçá-los. Eles vão começar com o especialismo, prosperar no especialismo e terminar como especialismo. Esta é a maneira perfeita para você aprender que o especialismo não é a resposta. Mas você deve escolher um professor diferente. Então, quando você entra em um relacionamento, pode dizer a si mesmo que é claro que estragarei tudo, eu sei que farei isso. Mas agora posso ter Jesus ao meu lado enquanto faço isso e posso me ver fazendo todas as escolhas por especialismo com ele ao meu lado. A diferença será que agora não preciso ser culpado por elas. Eu não preciso ter medo delas. Eu não preciso ter vergonha delas.
Esse será o início do processo de aprender a deixá-lo ir inteiramente – não o relacionamento, mas o especialismo do relacionamento. Portanto, você não quer necessariamente desistir do relacionamento. O que você quer abrir mão é o professor que escolheu para lhe ensinar em sala de aula.
Então voltando agora à última frase que eu li:
E não conseguirás [ou seja, você não obterá a sua resposta à sua pergunta – você não obterá o que deseja], pois ela destruiria o dia por roubar-te aquilo que realmente queres. Isso pode ser muito difícil de ser reconhecido, uma vez que já tenhas decidido por tua própria conta as regras que te prometem um dia feliz (T-30.I.7:4-5).
Aqui está mais um daqueles lugares onde, se o leres com atenção, ouvirás Jesus a dizer-te: ‘Isto não é fácil!’ Ninguém, mais uma vez, quer ouvir que está errado, porque, como explicado antes, se você está errado, isso significa que a sua própria existência é uma mentira, o que significa que você nem mesmo está aqui. Isso é muito assustador, se você está convencido de que está aqui. É disso que ele está falando.
Assim, depois de fazer isso sozinho, é muito difícil mudar de marcha. Você sabe que isso é verdade – basta olhar para o que aconteceu no mundo. Nós fizemos a escolha de estar por conta própria – nós não precisamos de Deus como a nossa fonte porque nos tornamos nossa própria fonte – nós não precisamos do Espírito Santo como o nosso professor porque agora nós temos um professor melhor, a saber, o ego – e daquele ponto em diante, nós estávamos apenas correndo, glorificando e nos deleitando em nosso especialismo, em nosso egocentrismo e em nossa auto importância. E nunca, jamais, desistiremos – certamente não sem uma grande luta! E dessa identificação original veio todo esse mundo e todas as coisas que acontecem nesse mundo. Isso continua e continua e continua.
No início do Manual de Professores, Jesus fala sobre como este mundo avança exaustivamente (MP-1) – porque nada funciona.
Entretanto, é só o tempo que se desenrola exaustivamente e o mundo está muito cansado agora. Está velho e gasto e sem esperança (MP-1.4:4-5).
As pessoas estão começando a ver que nada funciona. Você tem um vislumbre de esperança e sabe exatamente o que vai acontecer – porque sempre acontece. Você tem um vislumbre de esperança aqui com a economia, por exemplo e sabe o que vai acontecer. Isso ocorre porque o sistema de pensamento que subjaz a tudo isso é o sistema de pensamento de mim, mim, mim – é um sistema de pensamento do especialismo. Não é um sistema de pensamento que diz que todos nós fazemos parte de uma Filiação. É um sistema de pensamento que diz que nós somos parte de uma filiação especial e minha parte especial é melhor do que a sua parte especial. É por isso que nada funciona – e as pessoas percebem isso. É por isso que esse Curso é tão importante e também porque ninguém lhe dá atenção – porque é tão importante. Prestar realmente atenção a isso significa que você deve olhar para o seu próprio especialismo, o que significa minar a sua própria existência como você a estabeleceu.
Então agora, mais uma vez, ele está dizendo: ‘Eu lhe dei uma terceira regra, mas você também não vai ouvir essa.’ Portanto, agora ele tem que nos dar uma quarta regra.
Trechos da Regra 4:
(4) Se estás tão pouco disposto a receber que não podes sequer abrir mão da tua pergunta, podes começar a mudar a tua mente com isso: Pelo menos, eu posso decidir que não gosto do que sinto agora (T-30.I.8:1-2).
Se eu não estou disposto a abrir mão do meu especialismo ou do meu investimento em estar certo, pelo menos eu posso dizer que não gosto do que eu estou sentindo. Ainda posso ficar tentado a culpá-lo por isso, mas pelo menos eu posso me permitir ter consciência de que eu não gosto do que sinto. A razão pela qual isso é importante é que – como várias pessoas já comentaram – muitas vezes é fácil se enganar pensando que você está realmente feliz e em paz e não tem queixas contra ninguém. Quando o fato é que você está furioso – você está muito deprimido e ansioso, mas está encobrindo isso.
Então, o que Jesus está dizendo aqui é: ‘Pelo menos tente ser honesto consigo mesmo: Admita que não gosta da maneira como está se sentindo – que está se sentindo zangado, inquieto, com dor; você é culpado, solitário, com medo. Você é isso, você é aquilo. Pelo menos seja honesto com isso: não encubra isso.’
Temos um termo para designar as pessoas que encobrem a dor delas: “bliss ninnies” [síndrome de Poliana ou tendência à positividade?]. Você não encontrará esse termo no Curso, mas “bliss ninnies” são pessoas que fazem uma cara feliz e dizem que tudo é maravilhoso. Elas não apenas tentam convencer outras pessoas, mas tentam se convencer. Esse não é um Curso em ser feliz. Esse é um Curso em reconhecer o quão infeliz você é. Perdoe-se pela causa da infelicidade e então você será feliz. Jesus não é contra a felicidade, obviamente. Mas o que ele está dizendo é que se você realmente deseja ser feliz, deve abrir mão de todas as decisões que tomou para ser infeliz e, então, culpar as outras pessoas por sua infelicidade.
Novamente, a felicidade que o Curso nos promete é o resultado do processo de primeiro perceber o quão infelizes, deprimidos, ansiosos, com medo e com raiva nós estamos. Eles não são pecados: nós temos que ser todas essas coisas.
Como alguém pode ser sem-teto e órfão e não estar deprimido e com raiva? Todos nesse mundo são sem-teto e órfãos, dentro de seu sistema de crenças, porque acreditam que fugiram de casa. E eles acreditam que Deus é morto por eles, ou Deus está tão zangado que os rejeitou. Ninguém nesse mundo pode ser feliz porque ninguém nesse mundo acredita que está em casa. E você só pode ser verdadeiramente feliz quando estiver em casa.
Portanto, tentar fingir que é feliz aqui, que poderia tornar esse mundo um lugar melhor para você e um lar no qual você poderia ser feliz, é alimentar o próprio sistema de pensamento que o colocou em apuros.
Esse é um Curso em ajudá-lo a perceber o quanto você é infeliz, porque você não está em casa. E então ajuda você a perceber que o motivo de você não estar em casa é uma escolha que você fez. Isso não tem nada a ver com o que outra pessoa tenha feito ou com o que Deus tenha feito. E se você não percebe que é uma escolha que você tenha feito, como poderá mudá-la? É por isso que, para enfatizar mais uma vez: você não pode mudar de ideia a menos que saiba:
(1) que você tem uma mente e
(2) que a sua mente escolheu o sistema de pensamento errado.
Enquanto você pensar que está feliz e cheio de pensamentos de amor e paz, você nunca estudará Um Curso em Milagres. Você pode pensar que está estudando, mas o que está fazendo é reescrevê-lo para que diga o que você quer dizer. Esse Curso é para pessoas que não sabem o quão infelizes, miseráveis, solitárias, alienadas e deprimidas estão, para que possam aprender que isso é o que elas sentem e compreender de onde veio o sentimento – não de nada no mundo, mas por sua própria escolha.
Depois de entenderem que é a sua própria escolha, podem fazer uma escolha melhor. É assim que o Curso cumpre o seu propósito. Mas se você acha que já está feliz, ou se tornou feliz, perdoado e perdoador porque ‘fez’ as lições do Livro de Exercícios por um ano e leu o Texto algumas vezes, então você não está realmente prestando atenção no que isso está dizendo. A razão é que simplesmente não é tão fácil abandonar uma identificação na qual você se apega fortemente.
A verdadeira felicidade nesse Curso vem de olhar para a sua culpa, o seu ódio de si mesmo e a sua pecaminosidade e perdoar a si mesmo por isso. É daí que vem a verdadeira felicidade.
Não é algo que você possa impor a si mesmo, eliminando assim todos esses pensamentos odiosos. Só pode acontecer quando você olha para aqueles pensamentos odiosos com o amor de Jesus ao seu lado e então percebe que não há nada ali. Então virá a felicidade, uma felicidade nascida do reconhecimento: ‘Graças a Deus eu estava equivocado’. Não que eu estivesse certo.
Se nós acreditarmos que estamos felizes e em paz, não haverá motivação para mudar. E assim a fonte de todos os nossos problemas, tanto individual quanto coletivamente, permanecerá enterrada em nosso inconsciente. Toda essa culpa vai ficar lá e continuamente projetar uma sombra, mas nós não saberemos de onde a sombra está vindo e sempre confundiremos a sombra com a realidade.
Aqueles de vocês que se lembram do seu Platão vão se lembrar que esse era o seu ponto principal na Alegoria da Caverna: que as pessoas pensam que as sombras são a realidade. E assim nós veremos toda a dor e sofrimento ao nosso redor, mas nós não perceberemos que eles são as sombras da culpa que está em nossa mente individual e na mente da Filiação. É o fato de nos permitirmos experimentar a nossa infelicidade e de não estarmos felizes com a forma como nos sentimos que nos motivará a começar a explorar de onde vem a infelicidade.
Antes de prosseguir, eu só queria fazer mais alguns comentários sobre a preocupação que as pessoas têm quando começam a levar isso a sério – ou seja, a sensação de que as suas ‘redes de segurança’ estão sendo tiradas e os sentimentos de confusão quando aceitam que eles não se sentem mais à vontade para perguntar a Jesus ‘O que devo fazer?’ e outras questões nesse sentido.
É verdade, como eu tenho dito, que o seu ego vai atrapalhar se você pedir a Jesus que o ajude dessa forma. Mas é diferente quando você pede a Jesus para ajudá-lo a olhar para o problema, porque então você percebe que o problema não é se você faz A ou B. O problema é que você quer fazer sozinho. Você experimentaria indecisão ou confusão apenas porque já escolheu o seu ego. Se você tivesse escolhido Jesus, não haveria indecisão, hesitação ou confusão – você simplesmente faria isso.
Como diz Gloria [esposa do Dr. Wapnick]: então você se torna “thunk” [um eco, um som?]. Assim, a resposta, o Amor de Deus, simplesmente vem através de você e você automaticamente faz o que é mais amoroso. A questão é tirar o seu ego do caminho. Pedir ajuda a Jesus significa pedir-lhe que o ajude a olhar para o problema, sendo o problema: eu não sei o que devo fazer porque já escolhi o meu ego. Então, ao pedir a ele para ajudá-lo, você já está desfazendo a causa da confusão, que é o fato de você ter se separado dele. Se você pedir a ele para ajudá-lo, você está se juntando a ele e, portanto, desfazendo o problema.
Você nem precisa saber ouvir. O problema novamente é quando você pensa que sabe. O fato de você não saber pode parecer confuso para você, mas o motivo é que durante toda a sua vida você trabalhou com a ideia de que entendia e sabia como agir. Agora, de repente, você reconhece que não entende nada. Essa é uma grande vantagem, embora possa não parecer desta forma.
Deixe-me ler as linhas do final do Texto, que frequentemente cito ou refiro:
Não há declaração que o mundo tenha mais medo de ouvir do que essa: Eu não sei o que sou e, portanto, não sei o que estou fazendo, onde estou ou como olhar para o mundo ou para mim mesmo (T-31.V.17:6-7).
Agora, isso descreve todos nesta sala [no Workshop do Dr. Wapnick]? Você tem muita companhia! Lembre-se novamente de como isso começa:
‘Não há declaração que o mundo tenha mais medo de ouvir do que essa …‘
É por isso que nós ficamos tão incomodados – porque agora nós percebemos que nós não sabemos nada. Parece que esse Curso está dizendo que nós devemos ouvir o Espírito Santo, mas agora nós percebemos que nem mesmo sabemos o que isso significa ou como fazer. Mas agora a forma como isso termina é:
Entretanto, é aprendendo isso [aprender que você nada sabe] que nasce a salvação. E O Que tu és te falará de Si Mesmo (T-31.V.17:8-9).
Lembre-se do Livro de Exercícios, Lição 24, que enfatiza a ideia de que nós não percebemos os nossos maiores interesses. O problema é que nós pensamos que sim; e, portanto, nós não acreditamos que devamos ser ensinados, porque nós já sabemos o que fazer. Se você já sabe ouvir (é o que você pensa), não aprenderá a ouvir. E então você vai pensar que está ouvindo, quando o tempo todo você realmente está ouvindo, porém a voz do ego, não a Voz do Espírito Santo.
Entender que você não entende nada, especialmente como ouvir, ou o que significa pedir ao Espírito Santo, é muito, muito útil porque agora a sua mente está clara. Agora você está salvo de sua própria arrogância e então ‘O Que tu és te falará de Si Mesmo‘.
Agora você abriu espaço para Jesus vir até você e falar com você. E você percebe que o que você escutar significa tirar o seu ego do caminho. Lembre-se do que foi discutido antes sobre a última pergunta sem resposta – que dizer sim significa dizer não ao não. Dizer sim a Jesus ou ao Espírito Santo – dizer: ‘Sim, eu quero a sua ajuda, eu quero o seu conselho’ – significa que você deve olhar para o seu ego e dizer: ‘Eu não quero mais isso.’
Ouvir é isso mesmo: tirar a interferência do caminho. Assim, você pode ter cada vez mais certeza de que a voz que você está ouvindo (e claro que isso é uma metáfora, você não ouve literalmente uma voz) não é a sua, mas vem do Espírito Santo. É muito desconfortável – é por isso que ‘não há declaração que o mundo tenha mais medo de ouvir do que essa …’.
A maioria das pessoas se orgulha de atingir um nível de maturidade, de pensar que realmente sabe como sobreviver no mundo: sabe como o mundo funciona. Elas podem não gostar, mas pelo menos sabem como funciona e como sobreviver nele. De repente, dizem que tudo em que você acreditava está errado. Isso é muito desconcertante.
Em uma série de declarações, Jesus descreve a experiência como perturbadora, desunida e bastante angustiante (T-17.V.3:3).
Isso é o que acontece quando você de repente percebe que tudo em que você acreditou é falso e parece que não há nada para substituí-lo. É quando o ego é tentado a entrar imediatamente e chamar um médium, talvez, porque então outra pessoa lhe dirá o que fazer. Isso é muito bom, porque então você não precisa fazer o seu próprio trabalho de desfazer o seu ego. O ego de outra pessoa lhe dirá o que fazer e então dirá que é a Voz do Espírito Santo ou que eles a estão canalizando. É muito tentador seguir esse caminho quando você se sente tão desconfortável.
É melhor, porém, apenas ficar parado e não fazer nada, porque o seu ego vai querer se apressar e preencher o espaço vazio e o espaço vazio sempre será preenchido por si mesmo, pelo ego. Se você conseguir ficar parado, o seu medo diminuirá e então aquela voz amorosa realmente falará com você e você saberá o que ela está dizendo.
Mais um ponto: muitos estudantes caem na armadilha quando tentam levar a sério que ‘eu [de fato] não sei o que eu sou’. Eles param de levar todos os seus papéis a sério, mas da maneira errada.
Usando um exemplo de um estudante aqui: Você nunca deixa de ser mãe, amiga, filha, amante ou esposa: você nunca para com esses papéis. O que você começa a perceber é que é um papel, não sou eu. Mas é um papel que escolhi para poder aprender lições nele. Isso é muito importante, caso contrário, você vai pular a etapa e dizer que isso é bobagem, é tudo inventado – eu não sou nenhuma dessas coisas. É importante que você reconheça que a sua identidade não está na função. Mesmo assim, o papel é algo que você escolheu porque não acredita realmente em sua verdadeira identidade. Você pode começar a entender que não é a pessoa que pensava que era, mas há uma parte de você que ainda não quer compreender ou se lembrar do Ser que realmente você é.
Portanto, você precisa de passos que o ajudem a superar o medo. Essas etapas são as salas de aula que nós escolhemos – os papéis. Portanto, o truque é ser cada vez mais fiel ao papel – não porque isso signifique alguma coisa, mas porque é uma sala de aula para você.
Exorto-o a estudar a Lição 184 – parágrafos nove a onze – a esse respeito. O material nesses parágrafos é extremamente importante para esclarecer esta questão importante: Se o mundo é uma ilusão, por que devo prestar atenção ao que estou fazendo aqui? Esses parágrafos da Lição 184 deixam muito claro por que você deve prestar atenção. Parágrafo onze, por exemplo:
Usa todos os pequenos nomes e símbolos que delineiam o mundo da escuridão. Mas não os aceites como tua realidade. O Espírito Santo usa todos eles, mas Ele não se esquece de que a criação tem um único Nome, um Significado e uma única Fonte Que unifica todas as coisas em Si Mesma. Usa todos os nomes que o mundo lhes dá, apenas por conveniência, mas não te esqueças de que eles compartilham o Nome de Deus junto contigo (LE-pI.184.11:1-4).
Seria, de fato, estranho se te fosse pedido para ir além de todos os símbolos do mundo, esquecendo-os para sempre; e que ainda assim te fosse pedido que aceitasses a função de ensinar. Tu precisas usar os símbolos do mundo por algum tempo. Mas não te deixes também ser enganado por eles. Não representam nada em absoluto e, na tua prática, é esse pensamento que te libertará. Tornam-se apenas meios pelos quais podes te comunicar de modo que o mundo possa compreender, mas reconheces que não são a unidade na qual a verdadeira comunicação pode ser achada (LE-pI.184.9:1-5).
Isso é uma reflexo do ponto que eu tenho defendido com frequência durante esse Workshop: esse é um Curso muito, muito simples.
O reflexo da unicidade do Céu neste mundo é a ideia de que tudo e todos servem ao mesmo propósito.
Nós não estamos unidos aqui na forma, mas estamos unidos no propósito, que então se torna o reflexo da união que todos nós compartilhamos em Cristo e em Deus.
Não há como neste mundo saber como é essa unicidade, mas nós podemos ser o reflexo dela quando nós percebemos que tudo e todos compartilham o mesmo propósito.
O reflexo da unicidade do Céu neste mundo é a ideia de que tudo e todos servem ao mesmo propósito.
Isso é o que você lembra quando a sua mente deixa o mundo, volta para a mente (que é o que o milagre faz), então você se lembra:
‘Ah! Isso é tudo a mesma coisa! Isso tudo é uma oportunidade de aprendizado para mim que eu escolhi para poder lembrar por que eu estou aqui e agora escolhi Jesus como meu professor.
Eu não estou aqui para fazer todas as coisas que o mundo pensa que eu estou aqui para fazer; eu estou aqui para lembrar Quem eu sou como O único Filho de Deus.
E a maneira como eu vou me lembrar disso, é tendo certas aulas. Esta situação em que estou agora é uma dessas aulas. Pode parecer uma aula muito dolorosa, mas pode ser uma aula útil, se eu escolho o professor certo. Isso vai me economizar mil anos, porque vai desfazer uma grande parte da minha culpa. E eu vou perceber que é assim que vou aprender que os meus interesses não estão separados de ninguém, especialmente daquelas pessoas com quem eu estou envolvido neste momento.‘”
Parte XII – Regra 4 (continuação) e Regras 5 a 7
“Vamos agora voltar para o último parágrafo do Capítulo 5, que é uma elaboração maravilhosa desta quarta Regra para decisões: ‘Pelo menos, eu posso decidir que não gosto do que sinto agora.‘ Eu não consigo enfatizar o suficiente como é importante que você se permita sentir a sua dor, sentir o sistema de pensamento do seu ego de qualquer maneira que vier a você. Se você não se permitir sentir, então não haverá motivação para aprender e praticar este Curso. Se você realmente acredita que está feliz e em paz, então para que você precisa de um Curso? O objetivo desse Curso é fornecer a você uma maneira de desfazer a sua dor. Se você não acredita que tem dor, não precisa disso. Portanto, novamente, uma das primeiras ideias ao trabalhar com esse Curso é entender que um dos propósitos centrais de Jesus é fazer com que você reconheça que não reconhece o quanto está sofrendo.
A decisão não pode ser difícil. Isso é óbvio, se reconheces que já tens que ter tomado a decisão de não ser totalmente feliz, se é assim que te sentes (T-5.VII.6:1-2).
Tudo isso se baseia na ideia de que você está se permitindo ter consciência de que você não está se sentindo alegre ou feliz – que está se sentindo ansioso, culpado, solitário, triste, deprimido, com medo, etc.. Se você não se permitir sentir isso, nada mais será possível. Outra premissa é a ideia de que, se você não está se sentindo feliz, é você quem escolheu isso, como nós havíamos discutido antes. Se não há mundo fora da sua mente, então não há nada que possa ter qualquer efeito sobre você. Se você está infeliz, você é o único que o tornou infeliz.
A resistência a isso é enorme, porque – voltando ao instante original – o ego disse que se você olhar para a sua culpa, que é sobre a sua responsabilidade de se separar de Deus e de Cristo e então literalmente destruir o Céu e criar um mundo oposto a ele – se você olhar para a sua culpa e aceitar a responsabilidade pelo que você fez, bem atrás disso está o furioso e vingativo Deus que irá destruí-lo. É daí que vem o terror. Isso é o que funciona no fundo da mente de todos nós.
Todo este mundo se torna uma enorme camada de coisas, apenas para manter a dor desse pensamento longe de nós. E a coisa toda é inventada porque todo o sistema de pensamento do pecado e da culpa é inventado. Mas você não saberá que é inventado até olhar para ele – é por isso que esse é um tema tão importante.
Portanto, novamente, o primeiro passo para desfazer, que é desfazer a decisão e o efeito da decisão (que é se sentir péssimo), é reconhecer que você ativamente decidiu erradamente, mas pode ativamente decidir o contrário. A palavra-chave aqui é ativamente. Jesus está dizendo muito claramente que você escolheu isso ativamente.
Esta é uma escolha deliberada: você não quer estar com Jesus. Você não quer estar com o Amor de Deus. Você quer estar com você mesmo. Você quer estar com o seu especialismo. Portanto, esta é uma escolha ativa.
Então ele deixa o ponto ainda mais claro:
Sê muito firme contigo mesmo nisso e permanece plenamente ciente de que o processo de desfazer, que não vem de ti, está apesar de tudo dentro de ti porque Deus o colocou aí (T-5.VII.6:4).
Em outras palavras, como egos nós não somos aqueles que podemos desfazer o ego – esse é o papel de Jesus e do Espírito Santo. Portanto, nós estamos realmente falando sobre o tomador de decisões, a parte de nossas mentes que escolhe, que se afastou de Jesus e se voltou para o ego; portanto, é essa mesma parte de nossas mentes que agora deve escolher contra o ego e voltar para Jesus. O nosso trabalho é fazer isso. Uma vez que nos unimos a ele, o que novamente significa que nós olhamos sem julgamento para o nosso ego ou para o ego de qualquer outra pessoa, então nós completamos a nossa parte na Expiação.
A próxima linha afirma isso claramente.
A tua parte é meramente fazer voltar o teu pensamento ao ponto no qual o erro foi feito e entrega-lo em paz à Expiação (T-5.VII.6:5).
Esta é uma declaração maravilhosamente clara de sua parte. Um pouco de boa vontade é isso: ‘retribuir o seu pensamento’. Anteriormente, foi discutida a ideia de ‘divagações da mente’, onde Jesus disse a Helen que ela era tolerante demais com a divagação da mente (T-2.VI.4). A sua mente divaga quando os seus pensamentos sobre o ego divagam fora de sua mente para o mundo e agora você pensa que eles estão no mundo.
Portanto, ele está dizendo para você retornar o seu pensamento e a sua atenção de onde havia divagado – o mundo – de volta à mente, àquele ponto de escolha em que o erro foi cometido. Esse é o tomador de decisões. Esse é todo o problema. Não há problema no mundo, não há problema na mente do seu ego – há um problema na sua mente, no tomador de decisões que escolheu acreditar na mente do ego e que então escolheu deixar a mente e inventar um mundo.
Assim, essa é a sua única parte: ‘voltar o teu pensamento ao ponto no qual o erro foi feito e entregá-lo em paz à Expiação’. Nesse ponto, então, você legitimamente o entrega ao Espírito Santo – você legitimamente oferece o seu medo e a sua culpa ao Espírito Santo, porque agora você realmente os viu. Você viu o fato de que escolheu isso, tornou-o real e agora pode reverter a decisão, o que significa entregá-lo ao Espírito Santo. ‘Entregá-lo‘ significa que você agora olha para ele com o Seu Amor ao seu lado e sem julgamento.
Basicamente, o que nós temos até agora é uma descrição maravilhosa do que é o perdão como um processo. Assim, quando nós falamos de perdão como um processo, nós podemos ver que o primeiro passo para desfazer é reconhecer que nós decidimos ativamente de forma errada, mas nós podemos decidir ativamente de outra forma. Então, a nossa parte é meramente retornar o nosso pensamento ao ponto em que o erro foi cometido e entregá-lo em paz à Expiação. Isso é realmente o que é o processo de perdão.
Vamos voltar agora ao Livro de Exercícios, Lição 23. Aqueles de vocês que podem ter lido os meus livros anteriores e me ouvido falar há vários anos, sabem que eu costumava falar sobre as ‘três etapas do perdão’. Peguei isso na passagem do final do Capítulo 5 que acabei de ler e no parágrafo cinco da Lição 23, que lerei agora.
A ideia para o dia de hoje introduz o pensamento de que não estás preso numa armadilha ao mundo que vês, pois a sua causa pode ser mudada. Essa mudança requer, em primeiro lugar, que a causa seja identificada e em seguida abandonada de forma que possa ser substituída. Os dois primeiros passos deste processo requerem a tua cooperação. O último, não. As tuas imagens já foram substituídas. Ao dar os dois primeiros passos verás que isso é assim (LE-pI.23.5:1-6).
Revendo o processo de perdão conforme expresso especificamente no parágrafo final do Capítulo 5, portanto, o processo começa com a ideia: Eu não estou em paz, algo está errado, eu não estou me sentindo bem. Agora eu percebo que não é que eu não esteja em paz porque algo externo aconteceu ou não aconteceu; eu não estou em paz porque escolhi não estar em paz. E em algum momento eu serei capaz de escolher ficar em paz. Em outras palavras, eu percebo que a causa do meu problema está em minha mente, não fora dela. Eu sou aquele que coloco o problema em minha mente, eu sou o único que pode removê-lo e a maneira de removê-lo é unindo-me a Jesus ou ao Espírito Santo. E ao me juntar a eles para olhar para o meu ego, desfiz a causa do problema e do sofrimento. Então, neste ponto, agora, Jesus nos dá alguma ajuda neste processo.
Dize isso a ti mesmo da maneira mais sincera possível, lembrando que o Espírito Santo vai responder plenamente à tua mais leve invocação: (T-5.VII.6:6)
Agora, por que Jesus diria ‘da maneira mais sincera possível’? Porque ele sabe que ninguém é sincero. Ele não está nos julgando, ele não está nos atacando, ele não está zombando de nós ou debochando de nós. Ele está tentando aliviar-nos de nossa culpa, deixando-nos saber que ele sabe que nós estamos mentindo. Portanto, não há culpa nisso. Essa é uma maneira de aprender a olhar para a ‘ideia diminuta e louca‘ de querer se separar de Deus e dizer: ‘Isso não é grande coisa’. Portanto, você não precisa sentir que precisa enganá-lo.
‘O Espírito Santo responderá plenamente à sua mais leve invocação‘ é uma forma metafórica de descrever o fato de que o Espírito Santo está totalmente presente. Você acaba de bater a porta na cara Dele. Então você apenas abre a porta e Ele está lá. Você não precisa enviar-lhe um convite e esperar que ele responda. Ele não responde de forma ativa. A sua própria Presença é a resposta. Ele está lá. A sua luz está brilhando – e você a cobriu. O que o perdão faz é remover as coberturas. E então o Seu Amor, que sempre esteve lá, está lá para você se lembrar.
Agora Jesus nos dá uma sequência de declarações. Você não precisa necessariamente repetir as afirmações literalmente, mas de fato você precisa obter o conteúdo subjacente à forma em cada uma das afirmações.
Devo ter decidido errado, porque não estou em paz. Tomei a decisão por mim mesmo, mas posso também decidir de outra forma. Quero decidir de outra forma (T-5.VII.6:7-8).
A terceira declaração é uma declaração positiva do que queremos:
Quero decidir de outra forma, porque quero estar em paz (T-5.VII.6:9).
Repetidamente no Curso, Jesus está apelando para os motivos puramente egoístas em todos nós. Esse é o gancho aqui. Ele está dizendo: ‘Você realmente quer ser feliz e ter paz? Se quiser, faça o que eu digo. Não faça isso porque eu digo e porque esta é a santa palavra de Deus. Faça isso para que você se sinta melhorar.’ Mais uma vez, ele está apelando para os motivos mais básicos de todos: que nós queremos nos sentir bem.
Ele também está nos dizendo que nós não sabemos o que nos fará sentir bem, mas ele sabe, então nós devemos pedir a ele que nos ensine. Nós achamos que o que nos fará sentir bem é conseguir o que nós queremos. Isso nunca vai nos fazer sentir bem! Pode ser temporariamente, porque nos lembra que nos sentimos bem porque nós matamos Deus.
Em uma das seções importantes sobre relacionamentos especiais no Capítulo 16, Jesus nos pede que consideremos:
Se percebesses o relacionamento especial como um triunfo sobre Deus, tu o quererias?” (T-16.V.10:1).
Se você realmente entendeu que, obtendo o que deseja de outra pessoa – atendendo às suas necessidades – você estava revivendo aquele instante original quando triunfou sobre Deus e se sentiu tão bem porque finalmente saiu do Seu Amor e agora estava por conta própria – se você percebesse que é isso que você está fazendo, continuaria escolhendo?
Bem, a resposta óbvia é que nós continuamos escolhendo porque não sabemos o que estamos fazendo. É isso que ele nos ensina: que realmente nós queremos nos sentir melhor, realmente melhores, com a verdadeira paz de Deus que não depende de nada externo. É por isso que nós queremos fazer outra escolha.
Não me sinto culpado porque o Espírito Santo vai desfazer todas as consequências da minha decisão errada se eu Lhe permitir (T-5.VII.6:10).
‘As consequências da minha decisão errada‘ são os pensamentos de dor e sofrimento em nossas mentes. Isso não é falar sobre o Espírito Santo acenando com uma varinha mágica que desfará todos os erros do mundo. É bastante óbvio pela própria vida de Jesus que ele (Jesus) não fez isso – e se essa era a sua missão, ele falhou miseravelmente.
Ele não fez do mundo um lugar melhor externamente. Ele lembrou ao mundo que a única coisa a fazer com o mundo e o deserto é partir. As pessoas não gostaram muito dessa resposta e primeiro o mataram para que ele não pudesse ensinar mais nada. Em seguida, eles reescreveram o que ele ensinou, para que todos acreditassem que ele disse que nós devíamos tornar o mundo um lugar melhor.
Isso era exatamente o oposto do que ele ensinou! Isso é o que as pessoas estão tentando fazer com esse Curso também, só que é mais difícil, porque pelo menos agora nós sabemos o que ele disse. Ninguém sabe ao certo o que ele disse há 2.000 anos.
Portanto, o Espírito Santo não tira as consequências externas, porque não há consequências externas. Existem reflexos e sombras do lado de fora que vêm das consequências de dentro. O que acontece quando você sente culpa? Você se sente péssimo. Você se sente ansioso, apavorado e doente. Quando você escolhe o Espírito Santo em vez do ego, você está se unindo ao Amor de Deus do qual você se separou, o que desfaz o ‘pecado’ de estar separado de Deus. Isso desfaz a culpa e todas as terríveis consequências da culpa.
Portanto, não é que o Espírito Santo de uma forma ativa tire todos os pensamentos e sentimentos ruins que você tem. Você os tirou, porque foi você quem os colocou lá. Mas você os tirou unindo-se a ele. É por isso que se unir a Ele ou a Jesus é tão central no Curso. É por isso que pedir ajuda a Eles é tão central para o Curso. Pedir ajuda é dizer: ‘Eu não sei, mas você sabe’.
Finalmente:
Escolho permitir-Lhe, deixando que Ele decida a favor de Deus por mim (T-5.VII.6:11).
Eu não decido por Deus, porque o Deus por quem vou decidir é o meu ego-Deus: esse é o Deus do especialismo. Esse é o Deus da religião, da religião formal. Prefiro deixar o Espírito Santo escolher o Deus para mim. E basicamente tudo o que isso significa é que, ao me unir ao Espírito Santo, agora aceito o Seu entendimento de Deus, que é que Deus é Amor perfeito. Quando me uno ao meu ego, o meu entendimento de Deus é que Ele é um Deus do especialismo, Que acredita em separação, pecado, vingança, forma, ritual, etc., etc.
Então, ao nos unirmos ao Espírito Santo, o que realmente nós estamos fazendo é desfazer as nossas crenças insanas sobre o que Deus é.
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…continua Parte V…
Um milagre é uma correção. Ele não cria e realmente não muda nada. Apenas olha para a devastação e lembra à mente que o que ela vê é falso. Desfaz o erro, mas não tenta ir além da percepção, nem superar a função do perdão. Assim, permanece nos limites do tempo. LE.II.13
Nada real pode ser ameaçado.
Nada irreal existe.
Nisso está a paz de Deus.
T.In.2:2-4