Artigo extraído de trechos do livro “Business Ethics”, dos autores Stephen M. Byars – USC Marshall School of Business e Kurt Stanberry – University of Houston-Downtown, para o nosso conhecimento e entendimento sobre a Ética no Ambiente Empresarial ao longo dos tempos e espaços, onde as Organizações Baseadas na Espiritualidade (OBEs) demandam os seus negócios.
É conhecido, através de inúmeros estudos Acadêmicos disponíveis na internet, que a relação entre Ética e Espiritualidade nas Organizações tem crescido em interesse nas últimas décadas, daí esse artigo para profunda reflexão sobre a Ética nos Negócios.
“Download for free at https://openstax.org/details/books/business-ethics.” – ©2018 Rice University
Chapter 11 – “Epilogue: Why Ethics Still Matter”
Tradução livre Projeto OREM®
Por Que a Ética Ainda É Importante
Figura 11.1 A ética nos negócios começa exatamente onde você está e o conduz pela estrada da vida com um conjunto de padrões e regras a seguir. (crédito: modificação de “We’re on the Road to Nowhere” de Marc Dalmulder/ Flickr, CC BY 2.0)
Linhas Gerais do Capítulo
11.1 Ética nos Negócios em um Ambiente em Evolução
11.2 Compromisso com uma Visão Ética
11.3 Tornando-se um Profissional Ético
11.4 Fazendo a Diferença no Mundo dos Negócios
Introdução
Embora elas sejam decisões de negócios, as escolhas que nós fazemos no trabalho podem ser pessoais, pois elas começam com o uso da consciência. Assim como o corpo humano requer nutrição e cuidado, a consciência também requer atenção. Os psicólogos do desenvolvimento há muito entenderam que a formação da consciência e o surgimento de um indivíduo no qual o ser e o fazer estão confortavelmente alinhados ocorrem ao longo do tempo. Não há atalhos. Imperfeição, insegurança e equívocos fazem parte do processo. Mas o que conta na vida – incluindo a nossa escolha de profissão, bem como a maneira como nós vivemos as nossas vidas pessoais – é a maneira como nós aplicamos sabedoria, educação e experiência na formação das decisões que nós tomamos e e nos tornamos a pessoa que nós desejamos ser. .
Encarar a direção certa pode ser difícil no começo, entretanto a cada decisão em direção à integridade, o caminho vem a ser um pouco mais fácil de trilhar. O reverso também é verdadeiro. Quando nós negligenciamos ou ignoramos a nossa consciência, isso vem a ser mais difícil para nós darmos a volta por cima. Esse capítulo final explora o processo de vir a ser um profissional com uma postura ética inabalável em um mundo em mudança. Onde você se encontra em seu próprio caminho na vida e, mais importante, em que direção está se dirigindo (Figura 11.1)? Em que direção as suas escolhas em relação ao seu trabalho e carreira o levarão?
11.1 Ética nos Negócios em um Ambiente em Evolução
Não apenas, de fato, o mundo parece ter encolhido, mas o ritmo de mudança do século XXI parece ter acelerado o próprio tempo. À medida que o mundo vem a ser menor e mais rápido e as empresas adaptam as suas práticas para se adequar às novas condições, o núcleo da ética empresarial que orienta o comportamento corporativo permanece o mesmo, direcionado, como sempre, por valores e morais compartilhados, bem como por restrições legais. O que acontece quando esses são ignorados? Segue um exemplo:
Rajat Gupta cresceu na Índia, obteve um MBA em Harvard e prosperou durante anos como diretor-gerente da McKinsey & Company, uma proeminente empresa de consultoria de gestão. Um respeitado líder empresarial e cofundador da Indian School of Business e da American Indian Foundation, Gupta atuou em muitos conselhos corporativos e filantrópicos. ‘Gupta foi elogiado por pessoas que o conheciam como uma pessoa que ajudava os outros. Ele foi muito ativo no fornecimento de ajuda médica e humanitária aos países em desenvolvimento. Nascido em circunstâncias humildes, ele veio a ser um pilar da comunidade de consultoria e um conselheiro confiável para as principais empresas e organizações do mundo.’1
De acordo com a Securities Exchange Commission, no entanto, em 2009, Gupta forneceu ao gerente de fundos de hedge e amigo de longa data Raj Rajaratnam informações privilegiadas sobre o acordo do investidor Warren Buffet para comprar ações do Goldman Sachs, um banco de investimento do qual Gupta atuou como diretor corporativo. Gupta foi condenado por fraude de valores mobiliários relacionada a informações privilegiadas (três acusações) e conspiração (uma acusação) e sentenciado a dois anos de prisão e mais $ 5 milhões em multas.2 Ele teria optado por violar a ética nos negócios e a lei, bem como violação de seu dever fiduciário como diretor corporativo.
Quando os gerentes corporativos seguem os códigos de conduta de maneira virtuosa, o resultado é positivo, mas tende a não ser notícia. Isto não é algo ruim. Nós devemos valorizar o comportamento ético por si só, não porque chamará a atenção da mídia. O comportamento antiético, por outro lado, costuma ser considerado digno de notícia, assim como os crimes de Rajat Gupta. Ao discutir o seu caso, o Seven Pillars Institute for Global Finance and Ethics (um grupo independente e sem fins lucrativos de resolução de problemas, com sede em Kansas City, Missouri, que ajuda a aumentar a conscientização pública sobre ética financeira) disse: ‘Como um verdadeiro profissional, o bom gerente se esforça para alcançar uma excelência moral que inclua honestidade, justiça, prudência e coragem.’3 Essas são algumas das virtudes que os atores éticos no mundo corporativo exibem.
Empresas e gerentes respeitados aderem a uma visão bem pensada do que é ético e justo. O objetivo primário da ética nos negócios é orientar as organizações e os funcionários delas nesse esforço, delineando um modo de comportamento que identifica e implementa pro-ativamente as ações corretas a serem tomadas, aquelas que evitam lapsos de julgamento e ação. Por exemplo, como vimos em Definindo e Priorizando as Partes Interessadas [Capítulo 3 do livro Business Ethics, não abordado nesse artigo], identificando as necessidades e os direitos de todas as partes interessadas, não apenas dos acionistas, é um primeiro passo útil na tomada de decisões justa e ética para qualquer organização empresarial. O caso a seguir descreve o que aconteceu quando a General Motors esqueceu isso.
CASOS À PARTIR DO MUNDO REAL
Falha da General Motors em Considerar as Partes Interessadas
A General Motors (GM) tem tido dificuldades com as suas marcas e a sua imagem. Ao longo dos anos, ela abandonou algumas de suas marcas outrora populares, incluindo Oldsmobile e Pontiac, vendeu muitas outras e recuperou-se de uma falência e reorganização em 2009. A montadora estava escondendo um problema ainda maior, no entanto: o interruptor de ignição em muitos de seus carros estava sujeito a mau funcionamento, causando ferimentos e até a morte. Os interruptores defeituosos causaram 124 mortes e 273 feridos e a GM foi finalmente levada a um tribunal federal. Em 2014, a empresa chegou a um acordo de US$ 900 milhões e fez o recall de 2,6 milhões de carros.
O caso exemplifica a tensão entre o conceito de que ‘o único objetivo do negócio é o lucro, portanto a única obrigação que o empresário tem é maximizar o lucro para o proprietário ou para os acionistas’, por um lado e as obrigações éticas que uma empresa deve por outro lado, para os seus outros stakeholders.4 A falha da GM em considerar os seus stakeholders e consumidores ao optar por não relatar o potencial de mau funcionamento dos interruptores de ignição levou a um colapso ético em suas operações e custou caro à empresa e a seus clientes. Além disso, ao tratar os clientes apenas como um meio para atingir um fim, a empresa deu as costas a uma geração de compradores leais.
Pensamento Crítico
• Que virtudes e valores compartilhados por seus clientes de longa data a General Motors traiu ao deixar de revelar um perigo inerente embutido em seus carros?
• Como você pensa que a traição afetou a marca da empresa e a maneira como os compradores de carros se sentiam em relação à empresa? Como isso pode ter afetado a opinião de seus acionistas sobre a GM?
À primeira vista, você pode não ver muitos paralelos entre a compra de uma garrafa de vinho em um antigo mercado Grego e a sua compra online de mantimentos para uma semana com um único clique. Em ambos os casos, no entanto e ao longo de todas as gerações intermediárias, compradores e vendedores concordam que os clientes têm o direito de serem tratados com honestidade e receberem um valor justo por seu dinheiro. Os líderes empresariais devem abordar as questões éticas com o mesmo senso de permanência dos valores éticos. A inovação tecnológica mudou o ambiente de negócios e as nossas vidas, mas não muda a base sobre a qual nós tomamos decisões éticas nos negócios. No entanto, isso de fato nos leva a expandir a aplicação de nossos padrões éticos a novas situações.
Por exemplo, os princípios éticos agora estão sendo aplicados aos negócios online. Uma razão é para que os gerentes possam navegar pelas questões de privacidade levantadas pela coleta e compartilhamento em massa (intencional ou não) de dados do cliente.
‘Os grandes dilemas éticos do século XXI têm principalmente centrado em crimes cibernéticos e questões de privacidade. Crimes como roubo de identidade, quase inéditos há vinte anos, continuam sendo uma grande ameaça para qualquer pessoa que faça negócios online — a maioria da população. Como resultado, as empresas enfrentam pressão social e legal para tomar todas as medidas possíveis para proteger as informações confidenciais dos clientes. O aumento da popularidade da mineração de dados e do marketing direcionado forçou as empresas a caminhar sobre uma linha tênue entre respeitar a privacidade dos clientes e usar as suas atividades online para coletar dados valiosos de marketing.’5
Que valores estão em jogo nos dois lados desse dilema? Quais partes interessadas são prioridades em empresas como Facebook e Equifax?
Outro dilema ético surge para os gerentes quando a política do governo colide com os padrões éticos globais de uma corporação multinacional. Embora esse conflito possa ocorrer em muitos setores, o setor da informação oferece um exemplo útil. A missão declarada do Google é ‘Organizar as informações do mundo e torná-las universalmente acessíveis e úteis’. Desde a sua fundação, diz o site da empresa, ‘A nossa meta tem sido desenvolver serviços que melhorem significativamente a vida do maior número possível de pessoas. Não apenas para alguns. Para todos.’6 No entanto, isso pode não ser verdadeiro em todos os mercados do Google.
‘Em 2006, [Google] lançou um site em língua Chinesa na China e, ao contrário de seus padrões éticos globais de oposição à censura, concordou com as exigências do governo Chinês para eliminar links que as autoridades consideravam censuráveis. Por exemplo, quando um internauta pesquisava ‘Tiananmen Square’ no site do Google em Chinês em Los Angeles, surgiam relatórios sobre as manifestações de 1989. Não é assim se o mesmo internauta digitasse as mesmas palavras no site do Google em Chinês em Pequim (em vários momentos, nada ou uma história inócua aparecia).’7
[“Fora da China, a praça é mais conhecida pelos protestos e massacres de 1989 que terminaram com uma repressão militar devido à cobertura da mídia internacional, à internet e conectividade global, às suas implicações políticas e outros fatores. Dentro da China, muito ou nada sobre o massacre permanece desconhecido pela maioria dos Chineses devido à censura estrita do conhecimento das repressões pelo Partido Comunista Chinês.”] Fonte: Wikipedia.
Em 2010, o Google se retirou da China por um tempo, mas ainda quer desbravar o imenso mercado que aquele país representa. Atualmente, ele disponibiliza dois aplicativos para usuários Chineses, no entanto Gmail, YouTube, mapas do Google e o seu mecanismo de busca permanecem amplamente proibidos pelo governo.8
O Google tem a obrigação de seguir o seu próprio valor interno de fornecer informações a seus usuários ou de respeitar a política de censura da China? A sua estratégia atual na China é coerente ou ela abre portas para lapsos éticos?9
Considere mais um dos muitos desafios éticos gerais que os gerentes de negócios globais enfrentam atualmente. A Cheesecake Factory, rede de restaurantes com sede na Califórnia que se orgulha de grandes porções e sobremesas suntuosas, abriu um restaurante em Hong Kong em maio de 2017. Desde então, o restaurante tem sido dominado por clientes que desejam comer não apenas uma fatia de cheesecake, mas uma experiência ‘Americana’. O cardápio do restaurante é o mesmo em todas as suas duzentas lojas espalhadas pelo mundo. Esteja você comendo em Los Angeles, Hong Kong ou Dubai, pode pedir pratos com muçarela, fontina, parmesão, cheddar, queijo feta ou queijo suíço, junto com bastante bacon, creme azedo e batatas (Figura 11.2). A decoração interior também é a mesma onde quer que você vá, garantindo uma experiência uniforme.10
Figura 11.2 A Cheesecake Factory em Dubai ou em qualquer outro lugar do mundo tem a obrigação de dar aos clientes o que eles querem ou precisam? O compromisso trairia a sua missão? Isso desapontaria os clientes? (crédito: “cheesecake factory Dubai mall three” por Krista/Flickr, CC BY 2.0)
Isso levanta alguma questão ética para a Cheesecake Factory não adaptar as suas ofertas aos gostos e normas locais, como as cadeias concorrentes fizeram? As pessoas em Hong Kong, por exemplo, normalmente comem uma dieta com menos calorias e laticínios e muito menos gordura e açúcar do que a típica nos Estados Unidos. Como exclamou um jovem cliente da loja de Hong Kong: ‘Os Chineses simplesmente não conseguem lidar com tanto queijo.’11
No entanto, a empresa está oferecendo um produto que a grande maioria do público quer. Ela deve a eles alguma coisa além disso? Ou seja, a Cheesecake Factory tem a obrigação de dar aos clientes o que eles necessitam e não o que eles querem? Em muitas partes do mundo, há um desejo pronunciado por muitas coisas Americanas, em particular e Ocidentais, em geral. As empresas Ocidentais têm um mandato primário simplesmente para atender a essa necessidade ou têm a obrigação de oferecer o que é melhor para os outros? Essa é uma consideração ética central que tem implicações para as empresas muito além de simples estratégias e táticas de marketing. Impor certos produtos e serviços a outras culturas porque as nações Ocidentais acreditam que esses seriam os melhores para elas certamente seria uma forma de imperialismo. No entanto, o fato de as corporações satisfazerem desejos expressos pode ser aplaudido como uma resposta honrosa aos clientes que identificam as suas próprias preferências. Decidir preventivamente o que deve ser consumido pelos outros – porque é para o bem deles – pode ser uma forma de paternalismo. Em última análise, os clientes ou as empresas têm o direito de tomar essas decisões?
Você pode responder que isso dependeria da empresa e de seus produtos ou serviços e você estaria certo em vê-lo sob esse prisma. O que é inconfundível, no entanto, é que essas são verdadeiramente decisões repletas de dimensões éticas. Os líderes empresariais têm que vir a se acostumar a considerá-las dessa maneira.
11.2 Compromisso com uma Visão Ética
Valores profissionais e raciocínio ético são características valorizadas por todos os bons empregadores. Na verdade, nós temos visto ao longo desse livro que as decisões éticas sólidas dos funcionários levam a lucros maiores no longo prazo. Como nós desenvolvemos a capacidade de tomar tais decisões? Nós veremos nos próximos parágrafos que é preciso disciplina, comprometimento e prática. Trabalho forte e relacionamento pessoal também são importantes.
Relacionamentos Importam
Pesquisas no local de trabalho indicam que os funcionários têm maior probabilidade de serem antiéticos quando estão insatisfeitos com os seus empregos ou veem os seus superiores agindo de maneira antiética.12 Como os relacionamentos influenciam essa equação? Um bom exemplo dado no topo e a liberdade de determinar um equilíbrio confortável entre trabalho e vida pessoal – tudo influenciado pelo relacionamento positivo da organização com os seus funcionários – levam a um local de trabalho mais ético.
Considere os relacionamentos do Walmart com os seus muitos funcionários.
CASOS À PARTIR DO MUNDO REAL
Walmart: ‘Economize dinheiro. Viva melhor.’
Com receitas anuais de quase meio trilhão de dólares (2017), 2,3 milhões de funcionários e quase doze mil lojas em todo o mundo, o Walmart é o maior empregador privado do planeta (Figura 11.3).13 Na verdade, é maior do que muitas economias nacionais, incluindo algumas no mundo desenvolvido. Em 2007, ele substituiu o seu slogan de longa data, ‘Sempre preços baixos’, por ’Economize Dinheiro. Viva Melhor.’14
Figura 11.3 De acordo com o Walmart, noventa por cento das pessoas nos Estados Unidos moram a menos de dezesseis quilômetros de uma de suas lojas.15 O que isso diz sobre a natureza dos negócios com fins lucrativos nos Estados Unidos? Como seria esse mapa cem anos atrás? (atribuição: Copyright Rice University, OpenStax, sob licença CC BY 4.0)
O Walmart tenta demonstrar virtuosidade apresentando-se como uma corporação responsável, preocupada especialmente com as famílias de baixa renda que compõem a maioria de seus clientes.16 No entanto, a empresa passou por problemas ao longo dos anos, incluindo processos por demissão ilegal de funcionários, retenção de pagamento de horas extras e benefícios, violações dos direitos dos trabalhadores estrangeiros, violações salariais, violações das leis de trabalho infantil e falha em fornecer cobertura de saúde onde e quando aplicável.17
Milhares de funcionários do Walmart nos EUA também estão recebendo assistência pública para sobreviver.18 Enquanto isso, a família Walton, operadora do varejista que pretende ajudar as pessoas a ‘viver melhor’, recentemente faturou US$ 12,7 bilhões em um único dia.19
Pensamento Crítico
• Se você fosse um gerente de nível superior no Walmart, que tipos de decisões você esperaria tomar em relação aos desafios da empresa?
• Como gerente do Walmart, como você veria o relacionamento da empresa com os seus stakeholders, incluindo os seus funcionários? Como essa visão guiaria a sua tomada de decisão?
• Como executivo da empresa, você tentaria aumentar os benefícios dos funcionários? Por que ou por que não?
Onde um caso como o do Walmart nos deixa? Se uma corporação com 2,3 milhões de funcionários em todo o mundo tiver motivos para se preocupar com o fato de que pelo menos alguns deles estão insatisfeitos com o trabalho e podem ter testemunhado algum grau de comportamento antiético da administração, a empresa também pode precisar presumir que alguns desses funcionários podem optar por agir de maneira antiética durante qualquer dia útil. É claro que nenhum trabalho é perfeito e a maioria de nós passa por algumas manhãs de segunda-feira em que não necessariamente quer ir para o escritório ou usar energia para ser produtivo. E uma empresa que fornece produtos de alta qualidade aos consumidores a preços relativamente baixos deve obter pelo menos algum crédito por tratar os consumidores de forma justa e ética. Permanece verdadeiro, no entanto, que qualquer empresa que deseja que os seus funcionários ajam de forma ética no local de trabalho tem que desenvolver gerentes que modelem esse comportamento de forma consistente com todas as partes interessadas da empresa. Nenhum outro ato por parte dos líderes empresariais é tão importante quanto esse na promoção do comportamento ético por parte dos funcionários.
Usando Valores para Fazer Escolhas Difíceis
Segundo a lógica do mercado, cada um de nós é uma commodity com ativos específicos, como educação, treinamento e experiência profissional. No entanto, nós somos mais do que commodities e o que nos move são os valores. Você consegue identificar os seus valores centrais e imaginar como você poderia vivê-los no local de trabalho (Figura 11.4)? Nós voltaremos a essa questão no final do capítulo.
Figura 11.4 Quais valores são importantes para você? Qual você escolherá para atuar em sua carreira? (crédito: modificação de “escolhas de portas escolhem decisão aberta” por qimono/Pixabay, CC0)
Para tomar as decisões difíceis que acompanham a carreira, a vida pessoal e o equilíbrio entre ambas, nós temos que identificar os nossos valores pessoais. Os valores nos fornecem o porquê de fazer o que nós fazemos. Como um empreendedor, por exemplo, você pode se ver trabalhando sem parar, lidando com telefonemas de emergência às 3h da manhã e fazendo um grande exame de consciência sobre a direção e a cultura de seu novo empreendimento. Essas tarefas coletivamente podem servir como impedimentos para a felicidade, a menos que reflitam verdadeiramente os seus valores subjacentes.
O Papel da Lealdade
Os clientes geralmente permanecem fiéis a uma marca por causa de sua aparência, funcionalidade ou preço. As empresas querem clientes fiéis como esses e farão de tudo para mantê-los. Esses relacionamentos são relacionamentos externos entre a empresa como uma organização e os seus clientes como um grupo.
Existem relacionamentos internos entre as pessoas, inclusive entre gerentes, funcionários, fornecedores e distribuidores.
A lealdade que forma bons relacionamentos internos e nos permite confiar uns nos outros para fazer o nosso trabalho é uma questão de confiança e se desenvolve com o tempo. Embora isso possa ser testado por rivalidade, ressentimento, entendimentos equivocados e personalidade ou outros conflitos, sem essa confiança, uma empresa não é capaz de funcionar adequadamente.
No entanto, como nós temos visto, a lealdade entre empregado e empregador é uma via de mão dupla. A organização dá o primeiro passo contratando um candidato no qual investirá tempo, treinamento e dinheiro e cujo sucesso recompensará com reconhecimento, aumentos e bônus. Nenhum empregador quer gastar tempo e dinheiro cultivando novos talentos apenas para ver as pessoas saindo para outra empresa. Portanto, cabe ao novo profissional, por sua vez, decidir se os seus valores estão alinhados com os da organização e, se sim, demonstrar o compromisso de crescer com a empresa ao longo do tempo. Alcançar tanta clareza sobre os seus objetivos de carreira, o tipo de empresa para a qual você se orgulharia de trabalhar e a sua visão do seu eu futuro requer algum autoexame. No processo, você esclarecerá ainda mais os seus valores pessoais e éticos e começará a se tornar um profissional ético.
11.3 Tornando-se um Profissional Ético
‘‘Profissionalismo’ é a conduta, os objetivos ou as qualidades que caracterizam ou marcam uma profissão ou profissional. Isso implica que há uma qualidade de mão de obra ou serviço. Entretanto, na realidade, isso é mais sobre comportamento ético no local de trabalho. Todas as organizações sabem que uma reputação profissional e ética é a diferença entre o sucesso e o fracasso e buscam manter os funcionários mais profissionais.’20
Profissionais éticos trabalham para empresas cujos valores se alinham aos seus. Como você avalia uma empresa para ver se ela é um bom encaixe ocupacional e se ela permite que você viva os seus valores éticos todos os dias?
Encontrando o ‘Encaixe Certo’
A ética tem se tornado uma consideração importante para os jovens em sua seleção de trabalho e carreira. A seguinte observação sobre os jovens trabalhadores Britânicos também se aplica aos seus equivalentes nos Estados Unidos: ‘Há uma revolução silenciosa acontecendo. . . no entanto não se trata de pagamento, de horas de trabalho ou de contratos. Isso é um golpe de estado liderado pelos jovens candidatos a emprego politicamente engajados do país que exigem que os empregadores consagrem valores e ética no modelo de negócios deles, não apenas o lucro.’21
Muitos candidatos a emprego querem sentir que o que estão fazendo não é apenas ganhar dinheiro, mas fazer a diferença, ou seja, contribuir para a empresa de maneiras únicas que refletem os seus valores fundamentais, consciência e personalidade. Eles acreditam que um indivíduo tem valor além de seu trabalho ou posição imediata. Muitas empresas modernas tentam, assim, dar maior peso ao custo humano de decisões e à felicidade dos funcionários. Eles sabem que, de acordo com estudos, os funcionários de ‘empresas que trabalham para construir e manter culturas éticas no local de trabalho são mais bem-sucedidos financeiramente e têm funcionários mais motivados e produtivos’.22 A decisão de transferir alguém de Boston para Salt Lake City, por exemplo , agora provavelmente incluiria o funcionário desde o início e consideraria o impacto nos familiares e no futuro do funcionário, além das necessidades da empresa.
Isso nem sempre foi assim e há várias razões para a mudança. Em primeiro lugar é que funcionários satisfeitos são mais produtivos e se sentem mais comprometidos com a organização.23 Em segundo lugar, há mais opções para quem procura emprego, o que lhes dá mais liberdade para escolher uma empresa para trabalhar.
“Quando nós nos formamos na escola, ou sempre que nós estamos pensando sobre mudar de emprego, nós estamos combinando três coisas ao decidir sobre a nossa ‘vocação’ – o mercado de trabalho (Existem empregos e oportunidades?), as nossas habilidades (Eu tenho as habilidades certas para ter sucesso em um determinado trabalho?) e as nossas paixões ou crenças (O que eu quero fazer?) [com o conceito de que] um trabalho que vale a pena pode ser encontrado trabalhando em uma cultura corporativa que respeita os seus funcionários e as vidas pessoais deles. Você pode trabalhar onde a administração é favorável e os trabalhadores prosperam e avançam, entretanto, você também é capaz de achar a si mesmo trabalhando em um ambiente tóxico, onde a dignidade humana é destruída todos os dias e responder aos compromissos familiares é considerado uma fraqueza.’24
Muitos jornais de negócios relatam anualmente como os funcionários avaliam os seus locais de trabalho (Figura 11.5). Por exemplo, você pode consultar a lista anual das ‘100 melhores empresas para se trabalhar’ da Fortune, que pode ser pesquisada por fatores como diversidade, remuneração e folga remunerada. Você também pode consultar listas especializadas como os ‘100 melhores locais de trabalho para mulheres’ da Forbes e as ‘50 melhores empresas para a diversidade’ da Black Enterprise.
Figura 11.5 Com cobertura de seguro para trabalhadores de meio período, remuneração acima da média do setor e um índice geral de satisfação do funcionário de 9,58 de 10 possíveis, a Costco costuma ser classificada como o melhor grande empregador para se trabalhar pela Forbes e pela Statista. Não é apenas um empregador generoso; também é eficiente, operando com uma margem de lucro que atende à norma no setor varejista de alimentos. (atribuição: Copyright Rice University, OpenStax, sob licença CC BY 4.0)
Uma terceira razão pela qual mais empresas estão considerando o que realmente faz os funcionários felizes é que, ainda mais do que a lealdade, os funcionários parecem valorizar a liberdade e a responsabilidade de agir como agentes morais em suas próprias vidas. Um agente moral é alguém capaz de distinguir o certo do errado e disposto a ser responsabilizado por suas escolhas.
O exercício da agência moral inclui fazer um julgamento sobre o alinhamento da consciência pessoal e corporativa. Em vez de pular na primeira oferta de emprego, os agentes morais avaliam se os valores expressos pela organização estão de acordo com os seus, embora reconheçam que não existe emprego perfeito. Mesmo as organizações mais éticas cometem equívocos e mesmo as mais corruptas têm gerentes e trabalhadores íntegros (Figura 11.6). É por isso que é mais provável que o ‘encaixe certo’ seja um trabalho no qual você pode crescer ou que mudará de uma forma que lhe permitirá encontrar um significado maior nele.
Figura 11.6 O abuso de poder pode não ser uma surpresa, mas ele não deve ser um ‘negócio normal’. Uma empresa deve equilibrar a lucratividade com a responsabilidade para com a sociedade de forma a elevar as comunidades e as vizinhanças das quais somos parte. (crédito: modificação de “Los Angeles Women’s March (Unsplash)” por Samantha Sophia/Wikimedia Commons, Public Domain)
Isso Não é Sobre o Dinheiro – Isso é?
Você pode seguir uma vocação profissional que oferece baixo salário ou baixo status, mas rende recompensas intangíveis, como trabalho sem fins lucrativos, enfermagem ou ensino. Ou você pode achar uma posição que paga muito e oferece segurança no emprego, mas que o deixa infeliz ou insatisfeito. Para alguns profissionais, isso pode incluir direito, contabilidade, odontologia ou qualquer outra coisa. A questão é que ocupações com alta remuneração e certa estatura nem sempre infundem aos seus titulares as maiores recompensas psicológicas e emocionais e isso é diferente para cada um de nós. No melhor dos mundos, você pode embarcar em uma carreira bem remunerada que ajude os outros ou contribua com um bem ou serviço muito necessário para a sociedade. Achar esse trabalho é mais fácil falar do que fazer, é claro, porque o objetivo da maioria dos empregos não é ajudar as pessoas a encontrar significado ou felicidade. Quando ocorrem, muitas vezes são efeitos acessórios do trabalho, cuja verdadeira finalidade é a lucratividade sem a qual não haveria nenhum emprego.
Considere também a lacuna entre o propósito do negócio e o propósito dos indivíduos nele. Exceto em algumas startups, esses propósitos não são idênticos. Mesmo artistas, músicos e profissionais independentes que extraem grande significado de seu trabalho não estão imunes às frustrações sobre dinheiro ou carreira que afetam todos os outros.
Estima-se, no entanto, que a quantidade de dinheiro necessária para ser feliz não é muito, pelo menos para os padrões Ocidentais, embora esteja bem acima da linha da pobreza.25 A maioria das pessoas se encontra em algum lugar no meio em termos de satisfação e remuneração. Encontrar o equilíbrio adequado entre os dois para você é dar um passo no caminho do seu crescimento como profissional.
Você fará essa avaliação não apenas uma vez, mas ao longo de sua carreira, à medida que entra e sai de empregos. Mesmo que isso seja a melhor decisão da sua vida, a escolha de trabalhar para uma empresa por causa de sua missão, liderança ou valores culturais deve ser intencional e baseada em conhecimento suficiente da empresa e de si mesmo. Ser apreciado por suas contribuições no local de trabalho, trabalhar com colegas simpáticos ou fornecer um produto ou serviço do qual você se orgulha pode rivalizar com o dinheiro como o seu motivador mais intrínseco no trabalho. Estudos atestam isso e, como profissionais íntegros, cada um de nós tem que decidir por nós mesmos o quão forte um benefício salarial sozinho é nas funções que nós selecionamos.
LINK PARA APRENDIZADO
Assista à apresentação do TEDx “Money Can Buy Happiness” sobre dinheiro e sua relação com a felicidade (https://openstax.org/l/53MoneyHappy) para saber mais.
O Papel da Alta Liderança Ética
Ao considerar o seu caminho futuro, talvez levando a uma função de liderança, tenha em mente que talvez a maneira mais eficaz de aprender o comportamento ético em uma empresa seja por meio da modelagem desse comportamento por executivos seniores e outros em posições de liderança. Essa modelagem define o que é conhecido como o ‘tone at the top’ [‘algo como exemplo que vem de cima’].
Os funcionários podem já ter um código moral pessoal quando ingressam em uma organização, no entanto, quando eles veem figuras-chave no local de trabalho realmente vivendo os valores éticos da empresa, é mais provável que sigam o exemplo e levem a ética a sério. O comportamento ético dos líderes é especialmente importante em áreas emergentes como inteligência artificial, onde questões de segurança, preconceito, uso indevido de tecnologia e privacidade são levantadas diariamente.26
Não é suficiente oferecer códigos de conduta, treinamento, relatórios e programas de revisão, não importa quão completos ou sofisticados sejam, se a administração não aderir ou promovê-los. Essas são ferramentas em vez de soluções. As soluções vêm de líderes que usam as ferramentas e mostram aos outros como fazer o mesmo. Isso requer prática, reforço e colaboração em todos os níveis de uma organização. O resultado será uma cultura de ética que permeia a empresa de cima a baixo.
Até mesmo os líderes podem vacilar, como demonstra o quadro a seguir. Leia também as histórias de dez líderes éticos no apêndice Profiles in Business Ethics: Contemporary Thought Leaders [livro Business Ethics].
CASOS À PARTIR DO MUNDO REAL
Regra nº 1 de Swanson: Não Plagie
Bill Swanson, ex-CEO da empreiteira de defesa Raytheon, veio a ficar conhecido por publicar um livreto intitulado Swanson’s Unwritten Rules of Management, que incluía trinta e três breves máximas para alcançar o sucesso nos negócios e cultivar uma vida virtuosa no mundo corporativo.27 A lista incluía itens como a famosa ‘Waiter Rule’ [‘Regra do Garçom’], segundo a qual você pode julgar o caráter de uma pessoa pela maneira como ela trata aqueles em posições subservientes.
Swanson foi aclamado como um sábio dos negócios modernos, cujas regras salvaram empresas como a Czar Entertainment e a Panera Bread de tomar más decisões de contratação.28 Em seguida, descobriu-se que ele havia plagiado a lista de várias fontes.29 O livreto foi descontinuado e o pacote de remuneração e aposentadoria de Swanson foi modificado para baixo.30 Como em casos semelhantes de lapso ético, no entanto, o maior dano foi à sua reputação, apesar de uma distinta carreira de 42 anos.31
Pensamento Crítico
• Esse caso surpreende você? Por que ou por que não?
• Qual você acha que é o efeito sobre os funcionários de uma empresa de comportamento antiético no topo?
A ética é importante não apenas porque agir de forma antiética resultará em um problema de conformidade ou em um pesadelo de relações públicas, mas porque a ética é um modo de vida, não um obstáculo a ser superado. Além disso, o benefício do comportamento ético pode crescer com o tempo, de modo que uma empresa começa a atrair outros profissionais éticos e desenvolve uma reputação de honestidade, integridade e confiabilidade. Em um mundo globalmente competitivo, esses fatores não são irrelevantes. Em um local de trabalho ético, a satisfação do funcionário gera mais lealdade para com a empresa e o moral melhora porque funcionários e gerentes sentem que fazem parte de um esforço do qual podem se orgulhar.
O desempenho dos negócios aumenta de maneiras que variam de ganhos mais altos por ação até a maior retenção de clientes e funcionários mais satisfeitos.
Considere o lucro líquido de duas corporações que, a partir de 2018, apareceram em onze listas anuais consecutivas das empresas mais éticas do mundo, conforme determinado pelo Ethisphere Institute (https://ethisphere.com).
A primeira é a United Parcel Service (UPS), fundada em 1907, que obteve receita líquida de US$ 4,91 bilhões em 2017.32
A segunda é a Xerox, fundada em 1906, que obteve um lucro líquido de US$ 195 milhões em 2017.33 Observe também o poder de permanência dessas duas empresas. Cada uma tem mais de um século e uma presença global. Para testar a confiança do consumidor que essas empresas evocam, considere a sua própria opinião sobre a reputação delas. Pergunte também aos seus amigos e familiares.
Mais uma vez, a lealdade dos funcionários, um ambiente de trabalho positivo e um forte desempenho financeiro não são acidentes; eles são o resultado de esforços intencionais por parte da liderança e membros do conselho que fornecem visão ética e um plano de execução para todas as partes interessadas. Negócios éticos não precisam ser um jogo de soma zero com vencedores e perdedores; pode criar situações em que todos ganham. Existe ambiente mais atrativo para quem está iniciando a carreira? Fazer parte de algo lucrativo, responsável e edificante individualmente justifica todo o trabalho necessário para chegar lá.
11.4 Fazendo a Diferença no Mundo dos Negócios
Em que você vai basear a sua identidade profissional? Você acredita que o interesse próprio esclarecido de um empregador é suficiente para garantir o comportamento ético de empregadores e funcionários? Ou você abraça ‘a importância crítica da escolha ética individual para fazer com que as nossas organizações, as nossas profissões e a nossa cultura sirvam a toda a humanidade’?34
Por mais atraentes que sejam para muitos um alto salário e um estilo de vida confortável, a vida de um verdadeiro profissional é guiada menos pelo desejo de acumular bens materiais do que pela disposição de aderir a um código de comportamento ético e tomar decisões às vezes altruístas que protegem o público e a corporação de atos condenáveis. Em forma ideal, esse código de comportamento é uma expressão de tudo o que nós abordamos nesse texto sobre virtude, caráter, comprometimento, resiliência e o uso de habilidades profissionais e treinamento em benefício de outros. Como diz o líder religioso Judeu do primeiro século AEC, Rabi Hillel: ‘Se eu não sou por mim mesmo, então quem será? E se eu sou apenas por mim mesmo, então o que eu sou? E se não agora, quando?’
Hoje em dia, costuma-se dizer que o que conta no final de uma carreira não é quanto dinheiro nós ganhamos ou o nível que subimos na escada corporativa. Em vez disso, o verdadeiro teste é a diferença que nós fizemos – se nós temos ajudado os outros ou sucumbimos por motivos como ganância e arrogância (excesso de orgulho). A arrogância cria a ilusão de que nós estamos acima da lei e nunca seremos pegos. Tem sido usada para justificar muitas decisões cruéis cujo único critério, no final, é o potencial de ganho pessoal. Esse livro forneceu muitos exemplos para refletir sobre se essa visão de curto prazo realmente beneficia a empresa. Na verdade, a arrogância tem arruinado muitas vidas e derrubado várias empresas. Algumas, como a Enron e a Theranos, já foram apontadas como ícones de eficiência e liderança ética.
Identificando os Seus Valores e Missão
Os valores que nós escolhemos honrar são a essência de nós mesmos e nós os carregamos conosco onde quer que nós vivamos, trabalhemos e nos divirtamos. Como nós observamos, a carreira que você escolher deve refletir os seus valores, quer você trabalhe em uma organização com ou sem fins lucrativos, no Wells Fargo Bank ou no Doctors Without Borders [Médicos Sem Fronteiras] (uma organização de resgate médico). Também é possível que você trabalhe para uma empresa com fins lucrativos e seja voluntário extensivamente por conta própria ou em nome de sua empresa no setor sem fins lucrativos. Qualquer que seja o caminho que sua carreira tome, é importante não deixar que os seus valores bem considerados sejam diminuídos por outros que não valorizam a lealdade ou a diligência, por exemplo.
A sua carreira não é uma disputa em que a pessoa que termina com o maior portfólio ou os Jets skis mais rápidos ganha nada além de um prêmio vazio. É muito melhor tratar os outros com integridade e respeito e estar cercado pelos verdadeiros emblemas de uma carreira de sucesso – família, amigos e colegas que atestarão a dignidade com que você tem trabalhado. Na análise final, se você conseguir uma vida de honra, então você venceu.
Como você mantém valores pessoais como integridade, justiça e respeito à mão? A melhor maneira é escrevê-los, priorizá-los e transformá-los em uma declaração de missão pessoal. A maioria das empresas tem declarações de missão e as pessoas também podem tê-las. A sua irá guiá-lo em seu caminho, eliminar as distrações na estrada e ajudá-lo a corrigir quaisquer erros. Ela também deve ser flexível para levar em conta as mudanças em você e em suas metas. A sua declaração de missão não é um sistema de posicionamento global, mas sim uma bússola que o guia para descobrir quem você é e o que o impulsiona (Figura 11.7).
Figura 11.7 Os profissionais necessitam desenvolver uma declaração de missão pessoal para evitar se desviar do caminho que traçaram para si mesmos. Uma declaração de missão pessoal pode servir como uma bússola ética, orientando um indivíduo em sua vida profissional e pessoal. (crédito: modificação de “adventure compass hand macro” por Unknown/Pixabay, CC0)
Deixe-nos escrever a sua declaração de missão. Como isso refletirá os seus valores, comece identificando alguns valores que são mais importantes para você. Você pode fazer isso respondendo às perguntas da Tabela 11.1; você também pode achar útil manter um diário e atualizar as suas respostas a essas perguntas regularmente.
Identificando os Seus Valores |
1. De todos os valores que são importantes para você (por exemplo, honestidade, integridade, lealdade, justiça, honra, esperança), liste os cinco mais importantes. |
2. Em seguida, escreva onde você acredita ter aprendido cada valor (por exemplo, família, escola, equipe esportiva, comunidade de crenças, trabalho). |
3. Escreva um desafio real ou potencial que você pode enfrentar ao viver cada valor. Seja o mais específico possível. |
4. Comprometa-se com uma ação em apoio a cada valor. Mais uma vez, seja específico. |
Agora você pode incorporar esses valores em sua declaração de missão, que pode assumir a forma de uma narrativa ou ação. Existem muitos formatos que você pode seguir (veja o quadro Link para Aprendizado), no entanto, a ideia básica é unir os seus valores com as metas que você definiu para a sua vida e carreira. Você pode, por exemplo, vincular o benefício que deseja criar, o mercado ou público para o qual deseja criá-lo e o resultado que espera alcançar.35 Seja breve em sua declaração.
Richard Branson, fundador do Virgin Group, quer ‘se divertir em [minha] jornada pela vida e aprender com os [meus] erros’. Denise Morrison, CEO da Campbell Soup, visa ‘servir como líder, viver uma vida equilibrada e aplicar princípios éticos para fazer uma diferença significativa”.36 A sua própria declaração pode ser tão simples como, por exemplo, ‘Ouvir e inspirar os outros’ ou ‘Ter uma influência positiva sobre todas as pessoas que eu conheço’.
LINK PARA APRENDIZADO
Leia esse blog, “The Ultimate Guide to Writing Your Own Mission Statement”, de Andy Andrews (https://openstax.org/l/53Mission) para obter mais informações sobre como criar uma declaração de missão pessoal.
Assista à palestra TEDx “Como conhecer o seu propósito de vida em cinco minutos” sobre o eu [self] e os valores de identificação (https://openstax.org/l/53LifePurpose) para saber mais.
Colocando os Seus Valores e Declaração de Missão à Prova
Pode não haver lugar melhor para colocar os valores pessoais e a missão à prova do que em um papel empreendedor.
As startups não podem ser executadas apenas com base em conceitos. Mais do que qualquer outro tipo de empreendimento, elas exigem soluções práticas e métodos eficientes. Os empreendedores geralmente começam identificando um produto ou serviço que é difícil de encontrar em um determinado mercado ou que pode estar disponível em abundância, no entanto é superfaturado ou não confiável. A força orientadora geral que inspira a startup é a execução da missão da empresa, que dita grande parte da direção principal da empresa, incluindo a identificação de clientes carentes, o local geográfico para uma sede e os parceiros, fornecedores, funcionários e financiamento que ajudam a empresa a sair do papel e depois expandir. Em uma organização totalmente nova, porém, de onde vem essa missão?
O fundador ou fundadores de uma empresa desenvolvem a missão da empresa diretamente de suas próprias crenças, valores e experiências pessoais; isso é particularmente verdadeiro para organizações sem fins lucrativos. Às vezes, a inspiração é tão simples quanto o reconhecimento de uma necessidade não atendida, como a crescente demanda global por alimentos. Bertha Jimenez, uma imigrante do Equador que estudava engenharia na Universidade de Nova York, não podia deixar de se preocupar com o fato de que, embora as cervejarias artesanais estivessem em uma onda de popularidade em sua cidade adotiva, elas também jogavam fora muitos grãos de cevada que ainda tinham valor nutritivo, mas que ninguém sabia como reaproveitar. Depois de algumas tentativas, Jimenez e dois amigos, também imigrantes, finalmente tiveram a ideia de fazer farinha a partir desse grão de cevada e assim nasceu a startup Rise Products, de Queens, Nova York, cujo site proclama que ‘Upcycling é a futuro dos alimentos’.
[“Upcycling significa ‘utilização para cima’, onde os produtos gerados geralmente apresentam funções diferentes do produto original e qualidade igual ou superior.’ Fonte: site BeeCircular]
A Rise Products não fornece apenas aos padeiros e fabricantes de massas locais a sua farinha de cevada ‘super’ embalada com proteínas e fibras para uso em produtos, desde massa de pizza a brownies. Ela também tem enviado amostras de produtos a pedido para Kellogg, Whole Foods e Nestlé, bem como para um chef de renome na Itália. Jimenez e os seus colegas cofundadores dizem: ‘No longo prazo, nós podemos levar isso para países como o nosso. Nós queremos olhar para tecnologias que não sejam proibitivas para outras pessoas.’37
Se nós fôssemos fazer um diagrama do relacionamento entre os valores dos fundadores e a missão empreendedora, ele seria mais ou menos assim:
Assim como uma declaração de missão pessoal pode mudar com o tempo, a missão da empresa também pode ser adaptada para se adequar às mudanças nas circunstâncias, desenvolvimentos da indústria e necessidades do cliente. A TOMS Shoes é outra empresa empreendedora fundada para atender a uma necessidade: para cada par vendido, a empresa doa um par de sapatos para uma criança que não tem.
Com o tempo, a TOMS Shoes expandiu a sua missão para também oferecer óculos e melhorar o acesso à água potável para pessoas em países em desenvolvimento. Ela se autodenomina a empresa ‘One for One’, promovendo a promessa do fundador Blake Mycoskie de que ‘com cada produto que você compra, a TOMS ajudará uma pessoa em necessidade’.38
[“One for one” [um por um] (também conhecido como “buy-one give-one” [compre um, dê um]) é um modelo de negócios de empreendedorismo social supostamente desenvolvido por Blake Mycoskie da TOMS Shoes, no qual um item necessário é doado para cada item comprado.] Fonte Wikipedia
O ponto é que, se você tem esclarecido os seus valores pessoais e declaração de missão pessoal, quase não há limite para o número de maneiras pelas quais você pode aplicá-los aos seus objetivos de negócios e decisões de ‘fazer o bem e fazer bem’ em sua carreira. O propósito dos negócios são os relacionamentos e a qualidade dos relacionamentos depende de nossa aceitação de nós mesmos e da preocupação com os outros. Essas são desenvolvidas através das virtudes da humildade, por um lado, e da coragem, por outro. A exigente porém essencial tarefa da vida é praticar ambos. Dessa forma – talvez apenas dessa maneira – nós somos capazes de ser profissionais de negócios verdadeiramente humanos e bem-sucedidos.
Notas de Fim
1. Pratik Patel, “Applying Virtue Ethics: The Rajat Gupta Case,” The Seven Pillars Institute for Global Finance and Ethics, February 11, 2013. https://sevenpillarsinstitute.org/applying-virtue-ethics-the-rajat-gupta-case/.
2. Anita Raghaven, “For Rajat Gupta, Returning Is a Hard Road,” New York Times, August 15, 2017. https://www.nytimes.com/2017/08/15/business/dealbook/rajat-gupta.html; Patricia Hurtado, “Ex-Goldman Director Rajat Gupta Back Home after Prison Stay,” Bloomberg, January 19, 2016. https://www.bloomberg.com/news/articles/2016-01-19/ex-goldman-director-rajat-gupta-back-home-after-prison-stay.
3. Samuel Clowes Huneke, “Raj Rajaratnam and Insider Trading,” The Seven Pillars Institute for Global Finance and Ethics. https://sevenpillarsinstitute.org/case-studies/raj-rajaratnam-and-insider-trading-2/ (accessed June 30, 2018).
4. Chelsea Bateman, “General Motors: A Recall Nightmare (2014),” Business Ethics Case Analyses, November 23, 2015. http://businessethicscases.blogspot.com/2015/11/general-motors-recall-nightmare-2014_23.html.
5. Greg DePersio, “How Have Businesses Evolved over Time?” Investopedia. https://www.investopedia.com/ask/answers/022615/how-havebusiness-ethics-evolved-over-time.asp#ixzz5IJV5DK2U (accessed June 13, 2018) .
6. Google. https://www.google.com/about/our-company/ (accessed June 29, 2018).
7. Ben W. Heinemen, Jr., “The Google Case: When Law and Ethics Collide,” The Atlantic, January 13, 2010. https://www.theatlantic.com/politics/archive/2010/01/the-google-case-when-law-and-ethics-collide/33438/.
8. Sherisse Pham, “Google Now Has Two Apps in China, but Search Remains Off Limits,” CNN Tech, May 31, 2018. http://money.cnn.com/2018/05/31/technology/google-in-china-files-app/index.html.
9. Ben W. Heinemen, Jr., “The Google Case: When Law and Ethics Collide,” The Atlantic, January 13, 2010. https://www.theatlantic.com/politics/archive/2010/01/the-google-case-when-law-and-ethics-collide/33438/.
10. Julia Steinberg and Natasha Khan, “It Takes Careful Planning to Scale a Mountain of Cheese,” Wall Street Journal, December 10, 2017. https://www.wsj.com/articles/it-takes-careful-planning-to-scale-a-mountain-of-cheese-1512930205.
11. Julia Steinberg and Natasha Khan, “It Takes Careful Planning to Scale a Mountain of Cheese,” Wall Street Journal, December 10, 2017. https://www.wsj.com/articles/it-takes-careful-planning-to-scale-a-mountain-of-cheese-1512930205.
12. Ellen Wulfhorst, “Work-life Balance Boosts Workplace Ethics: Survey,” Reuters, April 16, 2007. https://www.reuters.com/article/us-work/work-life-balance-boosts-workplace-ethics-survey-idUSN1631548120070416 (accessed June 20, 2018).
13. Walmart, 2017 Annual Report. http://s2.q4cdn.com/056532643/files/doc_financials/2017/Annual/WMT_2017_AR-(1).pdf (accessed February 7, 2018).
14. Ylan Q. Mui and Michael S. Rosenwald, “Wal-Mart’s New Tack: Show ’Em the Payoff,” Washington Post, September 12, 2007. http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/article/2007/09/12/AR2007091202513.html?hpid=moreheadlines.
15. Maria Halkias, “Wal-Mart CEO Thinks No One Should Pay $99 for Free Shipping,” Dallas Morning News, June 2, 2017. https://www.dallasnews.com/business/retail/2017/06/02/wal-marts-a-giant-orange-machine-is-part-of-wal-marts-online-strategy.
16. Hayley Peterson, “Meet the Average Wal-Mart Shopper,” Business Insider, September 18, 2014. http://www.businessinsider.com/meet-theaverage-wal-mart-shopper-2014-9.
17. Timothy Jordan, “The Good, The Bad, and Wal-Mart,” Workplace Fairness. https://www.workplacefairness.org/reports/good-bad-walmart/wal-mart.php (accessed February 8, 2018).
18. Krissy Clark, “Save Money. Live Better,” Slate, April 2, 2014. http://www.slate.com/articles/business/moneybox/2014/04/walmart_employees_on_food_stamps_their_wages_aren_t_enough_to_get_by.html.
19. Rob Wile, “The Walmart Heirs Just Made $12.7 Billion in One Day,” Time, November 17, 2017. http://time.com/money/5029034/walmartfortune-heirs-12-7-billion-in-one-day/.
20. Darrell Brown, “Ethics and Professionalism in the Workplace,” Indianapolis Recorder, September 15, 2016. http://www.indianapolisrecorder.com/business/article_36d05298-7b96-11e6-8226-033c365dab07.html.
21. Mathew Jenkin, “Millennials Want to Work for Employers Committed to Values and Ethics,” The Guardian, May 5, 2015. https://www.theguardian.com/sustainable-business/2015/may/05/millennials-employment-employers-values-ethics-jobs.
22. “Employee Job Satisfaction and Engagement: Revitalizing a Changing Workforce,” The Society for Human Resource Management. https://www.shrm.org/hr-today/trends-and-forecasting/research-and-surveys/Documents/2016-Employee-Job-Satisfaction-and-Engagement-Report.pdf (accessed February 10, 2018).
23. “Employee Job Satisfaction and Engagement: Revitalizing a Changing Workforce,” The Society for Human Resource Management. https://www.shrm.org/hr-today/trends-and-forecasting/research-and-surveys/Documents/2016-Employee-Job-Satisfaction-and-Engagement-Report.pdf (accessed February 10, 2018).
24. Kirk O. Hanson, The Six Ethical Dilemmas Every Professional Faces. (Waltham, MA: Bentley University, Center for Business Ethics, February 3, 2014). https://www.bentley.edu/sites/www.bentley.edu.centers/files/2014/10/22/Hanson%20VERIZON%20Monograph_2014-10%20Final%20%281%29.pdf (accessed June 21, 2018).
25. Jill Suttie, “How Does Valuing Money Affect Your Happiness?” Greater Good Magazine, October 30, 2017. https://greatergood.berkeley.edu/article/item/how_does_valuing_money_affect_your_happiness.
26. Richard Nieva and Sean Hollister, “Read Google’s AI Ethics Memo: ‘We Are Not Developing AI for Use in Weapons,’” Cnet.com, June 7, 2018. https://www.cnet.com/news/read-googles-ai-ethics-memo-we-are-not-developing-ai-for-use-in-weapons/.
27. William H. Swanson, Swanson’s Unwritten Rules of Management (Waltham, MA: Raytheon, 2005).
28. Del Jones, “CEOs Say How You Treat a Waiter Can Predict a Lot about Character,” USA Today, April 14, 2006. http://www.ign.com/boards/threads/ceos-say-how-you-treat-a-waiter-can-predict-a-lot-about-character.115174051/ (accessed February 15, 2018).
29. Tom Ehrenfeld, “The Rewritten Rules of Management,” 2–3. https://changethis.com/manifesto/23.RewrittenRules/pdf/
23.RewrittenRules.pdf (accessed February 15, 2018).
30. Tom Ehrenfeld, “The Rewritten Rules of Management,” 3. https://changethis.com/manifesto/23.RewrittenRules/pdf/23.RewrittenRules.pdf (accessed February 15, 2018).
31. “Bill Swanson: Biography,” Raytheon. https://www.raytheon.com/rtnwcm/groups/public/documents/profile/bio_swanson.pdf (accessed February 16, 2018).
32. “UPS Growth Accelerates in 2017,” February 1, 2018. https://globenewswire.com/news-release/2018/02/01/1329929/0/en/UPS-Growth-Accelerates-In-2017.html.
33. “Xerox Corporation Form 10-K,” SEC filing. https://www.sec.gov/Archives/edgar/data/108772/000010877218000012/xrx-123117x10xk.htm.
34. Kirk O. Hanson, The Six Ethical Dilemmas Every Professional Faces, Bentley University: Center for Business Ethics, February 3, 2014. https://www.bentley.edu/sites/www.bentley.edu.centers/files/2014/10/22/Hanson%20VERIZON%20Monograph_2014-10%20Final%20%281%29.pdf (accessed June 21, 2018).
35. Jessica Stillman, “Here Are the Personal Mission Statements of Musk, Branson, and Oprah (Plus 7 Questions to Write Your Own),” Inc., May 29, 2018. https://www.inc.com/jessica-stillman/how-to-write-your-own-personal-mission-statement-7-questions.html.
36. Drew Hendricks, “Personal Mission Statement of 13 CEOs and Lessons You Need to Learn,” Forbes, November 10, 2014. https://www.forbes.com/sites/drewhendricks/2014/11/10/personal-mission-statement-of-14-ceos-and-lessons-you-need-tolearn/#1e7644621e5e.
37. Larissa Zimberoff, “From Brewery to Bakery: A Flour That Fights Waste,” New York Times, June 25, 2018. https://www.nytimes.com/2018/06/25/dining/brewery-grain-flour-recycling.html. Rise Products. http://www.riseproducts.co/ (accessed July 1, 2018) .
38. TOMS. https://www.toms.com/ (accessed July 1, 2018).
Imagem harshil-gudka-bU-o8JukK1M-unsplash.jpg – 5 de agosto de 2023
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