Um Curso em Milagres e Trabalho – Dr. Kenneth Wapnick

O Que Diz Dr. Kenneth Wapnick Sobre Trabalho?

Para responder a essa pergunta, nós estamos transcrevendo, em tradução livre, trechos do livro “Q&A – Detailed Answers to Student-Generated Questions on the Theory and Practice of A Course in Miracles” [“Perguntas e Respostas – Respostas Detalhadas às Perguntas Geradas pelos Estudantes sobre a Teoria e a Prática de Um Curso em Milagres”], Supervisionado e Editado pelo Dr. Kenneth Wapnick, Ph.D., Foundation for A Course in Miracles©, para conhecimento e entendimento sobre o tema “trabalho e ambiente de trabalho”, conforme o sistema de pensamento do Curso.

Tradução livre Projeto OREM® (PO)

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—–Continuação da Parte I—–

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Discernindo entre o ego e o Espírito Santo em relação ao trabalho

P #169: No passado, eu tive dificuldades para conseguir emprego. Eu costumava pensar que a vida era curta demais para trabalhar, ou que o dinheiro não valia o tempo investido. Eu vim a reconhecer que as minhas desculpas tinham a ver com os meus complexos de inferioridade, timidez, desigualdade, etc. e que eu não conseguia lidar com as expectativas de um empregador ou com a pressão social no ambiente de trabalho. Embora eu tenha feito grandes progressos com “Um Curso em Milagres” e com o perdão, eu não consigo distinguir entre ego e Espírito Santo no que diz respeito ao emprego. Parece que não há sentido em trabalhar e eu poderia dedicar o meu tempo ao perdão. Ou talvez, trabalhando, eu pudesse aprender a minha Maior lição sobre perdão. O que é ego? O que é Espírito Santo?

R: Discernir entre o ego e o Espírito Santo pode ser uma tarefa assustadora às vezes, mas é uma das mais importantes, senão a mais importante, a dominar no estudo de Um Curso em Milagres. Até que chegue o momento em que você tenha certeza de que todos os seus pensamentos e ações vêm do Espírito Santo (o mundo real), o melhor que se é capaz de fazer é fazer o melhor que se é capaz de fazer e então observar os “frutos do próprio trabalho”, ou como o Curso chamaria, “O Teste da Verdade”:

“Tens um teste, tão certo quanto Deus, para reconheceres se o que aprendeste é verdadeiro. Se estás totalmente livre de qualquer tipo de medo e se todos aqueles que se encontram contigo ou até mesmo pensam em ti compartilham a tua paz perfeita, então podes estar seguro de que aprendeste a lição de Deus e não a tua própria.” (T-14.XI.5:1-2)

Embora você tenha experienciado o perdão em várias áreas da sua vida, ele parece incompleto no que diz respeito ao emprego, em parte devido à sua aparente ambivalência em relação a ele. Antes de se tornar ciente do que o Espírito Santo quer que você faça (ou não faça), você tem que estar disposto a não esconder nada:

“Não serás capaz de aceitar a comunicação perfeita enquanto a ocultares de ti mesmo. Pois aquilo que queres ocultar está oculto para ti. Na tua prática, então, tenta apenas estar vigilante contra o engano e não busques proteger os pensamentos que queres guardar para ti mesmo. Deixa que a pureza do Espírito Santo os dissipe com seu brilho e traze toda a tua consciência [no nível da realidade (awareness)] para estares pronto para a pureza que Ele te oferece.” (T-15.IV.9:6-9)

Em outras palavras, examine todos os pensamentos que você tem em relação ao emprego. Faça uma lista de “bom e ruim”, “a favor e contra” – apenas deixe que tudo o que estiver lá venha à sua consciência consciente no nível da realidade [conscious awareness]. Depois que toda a “conversa” sobre o assunto tiver sido expressa, você estará mais apto a ouvir a Voz que o guiará. Você verá que o seu foco na resposta, na forma, diminuirá à medida que o conteúdo de estar com ou sem culpa vir a ser mais importante.

Um exercício tal como o mencionado acima ajudará você a praticar a mudança de foco da forma para o conteúdo, a partir do efeito para a causa. E lembre-se também da importante lição que Jesus nos ensina sobre propósito:

“Em qualquer situação na qual estejas incerto, a primeira coisa a considerar, muito simplesmente, é ‘O que eu quero que resulte disso? Para que serve isso?’ O esclarecimento da meta tem que estar no início, pois é isso o que vai determinar o resultado. No procedimento do ego, isso é revertido. A situação vem a ser o que determina o resultado, que pode ser qualquer coisa. A razão dessa abordagem desorganizada é evidente. O ego não sabe o que quer que resulte da situação. Ele está ciente do que não quer, mas somente disso. Ele não tem absolutamente nenhuma meta positiva.” (T-17.VI.2)

Mas agora você tem uma meta definida e, ao abrir espaço em sua mente para ouvir a gentil orientação do Espírito Santo, você terá a garantia de alcançar essa meta.

P #700: Eu conheci Um Curso em Milagres há dois anos e fiz algumas sessões em um centro local. Na época, eu trabalhava de 60 a 70 horas por semana e achava impossível conciliar as duas coisas. 2003 foi um ano ruim: eu perdi o meu emprego, o meu amado animal de estimação e a minha mãe. O meu pai se desfez; o meu ressentimento em relação ao meu irmão se intensificou drasticamente; as minhas depressões voltaram com força total. Eu tentei lidar com todas as coisas da melhor maneira possível. Nem preciso dizer que o meu melhor não era o meu melhor em absoluto.

No entanto, o meu apego ao Curso está criando um dilema financeiro. Desde que eu perdi o meu emprego, eu tenho vivido basicamente com as minhas economias, das quais não sobrou quase nada. Eu necessito voltar, mas eu temo que, sendo um workaholic por natureza, eu me envolverei novamente tanto com o trabalho que sobrará muito pouco espaço para Um Curso em Milagres. Eu li a sua resposta à pergunta #169 várias vezes. Em um nível intelectual, eu estou começando a ter lampejos de entendimento sobre a mudança da forma para o conteúdo; do efeito para a causa. No entanto, em um nível prático, eu estou em um limbo. Eu espero muito obter a sua resposta e a sua orientação que me permitam lidar com essa situação da forma mais pacífica possível.

R: Há mais alguns aspectos da sua situação que você talvez queira analisar para ajudar a desfazer o impasse. Parece que você não tem escolha quanto a trabalhar ou não. Se você necessita de dinheiro, você tem que voltar a trabalhar se não houver outra fonte de renda em sua vida. Mas você é capaz de fazer isso diferentemente dessa vez. Você se lembra do útil lembrete de Jesus naquele adorável capítulo final do Texto, “Escolhe outra vez”?

“As provações são apenas lições que falhaste em aprender, apresentadas mais uma vez de forma que onde antes fizeste uma escolha faltosa agora possas fazer outra melhor e assim escapar de toda a dor que o que escolheste antes trouxe a ti. Em toda dificuldade, toda aflição e a cada perplexidade, Cristo te chama e gentilmente diz: “Meu irmão, escolhe outra vez.” (T-31.VIII.3:1-2)

Se, em sua mente errônea, você estava usando o trabalho para se afastar da paz tranquila que o define em sua mente certa, agora você é capaz de encarar o seu retorno ao trabalho como uma oportunidade de “escolher outra vez”. Você é capaz de decidir que verá o seu trabalho principalmente como um meio de aprender que você é como Deus o criou, o que significa que você considerará em primeiro lugar a sua convicção de que você não é como Deus o criou; isso é, que você é “um workaholic por natureza”, uma vítima de sua “maquiagem” (“invenção”) que o seu ego lhe diria que não pode ser evitada – é simplesmente quem você é! Jesus o vê de forma diferente e o convida a se juntar a Ele, reconhecendo com confiança que…

“As imagens que fazes não podem prevalecer contra o que o Próprio Deus quer que sejas. Portanto, nunca tenhas medo da tentação, mas a vejas como é: uma outra chance de escolher outra vez e permitir que a força de Cristo prevaleça em qualquer circunstância e em qualquer lugar onde antes havias erguido uma imagem de ti mesmo. Pois o que aparenta esconder a face de Cristo é impotente diante da Sua majestade e desaparece diante da Sua vista santa.” (T-31.VIII.4:1-3)

A ideia seria considerar isso não apenas para você, mas também para todas as outras pessoas com quem você se relaciona. Ao se relacionar com os outros dessa forma (mentalmente, não verbalmente), você estaria praticando o perdão ao perceber que nós todos compartilhamos um propósito comum.

Ao se concentrar nesse novo conteúdo, o seu trabalho não seria mais um impedimento para o aprendizado do Curso. Ele seria exatamente o oposto. Muitos estudantes pensam – erroneamente – que eles têm que estar reclusos em algum lugar, com nada além do Curso à sua frente, ou estar com amigos e colegas “com mentalidade de Curso” o tempo todo para estudar e praticar com eficácia. Nada poderia estar mais distante do que Jesus pretendia que o seu curso fosse. Esse curso é melhor aprendido em meio às nossas rotinas diárias – trabalho, família, responsabilidades cívicas, etc. , pois nessas circunstâncias, felizmente, a nós são apresentadas inúmeras oportunidades de refletir sobre o sistema de pensamento que nós temos escolhido; se nós não estivermos cientes disso, nós não temos base para mudar de ideia. E ao aprendermos a nos perdoar quando nós descobrimos que três, seis ou trinta e seis horas se passaram desde que nós pensamos pela última vez na lição do dia, nós estamos aprendendo talvez a lição mais importante de todas: que a diminuta idéia louca não teve efeito. O amor de Jesus por nós não diminui nem um pouco (one iota) porque nos esquecemos completamente dele. Se nós realmente acreditarmos nisso, nós economizaremos milhares de anos em nosso caminho da Expiação, para usar a perspectiva de tempo de Jesus.

E se você também pudesse praticar elevar-se acima do “campo de batalha” (em sua mente) — todas as situações de vítima-vitimizador e tragédias de 2003 — e olhar para trás com os olhos do perdão, que é o que significa unir-se a Jesus ou ao Espírito Santo, você reconheceria o propósito do ego em ter a sua vida repleta desse tipo de dor. Você se veria como o propósito do ego em ter a sua vida repleta desse tipo de dor. Você se veria como uma figura nesse campo de batalha, fraco e maltratado, deprimido e desesperado — exatamente onde o ego quer que você acabe , porque então você fica obcecado com o seu corpo, os seus problemas e as suas tragédias e o amor e a paz de Jesus não estão à vista. Mas acima do campo de batalha (em sua mente), você seria capaz de reavaliar a sua aceitação desse propósito do ego e saber que outra escolha está disponível.

Por fim, pode ser útil consultar um terapeuta gentil, especializado em lidar com vícios como o workaholismo. Essa abordagem de compromisso é, na verdade, recomendada por Jesus para garantir que nós sejamos gentis conosco mesmos e não neguemos as nossas necessidades físicas e psicológicas ao fazermos o nosso trabalho interior ou aprendermos e praticarmos o perdão. (Ver T-2.IV.3-5) Outros estudantes tiveram preocupações semelhantes relacionadas ao trabalho, que são expressas nas Questões #74 (acima abordada) e #246 (fora do escopo desse artigo do blog PO).

“Só a mente pode criar porque o espírito já foi criado e o corpo é um instrumento de aprendizado para a mente. Os instrumentos de aprendizado não são lições em si mesmos. Seu propósito é meramente facilitar o aprendizado. O pior que um uso faltoso de um instrumento de aprendizado pode fazer é falhar em facilitar o aprendizado. Ele não tem nenhum poder em si mesmo para introduzir erros factuais de aprendizado. O corpo, se compreendido de forma adequada, compartilha da invulnerabilidade da Expiação no que se refere às defesas de dois gumes. Isso não se dá porque o corpo seja um milagre, mas porque não está inerentemente aberto à interpretação equivocada. O corpo é meramente parte da tua experiência no mundo físico. As capacidades do corpo podem ser, e com frequência são, supervalorizadas. Todavia, é quase impossível negar a sua existência nesse mundo. Aqueles que o fazem estão engajando-se em uma forma de negação particularmente indigna. Aqui o termo indigna subentende apenas que não é necessário proteger a mente negando o que não é mental. Se alguém nega esse aspecto desafortunado do poder da mente, esse alguém está também negando o próprio poder.

Todos os meios materiais que aceitas como remédios para enfermidades corporais são reafirmações de princípios mágicos. Esse é o primeiro passo para se acreditar que o corpo faz as suas próprias enfermidades. O segundo passo equivocado é tentar curá-lo [to heal it] através de agentes não-criativos. Contudo, não decorre daí que o uso de tais agentes com propósitos corretivos seja mau. Às vezes, a enfermidade tem um controle que é suficientemente forte sobre a mente para tornar a pessoa temporariamente inacessível à Expiação. Nesse caso, pode ser sábio usar uma abordagem de transigência para com a mente e o corpo, na qual por algum tempo se acredita que a cura [healing] venha de alguma coisa de fora. Isso é assim porque a última coisa que pode ajudar aquele que tem a mente disposta ao que não é certo, ou o doente, é fazer algo que aumente o seu medo. Esses já estão em um estado debilitado pelo medo. Se são prematuramente expostos a um milagre podem ser precipitados ao pânico. É provável que isso ocorra quando a percepção invertida induziu à crença em que milagres são assustadores.

O valor da Expiação não está na maneira na qual ela é expressa. De fato, se é usada de forma verdadeira, inevitavelmente vai ser expressa do modo que for mais útil para quem recebe, seja ele qual for. Isso significa que um milagre, para atingir a sua plena eficácia, tem que ser expressado em uma linguagem que aquele que recebe possa compreender sem medo. Isso não significa necessariamente que esse é o mais elevado nível de comunicação do qual ele é capaz. Significa, contudo, que é o nível mais alto de comunicação do qual ele é capaz agora. Todo o objetivo do milagre é elevar o nível da comunicação e não descê-lo por aumentar o medo.” (T-2.IV.3-5)

P #113: Parece que eu tenho esse problema recorrente de nunca ganhar dinheiro suficiente ou nunca conseguir trabalho suficiente para o meu negócio, especialmente durante esses períodos de recessão, embora eu seja um profissional altamente qualificado. Apesar de que, ao longo dos anos praticando o processo de perdão sobre isso, eu tenha cada vez mais paz quando esse problema ocorre, eu ainda fico irritado e gostaria de poder me livrar dele completamente e não vê-lo acontecer novamente. Da perspectiva de Um Curso em Milagres, há alguma coisa a mais que eu seja capaz de fazer para “curar” [“cure”] essa situação? Olhar para a culpa ou para as origens da culpa ajudará de alguma maneira? O que você sugere?

R: Nós só podemos comentar de forma geral sobre o tipo de situação que você descreveu, mas pode ser útil, mesmo assim.

Em primeiro lugar, o propósito do mundo é ser um lugar onde nós temos uma infinidade de problemas para resolver. É uma cortina de fumaça projetada para esconder o verdadeiro problema, que é a decisão que nós tomamos constantemente em nossas mentes de viver separadamente, longe de Deus, como indivíduos e de responsabilizar os outros por nossas condições. Não importa se nós somos atormentados por um problema recorrente ou por uma infinidade de problemas. Os problemas surgem em nossas vidas porque nós necessitamos que eles estejam lá – obviamente, em um nível inconsciente [subconsciente]. Portanto, se nós não tivermos ciência da verdadeira fonte de nossos problemas (a decisão em nossas mentes), seria inútil esperar por uma vida sem problemas; nós estaríamos apenas lutando contra nós mesmos. Além disso, parte da estratégia do ego é nos fazer continuar esperando que os nossos problemas possam ser resolvidos e que chegará o dia em que nós poderemos viver sem problemas no mundo. O objetivo dessa estratégia é manter-nos focados em nossas vidas no mundo, porque isso garante que nunca nós nos lembraremos de que nós somos, na verdade, mentes decididas a nos manter separados da unicidade na qual nós fomos criados como Cristo e que isso é apenas um pensamento tolo e equivocado que nós podemos rejeitar a qualquer momento.

Em segundo lugar, a abordagem muito gentil – e prática – do Curso para uma situação como a que você descreveu é nos fazer aprender que a paz de Deus está dentro de nós e nunca pode ser afetada por nada que pareça estar acontecendo em nossas vidas. Estar em paz é sempre uma questão de escolha. Não importa quais sejam as circunstâncias da nossa vida, ainda nós somos capazes de escolher ser pacíficos. Jesus nos pede que o tomemos como modelo nisso. Em meio a circunstâncias aparentemente muito mais traumáticas, ele disse que não se via como perseguido e, portanto, está nos dizendo que nós podemos aprender a agir dessa maneira também (T.6.I.5-6). De certa forma, você está dizendo que é vítima dessa situação recorrente em sua vida e todos nós passamos por situações como essa de uma forma ou de outra. Portanto, a primeira coisa que nós podemos aprender é como “desconectar”, por assim dizer, o nosso estado interior das situações externas. Não é fácil, mas essa é uma parte essencial do aspecto de treinamento mental do Curso. É um passo importante no processo de recuperação do poder de nossas mentes, algo que o ego jamais gostaria que nós fizéssemos.

Em terceiro lugar, quando situações aparentemente negativas se repetem, muitas vezes é o caso que a pessoa está projetando a sua culpa inconsciente [subconsciente] em sua vida pessoal – muitas vezes, no corpo, resultando em doença – numa tentativa de se punir e evitar o castigo de Deus, considerado merecido e inevitável. Fracassos ou infelicidade recorrentes muitas vezes refletem a crença inconsciente [subconsciente] de que, se eu não tiver sucesso ou for infeliz, Deus terá pena de mim e será gentil comigo quando chegar a minha vez de comparecer diante dEle e prestar contas da minha vida. Portanto, se existe tal crença alojada em nossas mentes, então nós necessitamos que haja situações em nossas vidas que garantam que nós não tenhamos sucesso e sejamos infelizes. Lutar contra isso seria contraproducente. A solução é óbvia. Como as lições do Livro de Exercícios nos lembram constantemente, nós necessitamos nos interiorizar e descobrir os pensamentos do ego de pecado, culpa e medo que direcionam todas as coisas que nós fazemos e pensamos como indivíduos e trazer essa escuridão à luz.

A meta desse processo, porém, não é nos livrarmos dos problemas em nossas vidas, mas aprender que é a culpa que nós não queremos, porque a dor e a turbulência dos nossos problemas externos não são nada comparados à dor interna e à escravidão da nossa culpa. Nós não precisamos tentar mudar nada; nós necessitamos apenas olhar, com o amor de Jesus ao nosso lado, para como constantemente nós atribuímos a nossa infelicidade e o nosso fracasso a alguma coisa que não é nossa própria decisão e então nós não nos julgarmos por isso. Esse é um passo gigantesco na direção de finalmente restaurarmos em nossas mentes, um dia, a paz de Deus, que é a nossa verdadeira herança. Quando nós estivermos imersos nessa paz e como ela se tornará a nossa identidade compartilhada, não fará absolutamente nenhuma diferença se o nosso negócio for bem-sucedido ou não, assim como não fez diferença para Jesus se havia pregos em suas mãos e em seus pés ou não. Às vezes, a situação externa muda quando nós mudamos de ideia, mas isso não importará mais para nós, porque a nossa percepção de nós mesmos e do mundo terá mudado completamente.

O nosso trabalho nesse mundo e o Curso

P #3: Na minha área de atuação, o grau de atenção aos detalhes e à precisão faz a diferença entre o que é percebido como um trabalho amador e um trabalho profissional. No entanto, vários estudantes do Curso têm me dito que a minha área de atuação não é importante no contexto geral, então eu deveria simplesmente “deixar para lá” quando se trata de administrar a qualidade do produto final. Eu estou confuso. Você poderia me ajudar a entender o que eu estou deixando escapar?

R: O que você não está entendendo é que alguns estudantes do Curso sofrem do que nós chamamos de “confusão de níveis”. Esse erro comum confunde os ensinamentos metafísicos do Curso (Nível I) com a parte do Curso que trata apenas de sonho ilusório (Nível II). Na sua pergunta, o Nível I é representado pelo “grande esquema das coisas”, ou seja, “Nada irreal existe” (T-in.2.3) e o Nível II é representado por você e a sua linha de trabalho, ou seja, um corpo que vive em um mundo controlado por um padrão de bem e de mal. Enquanto você acreditar que está nesse mundo, é importante que faça o melhor que puder em quaisquer papéis que você tenha escolhido. Os seus papéis específicos constituem a sala de aula que o Espírito Santo é capaz de usar para lhe ensinar o perdão. Sem os detalhes específicos, nós nunca poderemos chegar Àquele Que está completamente além do mundo. No entanto, é um alívio saber que, no final, o trabalho que você faz não importa. O que importa é com quem você o faz. E você pode dizer com quem trabalhou se estiver em paz ou ansioso.

P #706: Como eu posso superar a sensação de crescente incompetência no meu trabalho? Na maioria das vezes, tudo o que eu quero é ler Um Curso em Milagres e obras relacionadas. Eu tenho trabalhado na minha empresa há 22 anos e me aposentarei no final desse ano. Será que eu estou cansado demais das “recompensas”, mesmo estando no comando, um expatriado em uma cidade movimentada fora do meu país, com um salário generoso? No entanto, às vezes eu tenho essa ambivalência em relação a deixar o meu emprego. Eu tenho escolhido o Curso como o meu caminho e eu quero aprender a perdoar muitas coisas, incluindo a situação que eu estou descrevendo aqui com o meu trabalho.

R: Ironicamente, dedicar tempo ao estudo do Curso pode ser usado como uma forma de evitar lidar com a nossa sala de aula atual. Não é de surpreender que uma parte de nós, ao encontrar o Curso, queira dedicar o máximo de tempo possível a aprender essa nova maneira de pensar e ver, pois nós sabemos, em algum nível, se for o nosso caminho, que ele oferece uma resposta que não é capaz de ser achada em nenhum lugar do mundo. Mas, ainda assim, existe o perigo de nós querermos nos refugiar no conforto de suas palavras para evitar aplicar os seus princípios às lições muito reais de perdão que as nossas vidas externas podem nos apresentar. O ego, afinal, é muito astuto e sempre tentará cooptar a Voz do Espírito Santo para o seu próprio propósito de autopreservação.

“O julgamento são [sensato] inevitavelmente seria contra o ego e tem que ser obliterado pelo ego no interesse da sua própria autopreservação.” (T-4.V.1:6)

Portanto, a chave, como em todas as coisas, é a consciência no nível da realidade [awareness] – reconhecer os nossos pensamentos e sentimentos e como eles estão servindo ao sistema de pensamento do ego, sem tentar mudar nada na situação externa para atender à nossa própria percepção de nossas necessidades, mas apenas permitindo que a luz da percepção sem julgamentos brilhe sobre esses recessos obscuros de nossa mente. Não seria incomum que, depois de mais de duas décadas na mesma empresa, você estivesse pronto para alguma coisa diferente. Mas seria o seu ego que investiria em sabotar os seus últimos dias na empresa, de modo que o seu desempenho pudesse ser menos do que satisfatório. E também não seria inesperado que você tivesse sentimentos confusos diante de uma mudança de vida iminente de tal magnitude, uma vez que a mudança tem se tornado assustadora para a mente que se sente culpada pela primeira mudança que pareceu ser introduzida quando o pensamento de separação foi levado a sério.

“Os Pensamentos de Deus são inaceitáveis para o ego porque apontam claramente para a não existência do próprio ego. Assim sendo, o ego ou os distorce ou se recusa a aceita-los. Ele não pode, porém, fazer com que deixem de ser.” (T-4.I.2:2-4)

É Sempre útil lembrar que a mudança interna é a única mudança que importa e os esforços para mudar a situação externa são, na verdade, apenas tentativas do ego de evitar primeiro aprender a lição que a situação nos oferece, como uma projeção externa da nossa culpa interna. Entretanto, se nós evitarmos a lição que nos é oferecida no momento presente, ela se reapresentará a nós no futuro, talvez de uma forma um pouco diferente, mas sempre com o mesmo conteúdo subjacente. Portanto, oportunidades perdidas nunca são a causa de preocupação.

“As provações são apenas lições que falhaste em aprender, apresentadas mais uma vez de forma que onde antes fizeste uma escolha faltosa agora possas fazer outra melhor e assim escapar de toda a dor que o que escolheste antes trouxe a ti.” (T-31.VIII.3:1)

Planejando para o futuro

P #758: Eu estou trabalhando como uma secretária e organizar e “planejar o futuro” é uma parte importante do meu trabalho. Um Curso em Milagres afirma que nós não devemos “planejar o futuro”. Como eu sou capaz de seguir o Curso sem ter que, drasticamente falando, pedir a minha demissão?

R: A essência desse ensinamento é que nós não devemos fazer planos por conta própria, o que quase sempre significa com o ego. Da mesma forma, quando Jesus diz no Texto:

“Eu não preciso fazer nada” (T-18.VII)…

…ele quer dizer que, antes de nós agirmos ou fazermos planos, nós devemos trazer as nossas percepções à presença amorosa dele ou do Espírito Santo em nossas mentes, para que nós possamos purificá-las do propósito do ego. Isso fica evidente na declaração que se segue à afirmação de Jesus “a mente curada [healed] não faz planos”:

“A mente curada [healed] não faz planos. Executa os planos que recebe ouvindo a Sabedoria que não lhe é própria. Espera até que lhe seja ensinado o que deve ser feito e, então, começa a fazê-lo. Não depende de si mesma para coisa alguma, a não ser para a sua adequação em cumprir os planos que foram designados para ela. É segura na certeza de que obstáculos não podem impedir o seu progresso em realizar qualquer uma das metas que servem ao plano maior estabelecido para o bem de todos.” (LE-pI.135.11:1-5)

Esse é o ideal para o qual nós estamos crescendo. Portanto, Jesus não está realmente dizendo que nós não devemos fazer planos. Ninguém conseguiria viver sem fazer planos de qualquer tipo. A questão é que os nossos planos normalmente se baseiam em suposições inquestionáveis sobre quem nós somos e o que nós deveríamos fazer com nossas vidas; nós raramente questionamos as nossas definições de nossos problemas e de suas soluções. E essas suposições quase sempre fazem parte da estratégia do ego para nos manter irrefletidamente presos ao seu plano de manter a separação de Deus. É nisso que Jesus está se concentrando. Ele está nos ajudando a liberar as nossas percepções a partir da escravidão do ego, libertando-nos assim para mudar para o propósito do Espírito Santo para as nossas vidas. Nós podemos acabar fazendo exatamente os mesmos planos de antes, entretanto, o propósito teria sido alterado e nós não levaríamos o que nós estamos fazendo tão a sério.

P #289: Eu ouço repetidamente que eu devo manter a atitude de “eu não preciso fazer nada” (T-18.VII)…. Eu acredito que isso é para permitir que o Espírito Santo assuma o controle. Eu posso refletir um desejo de escapar da realidade ou de encontrar consolo em um estado de tranquilidade ou eu só sou bom quando eu estou dormindo?

R: O ponto principal de “eu não preciso fazer nada” é nos ajudar a mudar o padrão do nosso pensamento. Praticamente o tempo todo, nós pensamos que nós sabemos quais são os nossos problemas e, então, nós simplesmente tentamos resolvê-los por conta própria. Nós definimos tanto o problema quanto a solução. Nós dizemos ao Espírito Santo como nos ajudar. Jesus está nos ajudando a reeducar as nossas mentes para que nós nos lembremos de forma mais consistente de que todos os nossos problemas no mundo e em nossos corpos são criados por nossas mentes que tomam decisões, a fim de desviar a nossa atenção do problema “real”, que é a nossa escolha de ter o ego como nosso professor ao invés de Jesus. Nós não podemos fazer essa mudança se nós não pararmos e pedirmos ajuda para perceber a nós mesmos e as nossas vidas de forma diferente. Portanto, “eu não preciso fazer nada” porque não há problema que necessite de atenção.

No entanto, o ponto não é ser inativo, mas sim mudar o propósito de todas as coisas que nós fazemos, a partir do ego para o propósito do Espírito Santo. Nós queremos nos treinar para pensar sobre o novo propósito para as nossas vidas, que é aprender a perceber os nossos interesses como os de todos os outros – concentrar-nos no conteúdo, não na forma do que nós fazemos. As nossas interações uns com os outros nos oferecem muitas oportunidades para praticar isso e elas refletem para nós se nós escolhemos desfazer a separação ou reforçá-la. Portanto, afastar-se de interações e atividades geralmente não é útil. Pode ser que você precise se afastar de pessoas ou grupos específicos por um tempo, assim como uma pessoa envolvida com abuso de substâncias pode ter que fazer mudanças comportamentais no início. Portanto, “não precisar fazer nada” também significa não fazer nada por conta própria. Não presuma automaticamente que a sua percepção dos seus problemas está correta.

Ao se identificar com o reflexo da verdade em sua mente certa, você ainda pode ser muito ativo no mundo, no entanto, você não se sentirá como aquele que está agindo. O amor que está em sua mente certa fluiria através de você como a fonte de tudo o que você faz e você experienciaria todas as pessoas como iguais, tanto no nível do ego quanto no nível da Expiação.

P #293: No Texto de Um Curso em Milagres, ele diz:

“Uma vez que tiveres aceito o Seu plano como a única função que queres cumprir, nada mais haverá que o Espírito Santo não arranje para ti sem o teu esforço.” (T-20.IV.8:4)

E em outro lugar:

“Deixa, então, as tuas necessidades com Ele. Ele as suprirá sem colocar nelas qualquer ênfase.” (T-13.VII.13.1-2)

E no Manual de Professores:

“Toda a ajuda que fores capaz de aceitar será provida e nenhuma necessidade que tiveres deixará de ser suprida.” (MP.26.4:8)

Eu tenho estado lutando para entender isso no contexto do mundo em que eu não consigo fazer com que ligações de clientes sejam feitas, inscrições de estudantes em workshops ou livros para vender, embora eu necessite de uma renda maior. O desafio está na necessidade de “não fazer nada”, na linguagem do Curso, deixar as minhas necessidades nas mãos do Espírito Santo e confiar que “apenas” com perdão e a disponibilidade para estar em paz, as minhas contas serão pagas, principalmente quando eu estou cercada por centenas de pessoas que trabalham 40 horas por semana ou mais. Será que eu estou me esquivando e simplesmente deixando o Espírito Santo cuidar das minhas necessidades, enviar-me clientes ou vender os meus livros, enquanto medito e sou feliz?

R: Existem outros caminhos espirituais que ensinam e defendem essa abordagem, mas não é isso que o Curso ensina, embora as palavras que você citou, se tomadas literalmente, pareçam significar isso. A ideia-chave é concentrar-se no conteúdo, não na forma. O conteúdo é que existe uma presença amorosa, atenciosa e reconfortante em nossas mentes, não o Juiz Divino punitivo que as religiões têm nos ensinado, nem uma presença do tipo Merlin, o mágico, conferindo milagres àqueles que ele considera dignos. No final do Esclarecimento de Termos, na Seção sobre o Espírito Santo, Jesus nos ajuda a dar um passo além disso – como faz em dezenas de outros lugares do Curso – ensinando-nos a distinguir entre forma e conteúdo, experiência e realidade e símbolo e realidade:

“Ele parece ser um Guia que te conduz através de uma terra distante, pois necessitas dessa forma de ajuda. Ele parece ser tudo aquilo que preenche as necessidades que pensas ter. Mas Ele não se engana quando tu percebes o teu ser aprisionado por necessidades que não tens. É delas que Ele quer libertar-te. É delas que Ele quer proteger-te para que sejas salvo.” (ET-6.4:6-10).

Trata-se, então, de definir a nós mesmos e as nossas necessidades e sempre nós seremos enganados e presos se o nosso ponto de partida for que realmente nós existimos como corpos em um mundo físico. No entanto, se nós nos lembrarmos de que a nossa aparente vida corpórea é uma identidade falsa com o propósito de ocultar a nossa verdadeira Identidade como espírito, então as nossas necessidades serão definidas de forma diferente. Nós reconheceremos que a nossa única necessidade real é despertar do sonho da separação e reunir-nos com o nosso verdadeiro Eu no Céu e que toda a ajuda de que nós necessitamos para isso já está presente dentro de nós. O perdão, então, vem a ser a nossa única função significativa enquanto ainda nós acreditamos estar aqui (T-25.VI.5:3); e a única oração significativa que nós poderíamos proferir seria por perdão, porque, como Jesus nos diz, “porque aqueles que foram perdoados têm tudo” (T-3.V.6:3).

Portanto, aceitar o propósito do Espírito Santo significa ver cada aspecto da sua vida como uma sala de aula na qual você é capaz de aprender a identificar o que está fazendo para bloquear a sua consciência no nível da realidade [awareness] da presença do amor e, então, pedir ajuda ao seu Professor para fazer com que outra escolha seja feita. Compartilhando o propósito Dele, você lidaria com os detalhes e obrigações da sua responsabilidade de vida, ao mesmo tempo em que aprenderia que a paz de Deus dentro de você não pode ser afetada por nada que esteja acontecendo externamente. Atentar para os detalhes de nossa vida diária nos oferece infinitas oportunidades de ir além da forma das nossas vidas e aprender que todos nós compartilhamos os mesmos interesses; todos nós compartilhamos o mesmo sistema de pensamento do ego e a sua correção em nossas mentes certas. Essa é a nossa função especial e, devido à maneira como nós configuramos as nossas vidas, é a maneira mais eficaz de desfazer o sistema de pensamento de separação em nossas mentes, que é a causa última de toda a nossa miséria e infelicidade. Pedir ao Espírito Santo para consertar o que está errado em nossas vidas físicas/psicológicas é abdicar de nossa responsabilidade por nossa infelicidade e, assim, nos privar do único meio que nós temos de desfazer o nosso erro e nos reunir com o glorioso Ser [Eu, Self] de Cristo que todos nós somos.

P #305: “Eu não preciso fazer nada” (T-18.VII) significa que não há problema em tentar conscientemente desenvolver novos hábitos para substituir os antigos baseados no medo, como evitar contato visual, falar baixo ou desistir cedo demais, etc.. Como eu posso superar essas coisas se eu não fizer nada a respeito? A Lição 135 de Um Curso em Milagres diz que planejar as coisas é uma defesa e deve ser evitado. No entanto, eu sinto que, se eu não planejar ou praticar com antecedência, eu não serei capaz de funcionar: eu não saberei o que dizer ou fazer quando chegar a hora. Eu estou realmente travado aqui. Talvez eu esteja interpretando tudo errado. Você pode me esclarecer isso de alguma forma?

R: Quando Um Curso em Milagres diz…:

“Eu não preciso fazer nada, exceto não interferir” (T-16.I.3:12)…,

ele está nos dizendo principalmente para não interferir, porque é isso que nós fazemos. Ele não está nos dizendo para não fazer nada no mundo ou com o corpo. Nós não necessitamos fazer nada para ser quem nós somos (Filho de Deus), exceto remover todas as crenças que se opõem a essa verdade. É por isso que o Curso descreve o sistema de pensamento do ego em todas as suas diversas formas e expressões. A Lição 135 do Livro de Exercícios é um ótimo exemplo disso. Ela expõe o sistema de defesa que é acionado quando a mente escolhe se identificar com o corpo. De forma alguma ela sugere que qualquer uma das defesas ou comportamentos deva ser mudada ou evitada. Essa não é a sua meta. A meta do Curso é claramente expressa nas seguintes instruções:

“Portanto, não busques mudar o mundo, mas escolhe mudar a tua mente sobre o mundo.” (T-21.in.1:7)

Nós podemos parafrasear essa importante frase substituindo “o mundo” por “o corpo”, por“o seu comportamento”, por “os seus hábitos”, por “as suas defesas”. Esse é um Curso em treinamento da mente e nada mais. Entender essa disfunção é essencial para entender e, mais importante, aplicar os princípios do Curso.

Sempre quando o Curso descreve todas as coisas que nós fazemos como corpos e as crenças que nós mantemos, ele não nos diz para não fazê-las, nem para não acreditar nelas. Ele ensina mostrando-nos o contraste entre o efeito do sistema de crenças do ego (dor) com o efeito do sistema de pensamento do Espírito Santo (paz). Ele nos diz que o que nós fazemos no nível da forma não causa nem resolve o problema da separação no nível da mente. Portanto, mudar os seus hábitos comportamentais porque isso fará você se sentir melhor consigo mesmo é tão aceitável quanto qualquer coisa que nós façamos para cuidar de nossos corpos, as nossas casas ou os nossos carros. Enquanto nós acreditarmos que nós somos corpos vivendo no mundo, essas coisas têm que ser mantidas em funcionamento e cuidadas da melhor forma que nós acharmos adequada.

Até que as nossas mentes sejam curadas [healed] de toda crença na separação e em nossa identidade como corpos, a nossa única meta tem que ser a revelação de todas as nossas crenças ocultas para que elas possam ser trocadas pelo sistema de crenças do Espírito Santo. Então, a mente livre de culpa usará o corpo, como descrito nessa lição, sem defesas. Isso não significa que o corpo será então perfeito, ou que não necessitará de comida, sono ou óculos. Significa que a mente não se confundirá com o corpo e não buscará nele segurança ou qualquer outra coisa. No processo de cura [healing], nós não somos solicitados a não planejar ou a tentar viver como se as nossas mentes estivessem curadas [healed] enquanto ainda elas estão doentes. É sempre importante, ao ler o Curso, lembrar que ele aborda a parte da mente que toma decisões. Nós somos solicitados a escolher qual professor nós consultaremos ao elaborar os nossos planos. O Espírito Santo nos diz que, ao elaborarmos os nossos planos, nós podemos nos lembrar de buscar em nossas mentes todas as crenças insanas que interferem em nossa capacidade de permitir que a Sua sabedoria nos conduza à nossa verdade.

Usando o trabalho para especialismo

P #140: Eu tenho estado estudando Um Curso em Milagres há alguns anos e eu estou ciente da importância da prática de pedir ajuda. Eu também estou ciente de querer e necessitar de ajuda. Sempre que eu tento pedir ajuda, no entanto, eu percebo o forte componente de especialismo presente no meu pedido. Por exemplo, agora eu estou ensinando novamente depois de muitos anos fazendo alguma coisa completamente diferente. Eu estou nervoso em fazer bem o trabalho e tento pedir ajuda para poder fazer um bom trabalho, mas eu estou ciente de que o principal motivo para pedir é que eu quero ser especial tanto para os meus estudantes quanto para os meus superiores. Eu tento conversar com Jesus sobre esse assunto, mas eu tenho muita dificuldade em falar com Ele e eu me pergunto o quão importante é poder ter conversas completas com Ele. Geralmente, elas parecem evaporar – talvez eu realmente não confie que Ele esteja lá. Eu agradeceria qualquer sugestão que você tenha para lidar com esse bloqueio que eu tenho em relação a essa ferramenta essencial do Curso.

R: Em primeiro lugar, você deve agradecer a si mesmo por reconhecer os pensamentos de especialismo que estão por trás dos seus pedidos de ajuda. Esse é um passo muito grande. E então não tente mudá-los. Apenas permita-se ver de onde eles estão vindo – um conceito de um eu [ser, self] inadequado que sente que necessita melhorar o seu status projetando uma boa imagem. É bem claro qual voz está falando naquele momento. Mas se você conseguir se observar fazendo isso sem se julgar, então você está olhando com Jesus para o seu ego e esse é o tipo de ajuda que Ele quer que nós peçamos a Ele.

Em nossa prática inicial com o Curso, geralmente nós queremos pedir ajuda a Jesus para problemas e preocupações específicas em nossas vidas e isso é natural. Esse tipo de pedido pode ser útil para desenvolver um relacionamento positivo com Jesus em nossa mente, deixando de vê-lo como o Juiz irado que nos chamará para prestar contas no Dia do Juízo Final, como o Cristianismo tradicional o retrata. Mas você já está começando a perceber as limitações desse tipo de pedido – ele é alimentado por um desejo por especialismo. Esse é um insight importante e pode ajudá-lo a entrar mais em contato com a ajuda genuína que Jesus nos oferece – uma ajuda que nos permite olhar para as limitações que nós acreditamos sobre nós mesmos sem nos julgarmos ou nos sentirmos culpados por esses pensamentos, para que nós sejamos capazes de olhar além delas e encontrar a verdade sobre nós mesmos. A primeira Seção de “A Canção da Oração” aborda os passos que nós damos na “escada da oração” à medida que nós progredimos em nossa prática de pedir ajuda (CO-1.II).

Portanto, as suas conversas com Jesus mudarão com o tempo e o que você traz a Ele muda à medida que você se aprofunda nos ensinamentos do Curso. A sua dificuldade atual em manter o foco Nele é simplesmente um reflexo do seu medo Dele e do que Ele representa, pois uma parte de você sabe que Ele o está guiando para além do seu ego e do eu [ser, self] especial com o qual você se identifica tanto. Você pode achar útil dialogar com Jesus escrevendo os seus pensamentos como se estivesse conversando com Ele, dirigindo-se a Ele de forma muito específica sobre o que está em sua mente e pedindo-Lhe, no processo, ajuda para reconhecer o propósito por trás de seus pensamentos e como desvendá-los sem reforçar a culpa em sua mente. O processo de escrever pode ser útil para manter o foco e expor os pensamentos do seu ego, especialmente à medida que você se familiariza e se sente mais confortável com o processo. Você pode até querer manter a escrita como um diário para que você seja capaz de consultar conversas úteis quando o nível de medo ficar muito alto e você não conseguir se lembrar do que você já sabe – uma experiência comum quando o nosso ego se sente ameaçado. O mais importante é não se preocupar excessivamente com a sua resistência – isso é esperado. Reconhecê-lo sem lutar permitirá que ele se dissolva em sua mente com o tempo.

“Tu não és especial. Se pensas que és e queres defender o teu especialismo contra a verdade do que realmente és, como podes conhecer a verdade? Que resposta que o Espírito Santo [Jesus] te dê pode alcançar-te, quando é ao teu especialismo que escutas e é ele que pergunta e responde? Tudo o que tu escutas é a sua resposta diminuta, que não tem nenhum som na melodia que transborda de Deus para ti eternamente louvando com amor o que tu és. E essa imensa canção de honra e amor pelo que tu és parece silenciosa e inaudível diante da sua ‘magnificência’. Tu te esforças para que teus ouvidos ouçam a sua voz sem som e, no entanto, o Chamado do próprio Deus é insonoro para ti.” (T-24.II.4:1-6)

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Fonte

Livro “Q&A – Detailed Answers to Student-Generated Questions on the Theory and Practice of A Course in Miracles” [“Perguntas e Respostas – Respostas Detalhadas às Perguntas Geradas pelos Estudantes sobre a Teoria e a Prática de Um Curso em Milagres”], Supervisionado e Editado pelo Dr. Kenneth Wapnick, Ph.D., Foundation for A Course in Miracles©. Tradução livre Projeto OREM® (PO)

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A Espiritualidade nas Empresas trata-se de uma Filosofia cujos Princípios são capazes de ajudar tanto as Pessoas quanto as Organizações.

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Autor

Graduação: Engenharia Operacional Química. Graduação: Engenharia de Segurança do Trabalho. Pós-Graduação: Marketing - PUC/RS. Pós-Graduação: Administração de Materiais, Negociações e Compras - FGV/SP. Blog Projeto OREM® - Oficina de Reprogramação Emocional e Mental - O Blog aborda quatro sistemas de pensamento sobre Espiritualidade Não-Dualista, através de 4 categorias, visando estudos e pesquisas complementares, assim como práticas efetivas sobre o tema: OREM1) Ho’oponopono - Psicofilosofia Huna. OREM2) A Profecia Celestina. OREM3) Um Curso em Milagres. OREM4) A Organização Baseada na Espiritualidade (OBE) - Espiritualidade no Ambiente de Trabalho (EAT). Pesquisador Independente sobre Espiritualidade Não-Dualista como uma proposta inovadora de filosofia de vida para os padrões Ocidentais de pensamentos, comportamentos e tomadas de decisões (pessoais, empresariais, governamentais). Certificação: “The Self I-Dentity Through Ho’oponopono® - SITH® - Business Ho’oponopono” - 2022.

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