O que significa Confusão de Níveis?

O Curso aborda dois níveis de experiência: o estado de Céu (Nível I) – e o estado de mente e corpo (Nível II). [vide gráfico]

..…Continuação da Parte I…..

“3) Identificando-se com os seus corpos, os estudantes interpretam mal o foco muito claro de Um Curso em Milagres como um Curso de autoestudo, cuja essência é o relacionamento na mente entre eles e Jesus.

Assim, eles fazem do mundo dos corpos o seu foco central na forma de relacionamentos especiais com outros estudantes do Curso e envolvimento em vários tipos de organizações do Curso e atividades ‘relacionadas ao Curso’, como ensinar e ajudar os outros. Eles se esqueceram da declaração inequívoca de Jesus:

“Portanto, não busques mudar o mundo, mas escolhe mudar a tua mente sobre o mundo.” (T-21.in.1:7).

Dados esses tipos de erros, não é difícil ver como a linguagem do Curso é uma faca de dois gumes. Por um lado, a sua linguagem no nível do corpo – a linguagem dos símbolos – é necessária para falar com a experiência no nível do corpo de seus estudantes:

“Esse curso permanece dentro da estrutura do ego, onde ele é necessário. Não se ocupa do que está além de todo erro, porque está planejado somente para estabelecer a direção nesse sentido. Por conseguinte, usa palavras que são simbólicas e não podem expressar o que está além dos símbolos.” (ET-in.3:1-3)

Por outro lado, tal linguagem se presta à própria confusão de níveis entre corpo e mente que é o tema desse artigo. Outra advertência clara que Jesus deu a seus estudantes vem em sua discussão sobre o terceiro obstáculo à paz:

“Lembra-te, então, que nenhum sinal nem símbolo deve ser confundido com a fonte, pois necessariamente simbolizam alguma outra coisa além de si mesmos. O seu significado não pode estar neles mesmos, mas tem que ser buscado naquilo que representam.” (T-19.IV-C.11:2-3)

A fonte sempre está em nossas mentes – qual professor escolhemos – enquanto os vários sinais e símbolos de nosso mundo são meramente os reflexos sombrios da escolha que fizemos. E por que se preocupar com uma sombra ilusória quando o problema e a sua resposta estão em outro lugar?

Em conclusão, é claro que a nossa única esperança para a verdadeira salvação e despertar do sonho é trazer as ilusões do sistema de pensamento do nosso ego para a verdade da correção de Jesus em nossas mentes, como nós vemos nessa passagem reveladora do Texto:

“A resposta de Deus está onde a crença no pecado tem que estar, pois só lá os seus efeitos podem ser completamente desfeitos e deixar de ter causa. As leis da percepção têm que ser revertidas pois são reversões das leis da verdade. As leis da verdade serão verdadeiras para sempre e não podem ser revertidas; no entanto podem ser vistas de cabeça para baixo. E isso tem que ser corrigido exatamente onde está a ilusão da reversão [na mente]. (T-26.VII.5:1-4)

Se os estudantes de Um Curso em Milagres estão realmente desejosos de ajudar os outros, então eles precisam apenas lembrar que a melhor maneira de ensinar esse Curso é pelo exemplo (T-5.IV.5:1; T-11.VI.7:3-4); do contrário, acabam ensinando e demonstrando a confusão de níveis que desejam desfazer em si mesmos e naqueles que desejam ajudar.

Eles fariam, portanto, bem em prestar atenção cuidadosa ao seguinte ensino, que é capaz de servir como uma bandeira vermelha advertindo os futuros professores de Deus em sua nova profissão:

“A única responsabilidade daquele que trabalha em milagres é aceitar a Expiação para si mesmo. Isso significa que reconheces que a mente é o único nível criativo e que os erros que ela comete são curados [healed] pela Expiação. Uma vez que aceitas isso, a tua mente só pode curar [to heal]. Negando à tua mente qualquer potencial destrutivo e reempossando-a dos seus poderes puramente construtivos, tu te colocas em posição de desfazer a confusão de níveis dos outros. A mensagem que então lhes dás é a verdade de que as suas mentes são similarmente construtivas e suas criações equivocadas não podem feri-los. Afirmando isso, liberas a mente da supervalorização do seu próprio instrumento de aprendizado e a restauras à sua verdadeira posição como aprendiz.” (T-2.V.5:1-6)

Essa confusão de níveis não é acidental. Isso ocorre como uma resposta direta ao medo dos estudantes sobre o que estão aprendendo de Jesus em seu Curso. Mais especificamente, novamente, é o medo de perder a identidade pessoal e especial que eles construíram e acalentaram ao longo de muitos anos e é essa identidade que tem que ser desfeita em sua fonte.

E então, o único que necessita aprender Um Curso em Milagres é você mesmo; o único que necessita de paz é você mesmo; o único que necessita de cura [healing] é você mesmo.

O resto é com Jesus, cuja mensagem amorosa, cura [heal] gentil e a paz que tudo abrange naturalmente se estende através de nós, uma vez que nós abrimos espaço para ele, aceitando as suas dádivas para nós mesmos.

Como a salvação é muito simples! E como é aliviante estar finalmente livre do fardo de trazer paz a um mundo ilusório que foi feito como um ataque a Deus (LE-pII.3.2:1), permitindo aquele cujo amor e mente somente são puros e claros para restaurar todos nós à sanidade e à verdade!

“E então, o único que necessita aprender Um Curso em Milagres é você mesmo; o único que necessita de paz é você mesmo; o único que necessita de cura [healing] é você mesmo.”

Observações do autor:

1. Em Um Curso em Milagres, a mente nunca deve ser confundida com o cérebro, que é um órgão físico e uma parte intrínseca do corpo – a nossa experiência física e psicológica no mundo. A mente, por outro lado, transcende o corpo inteiramente, ela não está presente dentro do corpo e é, de fato, a parte incorpórea de nosso ser separado que projetou o corpo à existência. 

2. Esse é um uso raro em Um Curso em Milagres das palavras criar ou criativo que não se refere apenas ao espírito; aqui, denota a aplicação correta do poder da mente para corrigir a sua escolha equivocada pelo ego.

3. Mesmo quando as pessoas pensam que elas são pecadoras e indignas, existe o pensamento subjacente de que é o pecado anterior de outra pessoa – geralmente de seus pais – o responsável por virem a serem pecadores tão miseráveis.

Confusão de Níveis: o estado de Céu.

Como já mencionado, o Nível I reflete a não dualidade absoluta da teologia e filosofia de Jesus. É de suma importância o seu entendimento para o perfeito entendimento do sistema de pensamento de Um Curso em Milagres, assim como a eficácia de sua aplicação prática para o nosso despertar espiritual.

Para continuarmos explorando ao máximo esse importante tema sobre a confusão de níveis, agora focando no Nível I, nós buscamos inspiração em artigo do Dr. Kenneth Wapnick, intitulado “Duality as Metaphor in A Course in Miracles” (tradução livre: “Dualidade como Metáfora em Um Curso em Milagres”), a partir de trechos do Workshop realizado na Fundação para um Curso em Milagres – Roscoe NY, que nós estamos transcrevendo a seguir em tradução livre.

O autor inicia o ensinamento falando sobre o que é o Céu, o que é o estado de Unicidade, o que no início do Texto é chamado de Mentalidade Una (*).

“Todos os ensinamentos de perdão têm a ver com o reflexo da verdade. Eles não são verdadeiros. Todos eles pertencem ao mundo da dualidade, o que significa que não devem ser interpretados literalmente.

Quando Jesus fala sobre Deus e sobre o estado de Céu, ele deve ser entendido muito literalmente. Quando ele fala sobre o ego, o perdão e o papel do Espírito Santo, ele está falando metaforicamente ou simbolicamente.

Para facilitar o entendimento, o autor se utiliza de um exemplo musical como uma forma de resumir os três tipos diferentes de mente: mentalidade Una, mentalidade errada e mentalidade certa.

Ele então menciona um livro maravilhoso sobre Beethoven, da escritora Britânica Marion Scott, que aborda sobre os três estágios de Beethoven, sobre os quais a maioria dos estudiosos da música mencionam, o estágio inicial, o intermediário e o final.

“O estágio inicial é o período dos primeiros 30 anos da vida de Beethoven, em que a música que ele compôs foi muito baseada na técnica formal que ele aprendeu com Mozart e Haydn. Essas não são as suas maiores obras de forma alguma. Elas estão muito envolvidas com a forma e você pode assistir Beethoven aprendendo a dominar a sua arte.

Então ele entrou na segunda fase com a Eroica Symphony. As suas sinfonias de três a oito, os seus últimos três concertos para piano, algumas de suas maiores sonatas para piano, os quartetos médios e a sua ópera Fidelio pertencem a esse período. Normalmente, essa é a música mais acessível aos amantes da música e que realmente lhe deu a sua grande reputação.

O seu estágio final, que começa com a Nona Sinfonia e depois vai para as suas últimas sonatas e os últimos quartetos, é claramente a sua maior música e provavelmente a melhor música já escrita. Ele transcendeu todas as formas, todas as convenções e basicamente deu uma expressão maravilhosa ao final da jornada espiritual.

Marion Scott falou sobre o primeiro estágio de Beethoven, quando ele olhava para o mundo material através de olhos materiais, onde basicamente dominava o mundo da forma, o mundo da materialidade.

No segundo estágio, ele olhava para o mundo espiritual com os olhos materiais. Aqui ele estava realmente começando a expressar o desenvolvimento e o aprofundamento de sua jornada espiritual, que podia ser traçada muito claramente em sua música, mas ele ainda estava fazendo isso dentro da estrutura das formas do mundo.

Foi no final de sua vida que ele rompeu com todas essas formas. Scott falou sobre isso como quando olhava para o mundo espiritual com os olhos espirituais. É por isso que quando você ouve essa música posterior, especialmente as sonatas e quartetos tardios, você percebe que ele estava habitando um reino totalmente diferente de qualquer outra coisa que ele ou qualquer outra pessoa tivesse composto. É isso que faz com que a sua música seja tão sobrenatural (etérea).”

Dr. Wapnick enfatiza, de maneira brilhante, para o nosso entendimento do Curso, que se é capaz de fazer o mesmo tipo de declaração sobre esses três níveis em Um Curso em Milagres.

A mentalidade errada é olhar para o mundo material através de olhos materiais. É disso que se trata o ego. Então, essas são todas as passagens no Curso que detalham a dinâmica do ego e o que é especialismo, que foi tudo baseado na aparente realidade de nossa culpa, de nossa pecaminosidade, de nossa necessidade de projetar em outras pessoas, de canibalizar outras pessoas e matar para conseguir o que nós queremos.

A correção para isso, a mentalidade certa, é Jesus olhando para o mundo material, o sistema de pensamento do ego, mas da perspectiva do espiritual. É aí que ele fala muitas vezes usando o termo reflexão. É aí que ele diz que o amor é impossível nesse mundo, entretanto, o perdão, que é o reflexo do amor, é possível aqui.

Ele fala sobre o reflexo da santidade aqui, que é o que é o relacionamento santo. Ele fala sobre o instante santo. Ele usa a palavra santo embora a santidade não seja possível nesse mundo, mas o instante santo e o relacionamento santo são os reflexos do que é verdadeiro.

Mais uma vez, ele está olhando para o sistema de pensamento do ego, um sistema de pensamento dualista, da perspectiva do espiritual, porém a maneira como ele escreve sobre isso, a maneira como é apresentado e a maneira como nós somos solicitados a praticá-lo é como se estivéssemos aqui. É olhar para o mundo material, mas com os olhos da visão espiritual. Ainda está dentro do mundo da dualidade, o que significa que ainda é ilusório.

Mentalidade Una é olhar para o mundo espiritual através da visão espiritual. Isso é reconhecido nas passagens que tratam diretamente de como é o estado do Céu. Elas não são muitas, porque não há como entendê-las. Essas são as passagens em Um Curso em Milagres que nos dizem o que é a verdade, o que é a realidade, o que é a não dualidade.

Quando você entende isso, pelo menos intelectualmente, você tem uma perspectiva pela qual se é capaz de entender o que é ilusão e o que é dualidade.

Isso é o que o ajudaria a não cair no erro de tomar passagens fora do contexto, distorcendo-as de modo que signifiquem o que você quer que signifiquem, que sempre será para afirmar a realidade de seu especialismo em detrimento da verdade.

Quando você realmente entende o que significa unicidade, realidade e não dualidade, você não cometerá esse erro. Você terá então uma perspectiva, um contexto, uma estrutura na qual entender todas as declarações de retidão no Curso, todas as declarações no Curso que lidam com o papel do Espírito Santo e que lidam com o papel do milagre e o papel do perdão.

Se você não tiver essa perspectiva, pensará que o que Jesus está falando deve ser considerado literalmente verdadeiro. Não deve ser interpretado como literalmente verdadeiro, mas ele tem que falar conosco nesse nível, porque é onde nós acreditamos que estamos.

Algumas passagens são referidas mais à frente onde basicamente elas nos mostram como Jesus estava ciente desse problema e como ele estava ciente do que estava fazendo em seu Curso.

O problema é que os seus estudantes não estão cientes do que ele está fazendo no Curso e, de alguma forma, eles desconsideram essas passagens porque não parecem tão importantes e, portanto, eles perdem o ponto principal.

Isso nos ajudará a não perder o ponto, de modo que o trabalho de nossa vida com o Curso venha a ser verdadeiramente produtivo e nos guie verdadeiramente na jornada, que no final nos ajudará a transcender o nosso ego.”

O autor enfatiza que se você é um estudante do Curso, não gostaria de se contentar com menos. Essa seria sempre a pergunta fundamental que você deveria se perguntar.

“Por que eu me contentaria com menos quando poderia ter tudo? Por que eu me conformaria com um pequeno vislumbre de amor quando poderia ter essa experiência total de amor? Por que eu iria querer o dedinho de Jesus quando eu poderia ter todo o seu ser? Por que eu iria me contentar com menos do que tudo? No entanto, é isso que as pessoas fazem quando trabalham com o Curso, porque elas não estão cientes do que ele está dizendo.

O estado de Unicidade ou o estado do Céu é a perfeita Unidade e Unicidade de Deus e Cristo. O Curso fala sobre a Mente de Deus, que é o Criador e a Mente de Cristo, que é o que Deus criou. Isso é sempre escrito com M maiúsculo. [vide gráfico]

A Mente de Deus e a Mente de Cristo são totalmente unificadas [Mentalidade Una] . Quando nós falamos de algo não dualístico, significa que não é dual. Não existem dois; há apenas um só [Unicidade]. Esse é o ponto mais importante a ter sempre em mente. Esse é o único nível de realidade. Esse é o único nível de verdade.

Qualquer outra coisa que cheire a dualidade é apenas um reflexo da realidade ou um reflexo da verdade, mas não a verdade. A verdade é apenas Deus e Cristo e não há absolutamente nada mais.

Não há como entender isso aqui, como será visto. As palavras Deus e Cristo não têm significado no Céu. As palavras Criador e Criação não têm significado no Céu. Eles têm significado para nós aqui, no entanto, esses são termos dualísticos.

Obviamente, nós falamos sobre Deus e nós falamos sobre Cristo. Nós falamos sobre o Pai e nós falamos sobre o Filho. Nós falamos sobre Deus como a Causa Primeira; nós falamos sobre Cristo como o Efeito. Essas são palavras importantes para nós aqui porque são significativas para nós.

No Céu, não existe estado de dualidade. Não existe Deus como uma consciência no nível da percepção [consciousness] separada que se percebe em relação a Seu Filho, Cristo. Não existe Cristo como uma consciência no nível da percepção [consciousness] separada que se percebe em relação ao Seu Criador.

Novamente, esses são termos dualísticos; essas são apenas palavras. No Curso tem uma passagem importante onde Jesus diz que ‘as palavras não são senão símbolos de símbolos. Estão, assim, duplamente afastadas da realidade’ (MP-21.1:9-10).

Portanto, as palavras Deus e Cristo simbolizam algo, mas nós, que somos criaturas de dualidade e especialismo, não temos como entender o que significa o conceito de unicidade, o que significa o conceito de não dualidade.

A ideia de que ‘em lugar algum o Pai chega ao fim para dar início ao Filho como algo separado de Si Mesmo’ (LE-pI.132.12:4) não faz sentido para nós.

Existem muitas passagens no Curso que refletem isso. Não há muito que nós somos capazes de dizer sobre isso, mas é, mais uma vez, extremamente importante que você entenda que esse é o ponto principal. Essa é a única verdade que existe, a única realidade. Tudo o mais é um sonho, tudo o mais é totalmente inventado.

Esse é um dos poucos lugares no Curso onde você é capaz de realmente ver não apenas uma descrição do Céu, mas quase uma definição dele.

“Não há nada fora de ti.” (T-18.VI.1.1)

Essa é uma declaração não dualística perfeitamente clara.

“Isso é o que tens que aprender em última instância, pois é o reconhecimento de que o Reino do Céu foi restaurado para ti.” (T-18.VI.1.2)

Existem muitos lugares no Curso onde Jesus diz coisas assim. Quando ele diz que isso é algo que você tem que aprender, ele está dizendo que isso é muito importante.

Se você leu esse Curso com marcadores coloridos prontos, essa é uma das afirmações que você tem que sublinhar. Ele está dizendo que é disso que se trata, que você aprende ‘não há nada fora de ti’.

Isso significa que não há Deus fora de você, não há Espírito Santo fora de você, não há Jesus fora de você, não há mundo fora de você.

Se você mantiver afirmações como essa em mente, você não irá cair na armadilha de fazer com que o erro seja real, de acreditar que existe um mundo lá fora que você tem que fazer algo, que você tem que curar [to heal], salvar, fugir, querer se unir, ou perdoar.

“Pois Deus criou apenas isso [ou seja, o Reino do Céu] e não foi embora nem te deixou separado de Si Mesmo.” (T-18.VI.1:3)

Essa é uma afirmação clássica não dualística. Esse é um reflexo de outro princípio importante no Curso, as ideias não deixam a sua fonte. [vide gráfico]

Nós somos uma ideia na Mente de Deus e nunca deixamos a nossa Fonte.

Isso significa que a separação nunca aconteceu. No início do Texto, Jesus diz que o Reino do Céu não está dentro de você. ‘O Reino do Céu és tu.’ (T-4.III.1:4)

Você é o Reino do Céu porque você é um só com Deus e Deus é o Reino.

“O Reino do céu é a morada do Filho de Deus, que não deixou o seu Pai e nem habita à parte Dele. [Mais uma vez, essas são expressões da perfeita Unicidade de Deus e Cristo.] O Céu não é um lugar nem uma condição. [E aqui está a definição:] É meramente uma consciência [no nível da realidade (awareness)] da perfeita unicidade e o conhecimento de que nada além disso existe, nada fora dessa unicidade e nada mais dentro dela.” (T-18.VI.1:4-6)

Se realmente nós pudéssemos entender isso, nós não necessitaríamos de mais nada no Curso.”

Mais tarde, o autor enfatiza uma passagem em que Jesus diz: ‘Dizemos: ‘Deus é’ e então deixamos de falar…’ (LE-pI.169.5:4). Não há mais nada a dizer. Deus é. Se Deus é, então o Seu Filho também é e não há mais nada.

Isso é provavelmente o mais perto que nós chegaremos no Curso de uma definição de Céu. É a ‘consciência no nível da realidade [awareness] da Unicidade perfeita e o conhecimento de que não há mais nada….

“Quando Jesus usa o Conhecimento, ele não está falando sobre conhecimento no sentido convencional onde você sabe (conhece) algo, você está ciente de algo. Isso é porque tudo ocorre dentro de uma estrutura dualística.

Conhecimento no Curso é apenas um sinônimo para aquele estado de Unicidade perfeita. É o estado do Reino, de puro Ser. É o ‘conhecimento de que não há nada mais; nada fora dessa Unicidade e nada mais dentro’.

O autor faz referência ao livro que ele escreveu com a sua esposa Gloria intitulado “Desperte a partir do Sonho” (“Awaken from the Dream”), onde há uma descrição adorável dessa unicidade do Céu:

… No Princípio, antes mesmo de haver um conceito de princípio, existe Deus, a nossa Fonte e a Fonte de toda a criação: uma perfeição e um resplendor cuja magnificência está além do entendimento; amor e gentileza de uma natureza tão infinita que a consciência no nível da percepção [consciousness] não era nem mesmo capaz de começar a sua apreensão; uma imobilidade imaculada de alegria ininterrupta; um fluxo imóvel sem atrito para impedi-lo; uma Integridade vasta, ilimitada e abrangente, além do espaço, além do tempo, na qual não há começo nem fim, pois nunca houve um tempo ou lugar em que Deus não existisse. …

Criação, como espírito, é abstrata, sem forma e imutável. A sua natureza é a unicidade, cujo conhecimento é que não há nenhum lugar em que o Criador termine e a criação comece. Não há limite, nem diferenciação, nem separação. No entanto, incluído nesse conhecimento está o fato de que nós não somos a Fonte da criação, embora nós permaneçamos Um Só dentro dela.

A Mente de Deus pode começar? A Mente de Deus pode acabar? Um Pensamento que faz parte dessa Mente pode ser algo diferente daquela Mente? Certamente não, visto que não há sujeito ou objeto no estado de Céu; nenhum observador ou observado. Não há percepção, simplesmente o conhecimento total de quem nós somos: uma glória de tal resplendor unificado que os conceitos de dentro e de fora não têm significado (Awaken from the Dream, pp. 3-4).

Não há como entender o que é, no entanto, você poderia pelo menos começar a entender que nada nesse mundo tem absolutamente nada a ver com isso, de qualquer maneira, formato ou forma.

Nós estamos falando sobre um conceito de unicidade e unidade que transcende totalmente qualquer coisa nesse mundo. Isso transcende o papel do Espírito Santo. Isso transcende o perdão. Isso transcende o milagre. Ele transcende Um Curso em Milagres.”

Dr. Wapnick faz referência também ao seu livro sobre a escriba Helen, “Ausência a partir da Felicidade” (“Absence from Felicity”), enfatizando que ele menciona que Helen obviamente tinha um relacionamento muito próximo com Jesus e certamente o considerava muito real, ocasionalmente ela lhe contava sobre uma experiência que ela teria de uma voz que era basicamente silenciosa e que transcendia a voz de Jesus.

“É disso que nós estamos falando. Essa experiência transcendeu a experiência dualística de ter um relacionamento com Jesus. Foi algo além até mesmo do que o Curso trata, porque o Curso diz que ele não é sobre o Céu e não é sobre a verdade. Trata-se de remover as interferências que nós colocamos entre nós e a verdade.

Repetidamente Jesus diz, de uma forma ou de outra, que o conhecimento não é o objetivo desse Curso, a unicidade não é o objetivo desse Curso. A paz é o objetivo desse Curso. E a paz em Um Curso em Milagres é alcançada por meio do desfazer do especialismo do ego.

Não é necessário entender ou saber o que é essa unicidade. Entretanto, novamente, se você irá realmente entender esse Curso, então você tem que entender que há algo além do que você pensa que essas palavras estão lhe dizendo.

Essas palavras estão dizendo a você uma coisa no nível da forma, porém no nível do conteúdo, se você as seguir sem julgá-las previamente, você será conduzido por elas além de tudo nesse mundo, como o Curso diz, imediatamente para o portão do Céu e então o Curso para. Ele cumpriu o seu propósito. Então, como Jesus disse, Deus o alcançará e o levará de volta a Si mesmo (ET-4.8:3). Esse não é o objetivo do Curso. Isso acontece depois.

‘O que a Vontade de Deus determina que seja para sempre Uno ainda será Uno quando o tempo tiver chegado ao fim e não será mudado ao longo do tempo, permanecendo como era antes que tivesse início a ideia do tempo.’ (LE-pII.11.2:4)

‘Nós somos a criação, nós, os Filhos de Deus. Parecemos ser separados e inconscientes da nossa eterna unidade com Ele. Entretanto, por trás de todas as nossas dúvidas, depois de todos os nossos medos, ainda há certeza. Pois o Amor permanece com todos os Seus Pensamentos e a Sua segurança pertence a eles. A memória de Deus está em nossas mentes santas, que conhecem a sua unicidade e a sua unidade com o seu Criador.’ (LE-pII.11.4:1-5)

Aqui nós vemos outra declaração muito clara de que o mundo de separação, das personalidades separadas, das individualidades, o mundo do distinto não tem nada a ver com o Céu.

Tudo isso faz parte da ilusão. Tudo faz parte do sonho e nós permanecemos, como diz o Curso, em casa em Deus, sonhando com o exílio (T-10.I.2:1). Nós permanecemos em casa em Deus naquele estado de perfeita Unicidade com Ele.

‘Deve-se notar especialmente que Deus só tem um Filho. Se todas as Suas criações são Seus Filhos, cada um tem que ser uma parte integral de toda a Filiação. A Filiação, em sua Unicidade, transcende a soma de suas partes.’ (T-2.VII.6:1-3)

Essa última linha é extremamente importante. Isso é repetido várias vezes no Curso de maneiras diferentes. O que Jesus está dizendo é que o que constitui Cristo, o que constitui o único Filho de Deus, não é somar todos os fragmentos aparentemente separados.

O que constitui Cristo é a sua unidade e a sua integridade perfeitas. A Unicidade transcende a soma de suas partes. O que define Cristo é essa Unicidade perfeita, não o conglomerado ou a soma total de todos os fragmentos aparentes. É assim que nós pensamos aqui.

É por isso que todo o pensamento da ideia do centésimo macaco, que muitos estudantes do Curso adotam e pensam que é disso que o Curso está falando, perde totalmente o ponto.”

O autor destaca que esse é um exemplo maravilhoso do tipo de coisa onde as pessoas pegam coisas do Curso fora do contexto e basicamente as entendem dentro do contexto de seu sistema de pensamento particular, ou de sua forma de espiritualidade.

Se você entende que o que define Cristo é a Sua integridade e unicidade perfeitas, então você não é capaz de somar um certo número de membros da Filiação, obter um número mágico que inclina o resto da Filiação e todos caem no colo de Deus. Se você entender e não aceitar nenhum compromisso no qual a dualidade desempenha um papel, você não cairá nessa armadilha.

As pessoas pegam a seção chamada ‘O Círculo da Expiação’, que fala sobre como os professores da inocência são reunidos e a implicação dessa seção é que você tem mais e mais pessoas dentro da Filiação – as pessoas interpretam isso como dizendo que têm que fazer com que mais e mais pessoas estudem o Curso; governos, líderes nacionais e mundiais têm que estudar o Curso.

Assim, nós colocamos mais e mais pessoas nesse círculo e, quando nós tivermos pessoas suficientes, todos serão puxados para dentro dele e, novamente, cairemos no Céu. Essa é uma espiritualidade muito boa. É capaz de funcionar para as pessoas. Ela não é Um Curso em Milagres.

Se você não aceitar nenhum compromisso no qual a dualidade desempenha um papel, você nunca poderá cair nessa armadilha, porque essa é uma afirmação dualística, que você pega pessoas que estão aparentemente separadas e você simplesmente consegue o suficiente delas em um só lugar e algo mágico acontecerá . Não é disso que trata esse Curso.

Se Cristo é totalmente um só, se como Jesus diz no Manual de Professores, é verdade que apenas um Professor de Deus é necessário para salvar o mundo (M-12.1:1), então você não some os números.

Não se trata de conseguir convertidos. É sobre cada estudante individual de Um Curso em Milagres aprendendo esse curso, aceitando a Expiação para si mesmo e, então, percebendo que eles são aquele um só.

Quando você começa a somar pessoas, está fazendo com que o erro seja real, fazendo com que a separação seja real e está dizendo que um certo número de pessoas é necessário para salvar o mundo.

O Manual deixa bem claro que apenas um só é necessário e Jesus não está falando sobre si mesmo. Ele seria um exemplo desse um só, no entanto, todos nós somos exemplos de um só.

Jesus é um exemplo de alguém que aceitou a Expiação para si mesmo, cuja mente está perfeitamente curada [healed], no entanto, nessa consciência no nível da realidade [awareness], nessa cura [healing], nessa aceitação da Expiação, ele conhece que não há Filhos separados. Ele vem a ser o Cristo porque agora reconhece que ele é o Cristo. Ele, como uma personalidade separada, desaparece porque nós somos todos Cristo, nós somos todos parte desse todo.

Não há como alguém nesse mundo entender como isso funciona e Jesus não nos pede para entender como funciona, mas o que ele pede que façamos é entender como nada mais funciona.

Se você entender como nada mais funciona, então deixará a porta aberta para o que realmente funciona e, na verdade, é a única coisa que funciona. Isto é muito, muito importante.

Se você tentar sobrepor em Um Curso em Milagres o seu próprio caminho espiritual, que pode ter milhares, centenas de milhares e até milhões de devotos, você nunca aprenderá o que esse Curso está dizendo. Não há nada mais nesse mundo como esse Curso.

Ele não está dizendo que você não encontrará Deus em outros caminhos, mas você não encontrará Deus se tentar fazer aquele outro caminho com o Curso. E você certamente não o encontrará com o Curso.

Você é capaz de construir a sua própria espiritualidade baseada em pequenos fragmentos do Curso e pequenos fragmentos desse e pequenos fragmentos daquilo e isso é capaz de funcionar para você, no entanto, isso não tem nada a ver com Um Curso em Milagres. Se você mudar um ensino nesse Curso, se você omitir um ensino nesse Curso, você omitiu todo o Curso.

É por isso que Jesus diz: ‘Acreditarás inteiramente nesse Curso ou não acreditarás em absoluto.’ (T-22.II.7:4)

Esse não é um Curso que você é capaz de escolher. Não é pecaminoso, perverso ou ruim, se você fizer isso, entretanto, isso então não é mais Um Curso em Milagres. É outra coisa. É espiritualidade eclética.

Não há absolutamente nada de errado em alguém fazer isso, promulgá-lo ou ensiná-lo, mas eles têm que ter a humildade, o bom senso e o respeito próprio para deixar claro para o mundo que eles não estão mais ensinando Um Curso em Milagres. Misture isso com qualquer outra coisa e você terá perdido o que é.

Assim como Cristo é definido por ‘o todo é maior do que a soma das partes’, esse Curso é da mesma forma. Isso é maior do que a soma de seus ensinamentos individuais. Os seus ensinamentos individuais formam um todo perfeitamente integrado que transcende qualquer declaração ou princípio. Isso é o que você tem que entender. Isso é o que é esse nível oculto do Curso, que você reconhece a totalidade perfeita que esse sistema de pensamento representa.

Novamente, você não necessita ser capaz de aceitá-lo totalmente. Você não tem que vivê-lo totalmente. Você não necessita entendê-lo totalmente, porém entenda que não há nada igual e nada mais que você pense que está dizendo é o que está dizendo. Isso irá deixar a porta aberta.”

Imagem sage-friedman-HS5CLnQbCOc-unsplash-1.jpg

..…Continua Parte III…..

“Um milagre é uma correção. Ele não cria e realmente não muda nada. Apenas olha para a devastação e lembra à mente que o que ela vê é falso. Desfaz o erro, mas não tenta ir além da percepção, nem superar a função do perdão. Assim, permanece nos limites do tempo.” (LE.II.13)

Nada real pode ser ameaçado.
Nada irreal existe.
Nisso está a paz de Deus.
T.In.2:2-4
Autor

Graduação: Engenharia Operacional Química. Graduação: Engenharia de Segurança do Trabalho. Pós-Graduação: Marketing - PUC/RS. Pós-Graduação: Administração de Materiais, Negociações e Compras - FGV/SP. Blog Projeto OREM® - Oficina de Reprogramação Emocional e Mental - O Blog aborda quatro sistemas de pensamento sobre Espiritualidade Não-Dualista, através de 4 categorias, visando estudos e pesquisas complementares, assim como práticas efetivas sobre o tema: OREM1) Ho’oponopono - Psicofilosofia Huna. OREM2) A Profecia Celestina. OREM3) Um Curso em Milagres. OREM4) A Organização Baseada na Espiritualidade (OBE) - Espiritualidade no Ambiente de Trabalho (EAT). Pesquisador Independente sobre Espiritualidade Não-Dualista como uma proposta inovadora de filosofia de vida para os padrões Ocidentais de pensamentos, comportamentos e tomadas de decisões (pessoais, empresariais, governamentais). Certificação: “The Self I-Dentity Through Ho’oponopono® - SITH® - Business Ho’oponopono” - 2022.

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[…] a leitura dos artigos 34 – Confusão de Níveis em UCEM – Parte I, 35 – Confusão de Níveis em UCEM – Parte II e 36 – Confusão de Níveis em UCEM – Parte […]

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