Trechos do Workshop realizado na Fundação para Um Curso em Milagres – Temecula CA – Ministrado pelo Dr. Kenneth Wapnick, Ph.D.
Artigo: “Jesus: The Manifestation of the Holy Spirit”
Tradução livre Projeto OREM®
…Continuação da Parte II…
“Este conjunto de fitas foi originalmente um workshop realizado em dezembro de 1990 na Fundação para Um Curso em Milagres. A apresentação concentrou-se na importância de nós permanecermos fiéis à nossa experiência de Jesus, ao mesmo tempo em que nós reconhecemos que a sua realidade transcende essas experiências individuais. A discussão no workshop também se concentrou em profundidade na relação de Jesus com Helen Schucman, a escriba do Curso e com o próprio Um Curso em Milagres. A nossa experiência e a realidade de Jesus são apresentadas no contexto do símbolo de uma escada, o símbolo usado no panfleto escrito ‘A Canção da Oração’.
A nossa jornada de volta para casa é um processo, com Jesus servindo tanto como nosso guia na ilusão, experienciada nas formas mais significativas para nós, quanto ao mesmo tempo como o final da jornada como lembrete de nossa verdadeira realidade como Cristo. Nas palavras da Lição 302 no livro de exercícios: ‘O nosso Amor nos espera quando vamos a Ele e anda ao nosso lado mostrando-nos o caminho. Ele não falha em nada. Ele é o fim que buscamos e o meio pelo qual vamos a Ele.’
O que se segue são excertos da transcrição editada do workshop.
Jesus: A Manifestação do Espírito Santo
Parte VI
Continuação de ‘A Oração Verdadeira’ (A Canção da Oração, CO-1.1)
Parágrafo 3 – Sentenças 1-2: ‘Não podes, portanto, pedir o eco. É a canção que é a dádiva.’
“O eco seria todas as coisas específicas que nós estamos pedindo. Pode ser algo que nós consideramos santo, importante e maravilhoso, ou algo que nós consideramos trivial e mundano, como uma vaga de estacionamento. Isso não importa. Existem várias linhas relacionadas a essa ideia na Seção chamada ‘A resposta à oração’, que é uma Seção extremamente útil sobre oração. No início dessa Seção, Jesus diz:
Todos que já tentaram usar a oração para pedir alguma coisa vivenciaram o que aparente ser um fracasso (T-9.II.1:1).
Isso não foi feito apenas para Helen. Isso é para todos. Todos nós caímos nessa armadilha. E o que nós pedimos pode ser algo tangível. Pode ser um conselho, ou pode ser um sentimento. Isso não importa.
Isso não é verdadeiro não somente em relação a certas coisas específicas que poderiam ser danosas [todos nós queremos muitas coisas no mundo que no final serão danosas para nós], mas também em relação a pedidos que estão estritamente de acordo com esse curso. (T-9.II.1:2).
‘Pedidos que estão estritamente de acordo com esse curso’ podem ser: ‘Jesus, por favor, ajude-me a ficar em paz.’ Quase ninguém diria que isso é uma coisa ruim de se pedir. Eu não estou pedindo um milhão de dólares ou uma Mercedes Benz. Tudo o que eu estou pedindo é que eu me sinta melhor. Mas as pessoas ainda experienciarão a mesma sensação de fracasso e perguntarão: ‘Onde diabos está Jesus quando eu preciso dele?’ Sabendo qual será a nossa reação, Jesus continua,
O último caso, em particular, pode ser incorretamente interpretado como uma ‘prova’ de que o curso não se atém ao que diz (T-9.II.1:3).
O ego é muito, muito escorregadio e está sempre tentando prender Jesus e o seu Curso em um erro. Nós não percebemos que inconscientemente nós o estabelecemos. Esse Panfleto foi escrito em 1977, alguns anos após o Curso, que foi concluído em 1972 e publicado em 1976. O Panfleto veio como uma correção para o que já estava sendo mal compreendido no Curso. Os estudantes estavam confundindo símbolo e realidade, pensando que o propósito do Espírito Santo é simplesmente nos dar vagas de estacionamento ou curar o câncer, ou responder a todos os outros pedidos e necessidades específicas que nós temos. E Jesus está dizendo: ‘Não é disso que eu estou falando. Esse tipo de pedido é apenas a base da escada. O meu propósito não é pegar a sua mão e lhe dar tudo o que você precisa. O meu propósito é pegar a sua mão e lembrá-lo que o que eu sou, você também é. Esse é o meu propósito.’
E então Jesus está nos dizendo: ‘Você não quer o eco. Você não quer a resposta específica para o pedido específico. O que você quer, o que é a minha dádiva para você, é a canção.’ E a canção é o Amor de Deus que Jesus representa. Esse é o conteúdo que nós queremos. E mesmo o amor de Jesus não é a resposta final. Mas dentro do sonho, quando nós pegamos em sua mão e aceitamos o seu amor, é o mais perto que nós chegamos de voltar para casa. Uma vez que realmente nós nos identifiquemos com Jesus e aceitemos o nosso amor por ele e o seu amor por nós, tudo o mais nos será dado, como afirma o próximo parágrafo. Mas lembre-se, ele está nos dizendo aqui que a dádiva é o seu amor. Essa é a canção. A dádiva não é a forma, nem a estrutura particular que a água assume. Nós dizemos a Jesus: ‘Eu quero que você me arranje um lugar para estacionar’ — essa é a estrutura do vidro que nós lhe apresentamos. E então nós mergulhamos aquele copo no oceano e obtemos apenas um pouco de água em uma forma específica.
“E Jesus está dizendo: …O meu propósito não é pegar a sua mão e lhe dar tudo o que você precisa. O meu propósito é pegar a sua mão e lembrá-lo que o que eu sou, você também é. Esse é o meu propósito.”
E então nós tornamos a forma real. É como se nós pegássemos o copo ou o pequeno dedal cheio de água e o puséssemos no freezer e congelássemos. E então nós dizemos: ‘Esse é Jesus, bem aqui. Ele me dá uma vaga no estacionamento. Ele não é maravilhoso?’ É com isso que nós acabamos. Nós tornamos isso real e então o adoramos. Esse é o mesmo erro em que todas as religiões caíram, sejam Judaicas, Cristãs ou qualquer outra — nós confundimos a forma com o significado. E nós acabamos adorando a forma, o ritual e a estrutura. Nós ouvimos uma palavra do Céu e nós pensamos que a palavra é a dádiva. Deus não fala em palavras. Deus não entende palavras. Jesus não entende palavras. A palavra que nós experienciamos não é a dádiva. A dádiva para Helen e, portanto, para o mundo, não seria meio milhão ou quantas palavras houver nesse livro. A dádiva é que as palavras nos levam ao amor que transcende o livro – essa é a dádiva. As palavras são degraus e são extremamente úteis. Mas as palavras não são santas.
Esse não é um livro santo. Como livro ele não é santo. Eu posso escrever nele, eu posso rasgá-lo, eu posso pisar nele — não importa. O que é santo é o amor que o inspirou. E o amor que inspirou esse livro é o mesmo amor que está na mente de Helen, na sua mente e na minha. Ele não é diferente. Essa é a lição. Nós não adoramos o livro ou qualquer coisa associada ao livro, como qualquer uma das histórias associadas ao livro. Não poderia haver erro mais trágico em termos de consequências. Então nós acabamos fazendo um deus da forma. Nós acabamos pegando esse pequeno dedal de água, congelando-o e dizendo: ‘Esse é Deus’, ‘Esse é Jesus’ ou ‘Esse é o Curso’. Isto não é o que é. Todo o propósito novamente desse Panfleto era corrigir os erros que já estavam começando a acontecer nos dois primeiros anos de publicação do Curso.
Novamente, Jesus está dizendo que nós queremos a canção. Nós não queremos a forma em que a canção vem. Enquanto nós acreditarmos que nós somos uma forma e nós acreditarmos que nós somos um ser separado, nós não entenderemos a mensagem nesse contexto, nessa forma. Mas isso não o torna real, assim como a nossa percepção de que o sol nasce e se põe torna isso realidade. O sol não nasce e se põe – a terra se move. O sol está perfeitamente estacionário. A ilusão é que o sol nasce e se põe — essa é a nossa experiência. Isso não o torna verdade, no entanto. Da mesma forma, se eu sentir que Jesus me deu uma vaga para estacionar – e explicarei o que realmente está acontecendo mais tarde – isso não significa que ele me deu uma vaga. Significa que eu experienciei Jesus me dando uma vaga no estacionamento. Por outro lado, porém, isso não significa que a experiência em si esteja errada. É a minha interpretação que está errada. Se a minha interpretação se concentra na forma, igualando o símbolo à verdade, então eu estou errado. Mas se eu posso ver a experiência como um trampolim que aponta para a verdade além da experiência, então isso é algo completamente diferente.
Mais uma vez, as palavras (a forma) não são santas. O amor (o conteúdo) é santo. As palavras são simplesmente o reflexo da santidade. Essa é uma ideia que nós encontramos expressa muitas vezes no Curso. O Curso deixa claro que não há santidade nesse mundo, apenas o reflexo da santidade. De fato, uma seção do Texto é intitulada ‘O reflexo da santidade’ (T-14.IX). Em outro lugar, Jesus diz que o amor sem ambivalência é impossível nesse mundo (T-4.III.4:6). O amor pertence a Deus. Nesse mundo nós não encontramos o amor, mas o reflexo do amor, que é o perdão. Assim, o objetivo do Curso é nos ensinar como perdoar, não como amar. O perdão desfaz todos os obstáculos ou barreiras ao amor. Na seção chamada ‘Arautos da eternidade’ (T-20.V), o ‘arauto da eternidade’ é o relacionamento santo. A eternidade não é possível nesse mundo. Mas o que prenuncia o Céu, o que nos leva ao Céu, é o perdão que se expressa em um relacionamento santo. O Curso também fala sobre o instante santo, referindo-se ao instante em que nós escolhemos o Espírito Santo ao invés do ego, que é o reflexo da Santidade de Deus.
Um dos conceitos-chave do Curso é o mundo real. Mas os dois mundos, como Jesus menciona em um lugar no Texto, são uma contradição (T-26.III.3:3). O mundo é ilusão, como poderia ser real? O significado do termo – extremamente importante no Curso – é que o mundo real é o reflexo da realidade do Céu. Não é o Céu. O mundo real é o conceito do Curso para o sonho em que não há pensamentos de separação ou pecado. Ainda é uma ilusão, mas é o reflexo da realidade do Céu.
“O amor pertence a Deus. Nesse mundo nós não encontramos o amor, mas o reflexo do amor, que é o perdão. Assim, o objetivo do Curso é nos ensinar como perdoar, não como amar. O perdão desfaz todos os obstáculos ou barreiras ao amor.”
Jesus está nos dizendo: ‘Não confunda o reflexo com a verdade. Não adore o reflexo.’ É isso que ele quer dizer no início do Texto quando diz que sentir reverência em sua presença é inapropriado, porque ele e nós somos iguais. Ele diz que é apropriado sentir admiração na presença de nosso Criador, porque Ele nos criou – nós não O criamos. Mas a admiração em resposta a Jesus é inadequada, porque ele é nosso igual (T-1.II.3:1-6). Ele está nos dizendo para não confundir o reflexo do Amor de Deus – que ele é – com o amor real. Essa é a armadilha e nós veremos todas as suas implicações à medida que continuarmos discutindo isso.
“O mundo real é o conceito do Curso para o sonho em que não há pensamentos de separação ou pecado. Ainda é uma ilusão, mas é o reflexo da realidade do Céu.”
Vamos continuar lendo, começando de novo no início do Parágrafo três.
Parágrafo 3 – Sentença 1: ‘Não podes, portanto, pedir o eco.’
Agora, com isso Jesus não quer dizer que nós não podemos pedir o eco – nós pedimos o eco o tempo todo. Ele realmente quer dizer que nós não devemos pedir o eco no sentido de acreditar que o eco é a dádiva. Nós sempre pediremos alguma coisa, porque ainda nós acreditamos que estamos separados.
Parágrafo 3 – Sentenças 2-3: ‘É a canção que é a dádiva. Junto com ela vêm os tons maiores, as harmonias, os ecos, mas esses são secundários.’
As coisas específicas que nós acreditamos ouvir de Jesus são secundárias. O importante é a experiência do amor quando nos unimos a ele. Ele não está nos pedindo para negar o que nós experienciamos, mas está nos ajudando a entender que a forma da experiência não é o que importa. É o amor sob a forma que é a dádiva – é isso que nós queremos.
Parágrafo 3 – Sentenças 4-5: ‘Na oração verdadeira, tu ouves apenas a canção. Todo o resto é meramente acrescentado.’
O degrau mais alto da escada é a canção da oração — e essa é uma canção sem som, sem palavras. Esse é o nosso objetivo final. Nenhum de nós está nesse nível e ele não está nos pedindo para estar nesse nível. Mas ele está nos lembrando que essa é a realidade. ‘Todo o resto é meramente adicionado.’
Parágrafo 3 – Sentença 6: ‘Buscaste em primeiro lugar o Reino do Céu e tudo o mais, de fato, te foi dado.’
Isso é tirado da famosa passagem do Sermão da Montanha. Basicamente, esse é o ponto principal disso. Quando nós buscamos o seu amor e a sua canção e nos unimos a isso, tudo o mais virá automaticamente até nós – às vezes na forma que nós precisamos, às vezes na forma que nós esperamos, às vezes até na forma que nós queremos. Mas quando nós nos identificamos com o amor de Jesus e experienciamos o seu amor, o seu conforto e a sua presença, a forma não importa mais para nós.
Parte VII
Continuação de ‘A Oração Verdadeira’ (A Canção da Oração, S-1.1)
Vejamos agora o famoso exemplo da vaga de estacionamento — depois disso, eu darei outro exemplo. A vaga de estacionamento é uma das favoritas — você ouve falar disso o tempo todo nos círculos de Um Curso em Milagres: ‘Um Curso em Milagres me dá vagas de estacionamento.’ ‘O Espírito Santo me dá vagas de estacionamento.’ A experiência das pessoas é que, quando elas estão dirigindo para o centro da cidade em uma área lotada, elas pedem a Jesus ou ao Espírito Santo uma vaga de estacionamento e, vejam só, dobram a esquina e há uma vaga. Então elas somam dois e dois, e obtêm cinco – ‘O Espírito Santo me deu a vaga para estacionar’.
Além do que realmente aconteceu, do qual eu falarei em breve, o verdadeiro erro em tudo isso é se contentar com muito pouco. Mesmo que Jesus tenha nos dado a vaga no estacionamento, qual é o problema? Isso não vai me deixar um passo mais perto do Reino dos Céus – e é isso que eu realmente quero. Conseguir uma vaga de estacionamento não vai me acordar do sonho. Muito pelo contrário, isso poderia me seduzir a querer estar nesse sonho ainda mais, porque me mostra que mundo maravilhoso é esse – onde o amor de Jesus e do Espírito Santo desce e resolve todos os meus problemas para mim. Faz muito mais sentido pedir a Jesus que nos ajude com a ansiedade gerada por não encontrar um lugar para estacionar. Isso é algo que ele pode nos ajudar.
Há uma passagem instrutiva no Texto que trata dessa questão, sem, é claro, mencionar as vagas de estacionamento. O contexto imediato dessa passagem, que veio relativamente cedo no ditado, foi Helen pedindo a Jesus para remover o seu medo. Ela estava sempre em um estado de grande agitação e medo. E ela percebeu que era isso que Jesus foi ‘pago para fazer’: liberar o medo dela. [risos] Talvez, em parte, ela sentisse que estava pagando a ele abandonando o seu maldito curso, então o mínimo que ele podia fazer por ela em troca era liberar um pouco do medo dela. [risos] Mas não foi isso que ele fez. E então ele disse a ela:
A correção do medo é tua responsabilidade. Quando pedes a liberação do medo, estás deduzindo que não é. Deverias pedir, ao invés disso, ajuda nas condições que trouxeram o medo. Essas condições sempre acarretam uma disponibilidade para estar separado. Nesse nível podes evitar isso (T-2.VI.4:1-5).
Jesus estava dizendo a Helen que, qualquer que fosse a coisa específica que ela temia, tinha a ver com algum aspecto do corpo, algum aspecto da forma. Helen estava pedindo a Jesus que a ajudasse a não ter tanto medo de adoecer, ou de seu marido adoecer, ou dessa ou daquela coisa terrível acontecer. Ela estava pedindo a ele para ajudar a tirar esse medo. E ele estava dizendo: ‘Não há nada que eu possa fazer por isso, porque eu não estou aqui no mundo. Eu estou em sua mente.’ No Gráfico, o nível superior ou caixa é a mente – que é onde Jesus realmente está – e o nível da forma é onde o experienciamos – que está no corpo. Ele está dizendo: ‘Eu estou em sua mente. Eu não estou em seu corpo. E o problema não é o objeto específico do seu medo. O problema é que você se separou de mim’.
Mais uma vez, como Jesus diz aqui, as condições que levaram ao medo ‘sempre implicam uma disposição de estar separado’. Em última análise, é a vontade ou a escolha de estar separado de Deus. Dentro do sonho, a decisão de estar separado de Deus é expressa na decisão de estar separado de Jesus ou do Espírito Santo – esse é o problema. E então Jesus estava dizendo a Helen:
Eu não posso ajudá-la com o objeto de seu medo. Eu não posso ajudá-la com o seu medo de não encontrar uma vaga para estacionar. Mas eu posso ajudá-la com a decisão que tomou de se separar de mim. E eu a ajudo simplesmente por estar vivo e presente em sua mente. A minha presença irá lembrá-la de que você é aquela que escolheu se separar de mim. Portanto, você é a única que pode escolher se juntar a mim.
O problema então não era que Helen estivesse com medo. O que quer que ela pensasse que tinha medo, a verdadeira causa de seu medo era estar separada de Jesus – essa era a causa. Jesus faz o mesmo ponto novamente para Helen algumas páginas mais tarde no Texto. (Isso foi escrito um ou dois dias depois, quando ela ainda estava com medo.) Ele começou a próxima Seção dizendo: ‘Podes ainda reclamar do medo, mas apesar disso persistes em amedrontar a ti mesmo’ (T-2.VII.1:1). Jesus estava dizendo a Helen: ‘Não me culpe porque você está com medo.’ Ele disse isso muito mais gentilmente do que isso, mas era basicamente isso que ele estava dizendo a ela: ‘Não é a minha culpa. Você é quem está escolhendo ter medo.’
Continuando com esse parágrafo, Jesus disse a ela:
Eu já indiquei que não podes pedir a mim que te liberes do medo. Eu sei que o medo não existe, mas tu não sabes. Se eu interviesse entre os teus pensamentos e os seus resultados, eu estaria adulterando uma lei básica de causa e efeito, a lei mais fundamental que existe. Dificilmente eu poderia te ajudar se depreciasse o poder de teu próprio pensamento. Isso estaria em oposição direta ao objetivo desse curso. É muito mais útil [e essa é uma linha muito importante que nos diz o que Jesus faz] lembrar-te de que não vigias os teus pensamentos com suficiente cuidado (T-2.VII.1:2-7).
Na Seção anterior, ele havia dito: ‘Tu és por demais tolerante em relação às divagações da mente..’ (T-2.VI.4:6). Então Jesus está lembrando a todos nós que o problema é que somos nós que nos afastamos dele. Nós nos afastamos do pensamento de amor que ele representa e simboliza em nossas mentes e nós estamos perambulando nos pensamentos do ego de medo, separação, culpa, ansiedade, dor e sofrimento, etc. Portanto, Jesus brilha como um farol em nossas mentes, simplesmente chamando todos aqueles navios – todos aqueles pensamentos em nossas mentes – que estão vagando na escuridão, de volta para ele. É assim que ele nos ajuda.
Agora, a nossa vaga de estacionamento: Então, aqui estou eu dirigindo para uma reunião no centro da cidade e começo a me preocupar em não ter vaga para estacionar o meu carro. Talvez eu já esteja alguns minutos atrasado e eu estou sentindo que algo terrível vai acontecer se eu chegar atrasado na reunião. Ou talvez eu esteja pensando que se eu pedir a Jesus uma vaga de estacionamento e conseguir, eu posso dizer ao meu grupo de Um Curso em Milagres essa noite que estudante maravilhoso de Um Curso em Milagres eu sou, quão especial eu sou para o coração de Jesus, porque o coração de Jesus se abriu para mim e me mostrou onde ir para uma vaga de estacionamento.
As especificidades da minha preocupação em encontrar uma vaga de estacionamento não importam. Uma vez que eu estou pedindo a Jesus para me dar uma vaga no estacionamento, eu fiz muito bem feito uma corrida final em torno dele. Eu caminhei direto para a armadilha do ego. Para o que eu realmente quero ajuda não é que eu encontre a vaga para estacionar e desfaça o medo de não encontrar uma vaga. Mas, em vez disso, eu realmente quero ajuda com o fato de que obviamente eu acredito que estou dirigindo sozinho para o centro da cidade e que Jesus não está mais no carro comigo. Esse é o problema. Se eu soubesse que ele estava no carro comigo, que diferença faria uma vaga boba de estacionamento? Como poderia qualquer um de nós nesse mundo, experienciando o Amor de Deus em nossas mentes, ter qualquer preocupação, ansiedade ou desejo de encontrar uma vaga boba para estacionar? O lugar de estacionamento torna-se muito importante quando nós nos esquecemos que há alguém conosco. Nós largamos a sua mão e o chutamos para fora do carro e agora nós acreditamos que nós estamos sozinhos — é daí que vem a nossa ansiedade. A minha preocupação por não ter lugar para estacionar o meu carro nada mais é do que o reflexo da minha real preocupação por ter perdido o meu ‘lugar de estacionamento’ no Céu e que quando finalmente voltar para casa, Deus dirá: ‘Eu sinto muito – todas as vagas estão ocupadas.’ [risos] Esse é o medo. Caso contrário, ninguém no mundo jamais se preocuparia com uma vaga de estacionamento, ou um lugar na fila do supermercado, ou qualquer outra coisa que nos deixa loucos.
A nossa preocupação por não haver espaço ou vaga suficiente para nós, ou por alguém empurrando à nossa frente, etc., é realmente o símbolo de nossa ansiedade e medo de que alguém tenha roubado o nosso lugar no Céu. Isso é exatamente o que o ego nos diz – Deus está tão zangado conosco por causa do que nós fizemos e do que nós roubamos Dele, que Ele nunca nos deixará voltar. Então, realmente nós queremos ajuda para desfazer a causa da ansiedade sobre o espaço no estacionamento, não com a forma do espaço do estacionamento. É isso que Jesus está dizendo nessa passagem. ‘Você não quer o eco, você não quer os sobretons, você não quer os harmônicos. Você quer a canção. Você não quer a vaga de estacionamento. Você quer reviver o meu amor, que você acredita que jogou fora.’ Por isso, nós não pedimos ajuda com o espaço do estacionamento. Nós pedimos ajuda para deixar de lado a ansiedade que vem automaticamente quando nos sentimos separados de seu amor. Esse é o problema.
Agora, estar separado do amor de Jesus e experienciar o seu amor também é uma ilusão, porque o Amor de Cristo não está separado em Jesus e em mim. No entanto, dentro da ilusão, dentro do sonho, esse é o pensamento mais útil que eu poderia ter. Experienciar o seu amor cada vez mais me ajudará a perceber, em última análise, não apenas que eu nunca estou separado de seu amor, mas que eu sou esse amor. E como eu poderia estar separado do meu próprio Eu? Há uma passagem no Texto em que Jesus fala de quão ‘ridículo seria a natureza rugir contra o vento com raiva, proclamando que ele já não faz mais parte dela.’ O vento faz parte da natureza. Então, como uma parte de Deus pode estar em guerra consigo mesma (T-23.I.4:7-9)? Unir-se a Jesus, embora seja um símbolo, é o único símbolo significativo para nós nesse mundo que reflete o que é o Amor de Deus. E é isso que nós queremos. Esse é o ponto principal – não pedir detalhes, mas pedir o amor que está além dos específicos.
“Por isso, nós não pedimos ajuda com o espaço de estacionamento. Nós pedimos ajuda para deixar de lado a ansiedade que vem automaticamente quando nos sentimos separados de seu amor. Esse é o problema.”
Deixe-me dizer algo agora, no contexto desse exemplo, sobre uma preocupação que os estudantes expressaram em relação ao que eles experienciam como fracasso na oração. Suponha que eu não consiga a vaga de estacionamento hoje. Quando eu dirigi para o centro da cidade ontem, eu consegui um lugar de estacionamento maravilhoso. Mas hoje eu não consegui. E eu me sinto horrível. E não apenas me sinto horrível, mas como um ego bom e saudável eu não me culpo. Eu nem culpo os outros carros. Eu culpo Jesus. Assim, os meus pensamentos são: ‘Onde você está? Você me ajudou ontem e foi ótimo, mas agora você não está aqui.’ O problema em tudo isso é que toda a minha atenção está voltada para a forma. E começo a pensar que a única maneira de saber que eu sou amado por Deus, que eu sou uma pessoa que vale a pena e que eu não sou culpado, é se algo de bom acontecer comigo. Então, agora eu estou usando a vaga de estacionamento como forma de provar que eu sou uma pessoa digna ou uma pessoa sem valor. Talvez o valor para mim hoje de não conseguir uma vaga de estacionamento seja perceber que a minha autoestima não depende de eu conseguir a vaga de estacionamento – que o amor de Jesus está comigo, quer eu consiga a vaga ou não. Mas o ego está sempre pronto para entrar e me dizer que eu sou um fracasso, ou que eu sou um sucesso por causa do que aconteceu.
Como forma de elaborar isso, deixe-me contar outra história, envolvendo Helen. Essa é uma história útil para contrastar a nossa experiência da ajuda de Jesus com a realidade dessa ajuda. Também nos ajudará a entender o que realmente está acontecendo com a vaga de estacionamento, com as curas físicas ou qualquer outra coisa.
A história é sobre Helen e um cílio. Muitos anos atrás — por volta de 1975 ou 1976 — Helen, Bill [Thetford], Judy [Skutch] e eu estávamos na Costa Oeste. Uma tarde, Helen e eu fomos a uma igreja — Helen gostava de ir a igrejas. Essa era uma linda capela construída pelo irmão de uma grande amiga nossa, uma freira. A nossa amiga nos disse que quando nós estivéssemos em São Francisco, nós deveríamos ver essa capela que o seu irmão, arquiteto, havia construído. Então nós fomos. Nos sentamos em um dos bancos e estávamos perto de orar. De repente, Helen parou e disse: ‘Eu estou com um cílio no olho’. E ela acrescentou: ‘Jesus sempre tira os cílios para mim’. Agora, Helen não era uma pessoa simplória — ela era de fato bastante brilhante — e a sua espiritualidade não estava em um nível simplório. Mas foi exatamente isso que ela disse: ‘Jesus tira o cílio para mim (no que me diz respeito) o tempo todo’. E eu disse: ‘Oh, isso é interessante.’ Então ela explicou: ‘O que eu faço é fechar os meus olhos e pedir a ele para removê-lo. E então eu abro os meus olhos e o cílio está sempre para fora’. Então eu disse: ‘Bem, isso é ótimo. Vamos fazer isso.’ Então nós fizemos. Nós fechamos os olhos e, em poucos minutos, os abrimos. E, com certeza, havia um cílio na bochecha de Helen. ‘Isso sempre acontece. Ele sempre faz isso por mim’, disse ela. E esse é o fim da história.
Se nós simplesmente considerarmos a história pelo seu valor aparente – se simplesmente nós considerarmos o que Helen experienciou como fato, isso significaria que Jesus enfiou o dedo no olho dela e tirou o cílio. Pois, com certeza, em um minuto havia um cílio em seu olho, no minuto seguinte estava em sua bochecha. Obviamente, porém, Helen realmente não pensou que Jesus fez isso. Eu não penso que ele fez isso. Mas essa foi a experiência dela. Ela experienciou a si mesma como não tendo nada a ver com os cílios – que é exatamente a nossa experiência usual. Nós achamos que nós não tivemos nada a ver com conseguir uma vaga no estacionamento, com a cura do câncer em nossos corpos, com qualquer coisa que tenha acontecido conosco. Jesus fez isso por nós, nós pensamos.
Agora eu quero explicar o que realmente aconteceu. Esse exemplo com Helen é particularmente instrutivo para contrastar a experiência do que acontece com o que realmente acontece — a diferença entre o símbolo e a realidade. Nós não queremos confundir os dois. Mas, para explicar isso, eu devo dizer um pouco sobre como Helen se defendia de Jesus. Uma de suas maneiras favoritas era atacar os seus olhos. No Curso – e isso é verdade para muitas outras espiritualidades – a visão é um símbolo importante. O Curso tem muito sobre compartilhar percepção com o Espírito Santo, olhar através de Seus olhos, ver com a visão de Cristo, etc.
Em sua mente, Helen não só podia ouvir a voz de Jesus, mas também tinha todos os tipos de visões, desde pequena. A visão para ela sempre foi um símbolo muito poderoso. Helen gastou muita energia e esforço em sua vida tentando separar-se de Jesus e de Deus. De uma forma ou de outra, ela estava sempre tentando resistir a Jesus e a sua mensagem, tentando não fazer o que lhe foi dito – antes, bem como durante e depois do tempo em que o Curso estava acontecendo. Sempre houve um tema em sua vida de resistir a Jesus. Uma das maneiras pelas quais ela expressou essa resistência foi atacando os seus olhos. Em um ponto quando Helen estava fazendo o Curso, ela passou por dois ou três dias quando ela literalmente não podia ver. Ela realmente perdeu a sua visão física. Ela ficou muito preocupada e por isso foi ao Instituto de Olhos, que fazia parte do Centro Médico onde ela trabalhava. Eles fizeram um exame completo dela e não encontraram nada fisiologicamente errado com os seus olhos. Dentro de um ou dois dias a sua visão voltou.
O Panfleto Psicoterapia fala sobre como entender a forma que um sintoma assume ajudará a entender a forma de falta de perdão que está na mente (P-2.VI.5:1-3). Essa ideia não é nova para o Curso – os Psicanalistas sabem há anos que a forma que um sintoma assume fisicamente muitas vezes reflete o conflito na mente de alguém. Já que Helen estava com medo de ver o que Jesus estava mostrando a ela no Curso e compartilhar a sua visão, obviamente, uma maneira de expressar esse medo e resistência era atacar a sua visão física. Um dos medos mórbidos de Helen durante toda a sua vida — e certamente no último período de sua vida quando eu a conheci — foi o medo de ter um descolamento de retina. Então, nos últimos dois anos de sua vida, ela realmente teve um descolamento de retina. Uma parte de sua mente sempre foi tentada a atacar a sua visão como forma de expressar em forma a sua tentativa de atacar Jesus mantendo-o afastado.
Jesus muitas vezes tentou ajudar Helen a olhar para ele na cruz. Como eu disse, ela era uma pessoa muito visual. Muitas vezes ele dizia a ela: ‘Olhe para mim na cruz’. A questão toda era que se ela olhasse para ele na cruz, ela não veria uma pessoa sofrendo e morrendo. Ela veria alguém que não estava com nenhuma dor. O sofrimento de Jesus na cruz foi algo que nós inventamos. Obviamente, esse é um tema importante no Curso. Mas Helen nunca conseguia olhar. Lembro-me de muitas vezes estar com ela e tentar ajudá-la a olhar para ele de frente. Mas, em vez disso, ela pegava a imagem de Jesus na cruz e rapidamente a deslocava para a área inferior esquerda de seu campo visual, para que ela não pudesse olhar diretamente para ele. Ela estava com medo do que veria. O seu ego lhe disse que ela veria alguma expressão de ódio, culpa e assassinato. Claro, ela realmente teria visto uma expressão do Amor de Deus.
O medo de olhar é outro tema importante do Curso. Duas seções no Texto tratam disso — ‘Olhar para dentro’ (T-12.VII) e ‘O medo de olhar para dentro’ (T-21.IV). A última Seção diz que ‘o ego te diz que não olhes para dentro [dentro de sua mente], pois se o fizeres, os teus olhos tocarão o pecado, e Deus te trespassará, cegando-te’ (T-21.IV.2:3). E então explica que o ego está realmente com medo de que nós olhemos para dentro e vejamos que não há pecado (T-21.IV.2-3). Esse é o verdadeiro medo. Esse era o medo de Helen. E esse é o medo de todos.
Assim, Helen atacava os olhos como forma de expressar esse medo de olhar – não apenas de olhar para Jesus como ele realmente é, mas também de olhar para a sua mensagem. A principal forma de expressar esse medo foi o descolamento de retina ou uma espécie de cegueira psicológica. A maneira menor era ter um cílio caindo em seu olho – os seus cílios eram muito longos e muitas vezes caíam. Todos esses problemas com os olhos expressavam esse impedimento de realmente olhar e aceitar a mensagem de Jesus.
Voltando agora à nossa história de Helen – o pensamento que a levou a colocar o cílio em seu olho era o seu medo e resistência em se unir a Jesus. Então, antes de nós nos sentarmos no banco para orar, uma parte da mente de Helen que ela havia reprimido disse a Jesus: ‘Eu estou com muito medo de você. Eu estou com muito medo de sentir o seu amor. Eu o manterei longe.’ Esse pensamento então se expressou na forma do cílio caindo em seu olho. Em outras palavras, o cílio em seu olho expressava a decisão que a sua mente tomou de se separar do amor de Jesus. Foi ela quem colocou o cílio no olho. Foi ela quem teve o pensamento de se afastar do amor de Jesus – um amor do qual ela sempre esteve muito, muito próxima.
Se nós parafrasearmos a mensagem de Jesus para Helen que nós lemos anteriormente, nessa situação, Jesus está dizendo a Helen: ‘Não me peça para tirar o seu cílio de você – do seu olho. Peça-me para ajudá-la a remover as condições que levaram ao cílio em seu olho.’ Helen foi quem tomou a decisão de se afastar de Jesus, resultando no cílio caindo em seu olho. Quando ela então me disse: ‘Mas eu sei que se eu pedir ajuda a Jesus, ele vai arrancar o cílio’, ela estava mudando de ideia. Ela estava dizendo a Jesus: ‘Agora eu vou me unir a você. No entanto, eu não posso me unir ao seu amor como é. Eu só posso me unir a uma parte do seu amor. Eu só posso experienciar um cílio digno do seu amor, não o totalidade do seu amor, porque isso é muito assustador. A única maneira que eu posso aceitar o seu amor é segurar esse pequeno copo para o seu amor encher.’ E a forma que tomou para Helen foi remover o cílio.
Então Helen tomou a decisão de se juntar a Jesus no nível da forma, com o desejo expresso e a necessidade específica de tirar o cílio do olho. Mas foi ela quem tomou a decisão de se juntar a ele. Quando ela fez isso, ela desfez a causa do cílio em seu olho – deixando cair a mão de Jesus. Pedir ajuda a ele era pegar a sua mão novamente, de uma forma que ela poderia aceitar. Naquele instante, ela desfez a causa do cílio em seu olho. Ela então abriu os olhos e os cílios estavam em sua bochecha. Ela fez todo o trabalho. Jesus não fez nada. O que tinha que ser feito? Ele permaneceu como sempre é — uma presença amorosa, constante e firme de amor e luz em nossas mentes. Helen se afastou e depois voltou. Esse processo ocorreu no nível do pensamento em sua mente. Não há mais nada. Mas como Helen acreditava que ela era um corpo, o seu pensamento de se afastar dele se expressou no cílio entrando em seu olho, impedindo o seu relacionamento com ele. A decisão e a mudança de pensamento dela – voltando para ele e pegando a sua mão – então se expressou no mesmo símbolo. O cílio estava em seu olho por sua escolha. Agora, por escolha dela, o cílio estava fora de seu olho. Jesus não fez absolutamente nada. Ela fez tudo. Ela se afastou. Ela vagueou de volta. Esta é a realidade.
“Não me peça para tirar o seu cílio de você – do seu olho. Peça-me para ajudá-la a remover as condições que levaram ao cílio em seu olho.”
A experiência de Helen, porém, foi totalmente diferente, assim como a nossa experiência diária, como eu mencionei anteriormente, de que o sol nasce e se põe não é a sua realidade. Todos nós sabemos que a Terra gira em torno do Sol – o Sol não gira em torno da Terra. Mas isso não nos impede de experienciar perceptivamente o nascer e o pôr do sol. Saber em uma parte de nossa mente que a realidade é diferente não nos impede de escrever belos poemas sobre ela, ou pintar belas pinturas dela, ou ter maravilhosas experiências espirituais ou religiosas ao redor do nascer ou do pôr do sol. Da mesma forma, o desafio de trabalhar com o Curso é ser fiel à nossa experiência, pois é onde nós acreditamos estar. Ao mesmo tempo, porém, nós continuamos a crescer em direção à nossa realidade.
A causa de toda a nossa infelicidade não é a forma – não é nada externo. A causa é que nos esquecemos de Quem nós somos porque nos esquecemos daquele que nos lembra Quem nós somos. Esse é o problema. E uma vez que nós temos clareza sobre o problema, a solução é óbvia. Eu simplesmente me lembro de Quem eu sou, pegando a mão daquele dentro da minha mente que simboliza Quem eu sou – esse é o papel de Jesus. Ele é simplesmente o lembrete ou o símbolo dentro do nosso sonho de Quem nós somos – assim como o Espírito Santo é. Mas o Espírito Santo é abstrato. Jesus é uma forma com a qual nós podemos nos relacionar e nos identificar no sonho, onde nós acreditamos estar.
“…o desafio de trabalhar com o Curso é ser fiel à nossa experiência, pois é onde nós acreditamos estar. Ao mesmo tempo, porém, nós continuamos a crescer em direção à nossa realidade.”
Essa explicação não invalida a experiência de Helen com o cílio, que foi extremamente importante para ela. Mas teria ajudado se ela tivesse sido capaz de reconhecer conscientemente o que estava realmente acontecendo. E pode ajudar a todos nós se generalizarmos a experiência dela para a nossa e percebermos que Jesus está disponível para nós o tempo todo. Também é instrutivo ver como Helen resumiu a sua experiência de Jesus em categorias muito específicas. Ela o deixava ajudá-la a tirar um cílio do olho. Ela o deixava ajudá-la, dizendo-lhe onde fazer compras, ou em que esquina ficar para pegar um táxi. Ela aceitou a ajuda dele com coisas muito circunscritas e muito específicas — quase todas tendo muito a ver com o corpo.
Helen não foi capaz de deixar o amor de Jesus se tornar o único pensamento em sua mente, que teria cuidado de todas as suas ansiedades, preocupações e medos. Em vez disso, ela dizia a ele: ‘Eu aceitarei o seu amor em um pequeno dedal, porque eu tenho muito medo da imensidão dele’. Esse Panfleto começou como uma mensagem especial para Helen, na qual Jesus lhe diz: ‘O que você fez não está errado, mas eu poderia ajudá-la ainda mais’. E então Jesus basicamente disse: ‘Agora nós teremos uma série de lições sobre isso’. O Panfleto tornou-se a série de lições. Da mesma forma, o Curso começou doze anos antes com Jesus dizendo a Helen e Bill: ‘Agora eu darei a vocês uma série de notas – [Ele sempre se referiu ao Curso como notas] uma série de notas que responderão à sua pergunta: ‘Qual é a outra forma de se relacionar?’’
O panfleto A Canção da Oração foi um microcosmo desse mesmo processo. Mas ele não foi feito apenas para ela, assim como o Curso não foi feito apenas para Helen e Bill. O seu propósito é nos ajudar a reconhecer que nós não queremos a forma, nós queremos o conteúdo. Nós não queremos o eco ou o sobre tom, nós queremos a canção inteira.
Imagem pexels-felix-mittermeier-957024.jpg – 7 de setembro de 2022
…Continua Parte IV…
Um milagre é uma correção. Ele não cria e realmente não muda nada. Apenas olha para a devastação e lembra à mente que o que ela vê é falso. Desfaz o erro, mas não tenta ir além da percepção, nem superar a função do perdão. Assim, permanece nos limites do tempo. LE.II.13
Nada real pode ser ameaçado.
Nada irreal existe.
Nisso está a paz de Deus.
T.In.2:2-4