Trechos do documento preliminar de trabalho de uma Conferência da Universidade de Santa Clara (EUA), denominado “Bridging the Gap Between Spirituality and Business” (tradução livre: “Construindo Ponte Sobre a Brecha Entre Espiritualidade e Negócio), para o nosso conhecimento e entendimento sobre as Organizações Baseadas em Espiritualidade (OBE) e o cenário de ambiente de trabalho (AT) onde essas Empresas atuam.
Debate de Santa Clara – Conferência entre 9 e 11 de março de 2001
Editor Andre’ L. Delbecq – E mail: [email protected]
©Leavey School of Business
Tradução livre Projeto OREM®
—–continuação da Parte V—–
Seção Seis
Spirituality In The Eastern Orthodox Tradition
Benjamin Williams, St. Barnabas Project
A Espiritualidade Na Tradição Ortodoxa Oriental
“Bob estaciona o carro dele no estacionamento, esperando achar uma vaga perto da porta de entrada; está ventando e chovendo levemente e ele tem uma reunião importante em dez minutos. Depois de atrapalhar o trânsito, quase perder a saída da rodovia e basicamente ficar exausto, a última coisa que ele quer é ter que andar pelo estacionamento. ‘Por que esses gerentes de projeto imprudentes agendam reuniões tão cedo?’ ele se pergunta. Ele esqueceu o guarda-chuva mais uma vez! Azar: todas as vagas cobertas estão ocupadas e o melhor que ele consegue fazer é caminhar dois minutos e meio na chuva. ‘Droga, eu estarei molhado e com esse vento forte e não estarei no meu melhor para a reunião: e eu deveria estar fazendo a apresentação da gestão!’
No momento em que ele se refresca e se organiza, o seu humor mudou de atormentado para irritado. Ele não é capaz de identificar alguns exemplos importantes que ele usaria na reunião de projeto de hoje: ‘Isso ficará bem’, ele pensa, ‘Eu sou o membro executivo da equipe do projeto e eu devo estar definindo o exemplo.’ Um pensamento passa pela sua mente: a imagem de seu pai lhe dizendo que pessoas boas são bem organizadas e que a sua falta de organização fala por si mesma.
Ele reúne apressadamente os seus materiais, considerando como se colocar à vontade não tento todas as suas ilustrações, carrega para a sala de conferências no outro extremo do prédio e chega trinta segundos antes do horário programado para início. ‘Bom’, ele pensa consigo mesmo, ‘Lou, Betty, John e Fred estão aqui e prontos para começar. Mas onde está Harry? Droga, ele está atrasado de novo!’ Harry é o gerente do projeto e Bob sabe que ele realmente não pode iniciar a reunião sem o Harry e que a sua apresentação não estará completa sem a atualização de gerenciamento de projetos de Harry. ‘Relaxe’, diz ele para si mesmo, ‘alguns minutos não importam.’
Bob respira fundo algumas vezes, ocupa a sua cadeira habitual, arruma o seu material e começa a conversar com os que já estão presentes. Três minutos se passam e Bob pode sentir a raiva começando a aumentar enquanto troca gentilezas com a equipe. Cinco minutos após o horário de início programado, Harry entra na sala com um casual ‘Desculpe pelo atraso. O trânsito e o tempo estavam ruins. Bom, você não começou sem mim.’
Bob engole em seco, respira fundo novamente e diz para si mesmo: ‘Relaxe, alguns minutos não são grande coisa. Além disso, você se orgulha de ser tão bom nas relações interpessoais e na comunicação com os funcionários!’
A reunião começa normalmente e parece haver um bom progresso na revisão do status do projeto, no desempenho do orçamento e no papel das ações individuais da equipe. Bob se pega pensando que concluir esse projeto do jeito que está indo será bom para a sua carreira e passa para o próximo item da agenda: avaliação de um marco importante para o avanço do projeto.
Ele apresenta a visão geral das etapas concluídas e resume, sugerindo à equipe que aceitem a conclusão do marco e avancem no projeto, quando Harry olha para ele e diz: ‘Bob, você sabe, eu sinto muito, entretanto eu estou aqui para contar a você que eu discordo totalmente de sua avaliação. Você não está aplicando bons critérios de gerenciamento de projetos à sua avaliação e está otimista demais. Você pode fazer com que esse marco pareça bom, no entanto, esse projeto não chegará dentro do prazo e do orçamento. Você só necessita contar a verdade à equipe executiva.’
Bob sente um aperto no estômago e o seu rosto começa a corar. Em dez segundos ele é capaz de sentir a sua temperatura subindo enquanto Harry continua a divagar sobre como é difícil trabalhar com pessoas que não são realmente engenheiros – embora se esforcem! Apesar de sua determinação consciente de permanecer calmo e sem reconhecer a princípio o que está acontecendo, Bob se vê virando-se para Harry e dizendo impiedosamente: ‘Isso é indesculpável; esse projeto está funcionando bem, exceto pela sua função. Para você o copo está sempre meio vazio e você tem seis motivos para demorar mais. A sua incapacidade de liderar a equipe para cumprir os prazos programados é o problema! Se você levasse mais a sério o seu papel e esse projeto, nós não teríamos esses problemas.’
Bob reconhece que ele está dando uma bronca pública em Harry, no entanto, agora ele não é capaz de se conter já que ele tinha começado. ‘Se você levasse esse projeto mais a sério e gastasse menos tempo promovendo as atividades esportivas dos funcionários e fazendo lobby por um café de melhor qualidade na cantina, talvez nós pudéssemos levar esse projeto adiante dentro do cronograma. É sua própria fraqueza pessoal e incapacidade de lidar com responsabilidades de liderança que são a causa raiz desse problema do projeto. Eu penso que nós necessitamos substituir você e contratar outro gerente de projeto.’
Conforme as últimas palavras saem de sua boca, ele é capaz de ver Harry murchando em sua cadeira e os outros membros da equipe olhando para ele com surpresa e choque. Ele é capaz de sentir duas emoções conflitantes: o pensamento delicioso de que provavelmente poderia substituir Harry e o desgosto pessoal por perder a compostura publicamente. Outra imagem passa pela sua cabeça: a reação do pai no dia em que ele foi expulso da escola por perder a paciência com a diretora. Ele teve hematomas por cinco dias.
Oriente versus Ocidente: Uma Perspectiva Diferente
Existem vários aforismos que resumem visões de mundo ou perspectivas culturais. O ‘Eu penso, logo eu existo’ de Descartes ou o moderno ‘Você é o que você come’ expressam a primazia da razão e do corpo na visão contemporânea da humanidade na sociedade Ocidental. Na opinião das Igrejas Ortodoxas Orientais, esse não é o caso: os humanos são seres psicossomáticos que foram criados por Deus. Os humanos possuem corpo e alma e a ‘inspiração’ do espírito de Deus, conforme descrita em Gênesis, nos ensina que a alma tem primazia sobre o corpo.
Parafraseando São Gregório de Nissa, a alma não é sustentada pelo corpo, mas é ela quem contém o corpo. Nas palavras do Bispo Hierotheos Vlachos, um teólogo Ortodoxo contemporâneo cujas obras têm feito com que esses conceitos sejam compreensíveis para os Cristãos contemporâneos: ‘O corpo não é um vaso ou odre que contém a alma, mas sim o corpo está dentro dela. A alma atua em todo o corpo do homem.’1
Na tradição Oriental é o espiritual e não o racional, é a alma e não o cérebro que é central para o ser humano. É também aqui [na alma] que residem os problemas: a condição humana, a necessidade de redenção, as áreas em que cada crente tem que concentrar a sua atenção para alcançar o seu potencial residem no reino espiritual.
Entre os diferenciais únicos entre a espiritualidade Oriental e Ocidental está o fato de a Igreja Oriental nunca ter experienciado o Renascimento e o Iluminismo ou a Reforma e a Contrarreforma. Assim, ela não só reflete uma visão do mundo muito diferente, mas também um entendimento da espiritualidade que está diretamente em consonância com a da Igreja primitiva.
O entendimento abrangente da espiritualidade Cristã Oriental é que os humanos estão espiritualmente doentes, necessitam de ser curados [healed] e que o lugar no qual essa cura [healing] espiritual ocorre é na Igreja. ‘A Igreja Ortodoxa é um Hospital, uma enfermaria da alma. Isso não significa que a Igreja desconsidere outros domínios da atividade pastoral, uma vez que visa o todo do homem, composto de corpo e alma. Ela realmente se preocupa também com os problemas físicos, econômicos e sociais; no entanto, o peso principal do seu serviço pastoral é colocado na terapia da alma, pois quando a alma do homem é curada [cured], então muitos outros problemas intratáveis são resolvidos.’2
Para entender o alcance dessa perspectiva e especialmente para entender as suas implicações práticas nos negócios e na vida em geral, nós temos que considerar o entendimento Oriental da condição humana. Como dito acima, os humanos são criados com corpo e alma em união inconfundível e é a alma que contém o corpo. Assim como o centro físico do corpo é o coração que bombeia o sangue que fornece energia ao corpo, a alma tem um centro, um ‘coração’ (nous em Grego) e é o nous que fornece a energia da graça divina para os humanos.
A alma daquele que crê recebe o Espírito Santo e é dentro do nous que a obra graciosa do Espírito se manifesta através da energia espiritual. Se o nous vem a ficar turvo ou disfuncional, a pessoa cai na escuridão espiritual. Essa é a condição humana após a Queda e a recuperação a partir dessa condição requer esforço por parte da pessoa e um ministério de cura [healing] por parte da Igreja.
O modelo Bíblico é a parábola do Bom Samaritano, onde o Samaritano representa Cristo que curou [cured] o homem ferido e o conduziu à Estalagem, ou seja, ao ‘Hospital’ que é a Igreja. No entendimento dos padres espiritualizados Orientais, é evidente que Cristo é apresentado como o Curador [Healer], o médico que cura [cure] as doenças humanas e a Igreja é apresentada como o verdadeiro Hospital.3
A Condição De Pecador Após A Queda
Esse entendimento da espiritualidade não tem nada a ver com uma queda no pecado baseada em fazer ‘coisas erradas’ que resultam em uma mudança ontológica por parte da humanidade em ‘pessoas más’ (ou seja, o resultado da Queda é que a desobediência ao mandamento de Deus resultou na humanidade vindo a ser fundamentalmente má). Pelo contrário, é um entendimento que vê os humanos como fundamentalmente bons, entretanto, tendo desobedecido aos mandamentos de Deus.
A palavra pecado vem a partir do Grego e significa ‘errar o alvo’, em outras palavras, ficar aquém do fim para o qual Deus nos criou. Ao invés de entender o pecado e a queda de um ponto de vista legal – violando um código de comportamento que produz culpa – a Igreja Oriental sempre o entendeu em termos de fracasso em atingir o potencial e experienciar a plenitude da vida divina. O resultado disso é que agora nós sofremos de uma doença espiritual para a qual existe uma cura [cure] e a partir da qual existe um caminho terapêutico que todo e qualquer um que crê tem que empreender.
‘Assim como um hospital médico está principalmente interessado no tratamento do corpo – e através dessa terapia ele se envolve com o resto dos problemas de uma pessoa – o mesmo ocorre na Igreja Ortodoxa. Ela cura [cure] o âmago da personalidade humana e através disso ela cura [heal] a pessoa inteira.
A cura [healing] da personalidade do homem é, na verdade, o seu progresso em direção à perfeição que na verdade é identificada com ‘theosis’, pois na teologia patrística theosis e perfeição são termos sinônimos. E essa terapia é absolutamente necessária, porque a queda do homem , efetuada na pessoa de Adão, constitui a doença da natureza do homem.’4
“‘Assim como um hospital médico está principalmente interessado no tratamento do corpo – e através dessa terapia ele se envolve com o resto dos problemas de uma pessoa – o mesmo ocorre na Igreja Ortodoxa. Ela cura [cure] o âmago da personalidade humana e através disso ela cura [heal] a pessoa inteira.“
Foi exatamente essa doença da natureza dele que fez Bob ‘perder o controle’ em sua reunião, ‘despersonalizar-se’ e atacar o outro filho de Deus de maneira injustificada. Isso é o que explica o fato de que, embora ele seja bem-sucedido e ‘competente’ em muitos aspectos de sua vida, há outros aspectos de sua vida que são pecaminosos e banais. É numa escala de doença muito maior, mas mesmo assim devido à mesma causa, que ocorrem todos os horrores da humanidade, desde o egoísmo e a ganância até ao assassinato e ao genocídio.
O que aconteceu com Bob foi simplesmente uma série de eventos que tomaram conta dele, de modo que ele se viu, para a sua consternação, vivendo o dilema que São Paulo descreve em Romanos: ‘Ora, se faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, mas o pecado que habita em mim; Miserável homem que eu sou! Quem me libertará do corpo sujeito a essa morte?’
No entendimento dos padres Orientais, a consequência da Queda é o escurecimento do nous e com esse escurecimento vem a perda da obra da graça divina em nossas vidas. Quanto mais escuro o nous, maior a ausência da graça divina. Todos nós começamos a vida com um nous obscurecido, no entanto, as nossas escolhas e ações podem obscurecê-lo ainda mais. Aqueles que fazem progresso espiritual nessa vida, iluminam o nous deles através da graça do Espírito Santo. É evidente que pessoas como Hitler e Stalin tinham uma tal ausência da graça divina que eles puderam empreender as ações mais horríveis contra Deus e os seus semelhantes. No entanto, a diferença entre eles e nós é apenas uma questão de grau.
A Meta Terapêutica
O dilema da humanidade é que quando o nous está obscurecido, ela é incapaz de achar Deus e então a razão empreende o esforço. Entretanto, a razão, tal como as emoções, estão sujeitas a influências externas e agora nós encaramos a nossa humanidade, Deus, o mundo [ambiente de trabalho] e toda a criação de uma forma totalmente diferente: uma forma egocêntrica (autocentrada). O nous e, portanto, a alma e toda a pessoa estão agora sob o controle das paixões.
Os padres espiritualizados entendiam o nous como o lugar dentro da alma que recebe e experiencia a graça divina e experiencia a memória incessante de Deus. A razão é uma função do cérebro, enquanto o nous opera dentro da alma. Quando ambos funcionam harmoniosamente na ‘pessoa espiritualizada’ [e, portanto, na empresa espiritualizada], a razão funciona e fica consciente do mundo circundante enquanto o nous está dentro da alma orando incessantemente. Então o nous e a razão existem e operam sinergicamente.
A razão está envolvida nos cuidados terrenos e o nous está envolvido na lembrança de Deus; e porque o nous está unido à alma e tem comunhão com Deus, os humanos não são perturbados por tentações inesperadas.5
No entendimento dos padres espiritualizados Orientais, o cerne do problema da humanidade é que nós estamos espiritualmente doentes e nós somos controlados por forças ‘externas’ [ou que nos parecem ‘externas’], ao invés de sermos espiritualmente iluminados para estarmos no controle interior.
‘Incapaz de ver o homem como uma imagem de Deus, o nous o encontra sob a influência das paixões. Ele [o homem] explora ambiciosamente o seu próximo, através de seu amor ao prazer e ao ganho material. Ele considera o seu próximo um vaso ou instrumento de prazer; ao mesmo tempo, ele idolatra toda a criação, que é o que o Apóstolo Paulo descreve em sua Epístola aos Romanos: ‘Dizendo-se sábios, eles vieram a ser tolos e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança à imagem do homem corruptível. *Na verdade, quando nós falamos do pecado original e das suas consequências, nós queremos dizer três coisas: em primeiro lugar, o mau funcionamento do nous, uma vez que o nous deixou de funcionar adequadamente; em segundo lugar, a identificação do nous com a razão (e, até certo ponto, a deificação da razão) e em terceiro lugar, a escravização do nous às paixões, à ansiedade e às condições do ambiente. E isso constitui a verdadeira morte do homem.”6
Quais são as paixões, então? Quais são essas coisas que obviamente desempenham um papel muito mais importante na vida de Bob do que ele imagina ou reconhece? Elas não são forças externas que entram em nós e têm que ser expulsas; antes, elas são energias da alma que têm sido distorcidas pelo ‘pecado’ e necessitam ser transformadas [reprogramadas]. São aqueles comportamentos dominantes, as influências controladoras das quais nós somos vítimas e que nos controlam. Uma lista abrangente das paixões, conforme entendidas pelos primeiros padres espiritualizados, pode ser encontrada em The Ladder of Divine Ascent, de St. John Climacus.
Os trinta (degraus da escada) incluem as paixões da calúnia, tagarelice, mentira, desânimo, gula, amor ao dinheiro, insensibilidade, covardia, vanglória e orgulho. No entanto, no entendimento dos padres espiritualizados Orientais, elas não são apenas forças externas que têm um efeito negativo sobre nós, como, por exemplo, a radiação. Elas são forças psicológicas e espirituais que trabalham dentro da nossa razão e alma para nos controlar. Isso ocorre por meio de uma dinâmica que atua na razão (chamada logismi, de logiki, razão). Essas [paixões] são pensamentos que estão conectados a imagens e a vários estímulos a partir dos sentidos ou da imaginação.
De acordo com o Bispo Hierotheos, elas podem ser melhor traduzidas para o Inglês como ‘fixações’ ou no uso psicológico contemporâneo do termo ‘vícios’ (addictions). Em outras palavras, elas são comportamentos ligados aos sentidos ou à imaginação aos quais nós viemos a ser profundamente apegados ou fixados e que então nos controlam.
Isso é exatamente o que estava acontecendo com Bob: ele se orgulha de ser ‘legal, calmo e sereno’, no entanto, quando chegou à reunião ele estava atormentado e ansioso, as suas defesas estavam baixas e a seu habitual conduta ‘calma e em controle’ estava no limite.
À medida que a pressão aumentava, o orgulho começou a assumir o controle; ele necessitava estar organizado, parecer competente e estar em controle. A necessidade tinha sido formada pela primeira vez nas interações infantis com o seu pai, que rebaixava a sua autoestima. Mais tarde, quando o conflito com Harry chegou ao auge, o orgulho aliado à raiva e à insensibilidade permitiram-lhe esmagar um dos filhos de Deus. A semente para isso tinha sido plantada novamente por seu pai, entretanto, desta vez com abuso físico.
Não deveria ser surpresa para eles que existem outras áreas problemáticas na vida de Bob. Na maioria das vezes, na maioria das áreas de atividade, ele está no controle e é competente. Os gatilhos que o levaram ao limite estavam ligados a eventos de sua infância que tinham a ver com autoestima, controle, orgulho e vergonha. Essas mesmas paixões, agora uma parte profunda e permanente de seu ser, vieram à tona e assumiram o controle.
Mas aqui está Bob, um adulto e um executivo de negócios experiente, sabendo muito bem que esse é um comportamento improdutivo. Ele está representando a mesma dinâmica (leia-se ‘paixões’) que lhe foi infligida.
Salomão estava certo: ‘os pecados dos pais recaem sobre os filhos’ e, por extensão, os pecados dos pais e das mães sobre as crianças. As paixões podem ser impostas externamente a nós, como nesse exemplo, ou podem ser infligidas a nós mesmos. As aflições externas através do nosso ambiente e família são quase compreensíveis, no entanto, as mais lamentáveis são aquelas que impomos a nós mesmos. Por que? Porque com essas nós nos prejudicamos ainda mais pelas nossas próprias ações através da experiência sensual ou da imaginação. Em ambos os casos, o resultado é o mesmo: nós nos tornamos governados pelas nossas paixões.
Diz-nos St. Maximos o Confessor (580-662): ‘Nós trazemos conosco imagens apaixonadas das coisas que nós temos experienciado. Se nós somos capazes de superar essas imagens, nós seremos indiferentes às coisas que elas representam. Pois lutar contra os pensamentos das coisas é muito mais difícil do que lutar contra as próprias coisas, assim como pecar na mente é mais fácil do que pecar através da ação exterior. Algumas paixões pertencem ao corpo, outras à alma. As primeiras são ocasionadas pelo corpo, as segundas por objetos externos. O amor e o autocontrole superam ambos os tipos, o primeiro restringindo as paixões da alma e o segundo as do corpo.’7.
Para os pais, o amor é o ‘resultado do desapego’ e por isso para nós termos amor e autocontrole nós temos que em primeiro lugar vencer as paixões.
Embora o conceito de nous e das paixões possa ser estranho aos Cristãos Ocidentais, para os Ortodoxos Orientais o nous é a base da teologia e da espiritualidade. Um resumo justo dos escritos dos Padres Espiritualizados Orientais é que as trevas do nous constituem a essência do pecado original e que o lugar onde a cura [cure] ocorre é na Igreja.
Como essas coisas se manifestam? Uma pedra angular da vida de fé é o comportamento moral e ético: nós buscamos viver os Mandamentos. De acordo com Vlachos, ‘Ao tentar guardar os mandamentos, o nosso antigo eu [ser, self] com as suas paixões é revelado; posteriormente, nós lutamos para sermos curados [healed] de nossas paixões. Paralelamente, nós tentamos manter o nosso nous livre da malícia e da arrogância e isso então distingue o bom pensamento a partir daquele demoníaco. Nós nos exercitamos em vigilância*’8 Ele prossegue dizendo que as paixões são despertadas quando a alma carece de amor e autocontrole.
Portanto, a meta é ganhar amor e atingir um estado de vigilância. Amor, porque Deus é amor; e vigilância, para que nós sejamos espiritualmente proativos e não dominados pelas paixões. Nós somos chamados a entrar no processo terapêutico da Igreja e, de fato, a assumir um papel ativo na cura [healing] de nós mesmos.
Na vida Cristã, no hospital da Igreja, nós começamos a experienciar a vida eterna; nós não esperamos simplesmente que a vida chegue, nós entramos nela agora. O Reino de Deus é comunhão com Deus e começa no aqui e agora. A profundidade da nossa participação nele é uma função da nossa cura [healing] espiritual.
“Portanto, a meta é ganhar amor e atingir um estado de vigilância. Amor, porque Deus é amor; e vigilância, para que nós sejamos espiritualmente proativos e não dominados pelas paixões.“
O processo tem três etapas: purificação, iluminação e comunhão (ou theosis). A purificação está centrada no arrependimento, no ignorar das coisas físicas, na disciplina da carne através do jejum e da oração, na evitação daquelas coisas que excitam as paixões, no remorso por eventos passados e no derramamento de lágrimas e na purificação do nous. É a definição clássica da vida ascética. Não é um modo de vida ou um estilo de vida que exija isolamento num mosteiro. Pelo contrário, a maioria dos que creem, nos primeiros séculos, eram pessoas da classe trabalhadora como eles são agora e esse é um empreendimento prescrito para todos.
A iluminação é a etapa que segue a purificação e é caracterizada pelo verdadeiro conhecimento espiritual, theoria ou visão de Deus e participação no Espírito Santo. A pessoa superou o controle das paixões e está entrando em oração incessante e em comunhão com Deus.
A comunhão espiritual, ou theosis, é o estágio espiritual final, caracterizado pela comunhão profunda e permanente com Deus, aproximando-se da Luz incriada e pela revelação das profundezas de Deus através do Espírito.
Avanço Ao Longo Do Caminho Espiritual
Bob cresceu em um lar Cristão Ortodoxo, frequentava regularmente a Escola Dominical e a Divina Liturgia, serviu como coroinha por anos suficientes para entender como a Liturgia era celebrada e para ter grande parte do serviço religioso gravado em sua mente. No ensino médio, porém, ele abandonou o grupo de jovens e praticamente parou de frequentar a igreja durante a faculdade. Ele levou uma vida universitária bastante despreocupada, praticando esportes, ingressando em uma fraternidade e experienciando plenamente o ‘lado festivo’ da faculdade.
Depois de conhecer o amor de sua vida, alguns anos depois de se formar, ele começou a frequentar a igreja regularmente com ela. Foram alguns anos depois do casamento que ele começou a sentir novamente a relevância da Igreja. Não foi por acaso que isso ocorreu na mesma época em que o seu pai estava morrendo de câncer. De repente, a vida pareceu mudar de uma situação bastante livre de preocupações, com a certeza de uma vida feliz pela frente, para a severidade de uma possível morte prematura de seu pai.
Enquanto Bob lutava com essas pressões em sua vida, ele começou a ouvir ocasionalmente frases nas lições das Escrituras ou na homilia que descreviam a situação com muita franqueza: ‘no mundo vocês terão tribulações*’ e manteve a esperança de ‘ter bom ânimo, pois eu tenho superado o mundo.’ Como alguém poderia ficar feliz por perder o seu pai?
Bob teve a sorte de ter um padre perspicaz que sabia o que ele estava passando, podia ver a dor que ele estava enfrentando e fez um esforço consciente para fornecer aconselhamento espiritual. Bob descobriu que essas reuniões não eram apenas encorajadoras, mas também que a sua perspectiva melhorou. Ele começou a entender que essa vida é apenas ‘essa vida’ e que a vida real é a vida do Reino de Deus.
Com o incentivo da esposa e do padre, ele começou a frequentar aulas de estudo para adultos e ficou bastante surpreso ao aprender os fundamentos teológicos da fé que ele havia reivindicado durante toda a sua vida. Logo o assunto passou para a espiritualidade e Bob começou a achar respostas para algumas questões preocupantes. Ele começou a entender que a vida não é um mar de rosas, que a vida Cristã não é uma ‘brilho espiritual’ sobre o sucesso material. Ele até começou a entender as suas próprias falhas e limitações e começou a se confessar.
Exceto imediatamente antes de seu casamento, Bob não fazia isso desde o início do ensino médio. Ele abordou isso com medo e incerteza, entretanto, ele descobriu que, para a sua surpresa, era o que o seu padre lhe dissera: uma oportunidade de abrir a sua alma a Deus, de receber perdão e de receber aconselhamento espiritual. Para a sua surpresa, o seu padre sugeriu que ele fizesse um retiro e o enviou a um pequeno mosteiro para se encontrar com um velho monge. Essa visita se desenvolveu num relacionamento com um pai espiritual que o tratou como um discípulo.
Esse relacionamento de discipulado durou pouco mais de um ano, durante o qual Bob, através da ajuda de seu pai espiritual, passou a entender as realidades da vida espiritual e as mudanças de pensamento e prática em que estava entrando. De particular importância foi a compreensão de que não se tratava apenas de novas ideias ou filosofias que ele havia acrescentado ao seu sistema de crenças pessoal. Pelo contrário, ele estava entrando numa realidade espiritual que era muito mais do que ideias: incluía a Confissão, a participação nos Sacramentos e o culto.
Bob lembrou mais tarde que o seu pai espiritual lhe dissera fortemente que, para continuar a experienciar progresso na vida espiritual, ele deveria incluir as realidades sacramentais, bem como a sua própria espiritualidade pessoal. Ele descreveu isso como ‘cocriar com Deus’ e explicou que ao receber as energias de Deus nos Sacramentos, ele poderia experienciar mudanças pessoais e progredir na vida espiritual. ‘Você não é capaz de fazer isso sozinho, com as suas próprias ideias e os seus próprios talentos, por mais numerosos que sejam. Tem que haver uma abertura em você para a ajuda de Deus.’
Demorou algum tempo para Bob refletir e processar totalmente essa instrução; entretanto, ele logo se viu experienciando um novo nível de paz e força. Isso foi particularmente verdadeiro depois de entrar novamente plenamente na vida sacramental e litúrgica da Igreja e continuar nas práticas espirituais que o seu pai espiritual lhe havia dado. Ele nunca conheceu esse tipo de centralização e clareza; ele parecia ser capaz de entender a si mesmo e as suas motivações melhor do que nunca. E isso se estendeu ao trabalho, onde ele era capaz de não se envolver em uma discussão difícil, ver o que necessitava ser feito e alcançar a implementação desejada. À medida que as pressões de sua vida começaram a aumentar novamente, a sua vida começou a mudar e Bob se lembrou dessas experiências e de como ele havia mudado.
O pai de Bob morreu dentro de um ano e, embora isso tenha sido terrivelmente doloroso e tenha demorado muito para se reconciliar com a perda paterna, ele conseguiu obter conforto cada vez maior pelo fato de que o seu pai estava na comunhão dos santos no Reino. A morte de seu pai não apenas o ajudou a crescer e amadurecer como pessoa, mas também facilitou o seu crescimento espiritual.
Bob continuou no caminho do progresso no trabalho e estava na gerência média alta em dois anos quando a sua empresa, que tinha estado em dificuldades com produtos antigos em uma economia fraca, foi adquirida. Como gerente intermediário, ele sabia que as coisas iriam piorar antes de melhorarem e foi o que aconteceu. Duas rodadas de demissões reduziram a força de trabalho em um terço e alguns de seus colegas foram apanhados nessa situação. Ainda foi um período difícil de seis meses, vivendo em apuros por ter um emprego e ainda enfrentando a dor da morte de seu pai. Foi então que ele começou a entrar em contato com as consequências de algumas coisas que aconteceram em sua infância, principalmente no relacionamento com o pai e a passar por cima delas.
Como a maioria de nós, Bob descobriu que muito do que ele carregou para a vida adulta e particularmente para o seu relacionamento conjugal, foi a perspectiva, os valores e o comportamento que ele havia observado em sua própria casa. O seu relacionamento com o pai era de amor, mas incluía experiências profundamente dolorosas o suficiente para que ele reprimisse grande parte de suas experiências familiares de infância.
Ao trabalhar o seu próprio senso de identidade após a morte de seu pai e as suas próprias dificuldades pessoais no trabalho, ele descobriu que muito do que havia reprimido em sua juventude não apenas ainda estava reprimido, mas também o havia desconectado de áreas significativas de sua vida. O que ele considerava ‘legal, calmo e controlado’ na verdade acabou sendo indiferença em relação a muitas coisas em sua vida; e embora dissesse a si mesmo que ele não era indiferente, que na verdade ele estava apenas ‘desapegado’ de muitas coisas na vida, ele veio a reconhecer que ele estava em negação.
Foi então que o seu padre o ajudou a entender o que St. John Climacus chamava de ‘insensibilidade* amortecimento da alma e morte da mente antes da morte do corpo’ (Degrau 18 da Escada da Ascensão Divina). Ele ressalta que a insensibilidade tanto no corpo quanto no espírito é um sentimento amortecido, uma perda de sentimento.
Na terminologia moderna nós poderíamos chamar isso de entorpecimento; St. John descreve isso como ‘*negligência que tem se tornado hábito, pensamento entorpecido, a criança de predisposições* Ele que tem perdido a sensibilidade é um filósofo estúpido, um comentarista autocondenado* um cego que ensina os outros a ver. Ele fala sobre curar [healing] uma ferida e não para de irritá-la. Ele reclama de doença e não para de comer o que faz mal. Ele reza contra isso e imediatamente vai e faz isso. Ele abençoa o silêncio e o elogia com uma enxurrada de palavras. Ele ensina mansidão e durante o ensino propriamente dito fica frequentemente zangado* O tempo todo ele é o seu próprio acusador e não quer cair em si.’9
À medida que Bob trabalhava nessas verdades recém-descobertas sobre si mesmo, ele não apenas sentia que estava fazendo progresso espiritual pessoal, mas também era mais capaz de lidar com o fluxo da vida. Ele reconheceu que à medida que ele vinha a ser mais honesto consigo mesmo e mais em contato com o que realmente importava, os caprichos da vida tinham menos impacto e ele era capaz de fazer um trabalho melhor porque estava focado nas coisas importantes.
Felizmente, a questão persistente sobre a sobrevivência no trabalho foi resolvida favoravelmente e Bob teve uma oportunidade; o seu padre descreveu isso parafraseando São Paulo aos Romanos: ‘todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam o Senhor e são chamados segundo o seu propósito.’ A empresa adquirente, tendo reduzido custos e melhorado a rentabilidade, estava disposta a investir em produtos para novos mercados. Bob foi promovido para dirigir uma das divisões e agora ocupava uma posição que teria um grande impacto no sucesso ou fracasso da empresa.
Quando Bob começou a tentar transformar a nova divisão, ele percebeu que havia uma desconexão cultural significativa com a empresa matriz. Os funcionários estavam habituados a uma abordagem de gestão muito autoritária e de cima para baixo, esperavam que lhes dissessem o que fazer e quando olhou para os registos pessoais ele reconheceu que não devia ter sido muito agradável trabalhar ali com base nos altos níveis de rotatividade. Bob reconheceu, porém, que não apenas precisava ter sucesso, mas ele também tinha a oportunidade de mudar a cultura – de colocar as suas crenças em prática.
Acima de tudo, ele reconheceu, que ele sempre foi uma ‘pessoa sociável’ e valorizava as pessoas. Ele tinha vindo a aprender que havia uma razão teológica para fazer isso: as pessoas são criadas à imagem de Deus. Elas são pessoas porque Deus, a Santíssima Trindade, é pessoa. Na medida em que elas são criação de Deus, elas devem ser tratadas como tal. Ele também descobriu que é muito mais fácil aceitar isso como teoria do que colocá-lo em prática. É sempre mais conveniente dizer às pessoas o que fazer; entretanto, as pessoas necessitam ser empoderadas. É sempre mais rápido encerrar os trabalhos com desempenho inferior, entretanto, as pessoas necessitam ser treinadas e desenvolvidas; aquelas que não são capazes de terem sucesso necessitam ser gentilmente despedidas.
Colocar essa teologia em prática foi difícil. No entanto, ao compreender os preceitos teológicos trinitários fundamentais da unidade como comunhão de amor, da conciliaridade(*) hierárquica, primeiro entre iguais e da unidade como comunhão de amor, ele descobriu que era um gestor melhor. À medida que ele passou a entender as suas próprias falhas e inclinações pecaminosas, veio a ser mais capaz de ver e tolerar as falhas dos outros e de investir nas pessoas e no seu desenvolvimento.
Ele percebeu que estava fazendo o seu trabalho menos para se satisfazer e ganhar dinheiro do que para fazer a vontade de Deus. Ele se viu menos preocupado com resultados objetivos específicos e mais preocupado com as pessoas que faziam o trabalho. E ele descobriu que o trabalho estava sendo feito, bem feito e os funcionários estavam geralmente mais felizes.
[(*)O termo conciliaridade ou sinodalidade vem da palavra “concílio” (synodos em Grego, concilium em Latim), que denota primeiramente uma reunião de bispos que exercem uma responsabilidade particular. É também possível, entretanto, fazer uso do termo em um sentido mais amplo referindo-se a todos os membros da Igreja (cf. o termo Russo sobornost). Fonte: Comissão internacional conjunta para o diálogo teológico entre a Igreja Católica Romana e a Igreja Ortodoxa.]
A divisão de Bob tinha dois gerentes particularmente produtivos. Ele nunca tinha sentido uma afinidade particular com nenhum deles; eles simplesmente não pareciam ter muito em comum. No entanto, embora ambos tivessem estilos muito diferentes, ambos eram produtivos. Um deles tinha uma visão muito diferente da vida e de seu propósito e manipulava regularmente as pessoas para os seus próprios propósitos. Havia um certo aspecto enganoso nele e Bob nunca sentiu como que ele estava entendendo toda a história quando se encontrava com ele e sempre teve a certeza de que havia algo mais acontecendo. Na maioria das vezes, porém, a não ser que o comportamento fosse antiético ou os funcionários estivessem sendo feridos, ele decidiu não intervir: deixar o gerente gerenciar a própria equipe dele.
A certa altura, a tensão se transformou em desacordo e quase conflito por causa de um funcionário que apresentou queixa sobre como estava sendo tratado. Bob se envolveu e, embora estivesse claro que o funcionário não estava sendo tratado da maneira ideal e certamente não da maneira como Bob o trataria, não havia nenhuma evidência clara de conduta errada. A situação durou algum tempo e a tensão interpessoal aumentou. Bob sentiu que isso estava tendo uma influência negativa na equipe de gestão e no moral da empresa, no entanto, não havia base para medidas corretivas, muito menos para rescisão. Ele procurou o seu pai espiritual com o problema e, para a sua surpresa, foi-lhe feita uma pergunta muito simples: ‘você está orando por essa pessoa?’
Ele ficou pasmo. Embora ele tivesse começado a fazer as orações da manhã e da noite há alguns anos e a orar por seus amigos e familiares e especialmente por aqueles que ele conhecia que estavam necessitados ou doentes, ele nunca pensou em orar por seus funcionários; especialmente não por funcionários problemáticos. O seu pai espiritual lhe apontou que ele estava sendo vítima da dicotomia comum ‘sagrado/secular’. Ele teve que reconhecer que toda vida é espiritual, porque ela não só foi criada por Deus, mas existe em Deus. Não existe uma parte ‘sagrada’ em oposição a uma parte ‘secular’, nem uma parte da igreja em oposição a uma parte empresarial: é tudo espiritual e ele deveria estar orando por todos os filhos de Deus.
O pai espiritual de Bob deu-lhe um livro para ler sobre um monge que viveu no início do século XX e que durante muitos anos foi administrador de um grande mosteiro. A maioria era pobre e sem instrução, ganhando muito pouco e as suas vidas eram difíceis apesar de trabalharem em um mosteiro.
O autor descreveu como começava um dia típico: ‘De manhã o Staretz percorria as oficinas, dando aos capatazes as instruções gerais do dia. Depois voltava para a sua cela para chorar pelo ‘povo de Deus’. O coração dele doía por seus homens e ele derramou lágrimas por cada um deles. O Staretz orou em segredo pelo ‘povo de Deus’, mas eles o sentiram e o amaram. Ele nunca se expôs para eles, nunca os impulsionou, entretanto, eles trabalhavam melhor e com mais alegria para ele do que para qualquer outra pessoa.
Os outros administradores se preocupavam principalmente com os interesses econômicos do mosteiro e, como sempre acontece, quando predominam os interesses econômicos, a pessoa era esquecida. O Staretz acreditava que os interesses do mosteiro, os verdadeiros interesses, residiam em guardar os mandamentos de Cristo.’10
Bob levou a sério o conselho e o ensinamento do livro e começou a orar por seus funcionários, inclusive pelo gerente com quem estava tendo dificuldades. Dentro de alguns meses, o seu próprio chefe perguntou-lhe, em uma análise de negócios, como estavam as coisas com o gerente. Ele relatou que as coisas estavam melhorando e foi questionado por quê. Para a sua surpresa, ele se viu dizendo: ‘Eu comecei a orar por todos os meus funcionários, especialmente por ele. Então eu descobri que a minha atitude em relação a eles mudou* e acho que a atitude deles em relação a mim mudou.’
Direção Espiritual e Desenvolvimento Espiritual
A importância prática disso para todos nós está correlacionada com um fato da vida. A maioria das pessoas simplesmente ganha mais controle sobre si mesmas e sobre os seus impulsos e desejos à medida que amadurecem e crescem. À medida que nós saímos da adolescência e entramos na idade adulta, geralmente há um aumento na temperança, na responsabilidade e no equilíbrio. Existe um correlato espiritual: se nós entendermos a situação espiritual em que nós nos encontramos, nós somos capazes de entrar no processo de cura [healing] que a Igreja nos oferece para obter maior controle de nossas vidas, para alcançar níveis muito mais profundos de equilíbrio e paz. Não só nós estaremos avançando espiritualmente, nos aproximando mais de Deus, mas também nós seremos melhores pais, gestores e trabalhadores.
A maioria das pessoas não entende isso e, portanto, a tristeza contínua da condição humana. ‘Hoje em dia a maioria das pessoas vive na prisão dos sentidos. Nós estamos confinados na prisão e nos é dado o direito de decorar a sua atmosfera terrível. E nós gostamos de viver e passar a nossa vida ‘aprisionados.’ É por isso que os chamados problemas existenciais psicológico e os agonizantes problemas existenciais desenvolvem-se intensamente e não são capazes de serem resolvidos por soluções humanas.’11
Dentro do seu regime terapêutico para a cura [healing] espiritual dos filhos de Deus, a Igreja dispõe de uma variedade de ferramentas e disciplinas. O papel do pai ou mãe espiritual e a direção espiritual (ou mentoria espiritual) estão entre eles. A direção espiritual tem uma longa tradição na espiritualidade Cristã e Bob teve a sorte de experienciar muito do que o Bispo Kallistos Ware descreveu como ‘Direção Espiritual no Oriente Cristão.’ Ele ressalta que o papel do pai ou da mãe espiritual ‘não se limitava de forma alguma à instrução no sentido acadêmico estrito, à simples transmissão dos fatos. O professor era também um guia espiritual para os seus estudantes, um modelo vivo e exemplar, fornecendo-lhes não apenas informações, mas também um relacionamento pessoal abrangente.’
O diretor espiritual cumpria cinco funções: médico, conselheiro, intercessor, mediador e padrinho. Como médico, ele cuida do ‘homem doente’; em outras palavras, ele se esforça para curar [to heal] a doença espiritual da pessoa. Como conselheira, ela ensina e aconselha os aprendizes com as palavras dela. Como intercessor, o mentor cura [heals] com as orações dele. Como mediadora, ela se esforça para reconciliar o aprendiz com Deus através da integridade e do foco espiritual de sua vida. Finalmente, como padrinho, ele assume a responsabilidade pelo aprendiz, proporcionando segurança e orientação; esse papel se correlaciona com o do padrinho no batismo ou do padrinho de uma profissão monástica.12
A direção espiritual geralmente assume uma de duas formas: a fornecida pelo pároco ou a fornecida por um pai ou mãe espiritual. A figura do ancião (geronda em Grego, staretz em Russo) ocupa um lugar importante na vida monástica Oriental e na espiritualidade a partir do século IV. St. Anthony, o fundador do monaquismo Cristão, veio a ser um padrão e norma ainda hoje reverenciado. A maioria dos pais e mães espirituais são monásticos e, portanto, entrar na direção espiritual sob um deles requer a presença de mosteiros e proximidade pessoal com um mosteiro.
Geralmente o pároco pode fornecer orientação e conselho espiritual, entretanto, o papel do diretor espiritual é entendido como um carisma e dom de Deus e, portanto, a direção espiritual avançada geralmente requer que o discípulo fique sob os cuidados de um.
Bob teve a sorte de ter um padre que tinha um entendimento abrangente da espiritualidade Cristã e proximidade com um pai espiritual a quem o seu padre o enviou.
O crescimento e o progresso espiritual de Bob ajudaram-no a alcançar equilíbrio e sensibilidade, compaixão e humildade. Ele foi capaz de entender algumas das coisas que lhe aconteceram em sua vida, ver como elas contribuíram para aqueles aspectos de sua personalidade e comportamento que ele não gostava e não entendia. À medida que ele se desenvolvia pessoal e espiritualmente, ele veio a ser um gestor melhor e foi percebido no trabalho como maduro e responsável, compassivo e motivador. Ele assumiu a liderança em vários projetos e começou a ser promovido. Infelizmente, depois de alguns anos visitando ocasionalmente o mosteiro, o velho monge adoeceu e morreu.
Bob havia sido promovido e podia visitá-lo com menos frequência do que antes: parecia que a vida agora era uma semana de trabalho de sessenta horas. Ele lutou para manter um centro espiritual em sua vida enquanto cumpria as suas responsabilidades para com a família e a empresa. Nessa época, o seu padre foi transferido e o padre substituto era jovem e inexperiente e Bob não conseguia se identificar com ele. Não demorou muito para que a prática espiritual que tinha sido o centro da vida de Bob e que o tinha ajudado a crescer e progredir se transformasse em orações matinais e noturnas.
Esse foi um processo gradual para Bob, entretanto, o que ele não reconheceu foi que ele não estava mais ciente e trabalhando para melhorar a sua condição espiritual. Ele se considerava uma espécie de ‘circuito de espera’ que seria substituído com o tempo por mais foco nas coisas espirituais da vida quando esse projeto terminasse e a empresa estivesse melhor e a economia se recuperasse. O que ele não reconheceu foi que na vida espiritual não existe um circuito de espera: ou a pessoa está progredindo em direção a Deus ou se afastando Dele. À medida que Bob se afastava, o nous dele veio a ser mais sombrio, a sua comunhão com Deus diminuiu e ele ficou mais dominado pelas paixões.
Vocação
Nos anos seguintes, Bob continuou a produzir bons resultados no trabalho e a progredir. No entanto, ele também estava se tornando menos tolerante e solidário, menos humilde e compassivo; as mesmas qualidades que foram a base de seu avanço. Alguns colegas e superiores de Bob começaram a se perguntar se ele era tão bom quanto pensavam e quando ele perdeu a paciência com um cliente importante, assim como havia feito com Harry, o gerente de projeto, ele reconheceu que ele estava fora de controle e começou a se preocupar com o que mais poderia acontecer.
Ele buscou especificamente um padre para aconselhamento espiritual e relutou em saber que, tendo-se deixado consumir pelas suas responsabilidades profissionais e realinhando as suas prioridades com o trabalho e a compensação material, ele tinha caído na insensibilidade. Ele reconheceu que isso era verdadeiro quando o seu padre leu para ele a frase de St. John Clímacus: ‘Ele ensina mansidão e durante o ensino propriamente dito fica frequentemente zangado.’ Ele levou a sério o conselho espiritual que recebeu e começou a trabalhar em sua própria vida espiritual.
Uma das primeiras coisas que ele teve que aprender foi a verdade sobre qual era realmente a sua vocação. Embora o termo Inglês seja derivado do latim ‘vocare’, que significa ‘ser chamado’, a questão é chamado para quê? É apenas um ‘chamado pessoal’ ou existe um chamado mais geral e, de fato, espiritual?
Ele achou a resposta a essa pergunta num livro de um teólogo contemporâneo que desafiou radicalmente as suas crenças anteriores ao dizer: ‘Deus abençoou o mundo, abençoou a humanidade, abençoou o sétimo dia e isso significa que Ele encheu tudo o que existe com o Seu amor e bondade; tornou tudo isso ‘muito bom’. Portanto, a única reação natural da humanidade, a quem Deus deu essa obra abençoada e santificada, é abençoar a Deus em troca, agradecer-Lhe, ver o mundo como Deus o vê e – nesse ato de gratidão e adoração – saber, nomear e possuir o mundo.
Todas as qualidades racionais, espirituais e outras da humanidade, que a distinguem das outras criaturas, têm o seu foco e a sua realização última nessa capacidade de bendizer a Deus, de conhecer, por assim dizer, o significado da sede e da fome que constitui a vida. ‘Homo sapiens’, ‘homo faber’ *sim, entretanto, antes de tudo, ‘homo adorans’.
Em primeiro lugar, a definição básica da humanidade, é que ele é o sacerdote. Ele está no centro do mundo e o unifica em seu ato de abençoar a Deus, de receber o mundo de Deus e de oferecê-lo a Deus – e ao encher o mundo com essa eucaristia (ação de graças), ele transforma a sua vida, daquele que ele recebe a partir do mundo, para a vida em Deus, para a comunhão com Ele.’13
Começar a participar desse novo entendimento da vida e do chamado começou a mudar a vida de Bob mais uma vez. Isso o reorientou para as realidades espirituais fundamentais da vida e, felizmente, o padre de Bob proporcionou-lhe uma prática para que isso não se tornasse apenas um espiritualismo desconectado.
Bob nunca teve a visão negativa do monasticismo [ou monaquismo] que muitos têm, vendo o ascetismo de forma negativa porque eles concebem os ascetas apenas como monges sujos com barbas longas em antigos mosteiros praticando abnegação, jejuando e mantendo vigílias noturnas – o exato oposto do ‘boa vida.’ Na verdade, a sua experiência inicial com um pai espiritual tinha confirmado o valor do monasticismo.
O que ele realmente não fez foi deixar claro que isso não tinha valor apenas para ‘eles’ (isto é, os monásticos), no entanto, tinha o mesmo valor necessário para ele. O que Bob tinha vindo a entender é que, porque todos são chamados a ser homo adorans, a ser sacerdotes e a oferecer a vida a Deus em ação de graças, todos são chamados a ser ascetas. Seja dona de casa, monge, empresário, sacerdote, eletricista, professor, etc., todos nós somos chamados a praticar a ascese, a lutar contra as tentações dessa vida – a estar no mundo, mas não ser do mundo.
Através do ascetismo cada pessoa trabalha para transcender a sua natureza decaída e as suas tendências ao individualismo e ao egoísmo. E sob a orientação do pai ou da mãe espiritual, aprende-se a manifestar esse conhecimento num contexto que é centrado no reino.
O ascetismo e a sua disciplina permitem-nos ir além do egoísmo. Essa é uma parte crítica da vida Cristã, como nos assegura St. Dorotheos of Gaza quando ele diz: ‘a autoindulgência elimina o respeito dos outros, afasta o temor de Deus, gera o desprezo’.14 O contexto para o ascetismo é o corpo da Igreja.
O ascetismo é um ato de comunhão, não um ato de privação ou uma atitude negativa perante a vida. Ele não é um desprezo pelo corpo e pela matéria, mas sim um amor pela beleza da realização pessoal e da restauração à imagem de Deus. É a luta para renunciar à nossa tendência egocêntrica de ver tudo como objetos neutros, sujeitos às nossas necessidades e desejos.
O ascetismo está claramente ligado à liderança, como Bob estava descobrindo, pois a boa liderança tem a ver com a renúncia de si mesmo e do egoísmo. É possível ser um bom líder se eu me importar mais comigo mesmo do que com aqueles que lidero? Provavelmente não! Isto é exatamente o que um bispo russo do século XIX tinha em mente quando ele disse: ‘Quem quiser reger e governar os outros tem que aprender a reger e governar a ele mesmo de antemão e ele tem que em primeiro lugar fazer a ele mesmo o que ele deseja e ordena aos outros que façam.’15
“É possível ser um bom líder se eu me importar mais comigo mesmo do que com aqueles que lidero? Provavelmente não!“
Discernimento
No uso do Novo Testamento, a palavra grega diakrisis pode ser traduzida como discernimento ou discriminação. Isso aparece nos dois sentidos no Novo Testamento, entretanto, nos primeiros Padres espiritualizados o termo mais frequentemente usado é discernimento, mas em ambos os casos os significados são bastante diferentes do uso moderno em Inglês. No Inglês de hoje nós tendemos a usar discriminação como a capacidade de distinguir, de ser capaz de fazer distinções entre coisas diferentes, de uma forma quase estética.
O discernimento é comumente entendido como o poder ou faculdade mental que permite discernir ou discriminar. Em outras palavras, alguém pode ser visto como mais estético, o outro como mais intelectual. Para os primeiros Padres espiritualizados da Igreja, essas não eram vistas como faculdades intelectuais ou estéticas, mas sim como faculdades espirituais.
Diakrisis, como discriminação, é definido assim: ‘uma dom espiritual que permite discriminar entre os tipos de pensamentos que entram na mente de alguém, avaliá-los com precisão e tratá-los adequadamente. Através desse dom obtém-se o ‘discernimento dos espíritos’ – isto é, a capacidade de distinguir entre os pensamentos ou visões inspirados por Deus e as sugestões ou fantasias vindas do diabo. É uma espécie de olho ou lanterna da alma pelo qual o homem encontra o seu caminho no caminho espiritual sem cair em extremos ; portanto, isso inclui a ideia de discrição [poder de decisão].’16
Para os Padres espiritualizados, a discriminação resulta da prática ascética e da superação das paixões. Segue-se a superação do desejo e da raiva, de atingir o estado de ser ‘sujeito a si mesmo, que Deus faz com que todas as coisas sejam sujeitas a ele através do desapego e pela graça do Espírito Santo.’17
St. John Damaskos deixa claro que esse não é um dom ou condição de profecia ou de previsão do futuro; antes, através da humildade chega-se ao ponto onde não é mais seduzido pela aparência externa das coisas, como eram antes. Eles olham desapaixonadamente para todas as coisas: ouro e prata, opções de ações e promoções, aquisições e oportunidades de negócios e não os avaliam falsamente por causa de suas paixões. ‘Ele olha para um homem e conhece que ele também é da terra e irá voltar para ela. E ele não pensa nisso simplesmente de uma forma abstrata, pois todos nós sabemos por experiência que esse é o caso, porém porque nós somos tiranizados pelas paixões e nós ainda ansiamos por coisas materiais.’18
St. John Cassian conta sobre um monge que perguntou ao Abba Moisés: ‘*você tem deixado claro que a discriminação é a fonte, a raiz, a coroa e o vínculo comum de todas as virtudes. Nós gostaríamos muito de saber como nós somos capazes de adquiri-la* Abba Moisés então disse: A verdadeira discriminação chega até nós apenas como resultado da verdadeira humildade e isso, por sua vez, é demonstrado por revelarmos aos nossos pais espirituais não apenas o que nós fazemos, mas também o que nós pensamos, por nunca confiarmos em nossos próprios pensamentos e por nunca seguirmos as palavras dos nossos mais velhos, considerando como bom o que eles tinham julgado ser assim.’19
O que Bob começou a descobrir ao se comprometer novamente com um foco espiritual em sua vida, ao adotar a prática espiritual e a mentalidade da fé, foi que muitas das coisas que ele ‘necessitava’ para ter sucesso na vida surgiram como resultado do empreendimento espiritual. Ele entendeu, é claro, que ‘sucesso’ nesse contexto significava cumprir a vontade de Deus em sua vida, mas o mais importante é que a busca individual mais importante era a espiritual que resultou na descoberta da verdadeira pessoa em Deus, no crescimento existencial e comunhão, na superação das paixões e no alcance do estado de não mais ser controlado pelas coisas externas.
Ao empreender essas tarefas, ao entrar voluntariamente nas práticas, ao progredir para vir a ser quem ele é em Deus, ele não apenas se encontrou, não apenas cresceu e se desenvolveu espiritualmente, mas essa mesma experiência se manifestou de forma inesperada no restante da vida dele.
Depois que aceitou que a sua vocação era oferecer ações de graças a Deus, ele descobriu que parou de se preocupar se estava na profissão ‘certa’ e se preocupou menos com o progresso pelo bem do progresso. Ao se perceber espiritualmente fundamentado, reconhecendo as suas próprias fraquezas e superando-as, ele descobriu que tinha muito mais discernimento sobre as decisões que vinham diante dele, bem como sobre os problemas e fraquezas das pessoas que as trouxeram. À medida que ganhou humildade através de um verdadeiro entendimento de suas próprias limitações e falhas, ele descobriu que era muito mais eficaz no gerenciamento de seus relatórios e no trato com as pessoas ao seu redor.
Possibilidade Teórica ou Realidade Prática
Isso é apenas teoria ou é uma realidade na tradição espiritual Oriental? Entre os axiomas mais antigos do Cristianismo está a frase latina ‘lex orandi, lex credendi’: aquilo que se ora é aquilo que se acredita. Talvez o melhor teste, então, da realidade desses preceitos na tradição Cristã Oriental seja procurá-los nos cultos de adoração. Dois exemplos podem ser suficientes.
O Domingo de Ramos é uma festa que ocorre no final do período da Quaresma e que oferece a entrada na Semana Santa e uma antecipação da alegria da Ressurreição celebrada no Domingo de Páscoa. Mesmo uma festa como o Domingo de Ramos contém exemplos como esse dos ofícios das Leituras (Matinas).
‘Desde a minha juventude eu estou em guerra com muitas paixões; no entanto, Tu serás a minha ajuda e salvar-me-ás, ó Salvador.’
O ofício retoma esse tema um pouco mais tarde com:
‘Em Tua compaixão inefável, ó Cristo nosso Deus, faze-nos vencedores sobre as nossas paixões irracionais. Considere-nos dignos de testemunhar o Seu rápido triunfo sobre a morte e a Sua alegre e vivificante Ressurreição e tenha misericórdia de nós.’
Durante a Divina Liturgia, todos os domingos, hinos diários (comumente chamados de Apolotykia ou Hinos de Despedida) são cantados em um ciclo de oito tons (ou modos). O Hino de Despedida no Oitavo Tom:
‘A partir do alto Tu desceste, ó Compassivo e aceitaste o sepultamento por três dias, para nos libertar das paixões; a nossa Vida e a nossa Ressurreição, ó Senhor, glória a Ti.’
1 Vlachos, Hierotheos; Orthodox Spirituality; Birth of the Theotokos Monastery, Levadia, Greece; 1994; p. 34
2 ibid, p. 40
3 ibid, p. 40
4 ibid, p. 41
5 St. Basil the Great, The Greek Fathers of the Church, Vol. 1, Thessaloniki, 1972, pg. 68
6 ibid, p. 41-42
7 St. Maximos the Confessor, “The First Century on Love” in the Philokalia, Faber & Faber, Winchester, MA, 1981, p. 59.
8 Vlachos, H. The Illness and Cure of the soul in the Orthodox Tradition, Birth of the Theotokos Monastery, Levadia, Greece, 1993, p. 51.
9 St. John Climacus, The Ladder of Divine Ascent, Holy Transfiguration Monastery, Boston, MA, 2001, p. 124-6
10 Archimandrite Sophrony, The Monk of Mount Athos, Crestwoo, NY, St. Vladimir’s Seminary Press, 1989, p. 44
11 Ibid, p. 123
12 Ware, Kallistos; in Spiritual Direction in the Early East by Irenee Hausherr, SJ, Cistercian Publications, Kalamazoo, MI, 1990, p. ix.
13 Schmemann, Alexander, For the Life of the World, St. Vladimir’s Seminary Press, Crestwood, NY, 1973, p. 15
14 St. Dorotheos of Gaza, Discourses and Sayings, Cistercian Publications, Kalamazoo, MI, 1977, p. 114
15 Tikhon of Zadonsk, Journey to Heaven, Holy Trinity Monastery, Jordanville, NY, 1991, p. 104
16 Palmer, Sherrard and Ware, Editors, The Philokalia, Vol. III, Faber and Faber, London, 1984, p. 357
17 St. Peter of Damaskos, The Philodalia, Vol. III, Faber and Faber, London, 1984, p. 245
18 ibid, p. 244
19 St. John Cassian, The Philokalia, Vol. I, Faber and Faber, London, 1984, p. 103
Imagem: Escultura-Construindo-Pontes-Lorenzo-Quinn.jpg – 25 de janeiro de 2024. O nome dessa escultura é “Construindo Pontes” do escultor e ex-ator Italiano Lorenzo Quinn. A escultura está situada no distrito oriental de Castello, em Veneza, Itália. Cada uma das mãos simboliza diferentes valores humanos e representa a união em tempos críticos. A ponte representa os seis valores humanos universais essenciais: Amizade, Sabedoria, Solidariedade, Fé, Esperança e Amor.
—–continua Parte VII—–
—–