O ego, Freud e Um Curso em Milagres
Tradução livre Projeto OREM® (PO)
Dr. Kenneth Wapnick, Ph.D., esclarece-nos que as pessoas gostam muito de Jung e dos Psicólogos não tradicionais e com certa razão, no entanto, Freud foi varrido para o pano de fundo. Contudo, o entendimento básico do ego no Curso se baseia diretamente nos ensinamentos de Freud.
Ele era um homem brilhante e se não fosse por Freud, Um Curso em Milagres não teria existido. O próprio Jung nos diz, apesar de todos os problemas que tinha com Freud, que ele estava sendo levado nas costas de Freud. E isso é verdade para todas as pessoas que vieram depois de Freud.
Freud descreve de modo muito sistemático e muito lógico exatamente como o ego funciona.
Freud usa a palavra ‘ego’ de um modo diferente daquele usado pelo Curso. No Curso, ‘ego’ é usado basicamente com a mesma conotação que existe no Oriente. Em outras palavras, o ego é o ser com letra minúscula.
Para Freud, o ego é apenas uma parte da psique, que consiste do id (o inconsciente), o superego (o consciente), e o ego, que é a parte da mente que integra tudo isso.
O Curso usa a palavra ‘ego’ de formas que seriam basicamente equivalentes a psique total de Freud. Vocês simplesmente tem que fazer essa transição para trabalhar com o Curso.
Incidentalmente, o único erro de Freud foi monumental! Ele não reconheceu que toda a psique era uma defesa contra o nosso verdadeiro Ser, a nossa verdadeira realidade.
Freud tinha tanto medo da sua própria espiritualidade que ele teve que construir todo um sistema de pensamento que era virtualmente impregnável à ameaça do espírito. E ele, de fato, fez exatamente isso. Porém, ele foi brilhante ao descrever como a psique ou o ego trabalha. O seu erro, mais uma vez, foi não reconhecer que a coisa toda era uma defesa contra Deus.
Basicamente, o que é dito hoje a respeito do ego está baseado no que Freud havia dito. Nós todos temos para com ele um tremendo débito de gratidão. Particularmente notáveis foram as contribuições de Freud na área dos mecanismos de defesa, ajudando-nos a entender como nós nos defendemos contra toda a culpa e o medo que nós sentimos.
Quando nós vamos ao ego em busca de ajuda, nós abrimos um livro de Freud e achamos duas coisas que nos vão ajudar muito. A primeira é a repressão ou a negação. (O Curso nunca usa a palavra ‘repressão’; ele usa a palavra ‘negação’. No entanto, nós podemos usar uma ou outra.) O que nós fazemos com essa culpa, esse senso de pecado e com todo esse terror que nós sentimos é fazer de conta que eles não existem. Nós apenas os empurramos para o fundo, fora da consciência no nível da percepção [consciousness] e esse empurrar para baixo é conhecido como repressão ou negação.
Apenas nós negamos a sua existência para nós mesmos. Por exemplo, se nós estamos com muita preguiça de varrer o chão, nós varremos a sujeira para baixo do tapete e então fazemos de conta que não está ali; ou um avestruz que quando tem medo apenas enfia a cabeça na areia para não ter que lidar com o que o ameaça tanto, nem sequer se defrontar com isso. Bem, isso não funciona por razões óbvias. Se continuamente nós varremos a sujeira para baixo do tapete, ele vai ficar cheio de caroços e nós eventualmente vamos tropeçar, enquanto o avestruz pode se ferir muito continuando com a sua cabeça virada para baixo.
Mas, em algum nível, nós sabemos que a nossa culpa está lá. Assim, nós vamos ao ego mais uma vez para lhe dizer que “negar foi ótimo, no entanto, você terá que fazer alguma outra coisa. Esse negócio irá subir e eu irei explodir. Por favor, ajude-me.” E aí o ego diz: “Eu tenho a coisa certa para você.” Ele nos diz para procurar na página tal e tal na Interpretação dos Sonhos de Freud e lá nós achamos o que se conhece como projeção.
Provavelmente não há nenhuma ideia em Um Curso em Milagres que seja mais crítica para o nosso entendimento do que essa. Se vocês não entenderem a projeção, não entenderão uma única palavra no Curso, nem em termos de como o ego funciona, nem em termos de como o Espírito Santo irá desfazer o que o ego tem feito.
Dr. Wapnick continua esclarecendo que a projeção muito simplesmente significa que você tira alguma coisa de dentro de si mesmo e diz que realmente isso não está aí; está fora de você, dentro de outra pessoa.
A palavra em si literalmente significa jogar fora, atirar algo a partir de, ou em direção a alguma outra coisa ou pessoa e isso é o que todos nós fazermos na projeção. Nós tomamos a culpa ou o pecado que nós acreditamos estar dentro de nós mesmos e dizemos: -Isso não está realmente em mim, está em você. Eu não sou culpado, você é culpado. Eu não sou responsável por eu ser miserável e infeliz, você sim é culpado pela minha infelicidade.
Do ponto de vista do ego, não importa quem seja o ‘você’. Para o ego, não importa em cima de quem você projeta, contanto que você ache alguém para descarregar a sua culpa. É assim que o ego nos diz para nos livrarmos da culpa.
Dr. Wapnick exemplifica que “uma das melhores descrições que é conhecida desse processo de projeção se encontra no Velho Testamento, no Levítico, onde é dito aos filhos de Israel o que fazer no dia do perdão, Yom Kippur. Eles devem reunir-se e no centro do campo está Arão que, como Sumo Sacerdote, é o mediador entre o povo e Deus. Ao lado de Arão está um bode e Arão coloca a sua mão sobre o bode e simbolicamente transfere todos os pecados que o povo acumulou durante todo o ano para esse pobre bode. Eles, então, chutam o bode para fora do campo. Esse é um relato perfeito e gráfico do que é exatamente a projeção e, como não poderia deixar de ser, é daí que vem a expressão ‘bode expiatório’”.
Dr. Wapnick, esclarece-nos também que quando Freud falou sobre a natureza intencional dos sonhos, ele falou especificamente sobre a sua capacidade de realizar um desejo, geralmente conhecida como “a teoria da realização do desejo“.
De modo geral, os sonhos nos mantêm adormecidos. Assim, à noite, quando nós estamos dormindo, as nossas defesas tendem a relaxar um pouco e todo o material inconsciente diabólico (engenhoso, complexo) ameaça vir à tona e, consequentemente, nos acordar.
O objetivo do sonho é domar (domesticar) essas forças selvagens (como Freud as pensava) em nosso inconsciente e fazer um compromisso com elas – na verdade, permitir que existam e ajudá-las a chegar a algum tipo de resolução ou cumprimento. Esta é a ideia mais específica de desejo: cumprir todos esses impulsos instintivos, porém, principalmente para que nós permaneçamos adormecidos.
De modo geral, nós diríamos, portanto, que os sonhos existem para cumprir o desejo de permanecer adormecido e, secundariamente, para realizar os desejos gerados por essas forças instintivas que sempre têm a ver, em última instância na teoria de Freud, com a sexualidade infantil.
Foi ajudando-nos a entender que os sonhos têm um propósito que Freud deu uma de suas contribuições mais duradouras, sem as quais, o Dr. Wapnick sempre enfatiza, nós não teríamos Um Curso em Milagres.
Quando nós olhamos para a visão dos sonhos do Curso, vendo através das lentes Freudianas em termos desse propósito mais geral de realizar um desejo, então nós somos capazes, de repente, de entender por que o sonho ocorreu e especificamente por que o sonho que nós chamamos de universo físico e os sonhos individuais que nós consideramos as nossas vidas ocorreram da maneira como ocorreram.
Existe um método na loucura do ego e esse método é a realização de um desejo.
Nós aprendemos com o nosso estudo de Um Curso em Milagres que o desejo que o mundo realiza para nós e especificamente o desejo que a nossa vida individual nesse mundo realiza, é o desejo de nos mantermos dormindo, assim como Freud ensinou. No entanto, visto no contexto metafísico, isso significa manter vivo o desejo de se separar de Deus.
Esse é o sono da separação.
O Curso nos diz que nós estamos em casa em Deus, sonhando com o exílio (T-10.I.2:1). O exílio, claro, é gerado pela ideia de que realmente nós nos retiramos do impossível e nos separamos do Amor de Deus.
“Essa é a origem do sonho e é isso que Jesus quer dizer quando afirma, como o faz em vários lugares, que o conteúdo de cada sonho é o medo.” (T-18.II.4; “As Dádivas de Deus”, pp.115-117).
É o medo de que de alguma forma Deus nos retalie e nos castigue por nosso pecado de nós nos separarmos Dele. Assim, o propósito primordial a que o sonho do ego serve é que nos mantenha dormindo. Ele mantém o sono da separação real, de modo que nós não acordemos do sonho e não reconheçamos que todo o sistema de pensamento do ego é o sonho.
O propósito do ego para o sonho do mundo e do corpo é manter a separação que nós acreditamos ter roubado de Deus, porém doar o pecado associado a ela.
Quando nós falamos em doar o pecado, nós estamos novamente falando de projeção, outro termo pelo qual, como nós já dissemos, nós temos uma grande dívida de gratidão para com Freud, porque foi Freud quem primeiro descreveu essa dinâmica incrivelmente importante.
Algo que eu não gosto em mim mesmo, eu rejeito, nego e reprimo. Tudo o que eu reprimo e fica inconsciente, eu projeto automaticamente.
Essa é a lei da mente fragmentada: o que eu reprimo (nego), inevitavelmente eu projetarei. Primeiro eu empurro para baixo de modo que não percebo e, em seguida, empurro para fora. Eu necessito de corpos ou objetos nos quais eu possa empurrar essa culpa.
É por isso que o mundo foi feito. Ele foi feito para abrigar todos esses bilhões e bilhões [zilhões] de fragmentos que nós chamamos de corpos ou formas, porque eles vêm em todas as variedades de formas e tamanhos, animados e inanimados. Porém, nós aprendemos no Texto que nada é realmente inanimado ou animado, tudo é o mesmo (T-23.II.19). Tudo é literalmente nada, que nós acreditamos ser alguma coisa.
Nós assumimos a culpa por nossa responsabilidade pela separação que está em nossas mentes e dizemos que ela não está mais em mim; Eu não sou responsável pela separação, alguém ou alguma coisa o é e o mundo surge para atender a essa necessidade ou para cumprir esse desejo.
O que é o ego?
No Livro de Exercícios de UCEM nós temos, na parte II.12. O que é o ego? – pg.491, a seguinte definição:
“O ego é idolatria; o sinal de um ser separado e limitado, nascido em um corpo, destinado a sofrer e a terminar a sua vida na morte. É a “vontade” que vê a Vontade de Deus como inimiga e toma uma forma na qual ela é negada. O ego é a “prova” de que a força é fraca e o amor amedrontador, de que a vida é realmente morte e de que só aquilo que se opõe a Deus é verdadeiro.
O ego é insano. Ele se estabelece no medo, além de Todos os Lugares, à parte de Tudo, separado do Infinito. Em sua insanidade, pensa que veio a ser vitorioso sobre o próprio Deus. E em sua terrível autonomia, “vê” que a Vontade de Deus foi destruída. Ele sonha com o castigo e treme com as figuras dos seus sonhos, os seus inimigos que buscam assassiná-lo antes que ele consiga garantir a sua segurança atacando-os.
O Filho de Deus não tem ego. O que pode ele saber da loucura e da morte de Deus, se habita Nele? O que pode conhecer do pesar e do sofrimento, se vive na alegria eterna? O que pode saber do medo e do castigo, do pecado e da culpa, do ódio e do ataque, se tudo o que o cerca é a paz que dura para sempre, para sempre sem conflitos e imperturbada, no mais profundo silêncio e tranquilidade?
Conhecer a realidade é não ver o ego e os seus pensamentos, os seus trabalhos, os seus atos, as suas leis e as suas crenças; os seus sonhos, as suas esperanças, os seus planos para a própria salvação e quanto custa acreditar nele. O preço da fé no ego é tão imenso em sofrimento que a crucificação do Filho de Deus é diariamente oferecida no seu santuário escuro e o sangue tem que ser derramado diante do altar onde os seus seguidores doentios preparam-se para morrer.
E, no entanto, um só lírio de perdão transforma a escuridão em luz, o altar às ilusões no santuário da própria Vida. E a paz será para sempre restituída às mentes santas que Deus criou como o Seu Filho, a Sua morada, a Sua alegria, o Seu Amor, completamente Seu, completamente um só com Ele.“
No Livro Esclarecimento de Termos de UCEM temos, no Capítulo 2. O EGO – O MILAGRE – pgs.83 e 84, a seguinte definição:
“As ilusões não durarão. A sua morte é certa e apenas isso é certo no mundo em que elas existem. É o mundo do ego por isso. O que é o ego? Apenas um sonho acerca do que realmente és. Um pensamento segundo o qual estás à parte do teu Criador e um desejo de seres o que Ele não criou. É uma loucura, sem nenhuma realidade. Um nome para o que não tem nome, é tudo o que ele é. Um símbolo da impossibilidade, uma escolha por opções que não existem. Nós o nomeamos só para nos ajudar a compreender que ele não é nada senão um antigo pensamento que professa que o que foi feito tem imortalidade. Mas o que poderia advir disso senão um sonho que, como todos os sonhos, só pode terminar na morte?
O que é o ego? O nada, mas em uma forma que aparente ser algo. Em um mundo de formas, o ego não pode ser negado, pois só ele parece real. No entanto, seria possível o Filho de Deus, tal como Ele o criou, habitar na forma ou em um mundo de formas? Quem te pede para definir o ego e explicar como ele surgiu só pode ser alguém que pense que ele é real e busque, através da definição, assegurar-se de que a natureza ilusória do ego esteja oculta por trás das palavras que parecem fazer com que seja assim.
Não há definição para uma mentira que sirva para torná-la verdadeira. Nem pode haver uma verdade que as mentiras efetivamente ocultem. A irrealidade do ego não é negada por palavras, nem o seu significado se esclarece porque a sua natureza parece ter uma forma. Quem pode definir o indefinível? E apesar disso, mesmo aqui há uma resposta.
Não podemos realmente construir uma definição do que é o ego, mas podemos dizer o que ele não é. E isso nos é mostrado com perfeita clareza. É a partir daí que deduzimos tudo o que ele é. Olha para o seu oposto e podes ver a única resposta que é significativa.
O oposto do ego em todas as formas – em origem, efeito e consequência – nós chamamos de milagre. E aqui achamos tudo o que não é o ego nesse mundo. Aqui está o oposto do ego e só aqui olhamos para o que era o ego, pois aqui vemos tudo o que ele parecia fazer e a causa ainda tem que ser una com os seus efeitos.
Onde havia escuridão, agora vemos a luz. O que é o ego? O que era a escuridão. Onde está o ego? Onde estava a escuridão. O que é ele agora e onde pode ser achado? Nada e em lugar nenhum. Agora, a luz veio, seu oposto se foi sem deixar vestígio. Onde o mal estava, está agora a santidade. O que é o ego? O que era o mal. Onde está o ego? Em um sonho mau que apenas parecia real enquanto tu o estavas sonhando. Onde estava a crucificação está o Filho de Deus. O que é o ego? Quem tem necessidade de perguntar? Onde está o ego? Quem tem necessidade de buscar uma ilusão agora que os sonhos se foram?
O que é o milagre? É um sonho também. Mas olha para todos os aspectos desse sonho e nunca mais questionarás. Olha para o mundo benigno que vês estendendo-se diante de ti enquanto caminhas com gentileza. Olha para todos os ajudantes, ao longo do caminho no qual viajas, alegres na certeza do Céu e na segurança da paz. E olha por um instante, também, para o que deixaste para trás e finalmente superaste.
Isso era o ego – todo o ódio cruel, a necessidade de vingança e os gritos de dor, o medo de morrer e a urgência em matar, a ilusão sem fraternidade e o ser que parecia sozinho em todo o universo. Esse terrível equívoco acerca de ti mesmo, o milagre corrige com tanta gentileza quanto uma mãe amorosa nina a sua criança. Não é uma canção como essa que gostarias de ouvir? Não responderia ela a tudo o que pensaste em perguntar, tornando até mesmo a pergunta sem significado?
As tuas perguntas não têm nenhuma resposta, sendo feitas para aquietar a Voz de Deus. Que só pergunta uma única questão a cada um: “Já estás pronto para Me ajudar a salvar o mundo?” Faze essa pergunta ao invés de perguntar o que é o ego e verás um brilho súbito cobrir o mundo feito pelo ego. Agora nenhum milagre é recusado a ninguém. O mundo está salvo do que pensaste que ele era. E o que ele é, é totalmente isento de condenação e totalmente puro.
O milagre perdoa, o ego condena. Nenhum dos dois precisa ser definido exceto por isso. No entanto, poderia uma definição ser mais certa, ou mais de acordo com o que é a salvação? O problema e a resposta estão juntos aqui e, tendo-se afinal encontrado, a escolha está clara. Quem escolhe o inferno quando ele é reconhecido? E quem não iria um pouco mais adiante quando lhe foi dado compreender que o caminho é curto e sua meta é o Céu?“
Extraímos algumas definições sobre “o que é o ego?” do livro “The Message of A Course in Miracles – A translation of the Text in plain language” (tradução livre: “A mensagem de Um Curso em Milagres – Uma tradução do Texto em linguagem simples”), de autoria de Elizabeth A. Cronkhite, par ao nosso conhecimento e entendimento:
“O ego considera o corpo como o seu lar e todos os apetites e todas as necessidades, sejam eles físicos ou emocionais, originam-se no ego e são o meio de ‘obter’ algo para confirmar a existência do ser pessoal para si mesmo. Porém, é a sua mente que decide que isso é possível e é a sua mente que fica confusa sobre o que é real.
O ego considera o Espírito Santo como o seu inimigo porque o ego surgiu da separação e a sua existência depende da continuação da separação.
O ego não é capaz de totalmente desejar qualquer coisa por causa de sua percepção de que a falta é real e a totalidade é impossível.
O ego está desesperado porque a sua destruição é inevitável.
O ego é deficiente e deve ser julgado e considerado deficiente.
O ego está preocupado com o controle, não com a integridade.
O ego é ameaçado tanto pelo corpo, que ele vê como indigno dele, quanto pelo Espírito Santo, Que o desfará.
O corpo é o lar escolhido pelo ego. Ele [o ego] se sente seguro nessa identificação porque quando você se identifica com o ego, a vulnerabilidade do corpo é uma ‘prova’ de que você não pode ser Um Só com Deus.
O ego não pode lhe dar uma resposta duradoura porque o Eterno só vem de Deus. O ego, então, o mantém preocupado, ocupado e buscando segurança e conforto no mundo que você percebe, sem permitir que suba na sua consciência, no nível da percepção [consciousness] até ao nível da realidade [awareness], de que é isso que você está buscando.
O ego adora apresentar-lhe problemas que você não pode resolver. Portanto, em cada situação, você tem que aprender a perguntar: “O que estou realmente buscando?”
O ego não consegue entender o que o ameaça e quando você se identifica com o ego, você não entende o que o ameaça. Apenas a sua identificação com o ego lhe dá [ao ego] algum poder sobre você. Não é um poder separado, mas uma crença sobre você mesmo.
O ego e o Espírito Santo não podem se juntar a você. A sua mente fragmentada mantém a sua percepção de separação de Deus, dissociando a sua Mente Crística. Ele nega o seu impulso natural para estender o Amor de Deus. O ego não faz isso, entretanto, a sua identificação com o ego é o meio que a sua mente fragmentada usa para manter a sua crença de que a separação é real. É a sua decisão de se identificar com o ego que permite que essa crença continue.
O ego não é de Deus, mas o Espírito Santo é a Voz por Deus.
A Paz ameaça o ego porque ele [o ego] nasceu em e depende de seu conflito interno para continuar. O ego é fortalecido em seu conflito interno e, quando você acredita no conflito, você ataca porque você se sente ameaçado.
O ego é um símbolo desse conflito, assim como o Espírito Santo é um símbolo de sua Integridade e Paz, assim como você percebe os outros é determinado pelo que você deseja fortalecer em si mesmo. Por meio do ego você pode perceber a separação, porém, o Espírito Santo pode reinterpretar as suas percepções.
O ego percebe o mundo como um lugar de separação de Deus, mas o Espírito Santo é capaz de usar a sua percepção de um mundo como um meio para lembrá-lo de Deus.
O ego é fraco em razão de sua limitada consciência no nível da realidade [awareness].
Os pensamentos do ego não podem ser estendidos porque os seus pensamentos [do ego] ocorrem em muitos níveis que podem entrar em conflito e podem até mesmo se opor no mesmo nível. Pensamentos opostos não podem ser estendidos porque eles não são Um Só. Já que você é Um Só com Deus, você pode estender apenas os Pensamentos Amorosos de Deus e esse é o Céu.”
Natureza e origem de nossa existência – o ego e o mundo que nós percebemos
Do livro canalizado “O Desaparecimento do Universo”, de autoria de Gary R. Renard, nós extraímos os ensinamentos dos Mestres Ascensionados Pursah e Arten, sobre os ensinamentos de Jesus em UCEM sobre a natureza e origem de nossa existência, que nós transcrevemos em resumo a seguir.
Também extraímos de inspiradores Workshops do Dr. Kenneth Wapnick, Ph.D., adicionais e complementares esclarecimentos, que nós transcrevemos também em resumo, em tradução livre, a seguir, para a nossa profunda reflexão e o nosso revelador entendimento.
Então Dr. Wapnick e os Mestres Ascensionados [livro citado acima] contarão, a seguir, a “história” da natureza e origem de nossa existência – o ego e o mundo que nós percebemos.
“Os Mestres Ascensionados explicam que a maioria dos Americanos pensam que foi a revista TIME, nos anos sessenta, que disse, “Deus está morto”. No entanto, por volta de 1880, Friedrich Nietzsche fez essa afirmação famosa pela primeira vez.
Esse é um desejo secreto do ego – matar Deus e tomar o Seu trono – no entanto, Nietzsche não sabia disso. Por volta dos quarenta anos, Nietzsche entrou em colapso, em um estado de demência do qual nunca se recuperou.
As pessoas sempre pensaram sobre a natureza e a origem de sua existência. Muitas presumiram ter encontrado as respostas e formaram inúmeras filosofias. Ainda assim, apenas um homem, que não é mais um homem, foi capaz de explicar verdadeiramente a sua origem.
Isso é dito para enfatizar as seguintes palavras de Jesus em Um Curso em Milagres:
“Não há afirmação que o mundo tenha mais medo de ouvir do que essa: Eu não sei o que sou e, portanto, não sei o que estou fazendo, onde estou ou como olhar para o mundo ou para mim mesmo. Entretanto, é aprendendo isso que nasce a salvação. E O Que tu és te falará de Si Mesmo.” (UCEM–LT–Capítulo 31.V.17:7-9-pág. 711)
Para falar sobre o que nós somos e de onde nós viemos e, então, podermos decidir com que rapidez nós queremos chegar onde nós estamos realmente indo, Jesus se utiliza, em Um Curso em Milagres, do emprego de termos ou símbolos para tentar explicar, em termos muito humanos, o impossível que parece ter ocorrido, mas que na Realidade nunca ocorreu.
Símbolos não podem realmente expressar o que parece ter acontecido no momento anterior à criação do universo. A magnitude da mente transtemporal é grande demais para se apreender com palavras.
Nós podemos, entretanto, ter um vislumbre do que realmente está por trás da chamada queda do homem e do que muitos chamaram de pecado original.
Nós podemos ter um vislumbre do que foi que resultou no evento ao qual a ciência se refere como Big Bang. Nenhum cientista jamais será capaz de voltar a nada anterior ao Big Bang, exceto em teoria.
Mas é possível nós nos lembrarmos do próprio início – e nós mudarmos a nossa mente sobre isso.
Antes do início, não havia inícios nem fins; havia apenas o eterno Sempre, que ainda está lá – e sempre estará. Havia apenas uma consciência no nível da realidade [awareness] de uma Unicidade Imaculada e essa Unicidade era tão Completa, tão Espantosa e Ilimitada em sua Alegre Extensão, que seria impossível que qualquer coisa estivesse consciente de algo que não fosse Si Mesma. Havia e há apenas Deus nessa realidade – à qual nós iremos nos referir como Céu.
O que Deus cria em Sua extensão de Si Mesmo é chamado de Cristo. Mas Cristo não é, de maneira alguma, separado ou diferente de Deus. Eles são exatamente a mesma coisa. Cristo não é uma parte de Deus, Ele é uma extensão do todo. O Amor real necessita ser compartilhado e o perfeito Amor que é compartilhado no Universo de Deus está além de todo entendimento humano.
Os humanos parecem ser parte do todo, mas Cristo é tudo isso. A única distinção possível entre Cristo e Deus – se uma distinção fosse possível – seria que Deus criou Cristo; Ele é o Autor. Cristo não criou Deus ou a Si Mesmo. Por causa de sua perfeita unicidade, isso realmente não importa no Céu. Deus criou Cristo para ser exatamente como Ele e para compartilhar O Seu eterno Amor e alegria, em um estado de êxtase livre, ilimitado e inimaginável.
Ao contrário do mundo concreto, específico no qual você parece estar agora, esse estado constante e encantador de consciência é completamente abstrato, eterno, imutável e unido. Cristo, então, estende a Si Mesmo criando novas Criações, ou extensões simultâneas do todo, que também são exatamente as mesmas em sua Perfeita Unicidade com Deus e com Cristo.
Portanto, Cristo, como Deus, também cria – porque Ele é exatamente o mesmo que Deus. Essas extensões não vão para dentro ou para fora, porque no Céu não existe conceito de espaço; existe apenas em todo lugar. O resultado de tudo isso é o compartilhar sem fim do Amor perfeito, que está além do entendimento.”
Dr. Wapnick então continua nos esclarecendo (-ou será nos recordando?):
“Agora vamos deixar o mundo maravilhoso da Unicidade – ou pensar que nós iremos deixar o mundo maravilhoso da Unicidade – onde o impossível parece ter acontecido. Na presença daquela resplandecência maravilhosa em que realmente não há luz percebida, na presença daquela canção incrivelmente alegre em que não há notas nem ouvidos para ouvi-la, o impossível parece acontecer.
Aquilo a que o Curso se refere como essa ideia diminuta e louca parece surgir na mente da Filiação. Provavelmente, a declaração mais clara disso vem perto do final do capítulo 27, onde Jesus diz: “Na eternidade, onde tudo é um [na Unicidade], introduziu-se uma ideia diminuta e louca …” (T-27.VIII.6:2).
“Essa é a ideia diminuta e louca que em efeito diz que eu quero estar por conta própria. Eu quero algo mais do que tudo; que olha para a realidade do Céu e diz, isso é tudo que existe? O céu é enfadonho. Eu quero estar livre da tirania de fazer parte do Todo. Eu quero algo além do infinito, eu quero algo além de todo lugar. Eu quero algo porque não há nada no Céu, literalmente “nada” no Céu – nada [“no thing”, no texto em Inglês].“Essa é a ideia diminuta e louca que em efeito diz que eu quero estar por conta própria. Eu quero algo mais do que tudo; que olha para a realidade do Céu e diz, isso é tudo que existe? O céu é enfadonho. Eu quero estar livre da tirania de fazer parte do Todo. Eu quero algo além do infinito, eu quero algo além de todo lugar. Eu quero algo porque não há nada no Céu, literalmente ‘nada‘ no Céu – nada [“no thing”, no texto em Inglês].“
Os Mestres compartilham a sua visão:
“Então, algo parece acontecer que, como em um sonho, realmente não acontece – apenas parece fazê-lo. Por apenas um instante, por apenas uma fração inconsequente de um nanosegundo, um aspecto muito pequeno de Cristo parece ter uma ideia que não é compartilhada com Deus. É um tipo de ideia ‘E se?‘. É como uma curiosidade inocente na forma de uma pergunta – que infelizmente é seguida por uma resposta aparente. A pergunta, se pudesse ser colocada em palavras era, ‘Como seria se eu saísse por aí e brincasse por conta própria?‘. Como uma criança inocente brincando com fósforos e colocando fogo na casa, você seria muito mais feliz em não encontrar a resposta para essa pergunta – pois o seu estado de inocência está para ser, aparentemente, substituído por um estado de medo e pelas defesas errôneas, viciosas, que essa condição parece exigir.
Pelo fato de sua ideia não ser de Deus, Ele não responde a ela. Responder seria dar realidade a ela. Se o Próprio Deus fosse reconhecer qualquer coisa exceto a ideia da Perfeita Unicidade, então, não mais haveria Unicidade Perfeita. Não mais haveria um Perfeito estado do Céu para o qual você fosse retornar.
Como você vê, você realmente nunca partiu. Você ainda está lá, no entanto, você entrou em um estado de ilusão de pesadelo. Enquanto você tem viajado apenas em sonhos, Deus e Cristo, Que sempre são Um Só, continuaram como sempre o foram e sempre o serão – completamente não afetados pelo que Jesus chama em seu Curso de “ideia diminuta e louca…” de separação.”
Vamos relembrar o início desse artigo onde o Dr. Wapnick fala sobre a inestimável contribuição de Freud e suas descobertas em perfeita sintonia ao que hoje é chamado de UCEM.
“No entanto, nesse instante cósmico de individualidade aparente – e não importa o quanto nós pensemos que a individualidade é atraente, ela não é nada além de separação – parece haver um diminuto aspecto de Cristo que agora está consciente de alguma outra coisa.
Isso é Dualidade. Agora, ao invés de Unicidade, você tem Dualidade.
Antes, havia a Unicidade Perfeita do Céu e nada mais. Isso é Não-Dualidade. Isso ainda é realidade. Não existe realmente mais de uma coisa, entretanto, agora, algo diferente parece estar acontecendo para você.
Parece haver Deus e alguma outra coisa. Isso é a ilusão da Dualidade e o mundo de multiplicidade e os incontáveis sujeitos e objetos que você percebe nele são meramente simbólicos da separação. Embora você ainda possa tentar criar, realmente não pode criar sem o poder de Deus, então, tudo o que você faz finalmente irá desmoronar.
A cada vez que um bebê parece nascer nesse mundo, está meramente recordando o tempo quando parecia viver em seu perfeito ambiente em Deus – onde tudo era nirvana e ele era cuidado e sustentado – e, então, subitamente, ele recebe uma bofetada no rosto de uma realidade aparente que, em comparação com o Céu, é um inferno vivo. Você pode pensar sobre um nascimento como um milagre, mas os bebês não vêm a esse mundo sorrindo, vêm? Eles vêm chorando e gritando.
A mente que está recordando a aparente separação, na realidade, adormeceu e está sonhando um sonho inútil, insignificante, ou um pesadelo, porque tudo o que parecia estar à parte do Céu teria que ser simbólico de uma oposição ao Céu. Portanto, isso iria parecer incluir características opostas.
Não há dúvida de que nós acreditamos que nós estamos experienciando a realidade aqui e é necessário mostrar a forma de sair dessa experiência.
A mente adormecida-na-roda não sabe disso, mas ela vai despertar no equivalente a um instante cósmico. Isso é assim porque a Voz por Deus e pelo Céu, à qual o Curso se refere como o Espírito Santo, ainda está conosco para nos lembrar da verdade e nos chamar para retornar.
Entretanto, essa memória pode ser aparentemente retardada por escolhas insensatas no sonho. Escolhas insensatas têm sido feitas por nós esse tempo todo. Nós temos o poder de escolher a memória e a força de Deus ou alguma outra coisa ao invés disso.
Foi isso que a parte da nossa mente que escolhe fez imediatamente após a aparente separação. Em choque, medo e confusão, a nossa mente fez uma série de escolhas insensatas que resultaram no ato de parecer estarmos aqui.
Nós ainda não percebemos, que devido ao poder espantoso da mente, certas escolhas feitas por nós poderiam acabar com a aparente separação – e poderia ter feito isso a qualquer momento. Isso não significa que será fácil nesse momento, no entanto, realmente significa que nós somos capazes de alcançar isso – com alguma ajuda.
Não nos enganemos: para realmente aceitarmos o ajudante de Deus, o Espírito Santo, nós necessitamos começar a confiar em Deus. Nós não podemos confiar Nele até que reconheçamos que não é Ele, mas nós mesmos, que somos os responsáveis por nossas experiências.
Vamos nos sentir culpados até que nós entendamos que esse mundo não é real e que nada realmente aconteceu. Isso não significa que nós não deveríamos agir de maneira responsável na ilusão. Significa que nós necessitamos entender certas coisas para aplicarmos o verdadeiro perdão que capacita o Espírito Santo a ajudar-nos ao máximo.
Deus não poderia ter criado esse mundo. Não seria da Sua natureza. Ele não é cruel, como Jesus nos mostra:
“Se esse fosse o mundo real, Deus seria cruel. Pois Pai nenhum poderia sujeitar as Suas crianças a isso com o preço a ser pago pela salvação e ser amoroso.” (UCEM– LT–Capítulo 13.Introdução.3:1-2-pág. 250)
Felizmente, esse não é o mundo real e Deus não é cruel. É por isso que o Dr. Wapnick e os Mestres Ascensionados do livro abordado acima, enfatizam, em seus ensinamentos, um ponto vital para os estudantes do próximo milênio. Tudo apenas mostra que não é a Perfeita Unicidade do Céu e tudo o que parece ter acontecido desde então, não tem absolutamente nada a ver com Deus.
A ideia da separação, assim como nossas decisões subsequentes, são coisas que não interessam nem um pouco a Deus. Os eventos em um sonho não têm consequências, simplesmente porque não estão realmente acontecendo. Embora tudo isso pareça muito real e frequentemente terrível para a gente, o nosso universo não é nada além de um pensamento inútil e mal feito – e a energia não é nada além do pensamento projetado. A matéria é apenas uma forma diferente de energia. Estando sem o poder de Deus, tudo o que a nossa mente pode fazer é aparentemente fragmentar e subfragmentar e, depois, tentar glorificar o resultado.
Embora, para recordar, nós realmente ainda estamos seguros no Céu e, pelo fato do que nós estamos vendo não ser verdadeiro, nós realmente não somos capazes de nos machucar – ainda que em nossos sonos estejamos sendo feridos e até mortos.
Na verdade, nós somos capazes de acordar e continuarmos com a Perfeita Unicidade do Céu exatamente como fizemos antes. Mas a nossa mente necessita ser treinada para ser dominada pelos pensamentos do Espírito Santo, ao invés dos pensamentos do ego. Isso requer a habilidade de tomar decisões que reflitam os pensamentos do Espírito Santo ao invés do nosso próprio.
Então, nós necessitamos fazer uma distinção enorme e firme entre Um Curso em Milagres e virtualmente todos os outros sistemas de pensamento na existência – da pré-história até o antigo Egito, Lao Tzu, aspectos do Hinduísmo, Zoroastiranismo, Velho Testamento, Corão, Novo Testamento e a outros sistemas Neo-Dualistas. Todos eles são um sistema de Dualidade que têm algum tipo de Fonte – geralmente Deus ou Deuses – como o criador, de alguma forma, de algo que não é ele próprio e, depois, respondendo a ele e interagindo com ele.
Os Mestres continuam nos explicando que nos anos noventa, um dos livros espiritualistas mais populares já escritos mostra o Próprio Deus dizendo que Ele criou o medo! Essa é uma imprecisão tão grande que nós não podemos enfatizar o suficiente o quanto é completamente falsa. Deus não criou nada que não seja a Perfeita Unicidade do Céu. Como Jesus coloca logo no início do seu Curso, quando está descrevendo qualquer coisa que não reflita o sistema de pensamento do Espírito Santo:
“Tudo o mais é teu próprio pesadelo e não existe.” (UCEM– LT–Capítulo 1.I.24:3-pág. 5)
E depois:
“Tu estás em casa em Deus, sonhando com o exílio, mas perfeitamente capaz de despertar para a realidade.” (UCEM–LT–Capítulo 10.I.2:1-pág.193)
Essas são afirmações de Não-Dualidade. Elas são destinadas a economizar o seu tempo e existem milhares de outras como elas no Curso, apenas para o caso de nós não termos ouvido Jesus da primeira vez – embora pareça que nem mesmo milhares de vezes sejam suficientes para muitos de nossos colegas estudantes.
Isso porque eles inconscientemente estão com medo da mensagem do Curso. Não por falta de inteligência, mas por causa de uma abundância de resistência inconsciente.
Existem razões importantes pelas quais o Dr. Wapnick e os Mestres Ascensionados enfatizem a distinção entre a Dualidade e a Não-Dualidade.
Isso tem a ver com as leis da mente e com o modo como o verdadeiro perdão funciona. A razão para entendermos o Curso não é meramente para um entendimento intelectual! A razão pela qual será extraordinariamente útil para entendermos o Curso de Jesus é para que nós possamos aplicá-lo aos problemas e situações que nos confrontam em nossa alegada existência diária.
É a aplicação do verdadeiro perdão, juntamente com Jesus ou o Espírito Santo, que nos levará à genuína felicidade, paz – e finalmente ao Céu.
O Curso é Puramente Não-Dualista, querendo dizer que dos dois mundos aparentes, o mundo de Deus e o mundo do homem, apenas o mundo de Deus é real e Ele não interage com o mundo falso – mas o Espírito Santo está aqui para nos guiar para casa.
Quando o Curso faz afirmações sobre Deus chorando por Seus filhos e coisas como essa, nós temos que entender isso simbolicamente como o Espírito Santo querendo que nós escolhamos A Sua Voz ao invés da voz do ego.
Todo o mundo do ego é uma ideia estúpida, porque é baseado em uma decisão estúpida.”
Dr. Wapnick então prossegue dizendo que todos esses são apenas termos ou símbolos para tentar explicar, em termos muito humanos, o que era esse pensamento impossível, o que era essa ideia diminuta e louca. Ele enfatiza novamente que esse é o nascimento da Dualidade.
Novamente, essa é a ideia de que de repente – e perceba que nós estamos falando sobre algo que nunca aconteceu – parecia como se uma parte da Mente de Deus, uma parte da Mente de Cristo se separasse, assim agora haviam duas mentes. Existe a Mente de Deus com “M” maiúsculo, que está totalmente Unificada com a Mente de Cristo e agora existe a pequena mente “m” (a mente fragmentada ou a mente separada) que parece estar coexistindo. Ainda assim, mais uma vez, isso nunca aconteceu.
Tudo o que nós estamos falando é tudo parte de um sonho. Ele não é real. Isso nunca aconteceu. Parece ser muito real e o que o Curso faz – e o que UCEM faz por um longo tempo descritivo – é descrever o processo de como o que nunca aconteceu parece ter acontecido e o curso que isso tomou. Nós voltamos a enfatizar que esse é o nascimento da Dualidade.
A Não-Dualidade é a condição do Céu onde a Mente de Deus e a Mente de Cristo estão totalmente unidas. Não há lugar onde um termina e o outro começa. No estado Dualístico, que é o início do sonho, há uma grande sensação de onde termina um e começa o outro. Há uma demarcação clara entre a Mente de Deus (ou a Mente de Cristo) e a pequena mente “m”.
Todo o resto daqui em diante é totalmente irreal e extremamente importante. O que o Dr. Wapnick e os Mestres Ascensos estarão fazendo agora, ao contar essa “história”, é falar sobre o processo de separação em termos de quatro estágios, as quatro fragmentações. O Curso nunca usa o termo quatro fragmentações – certamente fala muito sobre fragmentação – mas descreve quais são esses estágios.
A primeira fragmentação, então, é o que já discutimos. É aí que a mente do ego, a mente do Filho, parece se separar da Mente de Cristo. Então, onde havia uma, agora parece haver duas: a Mente de Cristo e a pequena mente “m”.
O que vem a ser extremamente importante entender é que quando o Curso fala sobre amor no Céu, Jesus está falando sobre amor que está continuamente se estendendo, um conceito que não tem referência ou significado nesse mundo, o que significa que não há como possa alguém nesse mundo entender a extensão do amor ou a extensão do espírito.
Porque quando nós pensamos em extensão, ela está sempre dentro de uma dimensão temporal e espacial: eu estendo o amor a você. O meu ser estende amor a você aqui no espaço e aqui por um período de tempo. Essa é a única maneira de nós entendermos o que significa extensão.
Na realidade, a extensão não ocorre em uma dimensão temporal ou espacial porque não há tempo ou espaço no Céu.
No entanto, o amor está continuamente se estendendo. Deus estende O Seu Ser, que é Amor, que cria Amor, que é Cristo. Cristo, sendo uma parte de Deus e compartilhando todos os atributos de Deus, também estende o Seu Ser, que é Amor e é a isso que Um Curso em Milagres se refere como as criações de Cristo.
Não há como nada disso ser entendido nesse mundo e o Curso nem mesmo tenta explicar isso. Jesus apresenta a ideia das criações de Cristo de vez em quando, mas então ele a abandona, basicamente dizendo, como nós vimos, não há como nós entendermos isso.
O ponto aqui é que amor está sempre se estendendo. Amor vem a ser amor vem a ser amor e não em um sentido quantitativo (ver LE-pI.105.4). Você não está adicionando amor como faria com alqueires de batatas, onde você tem uma quantidade e apenas adiciona e adiciona a ela. Ou você tem dois pais que têm relações sexuais e agora eles têm um filho. Aí essa prole cresce, encontra um companheiro, etc. E então você tem todos os “filhos” [no texto em Inglês arcaico: “begats”] que você encontra na Bíblia. Portanto, o amor está sempre fazendo mais. A vida física parece estar ganhando mais.
É a isso que o Curso se refere como uma “paródia cruel” ou uma “farsa” (má imitação) do processo de verdadeira extensão que ocorre no Céu. Não há como entender isso, exceto entender o conceito de que o amor sempre se estende e vem a ser amor. Unicidade Perfeita e unidade continuamente estende Perfeita Unicidade e unidade.
Da mesma forma, no entanto, o pensamento de separação, o pensamento de se separar de Deus também irá continuamente se fragmentar e se fragmentar e se fragmentar. Assim como o amor ama e se estende, a separação separa e separa, se fragmenta e se fragmenta. É a isso que o Curso se refere como a lei fundamental da mente: amor ou espírito estende, o ego projeta (ver T-7.VIII.1: 2).
Elas são palavras diferentes para exatamente a mesma dinâmica. A única diferença é que elas começam em lugares diferentes. A extensão começa com amor e é apenas amor; separação começa com separação e é apenas separação. Mas a separação está continuamente separando e continuamente fragmentando. É muito importante que nós entendamos isso, porque é isso que nós iremos desenvolver.
Portanto, nós temos a mente do Filho – agora dentro do sonho – separada da Mente de Si mesmo, que é Cristo e agora há uma pequena “m” mente e uma maiúscula “M” Mente.“
Os Mestres Ascensionados então prosseguem:
“Já foi mostrado que no início, um pequeno aspecto da mente de Cristo…Então, esse pequeno aspecto de Cristo adormeceu e está sonhando um sonho de separação e individualidade.
Em relação à individualidade, existe algo mais que nós valorizamos muito de maneira errônea. As pessoas têm orgulho do seu individualismo social e econômico.
Nesse ponto até agora de nossa “história”, nós temos também que abordar o princípio da consciência no nível da percepção [consciousness] – uma outra coisa que tolamente nós valorizamos muito.
Para termos consciência no nível da percepção [consciousness], nós temos que ter separação. Nós temos que ter mais de uma coisa. Nós temos que ter alguma outra coisa sobre a qual estarmos consciente. Esse é o começo da mente fragmentada.
Como o Curso ensina, em termos nada incertos:
“A consciência [consciousness], o nível da percepção, foi a primeira divisão introduzida na mente depois da separação, fazendo com que a mente seja um perceptor ao invés de um criador. A consciência no nível da percepção [consciousness] é corretamente identificada como o domínio do ego.” (UCEM–LT–Capítulo 3. IV.2:1-2-p. 44; acréscimos PO)
O Curso também diz, um pouco antes disso:
“A percepção não existia até a separação introduzir graus, aspectos e intervalos. O espírito não tem níveis e todo conflito surge do conceito de níveis.” (UCEM–LT–Capítulo 3. IV.1:5-6-p. 44)
Portanto, como já foi mencionado, nós deveríamos tentar nos lembrar de que a energia não é espírito – sendo o espírito a sua inalterável e verdadeira realidade. A energia, que muda e pode ser mensurada, existe dentro do domínio da percepção. Como Jesus também ensina:
“A percepção sempre envolve um certo uso equivocado da mente, porque traz a mente à áreas de incerteza.” (UCEM–LT–Capítulo 3. IV.5:1-p. 45)
Não existe incerteza no Céu, porque não existe nada além de tudo. Mas aqui, nós temos identidades. As pessoas nascem imediatamente com relacionamentos especiais – primeiro com a sua mãe e logo com o seu pai.
Os pais são, junto com os/as esposos/as e filhos/as, os relacionamentos mais fundamentais. O Curso se refere aos relacionamentos que são estabelecidos para esse mundo como relacionamentos especiais. Existem dois tipos de relacionamentos especiais – o amor especial e o ódio especial. Esse é um tema para um outro futuro artigo.
Nós já falamos sobre a primeira fragmentação na mente e, com ela, veio a consciência no nível da percepção [consciousness]. Por causa disso, pela primeira vez, nós tínhamos uma escolha consciente a fazer. Antes disso, não havia nada entre o que escolher. Mas agora, existiam duas respostas possíveis a essa ideia da separação.
Isso levou à segunda fragmentação da mente. Já foi dito que a mente aparentemente separada parece se fragmentar e subfragmentar. Isso simboliza a separação. No entanto, todas as fragmentações são simbólicas das poucas primeiras fragmentações. Uma vez que as entendamos, nós vamos entender todas como a mesma, apesar das aparências em contrário.
Temos que nos lembrar que depois da primeira fragmentação, o Céu veio a ser apenas uma memória.
A consciência no nível da percepção [consciousness] não é Deus, então, agora, algo completamente diferente parece estar nos acontecendo – uma experiência de individualidade. Como já foi dito, sempre que a mente se fragmenta, a sua nova condição é a realidade para ela – e a sua condição anterior é negada e esquecida.
Um Psicólogo chamaria isso de repressão, exceto que a magnitude do que nós estamos discutindo está muito além do que qualquer humano poderia estar ciente. Entretanto, a dinâmica é a mesma no sentido de que o que foi reprimido está inconsciente. Incidentalmente, o inconsciente não é um lugar – é um truque da mente. Ainda é possível nos lembrarmos do que tem sido negado, entretanto, sem ajuda, seria muito improvável que nós nos lembrássemos do que dissociou.
Agora, o nós ou você ao qual o Curso está se referindo não tem nada a ver com o nós ou você como um ser humano – ele é parte da nossa mente que toma decisões.
Mesmo quando nós parecemos estar tomando uma decisão aqui nesse mundo, nós realmente não estamos fazendo isso aqui, porque nós não estamos aqui.
Em nossa “história”, essa mente nova, aparentemente individual, vai tomar a sua primeiríssima decisão.
Nesse ponto, existem apenas duas escolhas e sempre haverá apenas duas escolhas. Aí você tem a segunda fragmentação da mente. Agora, parece que você tem uma mente certa e uma mente errada, cada uma representando uma escolha diferente, ou uma resposta diferente à ideia diminuta e louca.
Uma escolha é a memória do seu verdadeiro lar com Deus, simbolizada no Curso pelo Espírito Santo e a outra é o pensamento da separação de Deus, ou individualidade, simbolizada no Curso pelo ego.
Jesus atribui forma humana ao Espírito Santo e ao ego no Curso e fala sobre eles como se fossem entidades individuais, mas ele também deixa claro que:
“O ego não é nada mais do que uma parte da tua crença sobre ti mesmo.” (UCEM–LT–Capítulo 4.VI.1:6-pág. 71/72)
Vale ressaltar que para Jesus, o Curso é um trabalho de arte, não um projeto científico. É uma apresentação completa feita em níveis diferentes. Você tem que garantir a ele alguma licença artística. Muito do Curso é apresentado em versos brancos de Shakespeare, ou pentâmetro jâmbico.
Não apenas isso é lindo, mas nos força a ler o Curso de maneira mais lenta e cuidadosa. Isso também tende a atrair estudantes de longo prazo, que são sinceros em tentar aprendê-lo. Obviamente, o Curso não é para todos. Ou, como é mencionado no Curso, pelo menos não para todos de uma vez.
Novamente, a nossa mente tem duas opções entre as quais escolher; nós chegamos agora a um momento crítico na separação aparente. A memória do que nós somos vem a ser tanto a resposta para a separação quanto o princípio da Expiação reunidos em um só. Como o Curso ensina sobre o Espírito Santo:
“Ele veio a ser com a separação, como uma proteção, ao mesmo tempo inspirando o princípio da Expiação.” (UCEM–LT–Capítulo 5.I.5:2-pág. 79)
Obviamente, o Curso tem seu próprio significado para diversos termos, incluindo a Expiação. Como o Texto explica, o Espírito Santo tem sempre ensinado a Expiação.
“Ele te diz para voltar a tua mente para Deus, porque ela nunca O deixou. Se a mente nunca O deixou, só precisas percebê-la como é e já terás retornado. Assim sendo, a consciência plena da Expiação é o reconhecimento de que a separação nunca ocorreu.” (UCEM–LT–Capítulo 6.II.10:5-7-pág. 104)
Se, nesse ponto onde nós nos encontramos em nossa história, nós tivéssemos escolhido acreditar na interpretação ou resposta do Espírito Santo à separação ao invés de na interpretação ou reposta do ego, então, o nosso diminuto sonho de aventura estaria terminado.
E o ego tem uma resposta egoísta própria, embora torturante. Se nós continuarmos acreditando na separação, ele nos oferece a nossa própria identidade individual – separada de Deus, muito especial e exclusivamente importante. Como Jesus coloca no Texto:
“O ego tem que te oferecer algum tipo de recompensa pela manutenção dessa crença. Tudo o que pode te oferecer é um senso de existência temporário, que se inicia com o seu próprio começo e termina com o seu próprio fim. Ele te diz que essa vida é a tua existência porque é a sua própria.” (UCEM–LT–Capítulo 4.III.3:3-5-pág. 64)
Então, depois da primeira fragmentação, a próxima coisa que acontece é que a mente fragmentada [“m”] se fragmenta no que chamamos de ego ou a mente errada e a outra parte é o Espírito Santo, que é a mente certa. Essa é a segunda fragmentação.“
Dr. Wapnick enfatiza novamente, que tudo isso é irreal. Nós não estamos falando sobre a realidade. Nós não estamos falando sobre o ego como uma substância, entidade ou pessoa real. Nós não estamos falando sobre o Espírito Santo como uma substância, entidade ou pessoa real. Tudo isso está dentro do sonho. Essa é simplesmente outra expressão da fragmentação.
O ego é a parte da mente fragmentada que diz que a separação é real. O Espírito Santo é a parte da mente fragmentada que diz que a separação não é real.
Portanto, o Espírito Santo é basicamente aquela memória ou aquele pensamento que diz que nada aconteceu. É a memória de quem nós somos como Filho de Deus. É a memória do Amor de Deus que está dentro da mente fragmentada. Essa é a segunda fragmentação.
A primeira fragmentação é mente separando da Mente. A primeira fragmentação da mente é a consciência no nível da percepção [consciousness], que faz com que eu pense estar separado de Deus, ainda que realmente não possa estar. É como estar na cama, sonhando à noite. Eu ainda estou na cama, porém, eu não posso ver isso. Nesse sonho de separação, que é real para mim, o Céu é esquecido. Da mesma forma que quando eu sonho à noite, é o sonho que eu experiencio e ao qual eu reajo e eu estou totalmente inconsciente do lugar onde eu realmente estou.
A segunda fragmentação é mente se fragmentando em duas, porque é isso que a fragmentação deve sempre fazer. Ela [a fragmentação] simplesmente gera mais fragmentação. Ela não pode deixar de fazer isso. Essa é a natureza da mente.
O que está na mente continuamente, em certo sentido, inventa a si próprio ou se projeta ou se estende. O amor se estende continuamente. A separação se projeta continuamente. Portanto, agora existem duas partes para a mente fragmentada.
É claro que nós não tínhamos ideia daquilo no que nós estávamos nos metendo – e nós fizemos outra escolha estúpida.
Agora nós vamos encontrar a terceira fragmentação. Existe uma parte da mente que escolhe. Nós o chamamos de o tomador de decisões porque ele decide entre o ego e o Espírito Santo.
Mais uma vez, lembrem-se, nós estamos falando mitologicamente, simbolicamente. Nós não estamos falando sobre realidade ou fato.
O ego é uma construto que nós inventamos para entendermos um processo em nossa mente. O Espírito Santo é uma construto que nós inventamos para descrevermos um processo em nossa mente. O tomador de decisão é uma construto que nós inventamos para descrever um processo em nossa mente. E todos eles são diferentes. Todos eles são basicamente ilusórios porque todos fazem parte de um todo. As ideias não deixam a sua fonte, no entanto, elas parecem estar separadas.
A terceira fragmentação é quando o tomador de decisão, confrontado com a escolha entre o ego e o Espírito Santo, escolhe o ego e se separa do Espírito Santo. O tomador de decisão agora se junta ao ego. Esta é a terceira fragmentação.
A primeira fragmentação, novamente, é a pequena “m” mente separando-se da maiúscula “M” Mente. E então, uma vez que você tenha a pequena “m” mente, ela não pode deixar de se fragmentar continuamente porque isso é da natureza da mente. O amor se estende, a separação se separa ou se fragmenta.
Em seguida, ela se fragmenta em duas, que é a mente errada e a mente certa, o que chamamos o ego e o Espírito Santo. Então, o tomador de decisão escolhe o ego, assim se fragmentando e se separando do Espírito Santo.
Novamente, nós estamos simplesmente descrevendo o que se passa na mente e obviamente o descrevemos em termos humanos e antropomórficos, porque é isso que nós acreditamos ser. É assim que nós experienciamos a nós mesmos. Na verdade não é assim, no entanto, não há como saber como é. Essa mente não é a mente do Homo sapiens. Esse não é um cérebro humano fazendo tudo isso. Portanto, nós estamos simplesmente, como Homo sapiens, tentando descrever um processo em nossa linguagem, em nossos termos e em nossos conceitos, entretanto, é uma experiência que transcende o que nós estamos falando. Uma das características desse processo é que quando a mente se fragmenta, ela se esquece de onde ela se separou.
Quando a mente fragmentada se separa da Mente de Cristo, ele [tomador de decisões] se esquece de onde veio. Ele acredita agora que é a única coisa que existe – ele está por conta própria. E o que acontece, é claro, é que ele gosta do que vê, do que ele encontra.
Ele não se lembra de sua fonte porque aquilo de que nós nos separamos é negado, reprimido ou esquecido. Então, quando a mente fragmentada se fragmenta em duas e o tomador de decisão escolhe o ego ao invés do Espírito Santo, o tomador de decisão se esquece do Espírito Santo.
Ele se separa de si mesmo, que agora vem a ser virtualmente inexistente e do ponto de vista prático, ele é ilusório. Não há memória disso. Nós esquecemos que nós éramos parte de Deus. O Espírito Santo é enterrado e tudo o que parece ser a realidade é o sistema de pensamento do ego.
O que precede a próxima etapa é que o ego gosta do que ele encontrou. O ego gosta de estar por conta própria. Ele gosta de sua liberdade. Ele se deleita com a ideia: “Eu sou livre; Eu estou por minha conta; Eu sou um indivíduo.” Ele não tem memória do Amor de Deus. Para todos os efeitos e propósitos, ele destruiu o Amor de Deus. Veio a ser uma memória profundamente enterrada, se você quiser.
Ele se separou dele e esqueceu o que se separou. Tudo o que ele conhece é o que ele veio a ser. Agora ele veio a ser uma mente fragmentada, uma mente separada que está por conta própria e gosta disso. Gosta de ser livre. Gosta de sua individualidade.
Tudo o que nós parecemos experienciar aqui como seres humanos é um reflexo desse pensamento. Nós não queremos de fato abrir mão de nossa autonomia. Nós não queremos de fato abrir mão de nossa identidade. Nós não queremos de fato desistir de nosso especialismo, porque então nós deixaríamos de existir.
Nós gostamos de estar por conta própria. Isso é o que o pensamento de separação é. Nunca nos ocorre o que nós desistimos, porque se alguma vez nós nos lembrássemos do que desistimos – como o Curso diz em um ponto – saltaríamos nos braços de nosso Pai (T-9.VI.7:1-2).
Isso porque, no fundo, ninguém gosta de estar por conta própria. É horrível porque você está isolado [“desconectado”] da própria fonte de sua vida. Ninguém gostaria de ser isolado daquilo que acredita ser a fonte de sua vida: o oxigênio. Não é uma experiência muito agradável estar se sufocando.
Essa é apenas uma expressão física de como nós nos sentiríamos – em termos muito, muito piores – se nós nos permitíssemos perceber que nós nos sufocamos com a Fonte de nossa vida real. Mas nós não temos consciência no nível da percepção [consciousness] disso, porque isso faz parte da dinâmica da mente do ego. Ele esquece de onde se separou. Esquece o que sobrou.
Assim, primeiro nós nos esquecemos de Deus, a nossa Fonte. Agora nós pensamos que somos a nossa fonte. Nós pensamos que somos os nossos criadores. Nós pensamos que estamos por conta própria. Nós pensamos que somos autônomos e independentes e nos apaixonamos perdidamente – totalmente apaixonados – por nosso próprio especialismo e por nossa própria individualidade e singularidade.
Isso vem a ser extremamente importante mais tarde, quando nós vemos que a forma como nós vivemos aqui reflete aquele pensamento ontológico original que está sempre conosco porque nós somos esse pensamento.
Então, quando nós nos voltamos para o ego e nos separamos do Espírito Santo, essa memória de Quem nós somos também é separada. Portanto, não é apenas que nós nos separamos de Deus, a nossa Fonte, também nós nos separamos da memória que nos ligaria de volta a essa Fonte.
E então agora nós somos deixados com o ego que nós escolhemos, com o qual nos identificamos e nos separamos e nos esquecemos do Espírito Santo, a outra parte de nossa mente fragmentada. Essa parte de nossa mente fragmentada [o Espírito Santo] é o elo de volta à Mente de Cristo e à Mente de Deus.
Nesse ponto, é claro, não há esperança. Mas então fica cada vez pior porque, uma vez que nós iniciamos esse processo de fragmentação, é como abrir a caixa de Pandora. Jamais nós iremos fechá-la porque agora a fragmentação vem a ser descontrolada.
Vale ressaltar que uma vez que nós escolhemos o ego e provocamos a terceira fragmentação, é o Espírito Santo que passa a ser apenas uma memória. Nós estamos agora totalmente identificados com o ego.
Entretanto, sendo a mente holográfica pela graça de Deus, mesmo quando a mente parece se fragmentar, cada parte ainda mantém as características do todo – então, nunca realmente nós seremos capazes de estar perdido.
Tanto o ego quanto o Espírito Santo ainda podem ser encontrados em cada mente; porém, apenas, o Espírito Santo está sendo abafado pela voz do ego porque é isso o que nós escolhemos escutar – e o que realmente nós somos está sendo empurrado para fora de nossa consciência no nível da realidade [awareness]. Foi dito antes que nós podemos ter esquecido a verdade, mas que ela ainda está lá – escondida em nossa mente.
Nós não temos ideia do quanto a nossa mente é poderosa. No nível sobre o qual nós estamos falando, ainda o nível metafórico, toda a tempestade em copo d’água que nós chamamos de universo está para ser criada erroneamente por algumas poucas decisões da nossa parte.
O resultado eventual será um suposto nós que agora está totalmente inconsciente do poder real que está disponível para a gente e, ao invés disso, nós estamos virtualmente estúpidos e aparentemente presos a um corpo.
Vejamos um pouco do que o Curso tem a dizer sobre a época em que primeiro substituímos a verdade pela ilusão:
“Não reconheces a magnitude desse único erro. Ele foi tão vasto e tão completamente inacreditável que um mundo de total irrealidade tinha que emergir. Que outra coisa poderia resultar disso? Os seus aspectos fragmentados são bastante amedrontadores quando começas a olhar para eles. Mas nada do que tens visto nem de leve te mostra a enormidade do erro original, que aparentemente te expulsou do Céu para estilhaçar o conhecimento em pequenas partes sem significado de percepções desunidas e para forçar-te a fazer mais substituições.” (UCEM–LT–Capítulo 18.I.5:2-6-pág. 396)
Uma questão importante que o autor Gary levantou aos Mestres Ascensionados, durante a canalização, foi a história da Gênesis e Deus supostamente fazendo algumas das coisas que Ele fez e por que então uma parte de Cristo iria até mesmo querer se separar de Deus se tudo era completamente perfeito?
O Mestre Ascensionado ARTEN então responde, para a nossa inspiração:
“Em primeiro lugar, na história da Gênesis, Deus é responsável pelo mundo que você vê e você é um efeito ao invés da causa. No Curso, você é responsável pelo mundo que vê e não uma vítima dele. Deus e Cristo ainda são perfeitos, como no Céu e o “você” que você pensa que está nesse mundo necessita aprender, ouvindo ao Espírito Santo, como despertar do seu sonho.
Agora, nós vamos examinar a sua outra pergunta. Ela é realmente uma pergunta ou é uma afirmação? Você não está dizendo que a separação de Deus realmente ocorreu? Você não pode perguntar como a separação poderia ter acontecido a menos que você acreditasse nela. Ainda assim, nós já dissemos que o princípio da Expiação é que ela não aconteceu. Então, você pergunta como Cristo poderia ter a possibilidade de escolher com o ego quando nós já dissemos que não era Cristo, mas uma consciência no nível da percepção [consciousness] ilusória que pareceu ter feito isso. No topo disso, você pergunta como essa escolha poderia ter sido feita quando você está aqui, fazendo-a novamente bem nesse momento.
Eu vou lhe dizer, você nunca conseguirá uma reposta dentro da moldura do ego para esse tipo de questão que vá satisfazê-lo intelectualmente. Como o Curso diz:
“A voz do ego é uma alucinação. Não podes esperar que ela diga: ‘Eu não sou real’. Entretanto, não te é pedido que dissipes sozinho as tuas alucinações”. (UCEM–LT–Capítulo 8.2:3-4-pág. 147)
Chegará o momento em que a resposta para a sua pergunta será encontrada à parte do intelecto, completamente fora do sistema do ego e, ao invés disso, dentro da experiência de que você ainda está em casa em Deus – o que corrige a experiência enganosa de que não está. Como Jesus coloca:
“Contra esse senso de existência temporário, o espírito te oferece o conhecimento da permanência e do que é inabalável. Ninguém que tenha experimentado essa revelação pode jamais acreditar inteiramente no ego outra vez. Como pode o seu parco oferecimento a ti prevalecer diante da dádiva gloriosa de Deus?” (UCEM–LT–Capítulo 4.III.2:6-8-págs. 64/65)
Sem se aprofundar no tema da revelação, que pela importância poderia ser tema de um outro artigo, nós podemos pensar que é como quando acordar de um sonho à noite e ver que nunca realmente saímos da cama. Quando acordar desse sonho da separação de Deus, nós iremos ver que realmente nós nunca saímos do Céu.
…continua Parte II…
Bibliografia da OREM3:
1) Livro “Um Curso em Milagres” – Livro Texto, Livro de Exercícios e Manual de Professores. Fundação para a Paz Interior. 2ª Edição – copyright© 1994 da edição em língua portuguesa.
2) Artigo “Helen and Bill’s Joining: A Window Onto the Heart of A Course in Miracles” (tradução livre: A União de Helen e Bill: Uma Janela no Coração de Um Curso em Milagres”) – Robert Perry, site: https://circleofa.org/
3) E-book “What is A Course in Miracles” (tradução livre: O que é Um Curso em Milagres) – Robert Perry.
4) E-book “Autobiography – Helen Cohn Schucman, Ph.D.” – Foundation for Inner Peace (tradução livre: Autobiografia – Helen Cohn Schucman, Ph.D., Fundação para a Paz Interior).
5) Livro “Uma Introdução Básica a Um Curso em Milagres”, Dr. Kenneth Wapnick, Ph.D.
6) Livro “O Desaparecimento do Universo”, Gary R. Renard.
7) Livro “Absence from Felicity: The Story of Helen Schucman and Her Scribing of A Course in Miracles” (tradução livre: “Ausência de Felicidade: A História de Helen Schucman e Sua Escriba de Um Curso em Milagres”) – Dr. Kenneth Wapnick, Ph.D.
8) Artigo “A Short History of the Editing and Publishing of A Course in Miracles” (tradução livre: Uma Breve História da Edição e Publicação de Um Curso em Milagres” – Joe R. Jesseph, Ph.D. http://www.miraclestudies.net/history.html
9) E-book “Study Guide for A Course in Miracles”, Foundation for Inner Peace (tradução livre: Guia de Estudo para Um Curso em Milagres, Fundação para a Paz Interior).
10) Artigo “The Course’s Use of Language” (tradução livre: “O Uso da Linguagem do Curso”), extraído do livro “The Message of A Course in Miracles” (tradução livre: “A Mensagem de Um Curso em Milagres”) – Dr. Kenneth Wapnick, Ph.D.
11) Artigo Who Am I? (tradução livre: Quem Sou Eu?) – Beverly Hutchinson McNeff – Site: https://www.miraclecenter.org/wp/who-am-i/
12) Artigo “Jesus: The Manifestation of the Holy Spirit – Excerpts from the Workshop held at the Foundation for A Course in Miracles – Temecula CA” (tradução livre: Jesus: A Manifestação do Espírito Santo – Trechos da Oficina realizada na Fundação para Um Curso em Milagres – Temecula CA) – Dr. Kenneth Wapnick, Ph.D.
13) Livro “Quantum Questions” (tradução livre: “Questões Quânticas”) – Ken Wilburn
14) Livro “Um Retorno ao Amor” – Marianne Williamson.
15) Glossário do site Foundation for A Course in Miracles (tradução livre: Fundação para Um Curso em Milagres), do Dr. Kenneth Wapnick, https://facim.org/glossary/
16) Livro Um Curso em Milagres – Esclarecimento de Termos.
17) Artigo “The Metaphysics of Separation and Forgiveness” (tradução livre: “A Metafísica da Separação e do Perdão”) – Dr. Kenneth Wapnick, Ph.D.
18) Livro “Os Ensinamentos Místicos de Jesus” – Compilado por David Hoffmeister – 2016 Living Miracles Publications.
19) Livro “Suplementos de Um Curso em Milagres UCEM – A Canção da Oração” – Helen Schucman – Fundação para a Paz Interior.
20) Livro “Suplementos de Um Curso em Milagres UCEM – Psicoterapia: Propósito, Processo e Prática.
21) Workshop “O que significa ser um professor de Deus”, proferido pelo Dr. Kenneth Wapnick, Ph.D..
22) Artigo escrito pelo escritor Paul West, autor do livro “I Am Love” (tradução livre: “Eu Sou Amor”), blog https://www.voiceforgod.net/.
23) Artigo “The Beginning Of The World” (tradução livre: “O Começo do Mundo”) – Dr Kenneth Wapnick.
24) Artigo “Duality as Metaphor in A Course in Miracles” (tradução livre: “Dualidade como Metáfora em Um Curso em Milagres”) – Um providencial e didático artigo, considerado pelo próprio autor como sendo um dos artigos (workshop) mais importantes por ele escrito e agora compartilhado pelo Dr. Kenneth Wapnick, Ph.D.
25) Artigo “Healing the Dream of Sickness” (tradução livre: “Curando o Sonho da Doença” – Dr. Kenneth Wapnick, Ph.D.
26) Livro “The Message of A Course in Miracles – A translation of the Text in plain language” (tradução livre: “A mensagem de Um Curso em Milagres – Uma tradução do Texto em linguagem simples”) – Elizabeth A. Cronkhite.
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Um milagre é uma correção. Ele não cria e realmente não muda nada. Apenas olha para a devastação e lembra à mente que o que ela vê é falso. Desfaz o erro, mas não tenta ir além da percepção, nem superar a função do perdão. Assim, permanece nos limites do tempo. LE.II.13