Artigo sobre os níveis de consciência e a inclusão do aspecto espiritual do ser.
A proposta do artigo é destacar os princípios comuns entre o sistema de pensamento da Psicossíntese de Roberto Assagioli e o sistema de pensamento da Psicofilosofia Huna praticada, por milênios, pelos Kahunas Havaianos, no que se refere à nossa Identidade Própria® (O “eu” que parecemos ser cada um de nós), respondendo à pergunta Quem sou eu?
Para o estudante de longo prazo do processo de resolução de problemas através do Ho’oponopono, não será difícil identificar as compatibilidades entre esses dois sistemas complementares de pensamento.
O que é Psicossíntese?
Site http://psicossintese.org.br/index.php/o-que-e-psicossintese/.
Utilizando os símbolos gregos de psi e sigma, temos: Psico–síntese = síntese em consciência. Relação consciente e posterior unificação
Roberto Assagioli, psiquiatra italiano, pai da Psicossíntese, nascido em 27 de fevereiro de 1888, em Veneza.
Em uma entrevista por Sam Keen em “Psychology Today”, dezembro de 1974, Assagioli responde à pergunta sobre as principais diferenças entre a Psicanálise e a Psicossíntese:
“Nós damos muito mais atenção ao inconsciente do que para o desenvolvimento do Eu Transpessoal. Freud disse, em uma de suas cartas: ‘Eu estou interessado apenas no porão do ser humano.’ A Psicossíntese está interessada em todo o edifício. Nós tentamos construir um elevador que permitirá a uma pessoa acesso a todos os níveis da sua personalidade. Afinal de contas, um edifício com apenas um porão é muito limitado. Nós queremos abrir o terraço, onde você pode tomar sol ou olhar para as estrelas”.
Ele também destaca em seu site:
“Ao assumirmos a responsabilidade pela nossa vida e sustentarmos essa decisão com ações, nós damos o primeiro passo em direção a uma maior compreensão da natureza do SER HUMANO”.
A Psicossíntese oferece uma visão global do ser humano: como ele se apresenta no seu contexto histórico, social, genético, etc. e como ele pode vir a ser a partir de uma tomada de consciência do potencial já presente nele e de sua escolha para o desenvolvimento e manifestação deste mesmo potencial. Através de uma metodologia simples e profunda, a Psicossíntese convida a uma aproximação consigo mesmo para melhor saber de si mesmo. Andrée Samuel –
Presidente-fundadora do Centro de Psicossíntese de São Paulo.
Fundamentos da Psicossíntese:
- É um método de começar de dentro, isto é, principia com o “eu” da pessoa, com a sua presença;
- Parte do fato de que cada pessoa está em constante desenvolvimento, está crescendo;
- Atribui uma importância central ao significado, particularmente ao significado que cada pessoa dá à sua vida ou está procurando na vida;
- Reconhece a importância dos valores, principalmente dos valores éticos, estéticos e religiosos;
- Aponta para o fato de que cada pessoa é constantemente confrontada por escolhas e decisões, com a consequente responsabilidade que elas acarretam;
- Busca desenvolver uma consciência clara das motivações que determinam as escolhas e as decisões;
- Reconhece a profundidade e a seriedade da vida humana, do lugar que a ansiedade ocupa nela e do sofrimento que tem de ser enfrentado;
- Dá ênfase ao futuro e ao seu papel dinâmico no presente;
- Reconhece a unicidade de cada pessoa, o que requer, então, uma combinação diferente das numerosas técnicas em um novo método para cada pessoa;
- O seu ponto mais distinto talvez seja a ênfase atribuída à vontade como função do “eu” e como fonte e origem necessária de todas as escolhas, decisões e compromissos;
- Reconhecimento das experiências positivas, criativas e jubilosas a par das dolorosas e trágicas.
Os Mistérios do “Eu”
Por Dr. Roberto Assagioli
Tradução Livre: Centro de Psicossíntese de São Paulo.
“Há duas modalidades para estudar-se a alma humana. A primeira é a psicologia empírica analítica experimental que examina a psique humana, os seus elementos e forças que a compõem, considerando-os de certo modo, objetivamente, como aspectos externos.
Há, entretanto, um outro modo para estudar o ‘conhecer a si mesmo’; modo mais direto e vital, que parte do interior, do centro de nosso ser, que não estuda tanto os ‘fenômenos’ psíquicos em sua multiplicidade, quanto a unidade profunda que os une e a pessoa específica em que se desenvolvem e sem o qual não poderiam existir.
Esse segundo método de pesquisa não elimina, mas integra oportunamente o outro que, sozinho, permaneceria demasiadamente naturalístico e exterior.
Com esta percepção interna tem-se um ponto de partida para uma experiência mais segura, uma verificação mais direta, a certeza imediata que nós possuímos: a consciência de nós mesmos, do nosso ‘eu’. De fato, nós podemos duvidar de tudo, menos de que nós existimos e de que nos sentimos existir.
Mas, quando nós queremos passar desta percepção simples e direta de nós mesmos para um conhecimento mais aprofundado, para um claro reconhecimento da natureza, da essência, dos poderes do nosso ‘Eu’, surgem uma série de dúvidas, de incertezas, de aparentes contradições.
Dizemos ‘eu’ a cada momento; entretanto, se nós nos demoramos para colhê-lo dentro de nós, se nós procuramos senti-lo em sua pureza, ele parece desvanecer-se. Às vezes, o ‘eu’ parece ser a realidade mais imediata e segura; outras vezes, parece-nos algo vago, inatingível, inexistente quase um ponto matemático, alguma coisa de tão longínquo quanto o encontro de inumeráveis paralelas no infinito. Em certos momentos, nós temos a sensação viva e clara de nossa identidade pessoal no meio de todas as modificações externas e internas; em outros pelo contrário, sentimo-nos transformados, diferentes, estranhos ao nosso ‘eu’ de ontem, nós parecemos irreconhecíveis a nós mesmos. Algumas vezes, nós sentimos, nítida e fortemente, a unidade de nosso ser, a coesão de suas partes num todo orgânico, numa ‘personalidade’; outras vezes, nós percebemos profundas diferenças em nós mesmos, contrastes ásperos; parece-nos que duas almas se encontram morando em nosso peito, dilacerando-o com as suas lutas rudes.
Nosso ‘eu’, por vezes, parece-nos nitidamente coordenado com o nosso organismo, dependendo dele, submetido à ação de toda mutação fisiológica; em outras ocasiões, parece-nos ser absolutamente heterogêneo, feito de substância espiritual simples e imutável, independente de toda influência.
Nós sentimos, em certas ocasiões, clara e duramente a diferença entre o ‘eu’ e o ‘não eu’; nós notamos, entre nós e os outros, um abismo, parecendo-nos estar terrivelmente sós, ilhas distanciadas de todo continente (experiência existencialista); em outras, contrariamente, parece-nos estarmos fundidos intimamente, integrando-nos em unidades com um ser amado, com uma multidão, com a natureza ou com Deus.
Toda noite, o nosso ‘eu’ parece apagar-se, esvaecer-se no sono e toda manhã ele milagrosamente reaparece quase surgindo do nada.
E, contudo, nós não podemos nos resignarmos em conhece-lo de modo tão vago e imperfeito. A nossa insaciabilidade de saber, que nos impele à perscrutar a imensidão dos mundos longínquos e a infinidade dos seres que vivem numa gota de água, não pode deixar-nos indiferentes, sem curiosidade face ao incógnito que mora em nós mesmos, frente ao que sentimos constituir o mistério central do Ser. Porém, não é apenas o desejo de saber que nos impulsiona a pesquisar este mistério. Nós somos induzidos, também – e mais urgentemente – por motivos pessoais de imensa importância prática.
Nós procuramos trazer luz, ordem, harmonia em nós mesmos. Nós tentamos reconhecer, entre os inumeráveis pensamentos, sentimentos e impulsos que se entrechocam em nossa alma, os que são a expressão do nosso ser real, de nosso ‘eu’ mais verdadeiro e profundo e, por outro lado, os que provêm de sugestão externa ou de tendências instintivas, para dominar e eliminar tudo o que nós reconhecermos não ser nosso ou indigno de nós.
Porém, se nós quisermos ser sinceros, devemos reconhecer que essas tentativas nem sempre produzem resultados satisfatórios. As opiniões e tendências sugeridas pelo ambiente mascaram-se facilmente como as nossas, sem que nos apercebamos disto enquanto colocamos muitas vezes em dúvida e rejeitamos as intuições e os impulsos da nossa alma. Os instintos, as paixões, os hábitos que nós procuramos subjugar resistem obstinadamente aos nossos esforços, fogem facilmente de nosso domínio, escondendo-se na obscuridade do inconsciente de onde insinuam-se depois em nós sub-repticiamente, ou nos agridem violentamente, de surpresa.
Estes nossos insucessos dependem de várias razões; em primeiro lugar do nosso procedimento inábil e cego, por nós ignorarmos os métodos precisos a serem usados para a pesquisa e a disciplina de nosso Ser interior. Entretanto, estes métodos existem e mereceriam, de fato, o mesmo interesse e apreço que os métodos de pesquisa largamente difundidos para o mundo físico. Além disso, os erros e insucessos são devidos – em grande parte também, – à concepção demasiadamente rudimentar que nós possuímos acerca da natureza e dos poderes do nosso ser, do nosso ‘eu’.
Por estas razões práticas, há, portanto, uma necessidade de um conhecimento mais preciso de nós mesmos, não somente por parte de um grupo especial de estudiosos, mas por cada um que queira viver consciente e dignamente, como senhor e não como escravo de seu próprio mundo interior.
[…]
Para compreender verdadeiramente as diversas manifestações da vida psíquica, é preciso considerá-la como a expressão de um ser vivente, que se propõe certos fins e, atribuindo-lhes um valor, quer alcançá-los e esforça-se para consegui-los, superando resistências externas e internas que se contrapõem àquele objetivo.
Admitindo a existência de um Centro Unificador, coincidindo com o nosso ‘Eu Real’, nós devemos procurar determinar, o mais precisamente possível, a sua natureza e os seus poderes. O objetivo é árduo, uma vez que a natureza e os poderes do ‘eu’ não se revelam, pelo menos habitualmente, diretamente à nossa consciência. Habitualmente, nós estamos conscientes apenas do que se pode denominar o ‘eu fenomênico’ ao qual referem-se os diversos estados de consciência, pensamentos, sentimentos, etc. Mas esse ‘eu fenomênico’ é somente a manifestação da consciência ordinária, o reflexo do ‘Eu Real’, que é o princípio ativo permanente e a verdadeira substância do nosso ser.
Se nós lembrarmos qual é o estado do nosso ‘eu empírico’ consciente ou, em outros termos, da nossa ‘consciência ordinária’ em condições normais, isto é, quando não nos observamos propositadamente, quando não meditamos acerca de nós mesmos, mas nos ‘deixamos viver’ espontaneamente, nós podemos verificar dois fatos importantes. Em primeiro lugar nós verificamos que a nossa consciência ordinária, o nosso eu consciente, identifica-se sempre com o conteúdo da consciência num determinado momento.
Se por exemplo, um sentimento triste vem a ocupar a nossa consciência, nós dizemos: ‘eu estou triste’; se uma sensação de cansaço a ocupa, nós dizemos ‘eu estou cansado’; se nós sentimos um langor agudo no estômago, nós exclamamos: ‘eu tenho fome’; e assim por diante … Do mesmo modo, nós nos identificamos com características morais, intelectuais e sociais que refletem somente aspectos parciais de nós mesmos. Diremos assim ‘eu sou belo’ ou ‘eu sou feio’; ‘eu sou forte’ ou ‘eu sou fraco’; ‘eu sou homem’ ou ‘eu sou mulher’; ‘eu sou marido ou pai ou filho’ ou ‘eu sou positivista ou espiritualista’, etc.
Não é sempre que o conteúdo particular ou aspecto da nossa personalidade é suficientemente amplo e forte a tal ponto de tomar toda a consciência. Pode-se, por exemplo, dizer ‘eu estou cansado’ e assim mesmo pensar em algo mais, ter sentimentos e preocupações de outro gênero. Mas se o estado é bastante intenso, como uma profunda tristeza produzida por uma desilusão ou perda grave, ele ocupa por um certo tempo todo o campo da consciência e a identificação do ‘eu’ com o conteúdo da consciência é – naquele espaço de tempo – completa. A pessoa que se encontra numa tristeza profunda, não só diz ‘eu estou triste’, mas ela esquece que foi tantas outras vezes serena e alegre, quase não sabe como é possível experienciar outros sentimentos e, se observar outras pessoas rindo e brincando, fica surpresa, aquele comportamento parecendo-lhe estranho, irreal. A pessoa tende a generalizar, a ‘objetivar’, por assim dizer, o estado subjetivo e transitório com o qual identificou-se e diz ‘a vida é triste’, ‘somente a dor é verdadeira; tudo o mais é ilusão’.
Façamos a suposição que aquela pessoa receba agora uma boa notícia, como por exemplo que a perda anunciada não era verdadeira, que a pessoa que se acreditava morta, está sã e salva. Nós vemos imediatamente mudar o estado de consciência: a tristeza cede o passo à alegria e a pessoa, identificando-se com o novo estado de sua mente, exclama: ‘como eu estou contente!’. A vida parece-lhe boa, sente que vale a pena ser vivida e, não raramente, na exuberância da alegria, quase esquece a existência da dor: Se alguém relembra a sua tristeza anterior esta já lhe parece longínqua e irreal e ocorre-lhe dizer: ‘Agora parece-me ser outra pessoa’.
Esta exclamação, completamente natural e espontânea, que cada um de nós ouviu muitas vezes, é, de fato, muito significativa. Por um lado, ela demonstra como a identificação do ‘eu’ com o conteúdo da consciência é aparentemente completo. Mas a pessoa, mesmo enquanto profere aquela frase, sabe que não é realmente uma outra pessoa. Em outras palavras, ela não perdeu o sentido da própria identidade. Isto significa que, enquanto o ‘eu’ fenomênico, consciente, identifica-se com os diversos conteúdos da consciência, há algo em nós que não se identifica, que não muda com a modificação dos estados da alma, que permanece sempre igual, fixo e inalterado; este é o nosso verdadeiro ‘Eu’, o centro da nossa individualidade, a própria substância do nosso ser.
Sem admitir a existência desse ‘Eu’ profundo ou superior, é impossível explicar de maneira satisfatória o perdurar do sentido de consciência, ou a sensação da identidade pessoal através das mudanças de estado da mente e através das interrupções de consciência que ocorrem durante o sono, os desmaios, a hipnose, a narcose.
Nós não devemos nos surpreender com o fato de nós não termos habitualmente consciência do Eu Superior. Habitualmente, a nossa consciência está ocupada pelo fluxo contínuo de nossos diversos estados da mente; o nosso ‘eu empírico’ identifica-se sucessivamente com cada um. Como seria possível, então, ter consciência ao mesmo tempo do ‘Eu superior’? Não é possível – salvo em circunstâncias especiais, ou após prologado treinamento – estar consciente ao mesmo tempo do transitório e do permanente, do mutável e do fixo, do aparente e do real.
Mas quando se consegue interromper por algum momento a ‘corrente mental’ e manter o campo da consciência livre dos estados da mente que a ocupam habitualmente, pode-se chegar a experienciar uma certa consciência do Eu profundo. A experiência não é fácil: sensações internas e externas procuram continuamente invadir o campo da consciência; surgem continuamente, em nós, sentimentos, emoções, pensamentos e é extremamente difícil rechaçá-los, distrair a atenção deles e mantê-la fixa sobre o Eu.
Para consegui-lo, são necessários exercícios pacientes de recolhimento e meditação, ou condições psíquicas excepcionais em que ocorra a paralisação da atividade mental ordinária. Isto explica porque a maioria das pessoas (incluindo muitos psicólogos!) não
tenham encontrado a ocasião de adquirir a consciência do Eu superior e, por isso, chegam a duvidar da sua existência e até a negá-la. Mas todos aqueles que, através de circunstâncias especiais ou de esforços pacientes, tenham conseguido aquela consciência, possuem uma segurança profunda e indestrutível da existência do Eu Real, da Alma.
[…]
Quando é reconhecida a existência e o poder maravilhoso do Eu profundo, a sentença inscrita no Oráculo de Delfos ‘Conheça a ti mesmo’ adquire um novo e mais profundo significado. Não quer mais dizer somente: ‘analise os teus pensamentos, os teus sentimentos e as tuas ações”; significa também e acima de tudo: estude o teu Eu mais interno; descubra o teu verdadeiro Ser; aprenda com as suas maravilhosas potencialidades.
Neste ponto, eu queria prevenir uma possível objeção, ou eliminar um possível mal entendido. Falar do ‘eu ordinário’ e do ‘Eu’ mais profundo, não deve levar a crer que existam dois ‘eu’ separados e independentes, dois seres em nós. O ‘Eu’ na realidade é único. O que chamamos ‘eu ordinário’ é esta pequena parte do ‘Eu’ mais profundo que a consciência de vigília é capaz de assimilar num determinado momento.
É, portanto, algo de contingente e mutável, uma ‘quantidade variável’. É um reflexo do que pode tornar-se cada vez mais vívido e luminoso; e talvez um dia pode conseguir unificar-se com a sua fonte.
Para nós tornarmos mais clara e mais evidente a ideia dessas relações entre o ‘eu’ ordinário e o ‘Eu superior’ e das ligações com os outros elementos de nossa vida psíquica, pode tornar-se útil um diagrama. É certo que qualquer esquema com o qual se tenta representar ou fixar uma realidade complexa, sutil, dinâmica, como é a vida psíquica, não pode deixar de ser grosseiro, inadequado, incompleto. Mas, feita esta reserva, nós acreditamos que o diagrama a seguir pode trazer alguma clarificação, pode fornecer uma perspectiva inicial para assentar os nossos conhecimentos.
Esse diagrama demonstra também as relações entre a consciência e o inconsciente, e como o inconsciente é mais extenso do que a consciência, englobando:
• O Inconsciente Inferior:
Impulsos, instintos, paixões, psique orgânica, sonhos caóticos.
Automatismos psíquicos; sugestões mórbidas; fobias, delírios.
• Inconsciente Médio:
Fatos e atividades psíquicas semelhantes à da vigília.
• Inconsciente Superior ou Supraconsciente:
Criação artística, cientifica.
Intuição.
Consciência mística e espiritual.
Um outro possível mal entendido deve ser tratado agora. O reconhecimento de nosso Ser mais elevado não deve ser considerado como implicando a deificação do ‘eu’ individual. Isto seria o caso somente se nós o considerássemos separado de seu contato, natural e íntimo, com a realidade, isto é, com os outros seres e com o Ser Supremo, o ‘eu’ Universal. Essa concepção, pelo contrário, nos dá os meios para realizar esse contato mais claramente e, consequentemente, nós podemos com mais consciência nos abrir a sua influência.
A concepção espiritual do Eu e da Alma foi geralmente admitida pela filosofia cristã e pela tradição religiosa, se bem que em termos diferentes. Santo Agostinho já afirmara a unidade absoluta e transcendente do ‘Eu’. Diversos místicos falam da ‘Centelha’, ou ápice (‘apex’, em inglês) do ‘Eu’ ou do ‘fundo’, ou de seu ‘centro’ que é a sua realidade intima e em que se dá o contato com Deus.
Na sua admirável obra ‘La Connaissance de l’Âme’, o padre Alphonse Gratry diz:
‘A alma traz consigo tesouros escondidos e não os vê, nada sabe sobre eles, não consegue explica-los’ (p.147). Acrescenta, porém, que ‘possuímos um ‘sentido interior’ que, em momentos especiais em que conseguimos subtrairmo-nos ao tumulto habitual das distrações e das paixões, nos dá uma consciência direta e clara de nossa Alma’ (p.196).
‘Sentia como uma forma interior… repleta de força, de beleza e de alegria… uma forma de luz e de fogo que sustentava todo o meu ser; uma forma que era estável, sempre a mesma, muitas vezes reencontrada em minha vida e esquecida nos intervalos, e sempre reconhecida com entusiasmo e com a exclamação: ‘Eis o meu verdadeiro ser!’’ (p. 199).
Esse Centro Superior é que constitui a ligação, o ponto de contato entre a Alma e Deus. A filosofia religiosa, de fato, afirma que o estado de graça está (?) em possuir Deus presente e vivo em nós; mas essa presença não é habitualmente percebida pela consciência ordinária.
A este propósito, (?) o Cardeal Mercier diz: ‘É uma verdade que Deus vive em nós… mas muitos ignoram esse mistério e a ele ficam estranhos pela vida toda’. Por isso aconselha: ‘Proferi(?) atos de fé frequentes, voluntários e explícitos a essa Presença real e permanente de Deus em vós’.
Mas onde fica essa Presença Real, que é ignorada quase sempre pela consciência? Evidentemente, na parte mais elevada do ser, no supraconsciente, no Eu Superior.
O reconhecimento da existência do Eu e de sua natureza possui um imenso valor espiritual e uma importância prática incalculável. Este reconhecimento constitui uma verdadeira revelação para o indivíduo. É o início de uma nova vida, é a chave para a compreensão de muitos fatos, para a solução de muitos problemas. É a base do trabalho do autodomínio, da libertação e da regeneração interna.
Arquimedes exclamou: ‘Dai-me um ponto de apoio e eu levantarei o mundo’. É isso! Para levantar o nosso mundo interior o ponto de apoio é o Eu, o Centro fixo e dinâmico do nosso ser.
A causa geral de nossa debilidade, das nossas limitações, dos nossos erros, está na identificação, já mencionada, do nosso ‘eu’ empírico, da nossa consciência ordinária, com os seus diversos conteúdos, com as ideias, os sentimentos, as paixões, os impulsos que a invadem. Esta identificação, expressa na afirmação: ‘eu sou isto’, produz a aceitação passiva daquele conteúdo e, consequentemente, a subserviência ao mesmo. Se alguém, por exemplo, diz: ‘eu estou irritado’, adere à ira, identifica-se com a ira, deixa a ira agir nele. Se, ao contrário, ele diz: ‘Está surgindo em mim um movimento de ira’, ele não se identifica com a ira, mas percebe que aquele é um ‘estado da mente’; que há duas forças presentes: o Eu vigilante e a ira. O Eu vigilante, sábio do seu poder, do seu domínio, pode domar, disciplinar, transformar a ira.
O mesmo pode ser dito com referência a qualquer outro obstáculo, dificuldade ou limitação psicológica.
É mesmo estranho como o homem deixa de se servir de uma arma tão poderosa e benéfica; como são ensinadas tantas coisas aos jovens, mas não essa que, no entanto, seria a mais importante para eles.
Está na hora de trabalhar para que cesse essa deplorável inércia; de preencher essa lamentável lacuna da educação; é tempo que os homens dignos desse nome se apresentem com boa vontade para a obra de exploração e conquistas do mundo interior, mundo não menos amplo, variado e fascinante que o exterior; mundo que dá com generosidade, a quem sabe tornar-se o seu dono, os tesouros mais preciosos, mais nobres, mais satisfatórios que aqueles que podem oferecer os continentes e os oceanos.
Dr. Roberto Assagioli
Roberto Assagioli, Dr.: (Veneza, Itália, 27 de fevereiro de 1888 – Capolona d’Arezzo, 23 de agosto de 1974). Médico, especializou-se em neurologia e psiquiatria. Estudou e manteve contatos pessoais com Sigmund Freud e Carl Jung. Em 1910, em Veneza, apresentou os ensinamentos de Freud à comunidade médica, sendo um dos pioneiros do movimento psicanalítico na Itália.
Na mesma época, por volta de 1911, Assagioli estabeleceu os fundamentos da Psicossíntese. Ele percebeu que havia a necessidade de alguma coisa além da análise.
Era a necessidade de reconhecer as diversas partes da pessoa e de integrá-las num todo mais amplo, harmonizando-as através da síntese. Assagioli afirmava que, da mesma maneira que havia um inconsciente inferior, havia também um superconsciente.
Ele o descreve como a Fonte Superior do Ser, que contém o nosso potencial mais profundo, a fonte na qual se encontra o Projeto que o Ser veio desenvolver e manifestar nesse Planeta. Assagioli formulou as suas descobertas numa abordagem que ele chamou de Psicossíntese.
Em 1926, fundou em Roma o Istituto di Psicosintesi. Com o advento do Fascismo na Itália, o Instituto teve que ser fechado. Logo após a guerra, Dr. Assagioli reabriu o Istituto, em Florença (onde se encontra até hoje).
A partir de 1958 foram fundados, a nível mundial, numerosos outros centros em diversos países como Índia, Califórnia, Canadá, Europa e Brasil.”
Sistema de pensamento da Psicofilosofia Huna
Morrnah Nalamaku Simeona, Kahuna Lapa’au, foi a idealizadora do Ho’oponopono da Identidade Própria® como já vimos em artigos anteriores da OREM1.
No glossário do Dr. Hew Len, nós temos a seguinte definição para a Identidade Própria®:
“Eu sou a Identidade Própria®. Eu sou composta por quatro elementos [níveis de consciência]:
- Inteligência Divina;
- Mente Supraconsciente;
- Mente Consciente;
- Mente Subconsciente.
A minha base, Vazia e Infinita, é uma réplica exata da Inteligência Divina.”
Vamos destacar trechos do livro “Cura Kahuna”, de Serge Kahili King, no capítulo 4, denominado “A Abordagem Mente/Corpo”, onde nós poderemos perceber as muitas similaridades entre os dois sistemas de pensamento, conforme proposta desse artigo de nº 46 da OREM1, para o conhecimento e entendimento de nossos níveis de consciência.
Dr. Serge nos esclarece que “toda a abordagem kahuna para as relações mente/corpo é baseada nas interpretações particulares de três conceitos: mente, energia e matéria. A filosofia e a ciência ocidental sempre têm estado fascinadas pela possível relação entre esses três, mas até bem recentemente a visão predominante tem sido que a mente e o corpo são entidades bem separadas. Grandes usurpações têm sido feitas nessa visão de mundo dualista com a crescente concretização da função que as emoções têm na doença física, mas uma verdadeira abordagem mente/corpo como a que os kahunas usam é ainda considerada bem radical entre a maioria dos praticantes de saúde.
Radical talvez, mas é altamente eficaz e absolutamente essencial à prática da cura kahuna. Mesmo hoje, a moderna frase Havaiana ‘hang loose’ (afrouxar a corda) é uma referência terapêutica popular à ideia kahuna de que infelicidade e doença física são diretamente relacionados a atitudes mentais que produzem ou aumentam a tensão. Os antigos Havaianos tiveram que lidar com as dificuldades da guerra, ruptura social e produção de comida e os atuais têm de lidar com a discriminação social e as pressões da civilização tecnológica. Agora, como então, “hanging loose” ajuda a trazer a mente e o corpo a um equilíbrio.
Neste capítulo será discutido em mais detalhes como os kahunas vêem a mente e seus efeitos na saúde e comportamento; fluxo biológico de energia; a natureza e formação dos complexos; e o fator do feedback ecológico. Ao longo do caminho eu incluirei comentários comparativos dos psicólogos ocidentais e outros.
No ensinamento kahuna, como explicado, a mente tem três aspectos, chamados Kane, Ku e Lono. Três alternativas são, respectivamente, Aumakua, Unihipili e Uhane. Estes três interagem intimamente com o corpo, Kino.
O EU SUPERIOR (Kane / Aumakua / deus-pessoal / Pai)
Na psicologia moderna o equivalente deste aspecto do eu poderia ser o de uma ‘alma superior’ ou ‘superconsciência’. Embora poucos sistemas da psicologia moderna se preocupem com semelhante ideia, um deles é o modelo de Psicossíntese de Roberto Assagioli, que diz:
O que distingue Psicossíntese de muitas outras tentativas do entendimento psicológico é a posição que nós temos sobre a existência de um Self espiritual e de uma superconsciência, os quais são tão básicos quanto as energias instintivas descritas tão bem por Freud.
Ele então faz uma distinção, com a qual os kahunas podem concordar, entre a superconsciência e meros estados de alta percepção.
Os kahunas comparam a função do Eu Superior àquela de um professor e artista criativo. Como um professor, ele é considerado como sendo a fonte de todo o conhecimento do qual você pode ter necessidade ou desejo. Então, em qualquer estágio ou circunstância particular da vida, você pode acessar o conhecimento do que fazer para obter um dado fim e como fazê-lo. Este conhecimento talvez seja apresentado através de sonhos, visões, inspirações, pressentimentos, ou através de contatos que você tenha com pessoas e objetos no mundo físico.
Visto que este conhecimento é também possível através de uma forma de telepatia, torna-se possível vê-lo fora da consciência alterando o seu estado de percepção. Assagioli prescreve uma técnica do tipo kahuna para isto usando símbolos específicos e fala ao paciente que ‘há um sábio professor dentro de si, o seu Self espiritual, que já conhece o seu problema, a sua crise, a sua perplexidade’.
Um kahuna não poderia colocar isto melhor. Huna ensina que o deus-pessoal [Aumakua] nunca exige forçar um certo modo de pensamento ou ação da mente consciente do indivíduo. Nessa função como professor ele é um distribuidor de informação e nada mais. Isto significa que ele não diz a você o que você deveria fazer, somente o que você pode fazer.
O respeito pela liberdade de escolha consciente é sempre mantido, porque é parte do propósito de sua existência aqui. De acordo com os kahunas, então, se você espera uma voz interna guiando-o para fazer as suas decisões, você acabará ouvindo as suas próprias crenças e hábitos de pensamento, ou os pensamentos de outros não tão sábios quanto você.
Os kahunas instruem os seus estudantes a acautelarem-se com vozes internas que tentam comandar o pensamento e a ação, pois estas não vêm do Eu Superior. Na maioria dos casos, elas são meramente complexos personificados, que serão discutidos mais adiante. Assagioli reconhece a função do ensinamento quando diz que o propósito do contato com o Eu Superior é a prática do ‘aumento da criatividade, do aumento da habilidade de dar a si algum campo de escolha’. A experiência mística, a subjetivamente prazerosa experiência de unidade com um grande aspecto de si mesmo (o superconsciente), não é recomendada como um fim em si mesma, tampouco pelos kahunas ou praticantes de Psicossíntese.
Os Kahunas concordam de todo-o-coração com a opinião experiente de Assagioli de que ‘o sujeito tem que delinear o fogo, o entusiasmo e o incentivo para voltar ao mundo e servir a Deus e aos seus companheiros’.
Em sua função criativa, dizem os Kahunas, o deus-pessoal forma e sustenta o corpo físico durante a vida do indivíduo e também forma a experiência individual da realidade física. Para isto ele usa um ‘padrão grupal’ e um ‘padrão pessoal’.
O padrão grupal consiste nas leis básicas da natureza, não limitadas pela opinião cultural como as outras leis são. Isto é como um acordo geral atingido por todos os Eus Superiores humanos (chamados de po’e aumakua, como um grupo) como o que limita a realidade física, como a força da gravidade, luz, eletromagnetismo, etc.
O padrão pessoal é composto das crenças e atitudes do indivíduo, incluindo as opiniões culturais aceitas como fato, as quais o deus-pessoal usa para formar a experiência subjetiva dos eventos e circunstâncias.
Do ponto de vista Kahuna, esta ideia tem valor prático. Você não pode mudar o curso dos tempos, você pode mudar o curso dos eventos que experiencia pessoalmente durante aqueles períodos alterando seu pensamento. A ideia de mudar o seu pensamento de modo a alterar eventos não é inteiramente nova para o pensamento ocidental, mas ela vai além do pensamento da psicanálise tradicional, a qual, de acordo com Freud, aponta para a alteração do pensamento de modo a mudar reações às circunstâncias.
Maxwell Maltz, M.D., autor de ‘Psico-Cibernética’, gasta espaço considerável descrevendo como alterar pensamentos leva a mudar circunstâncias; Assagioli lista várias leis psicológicas que diz governarem esse conceito; Dr. Irving Oyle, autor de ‘A Cura Mental’, está convencido que ideias podem nos deixar doentes ou curar-nos; o eminente psiquiatra e hipnoterapeuta Dr. William S. Kroger tem dito que ‘sempre que a atenção está concentrada numa ideia, várias e várias vezes, tende espontaneamente a se realizar’.
Mas fica claro numa completa leitura no que pode ser chamado de ‘novas psicologias’, que os escritores estão pensando em termos de pensamento afetando o comportamento; e que é o comportamento mudando que leva à mudança das circunstâncias.
O conceito Kahuna é decididamente diferente. Kristin Zambucka, um autor com um claro conhecimento de Huna, tem escrito que ‘é somente através de nossa consciência que Deus pode entrar neste mundo. Ele então se traduz em nossa experiência humana’. Deus, nesse contexto, se refere ao deus-pessoal (aumakua).
Os kahunas ensinam que ideias geram circunstâncias, não meramente condicionam a nossa experiência delas. Como você pode ver, isto tem uma profunda influência nos seus métodos de cura.
De acordo com o ensinamento Kahuna, o Eu Superior cria as condições da vida pelas crenças pessoais e dentro das limitações gerais da realidade física. Um deus-pessoal interferirá com eventos trazidos pelos padrões de crenças pessoais somente quando esses padrões levarem à morte iminente, injúria ou situações que não se ajustam com o completo propósito da vida. Então você talvez experiencie uma ‘miraculosa’ anulação ou resolução da situação e, nesse sentido, ganhar uma nova chance.
Eu sinto que esta é a explicação para um notável incidente que aconteceu na África quando eu estava a caminho de um safari no Sahara. Eu estava no assento do passageiro da frente do meu Land Rover. Dois outros corredores estavam atrás e meu motorista estava andando em círculos. Já era noite e nós estávamos numa estrada de duas pistas atrás de um semi [Semirreboque?] que estava indo abaixo da linha central. Meu motorista decidiu passar dirigindo meio afastado e lá estávamos nós, indo a 50 milhas por hora [> 80 km/h], quando os faróis dianteiros mostraram a estrutura de uma ponte de única pista. À esquerda estava uma longa queda para um rio; à direita estava o semi já começando a cruzar a ponte. O meu motorista girou o volante para a direita, dando um solavanco, e quando nós estávamos cruzando a ponte, adernamos através de um campo até bater numa árvore. Uma porta traseira veio abaixo e os outros passageiros caíram para fora, mas nenhum de nós teve um arranhão. O semi parou e no meio do reboque estava um leve amassado que combinava com a altura e a cor do arranhão na quina do capô traseiro do Rover. Todas as indicações eram de que nós tínhamos cruzado a ponte ao mesmo tempo que o semi. Tirando as medidas, no entanto, nós concluímos que o semi somente deixaria sobrar na ponte três pés de cada lado. É uma crença Kahuna que semelhantes ‘milagres’ só acontecem se for um truque possível dentro das crenças dos indivíduos envolvidos.
MENTE CONSCIENTE (Lono / Uhane / Mãe)
A mente Lono ou self é grosso modo análoga à ‘mente consciente’ na psicologia. Esse é o aspecto da mente que focaliza na realidade física, a analisa, a integra e forma crenças, atitudes e opiniões sobre ela. É um receptor de informação sutil e grosseira de várias fontes e um diretor de ação. Como dirige, é claro, depende das crenças aceitas.
Dependendo de como acredita em si mesmo como sendo incapaz, irá agir de acordo com essa crença. Os Kahunas dizem que todas as convicções sobre a realidade são também aceitas ou estabelecidas pela mente consciente e são então potencialmente disponíveis para serem examinadas em qualquer dado momento. Isso é essencialmente o mesmo que Freud descobriu: ‘a idéia patogênica… está sempre trapaceando pronta para cerrar o punho’, exceto que Freud se referia a memórias e os Kahunas se referem a crenças, das quais as memórias são somente representações.
A idéia Kahuna é também contrária ao modelo psicanalítico que implica que memórias e crenças que causam efeitos presentes estão escondidas da mente consciente. Quando crenças sobre a realidade são aceitas pela mente consciente (Lono) como fatos inalteráveis, então para todos os propósitos práticos a mente não pode ‘vê-las’ como crenças e talvez então sentidas como sem solução em face de seus efeitos. Uma pessoa que aceita o ‘fato’ de que tem uma doença incurável talvez sucumba à sua crença, mesmo que muitas outras tenham se curado com sucesso da mesma doença.
A maioria das curas Kahuna estão envolvidas em ajudar o Lono de um indivíduo a mudar a sua visão dos fatos aparentes. Sentimentos e emoções são considerados pelos Kahunas como sendo respostas energéticas ao estímulo dos padrões de crenças e seus significados estão aí para informar a mente consciente de que crenças estão operando. Idealmente, Lono pode então escolher seguir as emoções diretamente, não responder a elas, ou redirecioná-las. Mas sem um entendimento de sua natureza, Lono provavelmente tratará os sentimentos e emoções em si mesmas como fatos sobre os quais não tem controle.
Novamente, isto não é um conceito novo. Freud reconheceu que as ideias podem estimular sentimentos que podem ser convertidos através da supressão em sintomas físicos, e esta é a base fundamental da moderna medicina psicossomática. Maltz diz que uma emoção é ‘em sua natureza um sinal ou sintoma’, que ela é ‘como um termômetro que não causa o calor na sala mas o mede’.
Adicionalmente às faculdades de percepção, análise, integração e vontade, os Kahunas atribuem à mente consciente a importante faculdade de imaginação criativa (laulele), segundo a qual você pode propositadamente imaginar uma condição que deseje fortemente experimentar como realidade física. É pelo uso desta faculdade que você pode conscientemente desenvolver novos dons, expandir a sua percepção, resolver problemas, mudar crenças e direcionar energia.
Os kahunas colocam grande stress no treinamento desta faculdade porque é tremendamente importante para dirigir as atividades do subconsciente (Ku) e no fornecimento de padrões para o Eu Superior [Aumakua]. Carl Jung foi um dos primeiros psicólogos a enfatizar o uso da imaginação criativa e isto está se tornando mais e mais popular com as pessoas percebendo seu potencial.
O SUBCONSCIENTE (Ku / Unihipili / corpo-mente / Criança)
O self Ku, ou ‘corpo mente’ como talvez seja chamado, é algo análogo ao subconsciente na psicologia ocidental, mas uma analogia melhor pode ser a de um computador vivo imaterial.
Maltz usa esta analogia, também, apesar de ele tender a igualar o subconsciente com o cérebro. Os Kahunas preferem dizer que o cérebro é a expressão física ou ferramenta de Ku, mas esta distinção não parece ter nenhuma consequência prática séria.
Os Kahunas usarão qualquer analogia que satisfaça os seus propósitos e ajude no entendimento. No antigo Hawaii, Ku era comparado a um servo. Um Kahuna moderno trabalhando numa sociedade industrializada é mais apto a usar a analogia do computador.
Essencialmente, as funções de Ku são manter a integridade do corpo e supervisionar sua operação, receber percepções e transmiti-las à mente consciente, armazenar memórias; gerar, guardar, distribuir e transmitir energia, e seguir ordens. De fato, todas as funções desta parte da mente podem ser condensadas na última frase. Acima de tudo, como um bom servidor ou um computador, ela segue ordens.
Ku responde a dois tipos de ‘programação’: instinto e hábito. Instinto, como definido aqui, se refere a todas as chamadas funções involuntárias do corpo como o crescimento, desenvolvimento, manutenção e percepção ou transmissão sensorial ou ‘extra’ sensorial. A idéia Kahuna é que elas são programadas dentro de Ku pelo deus-pessoal (Aumakua) na época da concepção. Desse ponto de vista, a molécula de DNA seria uma expressão da programação e não uma causa.
O hábito inclui todo comportamento programado dentro de Ku diretamente ou indiretamente, pela mente consciente (Lono). É um comportamento aprendido, como oposto do instintivo.
Programação direta pode envolver a aplicação da vontade de Lono, como ao aprender a dirigir um carro; e programação indireta pode envolver aprendizado permitido, como a aceitação e incorporação do medo paterno de cobras, ou da chamada predisposição hereditária dirigida a um certo tipo de doença.
Nenhuma das acima citadas parece ter sérias chances com as novas psicologias; Maltz e Assagioli dão descrições muito similares deste aspecto da mente.
A compulsão direcionada à formação e manutenção dos hábitos é a maior característica de Ku. Sem essa compulsão você não poderia sobreviver, porque não seria apto a aprender e reter as técnicas de sobrevivência.
De qualquer forma, hábitos podem inibir ou encorajar o crescimento e desenvolvimento da mente e do corpo; dependendo da sua natureza. Este fato forma a base das técnicas de modificação comportamental, embora os Kahunas não concordem com a visão comportamentalista de que pensamentos podem ser explicados em termos de comportamento muscular implícito. Em vez disso, eles têm a visão de que todos os hábitos são mentais e que respostas físicas são o resultado. Mesmo Maltz, descrevendo felicidade como um hábito mental, está realmente falando sobre hábitos emocionais.
Para os kahunas, a distinção entre hábitos mentais, emocionais e físicos é importante, mas ela não é vista assim na psicologia ocidental moderna.
Continuando com a analogia do computador, nos termos Kahuna pode ser dito que um programa corresponde à crença ou um grupo de crenças e que um hábito é a trilha do programa, ou o que conduz uma crença. Todos os hábitos são baseados em uma ou mais crenças. Por um processo cooperativo entre a mente consciente e a subconsciente, várias crenças e hábitos estão organizados dentro de uma gestalt que se torna uma personalidade individual. Como mencionado, o aspecto Lono tem a capacidade de examinar essas crenças e mudá-las, através do engajamento e cooperação de Ku e de Aumakua (Eu Superior) mudando hábitos, personalidade e circunstâncias.
O CORPO (Kino)
O corpo físico, Kino, é concebido pelos Kahunas como uma forma-pensamento intensamente energizada.
Isto fica evidente nas raízes da própria palavra:
Ki- emitir, um pacote (de pensamentos), força
Ki’i- imagem
Kia- concentrar o pensamento
Ino- muito, intensamente
No’o- pensamento
O corpo é organizado para ser uma idéia do Eu Superior expressa na forma física, modificado pelas crenças da mente e mantido pelo corpo-mente ou subconsciente. Ele é uma expressão do self, como uma pintura ou escultura é a expressão de um artista. O corpo é tanto um meio de projeção de ideias no mundo físico quanto um instrumento de feedback ideal para experimentar os efeitos dessas ideias. O seu estado de saúde, desenvolvimento físico, temperamento e sentimentos são todos expressões de ideias e sujeitos a alterações por uma mudança no seu pensamento consciente.
O conceito de corpo como uma forma-pensamento é bem esotérico, comparado com o pensamento psicológico moderno. Este último tende a tratar o corpo como uma entidade puramente material sujeita aos efeitos do pensamento, mas certamente não como sendo um efeito do pensamento.
Assagioli, que fecha com o pensamento Kahuna em muitos modos, considera o corpo em termos mecânicos. Ele ensina que o paciente deve se des-identificar com o seu corpo e enfatiza que ‘ele é só um instrumento’. O seu propósito é permitir ao paciente ou sujeito tornar-se perceptivo de si mesmo como um centro de consciência e se libertar da experiência interpretada somente em termos de sensações físicas e comportamento.
WK [Kahuna que treinou o autor na arte da cura Kahuna] tem opinião de que, mesmo que o procedimento possa ter efeitos benéficos temporariamente, ele engendra um falso senso de separação que pode inibir a obtenção de domínio sobre as funções corporais e diminuir o senso de responsabilidade pelo comportamento corporal. Como ele coloca: ‘É claro que você não precisa identificar-se somente com o seu corpo; você é muito mais do que o seu corpo. Mas ele é sua criação e esse é o porquê ele responde aos seus pensamentos’.
Relacionado ao corpo está o conceito do corpo etérico (aka). Aqui nós ficamos muito longe do centro da psicologia moderna e direto em suas bordas externas. Brevemente, o corpo aka é algo como um corpo invisível, duplicado, no mesmo espaço do corpo físico e provendo o padrão essencial ao redor do qual o corpo físico é formado. O Kino Aka pode ser considerado como a forma-pensamento básica do Eu Superior (Aumakua), um tipo de projeto. A tendência natural do corpo-mente (Ku) é seguir esse padrão, mas ele também tenta seguir o padrão da mente consciente (Lono), como representante das crenças aprendidas. Distorção, isto é, doença, resulta quando as ideias de Lono são diferentes e intensas o bastante para conflitar com o padrão básico.
Os Kahunas sentem que esse é o porquê da existência deste padrão etérico básico que cura o corpo, pois sem semelhante padrão geral não haveria um guia para Ku fazer reparos. Eu tenho sido incapaz de encontrar qualquer coisa plausível na psicologia moderna ou na literatura médica relacionado aos meios pelos quais o corpo sabe como retornar ao estado de saúde.”
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Referências bibliográficas da OREM1
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Joe Vitale – livro “Limite Zero”;
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Joseph Murphy – livro “The Power of Your Subconscious Mind” (tradução livre: “O Poder de Sua Mente Subconsciente”);
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Kristin Zambucka, artista, produtora e autora do livro “Princess Kaiulani of Hawaii: The Monarchy’s Last Hope” (tradução livre: “Princesa Kaiulani do Havaí: A Última Esperança da Monarquia”);
Leonard Mlodinow – livro “Subliminar – Como o inconsciente influencia nossas vidas” – do ano de 2012;
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Louise L. Hay – livro “You Can Heal Your Life – (tradução livre: “Você Pode Curar Sua Vida”);
Malcolm Gradwell – livro “Blink: The Power of Thinking without Thinking” (Tradução livre: “Num piscar de olhos: O Poder de Pensar Sem Pensar”);
Marianne Szegedy-Maszak – edição especial sobre Neurociência publicada na multiplataforma “US News & World Report”, destacando o ensaio “Como Sua Mente Subconsciente Realmente Molda Suas Decisões”;
Max Freedom Long – livro “Milagres da Ciência Secreta”;
Napoleon Hill – livro “The Law of Success in Sixteen Lessons” (tradução livre: “A Lei do Sucesso em Dezesseis Lições”);
Osho – livro “The Golden Future” (tradução livre: “O Futuro Dourado”);
Osho – livro “From Unconsciousness to Consciousness” (tradução livre “Do Inconsciente ao Consciente”);
Osho – livro “Desvendando mistérios”;
Paul Cresswell – livro “Learn to Use Your Subconscious Mind” (tradução livre: “Aprenda a Usar a Sua Mente Subconsciente”);
Paulo Freire, educador, pedagogo, filósofo brasileiro – livro “A Psicologia da Pergunta”;
Platão – livro “O Mito da Caverna”;
Richard Wilhelm – livro “I Ching”;
Roberto Assagioli, Psicossíntese. Site http://psicossintese.org.br/index.php/o-que-e-psicossintese/
Sanaya Roman – livro “Spiritual Growth: Being Your Higher Self (versão em português: “Crescimento Espiritual: o Despertar do Seu Eu Superior”);
Sílvia Lisboa e Bruno Garattoni – artigo da Revista Superintessante, publicado em 21.05.13, sobre o lado oculto da mente e a neurociência moderna.
Site da Associação de Estudos Huna https://www.huna.org.br/ – artigos diversos.
Site www.globalmentoringgroup.com – artigos sobre PNL;
Site Wikipedia https://pt.wikipedia.org/wiki/Ho%CA%BBoponopono, a enciclopédia livre;
Thomas Troward – livro “The Creative Process in the Individual” (tradução livre: “O Processo Criativo no Indivíduo”);
Thomas Troward – livro “Bible Mystery and Bible Meaning” (tradução livre: “Mistério da Bíblia e Significado da Bíblia”);
Tor Norretranders – livro “A Ilusão de Quem Usa: Reduzindo o tamanho da Consciência” (versão em inglês “The User Illusion: Cutting Consciousness Down to Size”);
Wallace D. Wattles – livro “A Ciência para Ficar Rico”;
William Walker Atkinson – livro: “Thought Vibration – The Law of Attraction in the Thought World” (tradução livre: “Vibração do Pensamento – A Lei da Atração no Mundo do Pensamento”) – Edição Eletrônica publicada em 2015;
Zanon Melo – livro “Huna – A Cura Polinésia – Manual do Kahuna”;
A chuva de bênçãos derrama-se sobre mim, nesse exato momento.
A Prece atinge o seu foco e levanta voo.
Eu sinto muito.
Por favor, perdoa-me.
Eu te amo.
Eu sou grato(a).