Os Mestres Ascensionados Pursah e Arten, em diálogo canalizado com o autor Gary R. Renard, no livro “O Desaparecimento do Universo”, compartilham a seguinte descrição do mundo do dualismo ao puro não-dualismo – dualismo, semi-dualismo, não-dualismo e puro não-dualismo –, que estamos transcrevendo trechos a seguir em harmonia com o sistema de pensamento de Um Curso em Milagres, para o nosso conhecimento e a nossa reflexão sobre importante tema da metafísica do Curso.
“A filosofia espiritual de Um Curso em Milagres é de ‘puro não-dualismo’ e da crença interior ativa em relação a perdoar, perdoar e então perdoar novamente, até que o perdão venha a ser um hábito mental diário e contínuo.
Nós necessitamos fazer uma distinção enorme e firme entre Um Curso em Milagres e virtualmente todos os outros sistemas de pensamento na existência – da pré-história até o antigo Egito, Lao Tzu, aspectos do Hinduísmo, Zoroastiranismo, Velho Testamento, Corão, Novo Testamento e a outros sistemas neo-dualistas.
Todos eles são um sistema de dualidade que têm algum tipo de Fonte – geralmente Deus ou Deuses – como o criador, de alguma forma, de algo que não é ele próprio e, depois, respondendo a ele e interagindo com ele.
“A filosofia espiritual de Um Curso em Milagres é de ‘puro não-dualismo’ e da crença interior ativa em relação a perdoar, perdoar e então perdoar novamente, até que o perdão venha a ser um hábito mental diário e contínuo.“
As partes do Curso que expressam a não-dualidade deveriam ser vistas como uma metáfora. Não existe conflito nisso, no entanto, sem entender isso, você irá pensar incorretamente que o Curso está se contradizendo.
No final, tudo exceto Deus é uma metáfora.
Você necessita de ajuda em sua própria linguagem para chegar ao fim.
O Curso é sobre curar [to heal] a sua culpa inconsciente através do Espírito Santo e sobre o seu retorno ao Céu através da dinâmica do perdão, que aproveita o tremendo poder da sua habilidade mental de escolher.
‘Tudo o mais é teu próprio pesadelo e não existe.’ (T.1.I.24:3)
E depois:
‘Tu estás em casa em Deus, sonhando com o exílio, mas perfeitamente capaz de despertar para a realidade.’ (T.10.I.2:1)
Essas são afirmações de não-dualidade. Elas são destinadas a economizar o seu tempo e existem milhares de outras como elas no Curso, apenas para o caso de você não ter ouvido Jesus da primeira vez – embora pareça que nem mesmo milhares de vezes sejam suficientes para muitos de seus colegas estudantes.
“O Curso é sobre curar [to heal] a sua culpa inconsciente através do Espírito Santo e sobre o seu retorno ao Céu através da dinâmica do perdão, que aproveita o tremendo poder da sua habilidade mental de escolher.“
Isso tem a ver com as leis da mente e com o modo como o verdadeiro perdão funciona.
A razão para entender o Curso não é meramente para um entendimento intelectual!
A razão pela qual será extraordinariamente útil para você entender o Curso de Jesus é para que você seja capaz de aplicá-lo aos problemas e às situações que o confrontarem em sua alegada existência diária.
É a aplicação do verdadeiro perdão, juntamente com Jesus ou o Espírito Santo, que irá levar você à genuína felicidade, paz – e finalmente ao Céu.
O dualismo é o nível de pensamento do mundo inteiro, até mesmo entre a maioria das pessoas que seguem caminhos espirituais que são não-dualistas.
Embora seja verdadeiro que o Espírito Santo trabalha com todas as pessoas de uma maneira que elas sejam capazes de entender – e é por isso que todos os caminhos espirituais são necessários – é um dos desafios que os ensinamentos do dualismo necessitam, uma hora dessas, levar aos ensinamentos e prática do semi-dualismo, não-dualismo e, finalmente, ao puro não-dualismo, se vocês querem experienciar o Amor de Deus.
“O dualismo é o nível de pensamento do mundo inteiro, até mesmo entre a maioria das pessoas que seguem caminhos espirituais que são não-dualistas.“
Deus não criou a polaridade, a dualidade e todos os opostos nesse mundo de sujeito e objeto. Deus não criou a dualidade e Ele não criou o mundo.
Antes do início, não havia inícios nem fins; havia apenas o eterno Sempre, que ainda está lá – e sempre estará. Havia apenas uma consciência no nível da realidade [awareness] de uma unicidade imaculada e essa unicidade era tão completa, tão espantosa e ilimitada em sua alegre extensão, que seria impossível que qualquer coisa estivesse consciente de algo que não fosse de Si Mesmo. Havia e há apenas Deus nessa realidade – à qual nós vamos nos referir como Céu.
“Deus não criou a polaridade, a dualidade e todos os opostos nesse mundo de sujeito e objeto. Deus não criou a dualidade e Ele não criou o mundo.“
O que Deus cria em Sua extensão de Si Mesmo é chamado de Cristo. Mas Cristo não é, de maneira alguma, separado ou diferente de Deus. Eles são exatamente a mesma coisa. Cristo não é uma parte de Deus, Ele é uma extensão do todo.
O Amor real necessita ser compartilhado e o perfeito Amor que é compartilhado no Universo de Deus está além de todo entendimento humano.
Os humanos parecem ser parte do todo, entretanto, Cristo é tudo isso. A única distinção possível entre Cristo e Deus – se uma distinção fosse possível – seria que Deus criou Cristo; Ele é o Autor. Cristo não criou Deus ou a Si Mesmo.
“O que Deus cria em Sua extensão de Si Mesmo é chamado de Cristo. Mas Cristo não é, de maneira alguma, separado ou diferente de Deus. Eles são exatamente a mesma coisa. Cristo não é uma parte de Deus, Ele é uma extensão do todo.“
Por causa de sua perfeita unicidade, isso realmente não importa no Céu. Deus criou Cristo para ser exatamente como Ele e para compartilhar o Seu eterno Amor e alegria, em um estado de êxtase livre, ilimitado e inimaginável.
Ao contrário do mundo concreto, específico no qual você parece estar agora, esse estado constante e encantador de consciência no nível da realidade [awareness] é completamente abstrato, eterno, imutável e unido.
Cristo, então, estende a Si Mesmo criando novas Criações ou extensões simultâneas do todo, que também são exatamente as mesmas em sua perfeita unicidade com Deus e com Cristo.
Portanto, Cristo, como Deus, também cria – porque Ele é exatamente o mesmo que Deus. Essas extensões não irão para dentro ou para fora, porque no Céu não existe conceito de espaço; existe apenas em todo lugar. O resultado de tudo isso é o compartilhar sem fim do Amor Perfeito, que está além do entendimento.
Então, algo parece acontecer que, como em um sonho, realmente não acontece – apenas parece fazê-lo. Por apenas um instante, por apenas uma fração inconsequente de um nanosegundo, um aspecto muito pequeno de Cristo parece ter uma ideia que não é compartilhada com Deus. É um tipo de ideia ‘E se?’ É como uma curiosidade inocente na forma de uma pergunta – que infelizmente é seguida por uma resposta aparente.
A pergunta, se pudesse ser colocada em palavras era, ‘Como seria se eu saísse por aí e brincasse por conta própria?’. Como uma criança inocente brincando com fósforos e colocando fogo na casa, você seria muito mais feliz se não encontrasse a resposta para essa pergunta – pois o seu estado de inocência está sendo, aparentemente, substituído por um estado de medo e pelas defesas errôneas, viciosas, que essa condição parece exigir.
Pelo fato de sua ideia não ser de Deus, Ele não responde a ela. Responder seria dar realidade a ela. Se o Próprio Deus fosse reconhecer qualquer coisa exceto a ideia da perfeita unicidade, então, não mais haveria unicidade perfeita. Não mais haveria um perfeito estado do Céu para o qual você fosse retornar.
Como você vê, você realmente nunca partiu. Você ainda está lá, no entanto, você entrou em um estado de ilusão de pesadelo. Enquanto você viajou apenas em sonhos, Deus e Cristo, Que sempre são Um Só, continuaram como sempre o foram e sempre o serão – completamente não afetados pelo que Jesus chama em seu Curso de ‘ideia diminuta e louca…’ de separação.
Nesse instante cósmico de individualidade aparente – e não importa o quanto você pense que a individualidade é atraente, ela não é nada além de separação – parece haver um diminuto aspecto de Cristo que agora está consciente de alguma outra coisa.
Isso é dualidade.
Agora, ao invés de unicidade, você tem dualidade.
Antes, havia a unicidade perfeita do Céu e nada mais.
Isso é não-dualidade. Isso ainda é a realidade.
Não existe realmente mais de uma coisa, mas agora, algo diferente parece estar acontecendo para você. Parece haver Deus e alguma outra coisa. Isso é a ilusão da dualidade e o mundo de multiplicidade e os incontáveis sujeitos e objetos que você percebe nele são meramente simbólicos da separação.
Embora você ainda possa tentar criar, realmente você não é capaz de criar sem o poder de Deus, então, tudo o que você faz finalmente irá desmoronar.
Dualismo é a condição de quase todo o universo. A mente acredita no domínio do sujeito e do objeto.
Conceitualmente, pareceria àqueles que acreditam em Deus que existem dois mundos e que ambos são verdadeiros: o mundo de Deus e o mundo do homem.
No mundo do homem, você acredita, de maneira prática e objetiva, que existe de fato um sujeito – você – e um objeto, isso é, tudo o mais.
Essa atitude foi bem expressa através do modelo da física Newtoniana. Os objetos que constroem um universo humano, que até os últimos poucos milhões de anos era simplesmente chamado de mundo e citado por todas as manifestações, são tidos como existentes à parte de você e são capazes de ser manipulados por você – ‘você’ significando o corpo e o cérebro que parecem dirigi-lo.
Na verdade, o corpo e o cérebro que você pensa ser você parece ter sido criado pelo mundo. Porém essa ideia é exatamente oposta à realidade.
Por necessidade, a atitude em relação a Deus, que acompanha essa atitude de aprendizado, é que Ele está em algum lugar fora de você. Existe você e existe Deus, aparentemente separados um do outro. Deus, Que é totalmente real, parece distante e ilusório. O mundo, que é realmente ilusório, parece imediato e real.
A sua mente dividida, que se separou de casa como o Filho pródigo, imputou a Deus as mesmas qualidades que ela própria possui. Portanto, Deus e as mensagens que parecem vir Dele são conflitadas.
Mantenha em mente que a maioria disso é inconsciente – significando que parece existir lá fora no mundo, ao invés de em sua própria mente dividida.
Então, Deus é considerado como sendo tanto misericordioso quanto colérico. Ele é tanto amoroso quanto assassino, aparentemente dependendo do humor em que Ele estiver no momento.
Essa pode ser uma boa descrição do conflito de uma mente dualista, mas dificilmente é uma descrição de Deus.
Quase desnecessário dizer, que isso leva a incontáveis esquisitices, incluindo a ideia bizarra de que Deus iria, de alguma forma, desempenhar um papel em instruir as pessoas a matarem outras pessoas para conseguirem certas terras e propriedades. A tragédia sem sentido da dualidade é considerada normal por todas as sociedades modernas, que são, elas próprias, tão loucas quanto o chapeleiro maluco.
Mesmo na reunião, ainda existe separação nesse mundo. Para trazer isso à tona, o ego criou relacionamentos especiais. Com a dualidade, você tem o amor especial e o ódio especial. O amor agora é seletivo, ao invés de oniabarcante, e, portanto, não é realmente amor, no entanto, ele passa por ele.
Quando você parece entrar em uma encarnação, você é imediatamente uma parte de algum tipo de família – o que significa que você não é parte de outras famílias, classes econômicas, culturas, grupos étnicos e países. Você já é diferente dos outros de muitas maneiras. Existem até competições entre famílias, partes das famílias e indivíduos dentro das famílias.
Os relacionamentos especiais dentro da sua família, seja biológica, adotiva ou em orfanatos, são capazes de serem bons ou ruins, amorosos ou odiosos – resultando tanto no amor especial quanto em algum tipo de vitimização.
Todos os que sonham com o seu caminho nesse mundo vêem a si mesmos como um corpo desde o início, e, portanto, um corpo muito especial na verdade.
Pensamentos de vítima e vitimização não são capazes de deixar de serem vistos à partir desse ponto de vista, resultando em uma projeção inconsciente do seu pecado e culpa – que estão escondidos por paredes de esquecimento – em alguém ou em algo.
Agora, todos os pecados secretos e ódios ocultos que você tem sobre si mesmo são vistos em algum outro lugar; o fato de que você está experienciando uma projeção de um sonho irreal de sua própria mente perdoada é completamente obliterado da consciência no nível da percepção [consciousness].
Outras pessoas e eventos externos ou as ações mal orientadas de seu próprio corpo e cérebro e, portanto, aparentemente culpadas, são a causa perceptível de uma série infinita de medos e situações – pequenas e grandes – que você chama de sua vida.
Como Jesus ensina no Curso, ao comparar os sonhos que você tem na cama à noite, com os sonhos que você tem durante o dia:
‘São as figuras no sonho e o que fazem que parecem fazer o sonho. Tu não reconheces que estás fazendo com que representem para ti, pois se reconhecesses, a culpa não seria delas e a ilusão de satisfação desapareceria. Nos sonhos, essas características não são obscuras. Pareces despertar e o sonho se foi. Entretanto, o que falhas em reconhecer é que aquilo que causou o sonho não se foi com ele. O teu desejo de fazer um outro mundo que não é real permanece contigo. E aquilo para o qual pareces despertar, não é senão uma outra forma desse mesmo mundo que vês nos sonhos. Todo o teu tempo é gasto em sonhar. Os teus sonhos, quando estás dormindo e os teus sonhos, quando estás acordado, têm formas diferentes e isso é tudo. Seu conteúdo é o mesmo.’ (T.18.II.5:5-14)
O que é tudo o que você vê ao seu redor de qualquer forma, exceto uma série de quadros ou imagens, um filme do seu próprio ódio e culpa?
Sim, você tem algumas experiências aparentemente boas misturadas a isso, que são destinadas a mascarar as coisas, no entanto, isso é apenas dualidade.
Nesse nível, a dualidade que é percebida no universo simplesmente reflete a dualidade da sua própria mente dividida, simbolizada como opostos e contrapartes.
Então, você tem o bem e o mal, a vida e a morte, o calor e o frio, o norte e o sul, o leste e o oeste, dentro e fora, acima e abaixo, escuridão e luz, esquerda e direita, doença e saúde, riqueza e pobreza, yin e yang, amor e ódio, molhado e seco, macho e fêmea, duro e macio, perto e longe e milhares de outras polaridades e forças duais – todas as quais não têm nada a ver com Deus, Que é perfeitamente inteiro e completo e nunca criaria nada que não fosse.
Todas essas partes são meramente simbólicas da divisão e da separação e são projetadas para manter você buscando as coisas supostamente boas, para que nunca descubra que o bom e o ruim são igualmente falsos. Dessa forma, a sua atenção está continuamente fixada nos truques do ego ao invés de na resposta do Espírito Santo.
A sua experiência é a de que você está aqui, na tela de computador – separado de Deus, separado dos seus irmãos e irmãs e encenando o pensamento da separação e os conflitos que vêm com a dualidade da sua mente dividida. Os seus irmãos e as suas irmãs estão fazendo exatamente o que você quer que eles façam.
A próxima atitude de aprendizado pela qual você irá passar durante o seu retorno a Deus é, algumas vezes, citada com semi-dualismo.
Ela poderia ser descrita como uma forma mais gentil e suave de dualismo, porque certas ideias verdadeiras começaram a serem aceitas pela mente.
Não faz diferença qual é a sua religião, que é apenas uma razão pela qual todas as religiões têm algumas pessoas, gentis, amáveis e relativamente não julgadoras.
Uma ideia que a mente estaria aceitando nesse momento é simplesmente o conceito de que Deus é Amor. Uma simples noção como essa, entretanto, se fosse realmente aceita como verdadeira, traria com ela algumas questões difíceis. Por exemplo, se Deus é Amor, Ele também pode ser ódio? Se Deus é realmente Amor perfeito, então, Ele também pode ser imperfeito? Se Deus é o Criador, Ele poderia então ser vingativo contra aquilo que Ele próprio criou?
Uma vez que a resposta para essas questões seja claramente vista como é ‘óbvio que não’, então uma porta que esteve fechada por muito tempo é empurrada e ela se abre.
No estado de semi-dualismo, a sua mente começou a perder um pouco do oculto mas terrível medo de Deus. Agora, Deus é menos ameaçador a você, como você mesmo já nos disse. Uma forma primitiva de perdão fincou raízes dentro de você. Você ainda pensa sobre si mesmo como um corpo e tanto Deus quanto o mundo ainda parecem estar fora de você, mas agora, você sente que Deus não é a causa da sua situação.
Talvez, a única pessoa que sempre tenha estado lá quando as coisas pareciam estar indo por água abaixo fosse você. O perfeito Amor só é capaz de ser responsável pelo bem. Então, tudo o mais necessita vir de algum outro lugar. No entanto, como nós iremos ver em nossa próxima atitude de aprendizado, não existe outro lugar.
Então, agora nós chegamos ao assunto do não-dualismo. Mantenha em mente que quer nós estejamos falando sobre uma atitude de aprendizado ou uma visão espiritual, nós sempre estamos nos referindo a um estado mental – uma atitude interna e não algo que é visto com os olhos do corpo no mundo.
Nós iremos começar com uma ideia simples. Você se lembra do antigo enigma, se uma árvore cair no meio da floresta e ninguém estiver lá para ouvir, ela ainda provocaria um som?
Se a resposta fosse: uma árvore sempre produz um som, quer alguém esteja lá para ouvir, quer não.
Você estaria totalmente errado, até mesmo no nível da forma. O que as árvores fazem é enviar ondas sonoras. Ondas sonoras, como ondas de rádio – e, nesse caso, ondas de energia – requerem um receptor para captá-las.
Existem muitas ondas de rádio passando através dessa sala nesse exato momento, entretanto, não há som porque não existe um receptor sintonizado nelas. O ouvido humano ou animal é um receptor. Se uma árvore cai no meio da floresta e não há ninguém lá para ouvi-la, então, ela não produz som.
O som não é um som até que você o ouça, da mesma forma que uma onda de energia não parece ser matéria até que você a veja ou a toque.
Para resumir uma longa história, deveria ser evidente à partir disso que são necessárias duas pessoas para dançar um tango. Para que algo possa interagir, é necessária a dualidade. Na verdade, sem a dualidade não a nada com o que interagir.
“O som não é um som até que você o ouça, da mesma forma que uma onda de energia não parece ser matéria até que você a veja ou a toque.“
Não pode haver nada em um espelho sem uma imagem que pareça oposta a ele, ligada a um observador para vê-la. Sem a dualidade, não existe árvore na floresta.
Como alguns dos cientistas da física quântica sabem, a dualidade é um mito. E, se a dualidade é um mito, então, não apenas não existe árvore, como também não existe universo.
Sem você para percebê-lo, o universo não está aqui, mas a lógica teria que dizer que se o universo não está aqui, então, você também não está aqui. Para criar a ilusão da existência, você necessita pegar a unidade e parecer dividi-la. Tudo isso é um truque.
O conceito de unicidade dificilmente é original. Entretanto, uma pergunta que poucas pessoas já fizeram é: Com o que eu realmente sou um?
Embora a maioria dos que façam essa pergunta diriam que a resposta é Deus, eles então cometem o erro de presumir que eles e o universo, em sua forma atual, foram criados pelo Divino.
Isso não é verdade e deixa o buscador em uma posição em que mesmo que ele domine a mente, como Buda certamente fez, ele ainda não irá atingir Deus de maneira permanente.
Sim, ele irá alcançar a unicidade com a mente que criou as ondas da dualidade. Essa mente, em um não-lugar que transcende todas as suas dimensões, está completamente fora do sistema de tempo, espaço e forma.
Essa é a lógica e apropriada extensão da não-dualidade, embora ainda não seja Deus. Ela é, de fato, um beco sem saída. Ou melhor ainda, um beco sem entrada.
Isso explica porque o Budismo, que obviamente é a religião mais espiritualmente sofisticada do mundo, não lida com a questão de Deus. É por isso que Buda não lidou com a questão de Deus enquanto ainda estava no corpo que é chamado de Buda. Essa também é a razão pela qual nós faremos distinções entre o não-dualismo e o puro não-dualismo.
Quando Buda disse, ‘Eu estou desperto’, ele quis dizer que percebeu que realmente não era um participante da ilusão, mas o criador de toda a ilusão.
Entretanto, existe mais um degrau necessário, onde a mente que é a criadora da ilusão escolhe completamente contra si mesma à favor de Deus.
É claro que algo da tremenda realização de Buda tem uma fagulha disso, chegando rapidamente à mesma e exata consciência no nível da realidade [awareness] de Jesus. No entanto, isso foi feito por Buda em uma vida sobre a qual o mundo nem mesmo sabe.
Não é incomum que as pessoas alcancem o nível de iluminação de Jesus na obscuridade e que o mundo pense que elas alcançaram isso em uma vida mais famosa, quando realmente não o fizeram.
A maioria das pessoas que se aproximam da verdadeira mestria espiritual não está interessada em ser líder. Ao mesmo tempo, existem pessoas que são altamente visíveis quando, ao invés de serem verdadeiros mestres de espiritualidade e metafísica, estão meramente exibindo os sintomas de uma personalidade extrovertida.
Uma das coisas que Jesus teve que perceber foi que não apenas o universo não existe, mas que ele não existe em qualquer nível diferente do puro espírito.
Isso é algo que praticamente ninguém quer aprender. Isso é aterrorizante para todas as pessoas, em um nível inconsciente, porque significa a renúncia de qualquer individualidade ou identidade pessoal, agora e para sempre.
Não existe alma separada ou individual. Não existe Atman, como os Hindus o chamam, exceto como pensamento errôneo na mente. Existe apenas Deus.
Então, você não está aqui, você nem mesmo existe e a mente está projetando essas ondas de dualidade para que elas possam parecer virem a ser partículas sólidas, interagindo umas com as outras como em um filme. Poucas pessoas alguma vez já estiveram conscientes sobre a razão real de parecerem estar aqui.
Nós estamos aqui para os propósitos do Espírito Santo, mas a maioria das pessoas não tem a mínima ideia de quem é e de porquê veio para cá.
Não é apenas que eu não existo, você não existe e nem o falso universo. Quando nós falamos sobre retornar à realidade e a Deus, nós não estamos apenas soprando fumaça hipotética. Você não é capaz de ter ambos, você e Deus. Isso não é possível. Você não é capaz de ter ambos, o seu universo e Deus. Os dois são mutuamente excludentes. Você irá ter que escolher.
Daí os ensinamentos de Jesus sobre como escapar disso. Não é fácil, entretanto, isso é factível. O Espírito Santo não lhe daria uma maneira de sair daqui que não fosse funcional. Você terá medo de perder a sua identidade de vez em quando. No entanto, irá ser necessário tempo e mais experiência para que você tenha fé nisso.
Então, o não-dualismo é como o antigo ensinamento de que você vive como se estivesse nesse mundo, entretanto, a sua atitude é a de que dos dois mundos aparentes, o mundo da verdade e o mundo da ilusão, apenas um é verdadeiro e nada mais o é.
Mesmo então, as pessoas cometem o erro de pensar que a ilusão foi feita pela verdade. Então, elas ainda cometem o erro de tentar trazer legitimidade à ilusão, ao invés de desistir dela.
Você não pode esperar romper o ciclo de nascimento e morte enquanto mantiver essa confusão. A mente inconsciente irá a tal ponto evitar Deus, que você ou irá ignorá-Lo ou, ainda mais provável, irá tentar devolver o não-dualismo para o dualismo.
A consciência no nível da realidade [awareness] de Jesus é a consciência no nível da realidade [awareness] do puro não-dualismo, o fim da estrada, a parada final. Jesus ensinou o puro não-dualismo, porém interpretado pelo mundo como dualismo.
A atitude do não-dualismo lhe diz que o que você está vendo não é verdade. Se não é verdade, então, como você é capaz de julgá-la? Julgar isso seria fazer com que isso seja real. No entanto, como você é capaz de julgar e fazer com que seja real o que não está lá? E, se não está lá, por que necessitaria conquistá-lo, lutar em uma guerra por ele, ou fazer com que seja mais santo ou valioso do que qualquer outra coisa? Como um pedaço de terra é capaz de ser mais importante do que outro? Por que importaria o que acontece em uma ilusão, a não ser que você tenha dado à ilusão um poder que ela não tem e não é capaz de ter? Como poderia importar quais resultados são atingidos em uma situação em particular, a não ser que você tenha feito um falso ídolo dessa situação? Por que o Tibet é mais importante do que qualquer outro lugar?
Então, nós não estamos sugerindo que você não deveria ser prático e cuidar de si mesmo. É apenas que o seu verdadeiro chefe não é desse mundo. Você nem mesmo tem que dizer a ninguém que não é o chefe se não quiser. Se você quiser ter o seu próprio negócio e parecer ser seu chefe, tudo bem. Faça isso funcionar da melhor maneira que se sentir guiado a fazer. Seja bom para você mesmo. É com a sua atitude mental que nós estamos realmente preocupados, não com o que você parece fazer. Um dia, você verá qualquer coisa que você faz para viver como uma ilusão para apoiá-lo na ilusão, sem realmente apoiar a ilusão.
Do que nós dissemos, você deveria entender que com a atitude de não-dualismo você está alcançando a habilidade de questionar todos os seus julgamentos e crenças. Agora, você percebe que não existe realmente algo como um sujeito e um objeto, existe apenas unicidade.
O que você ainda não sabe é que isso é uma imitação da genuína unicidade, pois poucos aprenderam a fazer a distinção entre ser um só com a mente que aparentemente se separou de Deus e ser um só com Deus. A mente necessita ser devolvida a Ele. Ainda assim, o não-dualismo é um passo necessário no caminho, pois você aprendeu que não é capaz de realmente separar algo de qualquer outra coisa – nem é capaz de separar qualquer coisa de você.
A física Newtoniana afirmava que os objetos eram reais e exteriores a você, com uma existência separada.
A física quântica demonstra que isso não é verdadeiro. O universo não é o que você presumiu que fosse; tudo o que parece existir é realmente um pensamento inseparável. Você nem mesmo é capaz de observar algo sem provocar uma mudança nele no nível subatômico.
Tudo está na sua mente, incluindo o seu próprio corpo.“
Imagem jongsun-lee-F-pSZO_jeE8-unsplash.jpg
..…Continua Parte II…..
“Um milagre é uma correção. Ele não cria e realmente não muda nada. Apenas olha para a devastação e lembra à mente que o que ela vê é falso. Desfaz o erro, mas não tenta ir além da percepção, nem superar a função do perdão. Assim, permanece nos limites do tempo.” (LE.II.13)