…continuação da Parte I…

Nessa função, nós contamos com a orientação do Espírito Santo, confiando nele para nos dizer quem necessita de nossa ajuda e como eles podem recebê-la da melhor maneira. Ao invés de ser um sacrifício nobre, isso nos enche de alegria, pois quanto mais nós damos, mais nós recebemos.

Como o Curso nos assegura muitas vezes, dar e receber são o mesmo. T-25.IX.9:6; T-26.I.3:6, LE-108.6:1; LE-121.9:1; LE-225.1:1; MP-2.5:5.

Nossa prática de perdão e nossa extensão aos outros eventualmente permitem que os olhos de Cristo se abram dentro de nós. Esses são olhos espirituais em nós que enxergam com verdadeira visão. Vendo corpos passados, eles olham para a santidade nos outros tão claramente quanto os olhos de nosso corpo olham para as formas físicas. Através dos olhos de Cristo, finalmente nós veremos o mundo real, um mundo de luz composto da santidade radiante em todos e em tudo.

Ao focalizar o que é o bom nele, o corpo fica cada vez menos persistente no teu modo de vê-lo e, a longo prazo, será visto como pouco mais do que uma sombra contornando o que é bom. T-31.VII.3:3

No Guia de Estudo para um Curso em Milagres, Fundação para a Paz Interior (Study Guide for A Course in Miracles, Foundation for Inner Peace), nós temos a resposta para a questão “qual é o objetivo de estudar o Curso?”, a saber:

“Um estudante é capaz de razoavelmente perguntar: O que eu irei ganhar com esse curso se decidir mantê-lo? Parece um grande compromisso. O Curso oferece algumas respostas para essa pergunta. O conhecimento não é a motivação para aprender esse curso. A paz sim. T.8.I.1:1-2. Não te esqueças de que a motivação desse curso é alcançar e manter o estado de paz. Nesse estado, a mente está quieta e a condição na qual Deus é lembrado é atingida. T.24.Introdução.1:1-2. Então, uma das dádivas do Curso é uma mente menos propensa ao medo e cada vez mais calma e pacífica, não importa o que mais é capaz de estar acontecendo em sua vida . Quem não gostaria de uma mente que está em paz?

Observe a última frase da citação acima: a mente está quieta e a condição na qual Deus é lembrado é atingida. O objetivo principal do Curso é nos ajudar a remover de nossas mentes todos os bloqueios à consciência no nível da realidade [awareness] da presença do amor (T.I.1:7) – bloqueios que nos impedem de conhecer a nossa unicidade com Deus, que é Amor . Ainda permanecemos um só com Deus, porque é assim que nós fomos criados, no entanto, nós nos esquecemos e perdemos o nosso caminho em um mundo de nossa própria “criação”, onde nós parecemos estar separados uns dos outros e separados de Deus. Nós não encontraremos a verdadeira felicidade até que nós tenhamos nos lembrado de nosso Lar compartilhado em Deus.

É ao lembrar a nossa unicidade com Deus que nós reivindicamos a nossa verdadeira identidade. Todas as nossas pesquisas nesse mundo em constante mudança se devem a uma sensação de que algo está faltando e nós queremos desesperadamente recuperá-lo. O que realmente nós buscamos não são as metas que o mundo estabelece, mas o nosso verdadeiro Eu, que o Curso chama de Filho de Deus ou Cristo. Um Curso em Milagres é um guia para achar o nosso caminho de volta à lembrança de Deus e ao nosso Eu verdadeiro e eterno, que é para sempre um só com Deus.”

Nós extraímos do livro “O Desaparecimento do Universo” – Gary R. Renard, a inspiração da Mestre Ascensionada Pursah, que nos esclarece: 

“A paz interior e a verdadeira força são as metas principais de Um Curso em Milagres, entretanto, ele tem uma maneira única de executar isso dentro de você. O mundo irá mudar como um resultado disso, porém não é para isso que o Curso existe. Ele existe para você. Ele é uma dádiva, porém também é um desafio. Você algumas vezes irá ouvir pessoas dizendo que o Curso é simples, no entanto, raramente irá ouvir alguém dizer que é fácil. O mundo irá parecer mudar para você de vez em quando, porque o Curso lida com a causa de tudo, ao invés de com os efeitos. E, o que é esse mundo além de um efeito? Isso certamente não é o que o mundo acredita – porém não há nada a se falar à respeito desse mundo.”

A decisão de escutar ou não esse curso e segui-lo é somente a escolha entre a verdade e a ilusão. T.16.V.16:1

Esse curso irá te ensinar como lembrar-te o que você é, restaurando para você a sua Identidade. T.14.X.12:4

Agora, a nossa Fonte [Deus] foi lembrada e Nela enfim nós achamos a nossa verdadeira Identidade. LE.260.2:1 Deves lembrar-te, porém, que o curso afirma e repetidas vezes, que o seu propósito é o escapar do medo. T.9.II.1:4

Esse curso foi mandado para abrir-nos o caminho da luz e ensinar-nos, passo a passo, a voltarmos para o Ser eterno que nós pensamos ter perdido. LE.V.I.5:4

O objetivo do Curso é que nós reconheçamos que todos nós compartilhamos um propósito comum. O nosso propósito comum é que, como todos nós fazemos parte desse sonho equivocado, todos nós ansiamos voltar para casa. O fim da jornada e o objetivo do Curso é que nós estejamos no mundo real, onde nós reconhecemos que todos nós fazemos parte da mesma mente.

A Dra. Judith Skutch Whitson, em entrevista, disse:

“Nós estamos presos nisso [o mundo que nós percebemos]. Parece que nós temos o testemunho de que isso é verdade – e, no entanto, por trás de tudo isso, nós sentimos o anseio por outra casa, uma casa diferente, com a qual todos nós parecemos estar familiarizados de uma forma estranha e mística. Nós ficamos entupidos de lágrimas quando nós vemos um personagem de um filme chamado “E.T.” dizer: “Eu quero ligar para casa”. Todos começam a chorar. Por quê? O que é que tanto nos toca no filme? Nós realmente sabemos que há algo além disso, algo mais e quando eu digo além, eu não quero dizer lá fora – que dentro de nós está um conhecimento do qual nós nos afastamos. E assim, o verdadeiro propósito de Um Curso em Milagres é nos familiarizar com aquele professor interior, aquela voz interior – você é capaz de dizer a voz interior que a Dra. Helen ouviu.“

Outro tema importante é a ideia de que o Curso é escrito em muitos níveis diferentes. Certas afirmações no Curso têm que ser interpretadas literalmente, enquanto outras têm que ser interpretadas metaforicamente ou simbolicamente. A ideia de que Deus chora por nós, ou que Deus está sozinho sem nós, ou que Jesus ou o Espírito Santo realmente fazem coisas por nós no mundo são declarações que têm que ser tomadas como metáforas ou símbolos para corrigir os erros que nós cometemos. Jesus usa o nosso simbolismo, mas dá a ele um significado diferente e um conteúdo diferente.

Existem muitos casos no Curso em que Jesus usa a mesma palavra de maneiras diferentes. Por exemplo, o instante santo é usado para se referir a todos os instantes individuais em que nós escolhemos o amor ao invés do medo, um milagre ao invés de uma mágoa, etc. No entanto, o instante santo também é usado às vezes para se referir ao grande instante santo em que tudo do ego desaparece totalmente. Novamente, é tanto o processo quanto o final do processo.

O relacionamento santo também é usado de ambas as maneiras. Às vezes, Jesus se refere clara e especificamente ao relacionamento santo como um processo em que nós vamos e voltamos entre o relacionamento especial e o santo. Outras vezes, ele o usa para significar o fim do processo. Nós temos que ler o Curso como nós leríamos um grande poema, onde nós não analisamos cada palavra e nós tentamos deduzir todo o contexto a partir dela. Ao invés disso, simplesmente nós deixamos que as palavras falem conosco.

O Curso explica em muitos lugares diferentes – isso é uma das maneiras mais importantes de entender relacionamentos especiais – que é impossível amar alguém que eu considere diferente de mim. Se eu o vejo como diferente de mim, então você deve ter o que eu não tenho. Nós não temos tempo agora para entrar na dinâmica disso, no entanto, o ponto principal é que se você tem algo que eu não tenho, é porque você o tirou de mim. É disso que tratam a quarta e a quinta leis do caos. T-23.II Falta-me alguma coisa, você tem e eu sei porque você tem e eu não: você a tirou de mim. Como eu poderia amar alguém que roubou o Amor e a paz de Deus e a inocência de Cristo de mim? Isso é o que o Curso chama de relacionamento especial.

O pronome pessoal “você” [algumas frases também utilizam o pronome pessoal “tu”] quando utilizado no Curso refere-se à parte de nossa mente, O Tomador de Decisão, que decide sonhar para se separar de Deus. Após a decisão de escolher a separação, o Tomador de Decisão [Mente Consciente] escolhe entre a mente certa e a mente errada. Portanto, no Curso “você” não se refere ao nosso ego, porém, à parte de nossa mente que escolhe. A verdadeira natureza do ensino de Jesus vem a ser clara quando o Curso é lido com isso em mente.

A afirmação “você deve escolher” exige que haja um “Tomador de Decisões” (o Filho de Deus em seu estado separado, o Sonhador, o Observador) que faça escolhas. O termo, entretanto, é usado apenas uma vez no Curso.

Se a doença não é senão uma perspectiva errada de como solucionar os problemas, a doença, então, é uma decisão. E se é uma decisão, é a mente e não o corpo, que a toma. A resistência a reconhecer isso é enorme, posto que a existência do mundo tal como tu o percebes depende do corpo como sendo o tomador de decisões. MP-5.II.1:5-7

O Dr. Wapnick também nos esclarece que, provavelmente, a mensagem mais importante do Curso é “escolha mais uma vez”.

“escolha mais uma vez”.

O tema principal do Curso é retornar à nossa mente o poder de escolha. Não que as nossas mentes realmente tenham qualquer poder de escolha – a Mente de Cristo não escolhe, porque não há escolhas a serem feitas no Céu. No entanto, nós não estamos no Céu – nós acreditamos que estamos aqui. Como o Texto nos diz, nós estamos em casa em Deus, sonhando com o exílio (T-10.I.2:1).

Portanto, dentro do sonho, nós temos uma escolha, o que é uma ilusão. Entretanto, enquanto nós tivermos a ilusão de escolher contra Deus e contra o Amor do Espírito Santo e a mensagem da Expiação em nossas mentes, nós necessitamos de uma correção nesse nível que diz:

“Eu fiz uma escolha errada. Agora eu posso fazer uma escolha melhor.

Esse é o propósito de Jesus e do Espírito Santo – ajudar-nos a fazer uma escolha melhor. Portanto, enquanto nós estamos nesse mundo, há decisões que têm que ser feitas. O importante não é a forma da decisão. O importante é o conteúdo: com quem nós tomamos a decisão.

“Eu fiz uma escolha errada. Agora eu posso fazer uma escolha melhor.

Agora, isso não significa que nós podemos simplesmente ignorar a decisão. Não prestar atenção às nossas decisões seria um exemplo de “confusão de nível” e de tentar acreditar que nós estamos mais acima na escada do que realmente nós estamos. Enquanto nós acreditarmos que nós estamos nesse mundo e nós estamos brigando com uma decisão, é importante que, dentro da função que nós escolhemos, nós estejamos atentos à decisão. Mas também é muito útil e reconfortante saber que, ao final, a decisão em si não importa. O que importa é com quem o fazemos. E nós podemos saber com quem nós tomamos a decisão se estamos em paz ou ansiosos.

O que importa é com quem o fazemos.

Então, eu faço o possível para decidir, no âmbito da minha sala de aula, o que inclui eu e o meu corpo e o contexto específico em que acredito estar.

Eu faço o melhor que eu posso com isso, porém, em outro nível, eu percebo que tudo o que eu tenho que fazer é o melhor que posso.

Jesus fez uma declaração para a Dra. Helen, que é sempre muito útil e reconfortante. Ele disse a ela:

“Se você fizer a minha vontade, eu a defenderei; e se você não fizer a minha vontade, então eu a corrigirei”.

Basicamente, isso significa que nós fazemos o melhor que nós podemos; de qualquer forma, nós não podemos perder. Portanto, as decisões têm que ser feitas aqui, sejam elas ilusórias ou não.

Na verdade, todas elas são ilusórias, porque não há opções no Céu. O importante não é a decisão, porém, mais uma vez, aquele com quem a tomamos. É para isso que nós estamos nos conduzindo. Essa é a importância de Jesus. Ele permanece em nossas mentes divididas como o símbolo brilhante que nos chama de volta – não tanto para ele, mas para o Cristo que está nele e em nós mesmos.

O objetivo do Curso é nos ensinar como perdoar, não como amar. O perdão desfaz todos os obstáculos ou barreiras ao amor.

Na seção chamada Arautos da Eternidade T-20.V, o “arauto da eternidade” é o relacionamento santo. Cada milagre de união é um poderoso arauto da eternidade. T.V.1:6.

O objetivo do Curso é nos ensinar como perdoar, não como amar.

Um tema importante no próprio Curso é o entendimento do perdão. Como o mundo o entendeu, o perdão assume a forma: Eu te perdoo pela coisa terrível que você fez. Sim, você fez algo que não deveria ter feito e foi uma coisa terrível. No entanto, pela bondade e gentileza de meu coração e como uma indicação da santidade de minha alma e da santidade de minha mente, eu te perdoo.

Essa abordagem é chamada de “perdão para destruir”. O perdão de acordo com o Curso, como nós sabemos, significa que nós perdoamos uns aos outros pelo que nós não fizemos.

O perdão é pelo que alguém não fez. T-17.III.1:5.

No entanto, quando eu digo que você realmente fez algo – que causou dor a mim ou a um ente querido, eu estou lhe dando um poder que você realmente não tem. Isso é o que o Curso quer dizer com “tornar o erro real” T-12.I.1:1 eu estou dizendo que há um problema aí fora. Então, se eu “perdoar” você, o problema não desapareceu, ainda é real, no entanto, eu escolho ignorá-lo.

O Curso também fala sobre o instante santo, referindo-se ao instante em que nós escolhemos o Espírito Santo ao invés do ego, que é o reflexo da Santidade de Deus.

Um dos conceitos-chave do Curso é o mundo real. Mas os dois mundos, como Jesus menciona em um lugar do Texto, são uma contradição. T-26.III.3:3 O mundo é uma ilusão, como poderia ser real? O significado do termo – extremamente importante no Curso – é que o mundo real é o reflexo da realidade do Paraíso. Não é o paraíso.

O mundo real é o conceito do Curso para o sonho no qual não há pensamentos de separação ou pecado. Ainda é uma ilusão, porém, ele é o reflexo da realidade do céu.

o mundo real é o reflexo da realidade do Paraíso. Não é o paraíso.

Jesus está nos dizendo: Não confunda o reflexo com a verdade. Não adore o reflexo. Isso é o que ele quer dizer no início do Texto quando ele diz que experienciar reverência em sua presença é impróprio, porque ele e nós somos iguais. Ele diz que é apropriado sentir reverência na presença de nosso Criador, porque Ele nos criou – nós não O criamos. Mas reverência em resposta a Jesus é inadequada, porque ele é nosso igual (T-1.II.3:1-6). Ele está nos dizendo para nós não confundirmos o reflexo do Amor de Deus – que ele é – com o Amor verdadeiro.

O medo de olhar é outro tema importante do Curso. Duas seções do Texto tratam dele – Olhar para dentro T-12.VII e O medo de olhar para dentro. T-21.IV. A última seção diz que o ego te diz que não olhes para dentro [dentro da tua mente], pois se o fizeres, os teus olhos tocarão o pecado e Deus te trespassará, cegando-te. T.21.IV.2:3 E então explica que o ego está realmente com medo de que nós olhemos para dentro e nós vejamos que não há pecado. T-21.IV.2-3 Esse é o verdadeiro medo. Esse era o medo de Helen. E esse é o medo de todos.

O Curso está nos ensinando a reconhecer que, ao pedir ajuda a Jesus em circunstâncias específicas – seja para fazer compras, tirar um cílio [referência a uma experiência da Dra. Helen com Jesus], conseguir um emprego ou qualquer outra coisa – nós estamos aprendendo que ele está disponível o tempo todo. No entanto, a sua disponibilidade não é para que ele seja capaz de me ajudar na forma – essa é apenas a maneira que eu escolhi para experienciar o seu amor. Eu realmente quero sentir a sua presença o tempo todo, para que não importa o que aconteça em minha vida – seja secundário ou importante – não terá efeito sobre o amor e a paz dentro de mim [conteúdo].

Uma parte importante do processo do Curso é desenvolver um relacionamento pessoal com Jesus ou o Espírito Santo. Por nós estarmos tão separados de nosso verdadeiro Ser, nós necessitamos de alguém dentro de nosso sonho separado, um símbolo que seja capaz de refletir para nós mesmos um sistema de pensamento diferente do nosso sistema de pensamento de separação, culpa e raiva.

A lembrança de Deus, dentro do contexto do Curso, é o Espírito Santo. Ele é a memória de Deus em nossas mentes e Jesus é a forma ou manifestação específica dessa memória – a resposta.

O perdão é uma ilusão. O milagre é uma ilusão. A salvação é uma ilusão. Um Curso em Milagres é uma ilusão. Jesus é uma ilusão. O Espírito Santo é uma ilusão. Tudo aqui é uma ilusão, porque nós não estamos aqui. Nunca saímos de casa e, portanto, “não há necessidade de uma escada para alcançar o que nunca se deixou”.

A lembrança de Deus, dentro do contexto do Curso, é o Espírito Santo. Ele é a memória de Deus em nossas mentes e Jesus é a forma ou manifestação específica dessa memória – a resposta.

O Curso, portanto, pode ser entendido como o Amor de Deus se expressando dentro da ilusão, encontrando-nos aonde nós acreditamos que nós estamos, dizendo-nos que existe uma outra maneira de olhar para isso e nos fornecendo um contexto e uma estrutura com a qual nós podemos subir a escada passo a passo. Entretanto, nós temos que começar com a ideia de que nós estamos na base da escada e não considerar isso um insulto.

O Dr. Wapnick ainda prossegue nos alertando que é útil, ao lermos o Curso, nós termos em mente quantas vezes Jesus se refere a nós como filhos ou criancinhas. Ele não nos chama de adultos, ou de pessoas maravilhosamente maduras. Repetidamente, ele diz que nós somos crianças. O Curso foi escrito para nós como crianças pequenas, na forma de Jesus como um irmão mais velho e sábio, que entende a diferença entre realidade e ilusão e está tentando ensinar a seus irmãos e irmãs algo que eles não têm a menor ideia. É extremamente humilde e útil aceitar o fato de que, sim, nós somos como crianças. Não é um insulto. Se nós pudermos aceitar isso, então nós podemos começar a aceitar a ajuda que existe.

Em outras palavras, se eu estudo o Curso e não obtenho nada dele, exceto a ideia de que Deus é amoroso e não odioso, isso é muito bom. Ou se eu não obtiver nada mais com o Curso do que a ideia de que eu irei me sentir melhor se deixar de lado as minhas queixas, isso ainda é muito. Não é disso que trata todo o Curso e muitos outros caminhos espirituais ensinam a mesma coisa. Entretanto, se eu não obtiver nada além de uma dessas ideias, ainda eu sou capaz de ganhar muito. Porém, se eu entrar no processo que é o Curso, então eu serei conduzido escada acima, passo a passo, em qualquer ritmo que eu possa aceitar. Então, gradualmente, eu irei reconhecer o que o Curso está ensinando no nível mais alto – que absolutamente nada está acontecendo aqui, que tudo o que é necessário para eu achar a paz de Deus é escolhê-la e que os meios para eu alcançar essa paz é o perdão.

O Curso, emprestado do Velho Testamento, refere-se à Voz do Espírito Santo como …

Nem todos os gritos ásperos e acessos de raiva absurdos do ego conseguem abafar a suave e quieta Voz por Deus para aqueles que querem ouvi-La. T-21.V.1:6

O Curso dá ao estudante a escolha entre o Espírito Santo e Jesus como o nosso professor interno. No entanto, definitivamente nós necessitamos de um professor interno. O próprio fato de nós pensarmos que nós estamos aqui é a prova de que nós ouvimos o professor errado.

Um dos principais ensinamentos do Curso é que a mente não está no corpo. Se o Espírito Santo é um pensamento em nossas mentes, Ele não está em nossos corpos.

Um ídolo é um substituto para Deus, um dos termos usados ​​no Curso para definir um relacionamento especial. Um relacionamento especial é um substituto.

Um dos principais ensinamentos do Curso é fazer com que percebamos que Deus nos ama a todos da mesma forma e a Sua Voz fala conosco o tempo todo.

Gratidão é outro tema importante do Curso. Nós temos que ser gratos a Jesus, não por causa do que ele nos dá, mas simplesmente por causa do que ele nos lembra. E se eu me sinto grato a Jesus, eu tenho que me sentir grato a Deus – que é como nós desfazemos o sistema de pensamento do ego.

A Mestre Ascensionada Pursah, no livro “O Desaparecimento do Universo”, de Gary R. Renard, diz:

Um Curso em Milagres é uma apresentação da verdade absoluta, que pode ser resumida em apenas duas palavras, entretanto, só pode ser aceita por uma mente que foi preparada para ela. Daqui a dois mil anos, “Deus É” ainda será a verdade absoluta e Deus ainda será o perfeito Amor. A verdade real não muda. Aceitar isso, entretanto, requer o tipo de treinamento mental que o Curso dá a você. Algumas pessoas podem não escolher estar preparadas nessa vida. Elas querem que o significado de Deus e do mundo esteja aberto às suas próprias interpretações. Está tudo bem se é isso o que elas querem agora. No entanto, como Jesus pergunta a você em seu Curso: Iria Deus deixar o significado do mundo à tua interpretação? T.30.VII.1.1.

Nós não veremos mais um mundo de inimigos prontos para atacar. Embora as formas do mundo ainda se comportem como antes, nós veremos abaixo da superfície um mundo que não poderia ser mais oposto:

Tudo e todos que eu vejo se inclinarão para mim para abençoar-me. Eu reconhecerei em cada um o meu mais caro Amigo. LE-60.3:4-5

E nós, por sua vez, amaremos a todos, com um amor divino que ignora completamente todas as diferenças entre as pessoas, incluindo as diferenças em como elas nos tratam.

O mundo real é, em última análise, uma ilusão, mas é um reflexo puro da realidade. E então, quando entramos totalmente no mundo real, estamos a apenas um passo do céu. Nosso amor e perdão nos ensinaram que não somos o ego culpado que acreditávamos ser. Será que realmente pensamos que tínhamos o poder de mudar a pureza que Deus nos deu? Deixamos de lado a arrogância que nos diz que somos pecadores, culpados e amedrontados e envergonhados do que somos; e, ao invés disso, ergamos os nossos corações em verdadeira humildade para Aquele Que nos criou imaculados como Ele próprio, no poder e no amor. LE-152.9:4

Os nossos próprios esforços agora estão feitos. Todas as barreiras para a consciência [no nível da realidade (awareness)] de nossa verdadeira identidade foram ultrapassadas. Estamos finalmente prontos para estar no amor de nosso Pai novamente.  Agora, o próprio Deus se inclina para nós e nos toma em Seus Braços e varre as teias de aranha do nosso sono. LE-168.3:4

Agora Ele nos levanta de volta ao nosso estado de vigília de unicidade com ele. Agora, finalmente, nós podemos dizer a Ele, nas palavras da linha final do Texto: …e estamos em casa, onde Tu queres que nós estejamos. T-31.VIII.12:8.

A linguagem do Curso

O artigo “The Course’s Use of Language” (tradução livre: “O Uso da Linguagem do Curso”), extraído do livro “The Message of A Course in Miracles” (tradução livre: A Mensagem de Um Curso em Milagres), o autor Dr. Kenneth Wapnick, Ph.D., nos alerta que talvez a maior fonte de confusão para os estudantes de Um Curso em Milagres seja o uso metafórico da linguagem, especialmente porque a maioria dos estudantes provavelmente nem tem consciência no nível da percepção [consciousness] de tal uso. Essa confusão infelizmente pode servir ao ego como uma justificativa tentadora para aqueles que já estariam propensos a interpretar mal os ensinamentos do Curso à luz do forte investimento em manter e defender o seu próprio sistema de crenças. Assim, o estilo poético do Curso pode ser um dos maiores obstáculos para aqueles estudantes cuja inclinação é para interpretações mais literais, senão fundamentalistas, daquilo que eles leem. Essa abordagem pode funcionar bem com escritos mais científicos, onde a precisão do enunciado é essencial, no entanto, tal rigidez em relação à forma causa estragos no conteúdo do Curso.

Na Introdução em “Esclarecimento de Termos” do livro “Um Curso em Milagres” nós temos a afirmação que todos os termos são potencialmente controversos e aqueles que buscam a controvérsia irão achá-la. Porém aqueles que buscam o esclarecimento também irão achá-lo. Entretanto, têm que estar dispostos a deixar de ver a controvérsia, reconhecendo que ela é uma defesa contra a verdade na forma de uma manobra de adiamento. Considerações teológicas enquanto tais são necessariamente controversas, já que dependem de crença e podem, portanto, ser aceitas ou rejeitadas. Uma teologia universal é impossível, entretanto, uma experiência universal não só é possível como necessária. É para essa experiência que o Curso está dirigido. Só aqui é possível haver coerência porque só aqui termina a incerteza.

Como diz o Curso:

Com certeza, já começaste a reconhecer que esse é um curso muito prático e que, de fato, quer dizer exatamente o que diz. T-8.IX.8:1.

O problema é, entretanto, que as palavras do Curso muitas vezes não significam o que dizem literalmente e, além disso, não devem ser interpretadas dessa forma. No entanto, as palavras certamente significam o que dizem quando são entendidas metafórica ou simbolicamente e esse significado pode ser discernido quando o conteúdo por trás de sua forma é reconhecido.

Considerem o exemplo: Jesus faz algumas declarações sobre a incorruptibilidade do corpo, sugerindo que ele não pode morrer (T-19.IV-C.5:2; MP-12.5:5), o que quando tirado do contexto certamente parece sugerir que o a vida do corpo pode ser imortal. E aqueles estudantes do Curso que se inscrevem em outras espiritualidades que enfatizam a imortalidade do corpo pulam de alegria ao se apoderarem das palavras literais do Curso para apoiar as reivindicações de seu próprio caminho espiritual. A conclusão deles então é que Um Curso em Milagres é “exatamente como” esse outro caminho porque ambos defendem a imortalidade do corpo e sustentam isso, portanto, como um objetivo importante, se não essencial, para o buscador espiritual e estudante do Curso.

No entanto, o que essa passagem do Curso realmente significa é que o corpo não morre porque o corpo não vive. Como diz o Texto:

O corpo não morre, assim como não pode sentir. Ele nada faz. Por si mesmo, não é corruptível nem incorruptível. Não é nada. T-19.IV- C.5:2-5

Portanto, só nesse sentido nós podemos dizer que o corpo não morre, pois quem não possui a vida não pode perdê-la. Não faria sentido se Jesus em Um Curso em Milagres defendesse a imortalidade de um corpo que ao longo dos três livros que ele ensina não é real e não tem vida. No entanto, esse é um exemplo de onde estudantes bem-intencionados são capazes de ficar confusos por não reconhecer, novamente, onde afirmações específicas não devem ser distorcidas de seu contexto e tomadas como verdade literal.

Outro grupo de exemplos que tratam de Deus enfatiza muito bem o fato de prestar atenção ao conteúdo por trás da forma:

  • Deus é solitário sem os Seus Filhos e eles são solitários sem Ele …tu es tão solitário quanto o próprio Deus quando os Seus Filhos não O conhecem. T-2.III.5:11; T-7.VII.10:7.
  • Deus chora diante do “sacrifício” de Suas crianças que acreditam que estão perdidas para Ele. T-5.VII.4:5.
  • O próprio Deus é incompleto sem mim. … Pois através dele o próprio Deus é mudado e referido como um ser incompleto. T-9.VII.8: 2; T-19.II.2:7.

De fato, ao longo de Um Curso em Milagres, Deus é referido como tendo Braços, Mãos e uma Voz e com esse Seu “corpo” reage aos erros de Seu Filho dando passos, estendendo a mão, falando palavras, criando planos, etc.

Seria óbvio mesmo para um leitor casual de Um Curso em Milagres que Deus não é e não pode ser corpóreo. Ele não tem corpo, nem mora em um lugar chamado céu. Na verdade, nós fomos ensinados que o mundo físico foi feito como um ataque a Ele (LE-pII.3.2:1) e que o corpo é um limite para o amor (T-18.VIII.1:2). E ainda assim, nas passagens acima, nós somos especificamente informados de que Deus está solitário, chora e está incompleto sem nós. Essas palavras não apenas implicam claramente que Deus existe em um corpo – como outras passagens também fazem, referindo-se a Ele como Pai, denotando a Sua humanidade masculina pelo uso dos pronomes humanos “Ele” e “Ela” e referindo-se às partes do corpo mencionadas acima – mas também essas passagens sugerem claramente que a separação Dele realmente aconteceu; caso contrário, Ele não poderia estar reagindo a isso como é claramente descrito em alguns lugares como fazendo.

No entanto, é o princípio da Expiação, sobre o qual repousa todo o sistema de pensamento do Curso, que o pecado da separação nunca aconteceu. Portanto, a nossa culpa e medo resultantes não fazem sentido. E tão sem sentido é o pensamento de que Deus – o nosso Criador perfeito e Fonte indiferenciada e unificada – poderia chorar, sofrer de solidão ou mesmo acreditar que Ele era incompleto.

Em uma passagem perto do início do Texto, Jesus basicamente se desculpa por falar sobre o ego como se ele fosse separado (o único lugar no Curso onde ele faz isso, aliás). Ele explica:

Eu tenho falado do ego como se fosse uma coisa separada, agindo por conta própria. Isso foi necessário para persuadir-te de que tu não podes despedi-lo facilmente e não podes deixar de reconhecer quanto do teu pensamento é dirigido pelo ego. T-4.VI.1:3-4.

Jesus também fala do Espírito Santo como Alguém que está separado. Na realidade, cada um (o ego e o Espírito Santo) representa uma voz ou um pensamento dentro de nossas mentes. Eles não estão separados de nós, assim como nós não somos separados uns dos outros, ou separados de Deus. Mas porque nós criamos um mundo de separação, nós temos a ilusão de separação.

Portanto, nós temos a ilusão de escolher entre o ego e o Espírito Santo, porque isso é extremamente significativo para nós. Construímos um mundo de separação e um mundo de escolhas – um mundo de boas e más escolhas. Portanto, Jesus fala conosco dessa maneira, não porque seja verdade – a verdade é apenas a perfeita Unidade de Deus e Cristo – mas porque ele tem que falar conosco na linguagem que nós entendemos. E essa é a linguagem do mundo de ilusão e símbolos – onde nós acreditamos que nós estamos.

O Curso está falando em dois níveis – um nível de instrução puramente metafísica e o outro mais prático, um nível diário de prática do perdão – ou, como Jesus colocou no Evangelho de Tomé, de estar vendo o que está diante dos seus olhos.

A linguagem de Um Curso em Milagres, especialmente no Livro de Exercícios, sugeriria fortemente que Jesus está realmente falando sobre salvar um mundo externo. Cristãos sempre falaram assim. Primeiro foi Jesus que iria ser o salvador do mundo e agora nós, como os seus discípulos, vamos salvá-lo, também.

No Curso Jesus usa os mesmos termos que foram usados no Cristianismo tradicional, entretanto, ele deu a eles um significado totalmente diferente. Por exemplo, a Lição 186 é intitulada “A salvação do mundo depende de mim”; é o meu mundo sozinho que tem que ser salvo. Conforme eu mudo minha mente e liberto a mim mesmo da tirania do ego, o mundo que eu percebo e experimento será salvo também.

Mais uma vez, Jesus não está falando sobre qualquer coisa externa. Deveria ser observado aqui, que isso não é para ser tomado como uma desculpa para não fazer nada no mundo. Ao invés disso, é pedido que nós sejamos passivos para o ego, porém, muito ativos para o Espírito Santo, Cujo Amor automaticamente guia os nossos pensamentos, palavras e ações.

O Curso é sobre curar [heal] a sua culpa inconsciente através do Espírito Santo e sobre o seu retorno ao Céu através da dinâmica do perdão, que aproveita o tremendo poder da sua habilidade mental de escolher. Como Jesus diz:

Esse é um curso de treinamento da mente. T.1.2:4; e: Uma mente sem treino nada pode realizar. LE.I.1:3

O Dr. Wapnick enfatiza que o Curso é único como um caminho espiritual – o que não quer dizer que seja o único ou o melhor, é apenas único – e que ele integra essa visão dominante da relação entre o ego e Deus, entre o mundo e Deus, com orientações práticas muito específicas para viver no mundo, do sonho da morte para o sonho feliz.

Um Curso em Milagres nos foi dado por Jesus para nos mostrar como nós voltamos ao Reino do Céu. Pois, o mundo não era capaz de entender tanto há dois mil anos. Hoje, ainda que o mundo seja tão insano como era naquela época, agora está em posição de aprender muito mais.

O Curso está dizendo que o mundo não pode ser levado a sério.

Bibliografia da OREM3:

1) Livro “Um Curso em Milagres” – Livro Texto, Livro de Exercícios e Manual de Professores. Fundação para a Paz Interior. 2ª Edição –  copyright© 1994 da edição em língua portuguesa.

2) Artigo “Helen and Bill’s Joining: A Window Onto the Heart of A Course in Miracles” (tradução livre: A União de Helen e Bill: Uma Janela no Coração de Um Curso em Milagres”) – Robert Perry, site: https://circleofa.org/

3) E-book “What is A Course in Miracles” (tradução livre: O que é Um Curso em Milagres) – Robert Perry.

4) E-book “Autobiography – Helen Cohn Schucman, Ph.D.” – Foundation for Inner Peace (tradução livre: Autobiografia – Helen Cohn Schucman, Ph.D., Fundação para a Paz Interior).

5) Livro “Introdução Básica a Um Curso em Milagres”,  Dr. Kenneth Wapnick, Ph.D.

6) Livro “O Desaparecimento do Universo”, Gary R. Renard.

7) Livro “Absence from Felicity: The Story of Helen Schucman and Her Scribing of A Course in Miracles” (tradução livre: “Ausência de Felicidade: A História de Helen Schucman e Sua Escriba de Um Curso em Milagres”) – Dr. Kenneth Wapnick, Ph.D.

8) Artigo “A Short History of the Editing and Publishing of A Course in Miracles” (tradução livre: Uma Breve História da Edição e Publicação de Um Curso em Milagres” – Joe R. Jesseph, Ph.D. http://www.miraclestudies.net/history.html

9) E-book “Study Guide for A Course in Miracles”, Foundation for Inner Peace (tradução livre: Guia de Estudo para Um Curso em Milagres, Fundação para a Paz Interior).

10) Artigo “The Course’s Use of Language” (tradução livre: “O Uso da Linguagem do Curso”), extraído do livro “The Message of A Course in Miracles” (tradução livre: “A Mensagem de Um Curso em Milagres”) – Dr. Kenneth Wapnick, Ph.D.

10) Artigo “Theory” (adapted from the Glossary-Index for A Course in Miracles,  Fourth Edition) (tradução livre: “Teoria” (adaptado do Índice-Glossário de Um Curso em Milagres, Quarta Edição) https://facim.org/online-learning-aids/theory/ – Kenneth Wapnick, Ph.D.

Imagem pexels-pixabay-207247-scaled.jpg

Um milagre é uma correção. Ele não cria e realmente não muda nada. Apenas olha para a devastação e lembra à mente que o que ela vê é falso. Desfaz o erro, mas não tenta ir além da percepção, nem superar a função do perdão. Assim, permanece nos limites do tempo. LE.II.13

Nada real pode ser ameaçado.
Nada irreal existe.
Nisso está a paz de Deus.
T.In.2:2-4
Autor

Graduação: Engenharia Operacional Química. Graduação: Engenharia de Segurança do Trabalho. Pós-Graduação: Marketing PUC/RS. Pós-Graduação: Administração de Materiais, Negociações e Compras FGV/SP. Blog Projeto OREM® - Oficinas de Reprogramação Emocional e Mental que aborda os temas em categorias: 1) Psicofilosofia Huna e Ho’oponopono. 2) A Profecia Celestina. 3) Um Curso em Milagres (UCEM). 4) Espiritualidade no Ambiente de Trabalho (EAT); A Organização Baseada na Espiritualidade (OBE). Pesquisador Independente sobre a Espiritualidade Não-Dualista como Proposta de Filosofia de Vida para os Padrões Ocidentais de Pensamento e Comportamento (Pessoais e Profissionais). Certificação: “The Self I-Dentity Through Ho’oponopono® - SITH® - Business Ho’oponopono” - 2022.

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