Trechos do artigo “We have the answer: Jesus’ vision of a better world and how we can achieve it”, escrito pelo professor Greg Mackie. Artigo completo disponível em Inglês no site https://circleofa.org/library/how-the-world-as-a-whole-should-be/.

[Esse artigo foi coautorado pelo professor Robert Perry.]

Nós Temos a Resposta: A Visão de Jesus de Um Mundo Melhor e como Nós Somos Capazes de Alcançá-lo

“Um Curso em Milagres é famoso pela sua sabedoria sobre como nós somos capazes de transformar toda a nossa experiência simplesmente mudando as nossas mentes. Mas ele terá alguma coisa a dizer sobre o que deveria acontecer além das nossas mentes individuais? Ele tem uma visão de como o mundo como um todo deveria ser?

A resposta, talvez surpreendentemente, é sim. Nós já temos falado sobre essa visão antes, em artigos como ‘A Visão Social de Um Curso Em Milagres’, de Robert [Perry]. No entanto, aqui nós queremos nos concentrar em uma passagem específica: uma passagem fascinante no ditado original do Curso – que agora aparece na Edição Completa e Anotada [Complete and Annotated Edition – CAE Edition] – que se refere ‘às liberdades’.

Um Curso em Milagres é famoso pela sua sabedoria sobre como nós somos capazes de transformar toda a nossa experiência simplesmente mudando as nossas mentes.

Por razões que nós explicaremos abaixo, nós pensamos que essa é quase certamente uma referência às ‘quatro liberdades’ apresentadas pelo Presidente dos EUA, Franklin D. Roosevelt, num discurso histórico de 1941. Como tal, ela é a única passagem que nós conhecemos no material do Curso que comenta as palavras de um líder político ao apresentar a sua visão de um mundo melhor.

Nesse artigo, portanto, nós queremos extrair o significado dessa passagem, colocando-a no contexto mais amplo a que alude: o discurso das ‘quatro liberdades’ de Roosevelt, os seus efeitos imediatos e o seu legado. Nós descreveremos tanto a visão dessa passagem de um mundo melhor como os seus conselhos sobre como alcançar esse mundo.

Essa é uma visão que, se levada a sério, pode realmente mudar todas as coisas. Num mundo que se pergunta se algum dia nós seremos capazes de sermos verdadeiramente livres, num mundo devastado pela dúvida e pela desesperança, o que poderia ser mais transformador do que aprender que, ao final, a liberdade será nossa porque nós temos a resposta?

Aqui está a passagem:

Você provavelmente já tem ouvido muitos argumentos em nome das ‘liberdades’, que de fato teriam sido liberdade se os homens não tivessem escolhido lutar por elas. É por isso que eles percebem ‘as liberdades’ como muitas em vez de uma só. Entretanto, o argumento que fundamenta a defesa da liberdade é perfeitamente válido. Porque é verdade, não se deve lutar por ela, mas sim ficar do lado dela.

Aqueles que são contra a liberdade acreditam que o seu resultado irá prejudicá-los, o que não pode ser verdade. No entanto, aqueles que defendem a liberdade, mesmo que estejam equivocados na forma como a defendem, estão do lado da única coisa nesse mundo que é verdadeira.

Entretanto, o argumento que fundamenta a defesa da liberdade é perfeitamente válido. Porque é verdade, não se deve lutar por ela, mas sim ficar do lado dela.

Sempre que alguém puder ouvir de forma justa ambos os lados de qualquer questão, ele fará com que a decisão seja certa. Isso ocorre porque ele tem a resposta. O conflito pode, de fato, ser projetado, no entanto, ele tem que ser em primeiro lugar intrapessoal. (Edição CAE T-7.I.5:1-9; Urtext T 7 C 4.)

Antes de nós comentarmos essa passagem, nós apresentaremos o contexto mais amplo mencionado em nossa introdução.

O discurso das ‘quatro liberdades’ de Franklin Roosevelt

As quatro liberdades fizeram parte do discurso de Roosevelt sobre o Estado da União, de 6 de janeiro de 1941 (o discurso anual que o Presidente faz perante o Congresso). O foco do discurso foi a situação mundial, que era terrível. A Segunda Guerra Mundial tinha começado na Europa e, desde o início, o Primeiro-Ministro Britânico, Winston Churchill, implorava a ajuda de Roosevelt, enquanto os Britânicos eram atacados pelos Alemães.

Os Estados Unidos tinham sido em grande parte isolacionista desde o fim da Primeira Guerra Mundial e, portanto, o Congresso estava relutante em intervir em guerras estrangeiras. Mas Roosevelt via a situação na Europa como perigosa para a democracia em todo o mundo e, portanto, algo que a América não podia simplesmente ignorar. Ele sentia que a América deveria vir a ser o ‘arsenal para a democracia’, que ficaria do lado dos defensores da liberdade em todo o mundo.

Nesse discurso sobre o Estado da União, portanto, Roosevelt confrontou os isolacionistas, defendendo o aumento de armas nos EUA e a ajuda à Grã-Bretanha na guerra. Ele não propôs o envio de tropas, mas defendeu um programa chamado ‘Lend-Lease’ que forneceria armas dos EUA aos Britânicos, alterando a lei existente que proibia a assistência armada a nações estrangeiras. Na sua opinião, era fundamental para a segurança Americana que os tiranos da Alemanha e do Japão fossem derrotados. Tem que se lutar pela liberdade. Essa, na opinião dele, era a posição ‘realista’ exigida pela situação atual.

No entanto, ele acrescentou que liberdade significava mais do que simplesmente estar livre de agressores estrangeiros; isso também significava liberdade para ter uma vida melhor. E essa ideia inspirou o final do seu discurso, no qual ele partilhou a sua visão de ‘quatro liberdades humanas essenciais’ que ele esperava que pudessem ser difundidas por todo o mundo:

‘Nos dias futuros, que nós procuramos tornar seguros, nós esperamos um mundo fundado em quatro liberdades humanas essenciais.

A primeira é a liberdade de expressão – em qualquer lugar no mundo.

A segunda é a liberdade de cada pessoa adorar a Deus à sua maneira [liberdade religiosa] – em qualquer lugar do mundo.

A terceira é a liberdade de viver sem penúria – que, traduzida em termos mundiais, significa entendimentos econômicos que garantirão a todas as nações uma vida saudável em tempos de paz para os seus habitantes – em qualquer lugar do mundo.

A quarta é a liberdade de viver sem medo – o que, traduzido em termos mundiais, significa uma redução mundial dos armamentos a tal ponto e de uma forma tão completa que nenhuma nação estará em posição de cometer um ato de agressão física contra qualquer vizinho – em qualquer lugar do mundo.

Essa não é uma visão de um milénio distante. Ela é uma base definitiva para um tipo de mundo alcançável em nosso tempo e geração. Esse tipo de mundo é a própria antítese da chamada ‘nova ordem’ de tirania que os ditadores buscam criar com a queda de uma bomba.

A essa nova ordem nós nos opomos a concepção maior – a ordem moral. Uma boa sociedade é capaz de enfrentar sem medo esquemas de dominação mundial e revoluções estrangeiras.…A ordem mundial que nós buscamos é a cooperação de países livres, trabalhando juntos numa sociedade amigável e civilizada.’

Para apreciar a visão de Roosevelt, nós necessitamos confrontar com o seu oposto: ‘a chamada ‘nova ordem’ de tirania que os ditadores buscam criar com a queda de uma bomba.’ Os ditadores, nessa visão, buscam dominar tanto os outros países como os seus próprios cidadãos, impondo-lhes a vontade cruel do tirano. Isso prende tanto a boca como o coração, impedindo-os de falar e adorar livremente. E faz com que vivam em constante carência das necessidades da vida e em constante medo da guerra. Todas as pessoas sofrem subjugadas à vontade do tirano.

Em contraste, a visão de Roosevelt era a de que os países livres trabalhassem em conjunto para criar um mundo em que todas as pessoas tivessem as condições necessárias para prosperar. Como resultado, as pessoas são capazes de opinar e se manifestar livremente. Elas são capazes de seguir os seus próprios corações na maneira como elas adoram. Elas têm o suficiente; o fardo esmagador da necessidade foi retirado delas. E estão livres do medo de tanques rolando pelas ruas. Em suma, nessa visão, os países unem-se para ajudar os seus cidadãos a florescer. Na verdade, é a ‘própria antítese’ de um mundo em que todos gemem sob o domínio do tirano.

Os efeitos imediatos do discurso

O discurso de Roosevelt provou ser muito popular. O apoio público ao aumento de armas nos EUA e à ajuda aos Britânicos foi elevado. Como resultado, os isolacionistas foram derrotados. O programa Lend-Lease tornou-se lei e as armas começaram a fluir para as forças de Churchill. Os Estados Unidos embarcaram num aumento de armas sem precedentes para se prepararem para uma guerra que parecia estar mesmo à porta do país. E, claro, com o ataque Japonês a Pearl Harbor em 7 de Dezembro de 1941 – aquela ‘data que viverá na infâmia’, nas famosas palavras de Roosevelt – a América entrou na guerra com força total.

As quatro liberdades do discurso de Roosevelt também foram bem recebidas pelo público. Na imaginação popular, elas vieram a ser a razão básica da guerra: a América lutava para derrotar os tiranos e inaugurar um novo mundo em que essas liberdades pudessem ser realizadas. Além disso, vários artistas criaram obras destinadas a comemorar as quatro liberdades. Logo após o seu discurso, o próprio Roosevelt contratou o escultor Walter Russell para criar um Monumento às Quatro Liberdades, que foi dedicado no Madison Square de Nova York em 1943.

A obra de arte mais famosa comemorando as quatro liberdades foi uma série de pôsteres feitos por Norman Rockwell em 1943. Eles tinham o propósito de vender títulos de guerra e nós os temos incluído nesse artigo porque eles não apenas vieram a ser muito conhecidos, mas também dizem alguma coisa que deveria nos lembrar de nossa passagem: as liberdades são ‘NOSSAS… pelas quais lutar’. Soa familiar?

O legado do discurso

Os Aliados venceram a guerra, é claro e desde então as quatro liberdades vieram a ser parte da nossa herança política e cultural. Elas ainda são mencionadas na imprensa, especialmente na imprensa política. O Instituto Roosevelt concede o ‘Prêmio Quatro Liberdades’ todos os anos a pessoas que fazem algo significativo para promover as liberdades. Vários monumentos foram construídos ao longo dos anos para os comemorar; ainda em 2012, um Parque Four Freedoms foi inaugurado na Ilha Roosevelt, em Nova York.

No entanto, qual é o legado final do discurso das ‘quatro liberdades’? Falando em termos gerais, nós vemos dois legados ironicamente emparelhados que são relevantes para a passagem do Curso que nós estamos examinando.

Em primeiro lugar, infelizmente, isso veio a ser fundamental para o desenvolvimento de armas modernas, justificado pelo desejo de ser o ‘arsenal da democracia’. A visão original do discurso era construir armas temporariamente para derrotar os tiranos Alemães e Japoneses e depois trabalhar para a ‘redução mundial de armamentos’ prevista pela quarta liberdade.

Nós pensamos que Roosevelt foi sincero sobre isso e nós nos perguntamos o que ele poderia ter feito se não tivesse morrido antes do fim da guerra. Entretanto, infelizmente, isso não é de se surpreender que tenha havido mais tiranos depois de os tiranos do tempo de Roosevelt terem sido derrotados e o mundo hoje está mais fortemente armado do que em qualquer momento da história da humanidade. A liberdade, ao que parece, ainda é algo pelo qual nós pensamos que nós necessitamos de lutar por ela.

Em segundo lugar e mais felizmente, o discurso também veio a ser fundamental para a cooperação internacional moderna e o humanitarismo. As quatro liberdades acabaram por vir a ser uma grande inspiração para a Carta das Nações Unidas e, graças em parte aos esforços diligentes de Eleanor Roosevelt, para a Declaração Internacional dos Direitos Humanos da ONU (em cujo preâmbulo aparecem as quatro liberdades).

A liberdade, ao que parece, ainda é algo pelo qual nós pensamos que nós necessitamos de lutar por ela.

Embora a busca pelos direitos humanos no mundo tenha uma longa história, pode-se dizer que o discurso de Roosevelt marcou o nascimento da versão moderna dessa busca. Até hoje, organizações internacionais e pessoas de todo o mundo que se inspiram nesse legado trabalham para levar as quatro liberdades ao mundo.

Essa passagem está realmente se referindo às quatro liberdades de Roosevelt?

Nós temos fornecido o que nós pensamos ser o contexto da passagem do Curso que nós examinaremos aqui, entretanto, será esse realmente o contexto? Como nós somos capazes de ter certeza de que Jesus realmente tem em mente as quatro liberdades de Roosevelt? A certeza absoluta pode, de fato, nos escapar, no entanto, nós acreditamos que há boas razões para pensar que ele as tem em mente sim.

Em primeiro lugar, o termo ‘as liberdades’ está entre aspas, sugerindo que ele é um termo reconhecível. As ‘quatro liberdades’ de Roosevelt são, na verdade, muitas vezes chamadas simplesmente de ‘as liberdades.’

Em segundo lugar, quaisquer que sejam ‘as liberdades’ a que Jesus se refere, elas são claramente bem conhecidas na cultura. Isso aparece de várias maneiras. Jesus começa dizendo que Helen e Bill ‘ouviram muitos argumentos em nome das ‘liberdades’’ e mais tarde refere-se àqueles que argumentam ‘contra a liberdade’ e ainda mais tarde menciona aqueles que precisam ‘ouvir com justiça ambos os lados.’ Além disso, ele diz que os ‘homens’ na verdade escolheram ‘lutar por elas.’

’As liberdades’, então, provocaram debates na cultura e até impeliram os homens a lutar. Têm claramente uma grande presença cultural, tal como as quatro liberdades de Roosevelt.

Em terceiro lugar, o foco ao longo de toda a passagem é a noção de argumentar em nome das liberdades e era essencialmente isso que Roosevelt estava fazendo. Ele estava dizendo que nós necessitamos  de um mundo baseado nas quatro liberdades, em vez do mundo que os tiranos nos dariam. Tal como as pessoas mencionadas nessa passagem, Roosevelt argumentava à favor das liberdades.

Em quarto lugar, como nós já mencionamos, Jesus diz que os homens escolheram ‘lutar’ pelas liberdades. Além de ser um indicador da sua presença cultural, esse é um identificador extremamente significativo porque se conecta diretamente com uma grande preocupação do discurso e daqueles que o ouviram: as quatro liberdades de Roosevelt, como vimos, eram vistas como a justificativa para lutar, para entrar na guerra.

Em suma, então, o discurso de Roosevelt foi um argumento em nome das ‘liberdades’, um argumento que veio a ser a razão para os homens decidirem lutar por essas liberdades, o que fez com que ‘as liberdades’ fossem bem conhecidas na cultura. Essa é exatamente a situação descrita em nossa passagem do Curso. É difícil não ver um correspondente.

E por que nós deveríamos ficar surpresos ao encontrar tal referência no Curso? Afinal, a própria génese do Curso foi a adesão de Helen e Bill ao discurso de Bill sobre a ‘melhor maneira’, no qual ele instou Helen a juntar-se a ele na tentativa de uma nova abordagem, baseada na cooperação e não na competição, que ele esperava poder renovar o departamento deles. A visão de Bill de que a cooperação dá origem a um departamento de psicologia mais harmonioso não é, ao final, muito diferente da visão de Roosevelt de que a cooperação dá origem a um mundo mais harmonioso.

Além disso, o Curso tem uma série de referências a coisas relacionadas. Há duas referências explícitas à Declaração de Independência dos EUA (CAE T-4.V.2:11; FIP 4.III.2:2 e CAE e FIP LE-31.4:2), na qual o recém-nascido Estados Unidos declararam liberdade do ‘Tirano’, a fim de defender os ‘inalienáveis Direitos’ de ‘Vida, Liberdade e a Busca da Felicidade’ – tudo isso lembra muito o discurso de Roosevelt.

Há uma referência ao Holocausto no primeiro ditado do Curso, sobre o qual Jesus diz ele ‘ter derramado muitas lágrimas’ (CAE T-1.43.8:2; Urtext T 1 B 37s). Em duas sentenças consecutivas (CAE T-24.I.7:1-2; Urtext T 24 B 5) há referências a O Grande Ditador, um filme de Charlie Chaplin de 1940 que foi uma condenação satírica de Adolf Hitler e Grande Ilusão, um filme francês de 1937 em cuja grande ilusão é a utilidade da guerra. Finalmente, o ditado original contém uma referência à Guerra do Vietname. Na Lição 14, Helen escreveu originalmente: ‘Deus não criou a guerra no Vietname e por isso ela não é real‘, antes de substituir ‘Vietname’ por um espaço em branco que permitiria aos estudantes inserirem qualquer guerra que fosse relevante para eles.

Portanto, a passagem em questão não só se ajusta perfeitamente ao discurso das ‘quatro liberdades’ de Roosevelt, mas tal referência não estaria realmente fora de lugar no Curso.

A visão de Jesus de um mundo melhor

No entanto, supondo que Jesus esteja realmente falando sobre o discurso de Roosevelt, o que ele está dizendo? Ao dar-nos uma referência tão descaradamente positiva às ‘liberdades’ (levando uma nota crítica apenas ao discutir algumas das formas equivocadas como são defendidas), Jesus está claramente apoiando alguma coisa sobre as quatro liberdades de Roosevelt e a visão geral do mundo dele. Mas o que?

O conceito essencial para o qual convergem Jesus e Roosevelt é obviamente o da liberdade, por isso vejamos esse conceito. A liberdade é uma consequência natural da noção de que cada pessoa tem um valor inerente. Cada vida deve, portanto, consistir em condições que honrem o valor da pessoa, que promovam a sua felicidade e o seu bem maior. Como resultado desse valor, a pessoa deve desfrutar da liberdade a partir de condições adversas ou de uma vontade estranha que lhe seja imposta. E a pessoa deve desfrutar da liberdade de fazer as suas próprias escolhas, seguir a sua própria consciência e desenvolver o seu próprio potencial.

A noção do valor inato da pessoa conduz, então, diretamente ao conceito de liberdade. Também leva diretamente ao conceito de direitos humanos. Se uma pessoa tem valor inerente, essa pessoa também tem direitos inalienáveis. E é por isso que a liberdade também está naturalmente associada aos direitos humanos. Como vimos, as quatro liberdades de Roosevelt ajudaram a inspirar a Declaração Internacional dos Direitos Humanos da ONU.

O Curso apoia claramente esse trio de valor, liberdade e direitos. Ele diz que há ‘valor inestimável’ (CAE T-7.VI.8:3; FIP T-7.VI.7:3) em cada um de nós e, portanto, que nós temos o direito tanto à liberdade de tudo o que nos feriria e limitaria, quanto à liberdade de expressar a nossa própria vontade. Jesus e Roosevelt, então, estão unidos numa visão em que o valor inato de cada pessoa significa que cada um tem o direito à liberdade a partir de e à liberdade para.

No entanto, eles não estão totalmente unidos. Jesus deixa claro que ‘as liberdades’ representam um mal-entendido sobre a liberdade. Ele implica que a escolha de lutar pela liberdade distorceu a sua natureza, fazendo com que aparentemente se fragmentasse em muitas, quando na verdade é apenas uma . Então, qual é a ‘única’ liberdade que Jesus vê no lugar das muitas de Roosevelt?

Uma pista importante para isso reside nas duas referências à Declaração da Independência que nós mencionamos acima. Curiosamente, cada uma dessas passagens contém uma afirmação que é especificamente rotulada como ‘declaração de independência’ e cada afirmação reinterpreta o significado da liberdade, bem como a identidade do tirano. Aqui estão elas:

‘O Reino é perfeitamente unido e perfeitamente protegido e o ego não prevalecerá contra ele. Amém.’ (CAE T-4.V.2:8-9; FIP T-4.III.1:12-13)

‘Eu não sou vítima do mundo que vejo.’ (CAE e FIP LE-31.Título)

No primeiro caso, o tirano é o ego, que busca destruir a perfeita unidade do Reino de Deus. No segundo caso, o tirano é o mundo que nós vemos (tanto exterior como interior), que parece nos vitimar. Em ambos os casos, nós afirmamos que o tirano não tem poder para fazer essas coisas. Nós declaramos que nós somos independentes e livres dessas forças aparentemente destrutivas.

No Curso, então, a liberdade é uma liberdade interna: liberdade da tirania interna do ego e da falsa ideia de que nós somos vítimas do mundo cruel gerado pelo ego. Essa liberdade do ego e dos seus efeitos opressivos é muito provavelmente a ‘única’ liberdade a que Jesus se refere na nossa passagem.

Isso, claro, é bastante diferente do conceito de liberdades de Roosevelt. Todas as suas liberdades são diferentes formas de liberdade física da tirania do mundo exterior. Na versão de Roosevelt das liberdades, liberdade significa que o mundo já não tenta sufocar o nosso discurso ou a nossa adoração. Já não tenta privar-nos de alimentos ou afligir-nos com a guerra. O tirano recuou fisicamente de nossa porta.

Isso é tão diferente do conceito de liberdade de Jesus – no qual a mente é livre mesmo que o tirano exterior esteja arrombando a porta – que nós nos perguntamos como é que esses dois conceitos de liberdade podem andar juntos. Como podem eles coexistirem dentro de uma visão única do mundo?

No Curso, então, a liberdade é uma liberdade interna: liberdade da tirania interna do ego e da falsa ideia de que nós somos vítimas do mundo cruel gerado pelo ego. Essa liberdade do ego e dos seus efeitos opressivos é muito provavelmente a ‘única’ liberdade a que Jesus se refere na nossa passagem.”

Eu penso que nós somos capazes de realmente ver a coexistência deles em uma história importante da gênese do Curso (contada no livro ‘Absence from Felicity’, por Ken Wapnick, 1ª ed., pp. 120-124): A experiência de Helen e Bill na Clínica Mayo.

Nessa história, na noite anterior à viagem de negócios para a Clínica Mayo, em Minnesota, Helen recebeu psiquicamente a imagem de uma igreja Luterana. Ela tinha certeza de que eles veriam a igreja ao chegarem, no entanto, mesmo depois de uma extensa busca, eles não conseguiram achá-la. Então, quando eles estavam indo embora, Bill descobriu que a igreja realmente existia, entretanto, havia sido demolida quando o hospital foi construído.

No caminho de volta para Nova York, numa escala em Chicago, Helen aplicou as suas habilidades psíquicas de uma forma mais construtiva. Ela foi capaz de sentir, em suas palavras, ‘ondas e mais ondas de miséria passando’ por uma jovem encolhida contra a parede. Helen foi falar com ela e descobriu que o nome dela era Charlotte. Ela estava com medo de voar, então Helen se ofereceu para sentar com ela no avião e segurar a sua mão.

Passado o nervosismo da decolagem, Charlotte disse que estava deixando Chicago para começar uma nova vida em Nova York. Ela não trouxera muito dinheiro e não tinha ideia de onde ficaria em Nova York, entretanto, ela era Luterana e tinha certeza de que se encontrasse uma igreja Luterana, eles cuidariam dela. Helen escreve:

Bill e eu trocamos olhares. A mensagem não foi difícil de entender. ‘E essa’, disse a Voz, ‘é realmente a minha igreja.’

Bill e Helen basicamente vieram a ser o sistema de apoio de Charlotte em Nova York, encontrando primeiro para ela um hotel e depois uma igreja Luterana e alimentando-a com o jantar quase todas as noites. Quando, dez dias depois, ela retornou à sua vida em Chicago, foi numa nova base. Ela foi capaz de enfrentar os seus desafios com um senso de identidade renovado.

Nessa história nós achamos uma síntese reveladora dos conceitos de liberdade de Jesus e de Roosevelt. As liberdades de Roosevelt não são difíceis de ver aqui. Ao encontrar lugares para ela ficar e alimentá-la com o jantar, Helen e Bill garantiram que Charlotte estivesse com liberdade de viver sem penúria. Ao segurar a mão dela no avião, Helen ajudou Charlotte a se livrar do medo. E ao encontrar para ela a igreja de sua escolha, Helen e Bill apoiaram a liberdade de expressão e de culto de Charlotte.

O conceito de liberdade de Jesus também está presente. Ao agirem de forma tão altruísta com Charlotte, Helen e Bill demonstraram liberdade em relação ao tirano interior – o ego. E ao tratar Charlotte com tanto cuidado e respeito, eles implicitamente afirmaram a sua liberdade da tirania do mundo do ego, incluindo as condições exteriores opressivas que pareciam assolá-la.

Como? A gentileza deles afirmava que Charlotte possuía um valor tremendo e, como vimos, a liberdade é a consequência natural do valor. Na verdade, se o valor de Charlotte era tão grande como a bondade de Helen e Bill sugeria, então ela não só merecia a liberdade das aflições da vida, como provavelmente já tinha essa liberdade, pois o seu valor era simplesmente maior do que qualquer um dos ventos que a golpeassem.

Assim, a gentileza de Helen e Bill afirmava que Charlotte merecia liberdade e, em certo sentido, já tinha liberdade. A bondade deles a colocaram assim na incubadora perfeita para a realização da própria liberdade interior dela.

Se nós somos capazes de simplesmente expandir isso a um nível global, nós teremos uma visão que inclui tanto a liberdade interior de Jesus como a liberdade exterior de Roosevelt. Nessa visão, nós temos cidadãos e nações que cooperam livremente para proporcionar às pessoas do mundo uma vida que reflete o seu valor inerente. Esses cidadãos e nações estariam assim desempenhando o papel de Helen e Bill, expressando assim a liberdade do tirano interior. E então as pessoas do mundo estariam no papel de Charlotte.

Uma vez que a bondade de todos os quadrantes os tivesse ajudado a levar uma vida condizente com o seu valor, eles viveriam em condições que seriam uma afirmação contínua do seu valor. Essa afirmação lhes diria que ambos mereciam ser livres de toda tirania exterior e que, em certo sentido, já eram livres. A sua liberdade exterior seria, portanto, a incubadora perfeita para a realização da sua liberdade interior inata.

Essa, ao que parece, é a visão de Jesus de um mundo melhor. Pois se o encontro com Charlotte é o conceito de Jesus sobre a igreja ideal, então certamente é também o seu conceito de mundo ideal. Quem não gostaria de viver em um mundo como esse?

Como nós somos capazes de alcançar esse mundo melhor?

É claro que todas as pessoas anseiam por viver em um mundo como esse, entretanto, todos fazemos a mesma pergunta: Como? A passagem que nós estamos examinando fornece uma resposta poderosa e é para essa resposta que nós nos voltamos agora.

Por essa liberdade não se deve lutar

Jesus começa deixando claro como não alcançar esse mundo melhor: Nós não somos capazes de chegar lá através da guerra.

Ele não poderia ser mais claro: Mesmo as liberdades de Roosevelt, por mais limitadas que Jesus sugerisse que fosse esse entendimento da liberdade, ‘teriam de fato sido liberdade se os homens não tivessem escolhido lutar por elas.’

Deixe isso ser assimilado um pouco. Nós de fato ansiamos pela liberdade e, por essa razão, nós celebramos os ‘combatentes da liberdade’ em todo o mundo, o que normalmente significa pessoas que travaram guerras para obter alguma medida de liberdade política.

Nós dizemos a nós mesmos que ‘a liberdade não é de graça’, o que geralmente nós queremos dizer que nós só temos liberdade graças a todas as pessoas que lutaram nessas guerras e se nós quisermos mantê-la, é melhor estarmos preparados para lutar outra guerra.

Essa ideia, claro, foi central no discurso de Roosevelt: se nós não derrotarmos os tiranos na guerra, nós perderemos a liberdade pela qual nós lutamos tanto no passado para alcançar. Nas palavras daqueles pôsteres de Norman Rockwell, ela é ‘NOSSA… para lutar por ela.’

No entanto, aqui Jesus nos diz que lutar pela liberdade é exatamente o que impede a liberdade. Ah, sem dúvida a luta pode alcançar uma liberdade temporária do corpo no mundo da forma, no entanto, será que nós somos capazes de realmente imaginá-la levando ao mundo de bondade universal que nós acabamos de ver?

Afinal, a violência entroniza o ego tirânico. O ego adora lutar, pois ‘a guerra é a garantia de sua sobrevivência’ (T-5.IV.10:7; FIP T-5.III.8:7).

Se nós escolhermos o ego como nosso general para nos conduzir ao novo mundo, que tipo de mundo realmente nós pensamos que obteremos?

Entretanto, essa liberdade deve ser apoiada

Por mais que Jesus lamente a nossa trágica história de perda da liberdade ao lutar por ela, ele é claramente a favor da defesa da liberdade em certo sentido. Na verdade, ‘o argumento subjacente à defesa da liberdade é perfeitamente válido’ e aqueles que pensam que vale a pena defender a liberdade estão no caminho certo ‘mesmo que estejam equivocados na forma como a defendem.’ Mesmo aqueles como Roosevelt, que travam guerras para defender a liberdade, têm a meta certa; eles estão apenas usando os meios errados.

Como, então, aqueles que defendem a liberdade deveriam defendê-la? Essa questão é respondida pelo que talvez seja a linha chave dessa passagem:

‘Não se deve lutar por isso, entretanto, deve-se ficar do lado disso’ [Urtext T 7 C 4].

E como nós podemos ficar do lado disso? Não há dúvida de que há muitas maneiras, mas como Jesus se refere ao ‘argumento’ pela liberdade e àqueles que podem ‘ouvir com justiça ambos os lados de qualquer questão’ [Urtext T 7 C 4], a alternativa específica à luta que ele parece ter em mente nessa passagem é algo que pode nos surpreender: apresentar argumentos intelectuais a favor da liberdade.

Isso pode parecer o proverbial fracasso absoluto para aqueles que vêem pouca utilidade em argumentos intelectuais. Contudo, nas relações internacionais, qual é tipicamente a alternativa à guerra?

Não será o diálogo, na forma de diplomacia, o debate, a escuta tão justa quanto possível de múltiplos pontos de vista, a discussão de assuntos em instituições internacionais criadas para preservar a paz – em suma, os mesmos tipos de coisas que Roosevelt estava imaginando quando ele falou da ‘cooperação de países livres, trabalhando juntos em uma sociedade amigável e civilizada’? (Nós reconhecemos que muitas pessoas têm problemas com as Nações Unidas como instituição, entretanto, aqui nós estamos simplesmente argumentando que, seja como for, a cooperação e o diálogo internacionais são as alternativas padrão à guerra.)

Se nós decidirmos não ir à guerra pela liberdade, que alternativa existe senão convencer aqueles que são contra a liberdade de que ela é verdadeiramente do seu interesse?

Muitos podem duvidar da eficácia disso e, na verdade, tem sido muitas vezes ineficaz. Deus sabe que as relações internacionais podem ser uma confusão, mesmo quando nós não estamos em guerra.

Para inverter a famosa máxima de Clausewitz, a política é muitas vezes apenas a continuação da guerra por outros meios. E nós pensamos que Jesus concordaria sinceramente que simplesmente apresentar um argumento a favor da liberdade, por si só, não é suficiente.

Enquanto o debate nada mais for do que um bando de egos discutindo e servindo os seus próprios interesses enquanto eles tentam parecer cooperativos, nós não iremos muito longe. Não, defender a liberdade só será eficaz na medida em que aqueles que apresentam tais argumentos demonstrem realmente a liberdade que essa passagem nos diz ser a liberdade por detrás de todas as liberdades: a liberdade do ego e dos seus efeitos opressivos.

E nos parece que os defensores não-violentos da liberdade, que as pessoas mais admiram, foram eficazes precisamente porque tinham o pacote completo: argumentos intelectuais poderosos a favor da liberdade e de vidas que demonstravam uma liberdade maior do que a habitual em relação ao ego.

“…a liberdade do ego e dos seus efeitos opressivos.

Pensem, por exemplo, em Gandhi e Martin Luther King Jr. Ambos foram gigantes intelectuais que apresentaram argumentos brilhantes em favor da liberdade, igualdade, justiça e amor. Além de argumentos a favor de várias liberdades políticas e sociais, essas figuras inspiradoras defenderam também explicitamente a libertação a partir do ego – argumentos para deixar para trás a ambição egoísta e lutar por aquela que King chamava de ‘comunidade amada’, uma comunidade na qual todos nós vivemos harmoniosamente juntos por algo muito maior do que nós mesmos.

“…argumentos intelectuais poderosos a favor da liberdade e de vidas que demonstravam uma liberdade maior do que a habitual em relação ao ego.

Esses argumentos têm um peso enorme num nível puramente intelectual. No entanto, é claro que ganharam imenso poder adicional pelo fato de as pessoas que as propuseram terem demonstrado um notável grau de liberdade em relação ao ego, colocando as suas próprias vidas em risco para servir os melhores interesses de todos os envolvidos, até mesmo dos ‘opressores’. E a história tem mostrado que apoiar a liberdade dessa forma tem sido imensamente eficaz.

Ficar do lado da liberdade permitirá que todas as pessoas reivindiquem a liberdade que elas já possuem

Portanto, se nós ficarmos do lado da liberdade da forma como nós temos falado – talvez num contexto sociopolítico, talvez num outro contexto, mas acima de tudo ficarmos do lado da liberdade a partir do ego – que efeito isso terá sobre os outros? Nós já temos visto o poderoso efeito positivo que o apoio de Helen e Bill à liberdade teve sobre Charlotte. Entretanto, o que a própria passagem diz sobre o efeito que o nosso apoio à liberdade pode ter sobre o que chama de ‘aqueles que são contra a liberdade’?

Essa para nós é talvez a parte mais fascinante de nossa passagem. É claro que há muita resistência à liberdade por aí. Na verdade, essa resistência é demonstrada por todas as pessoas, desde os ditadores como Hitler até pessoas comuns que investem muito nos seus egos, o que significa praticamente todos nós. Quando aparece alguém que responde a eles apoiando-se na liberdade genuína, eles se sentem ameaçados porque ‘eles acreditam que o resultado irá prejudicá-los’ – isso é, parece entrar em conflito com os interesses do seu ego.

Infelizmente, a história nos mostra exatamente o que é capaz de acontecer quando esse senso de ameaça é suficientemente forte: O arauto da liberdade é rapidamente removido de cena – crucifique-o! E como diz o poema ‘A Dead Man’s Dream’ (de Carl Wendell Hines Jr.): ‘Agora que ele está morto em segurança, / Vamos elogiá-lo.’

No entanto, mais profundamente nas mentes daqueles que são ameaçados pelos arautos da liberdade está o verdadeiro problema: um conflito ‘intrapessoal’ entre o ego e o espírito dentro deles. (É claro que o espírito não está realmente lutando, mas isso parece como um conflito.)

Uma pessoa que é exteriormente contra a liberdade já sabe, no fundo, que o argumento a favor da liberdade é válido porque o espírito dentro dela lhe diz isso, entretanto, o seu investimento em seu ego a está cegando para esse fato. Quando ela crucifica o arauto da liberdade, ela não sabe o que ela faz.

Entretanto, um caminho melhor está aberto para ele e aqueles que são a favor da liberdade dão-lhe a oportunidade de seguir esse caminho: Se ele deixar de lado o seu ego o tempo suficiente para realmente ouvir o argumento da liberdade, ele ficará convencido. Por que? Porque ‘sempre que alguém puder ouvir de forma justa ambos os lados de qualquer questão, tomará a decisão certa. Isso ocorre porque ele tem a resposta.’

O arauto da liberdade não está tentando desesperadamente redimir uma alma irremediavelmente corrupta; ele está simplesmente lembrando a seu irmão, inerentemente bom e são, algo que ele já sabe.

Nós pensamos que algo do espírito disso está no discurso de Roosevelt, especialmente quando ele se refere à ‘concepção maior – a ordem moral’. Como Presidente dos Estados Unidos mergulhado nas tradições dos documentos fundadores desse país, certamente no fundo da sua mente estavam aquelas palavras emocionantes da Declaração da Independência, que fala das verdades ‘evidentes’ de que todos nós somos criados iguais e que todos temos direito à ‘Vida, à Liberdade e à busca da Felicidade.’ Se essas verdades são realmente evidentes, são verdades que qualquer um obterá se ouvir ambos os lados com justiça.

É claro que muitos dos que se opõem à liberdade não estão dispostos a ouvir, pelo menos não por enquanto; nós duvidamos que Hitler tivesse mudado de idéia se Gandhi tivesse conversado com ele por tempo suficiente. No entanto, a possibilidade está sempre aí e nos parece que o ponto central da mensagem dos Gandhis e dos Martin Luther Kings do mundo é que todas as pessoas, não importa o que tenham feito, têm dentro de si uma bondade inerente e indefectível que acabará por levar a melhor.

Os métodos dessas pessoas inspiradoras são, de fato, um argumento em favor da liberdade de pensamento, palavra e ação, um apelo ao espírito imorredouro de todos que conhecem a verdade. Esse apelo pode não ser ouvido a curto prazo – na verdade, aqueles que o fazem podem perder a vida ao fazê-lo – entretanto, isso será ouvido ao final. Isso é garantido, porque todos nós ansiamos pela verdadeira liberdade e todos nós já a temos dentro de nós, apenas à espera de sermos redescobertos.

Um retrato da vida real de estar do lado da liberdade

Ao escrever esse artigo, eu (Greg) gostei da autobiografia de Nelson Mandela, Long Walk to Freedom. Ora, Mandela chamava-se orgulhosamente a si próprio de ‘combatente da liberdade’ e ele não era nenhum Gandiano: Ele acreditava que a violência era por vezes necessária para conquistar a liberdade e fundou efetivamente a ala militar do Congresso Nacional Africano, embora considerasse a violência apenas como um último recurso. Dito isso, ele é justamente admirado por sua caridade e perdão para com aqueles que o oprimiram. E enquanto trabalhava nesse artigo, eu li sobre um incidente durante o seu tempo na prisão que me pareceu um retrato estranho de nossa passagem.

Como quase todas as pessoas sabem, Mandela passou 27 anos na prisão, a maior parte desses anos na infame Ilha Robben. Os carcereiros (guardas prisionais) eram um grupo misto, alguns amigáveis, entretanto, a maioria tendendo para o lado severo. Mandela fala de um carcereiro particularmente severo que estava causando grandes problemas a todos os prisioneiros. É claro que a resposta natural a tal pessoa seria o ódio e o ressentimento, no entanto, Mandela e os seus companheiros de prisão – todos na prisão por resistirem ao regime do apartheid – decidiram tentar fazer amizade com ele.

Afinal, Mandela escreve: ‘Era política do ANC [African National Congress] tentar educar todas as pessoas, mesmo os nossos inimigos: nós acreditávamos que todos os homens, mesmo os guardas do serviço prisional, eram capazes de mudar e nós fizemos o nosso melhor para influenciá-los.’

Então foi isso que eles fizeram com esse guarda; eles fizeram amizade com ele e tentaram influenciá-lo. E lentamente, a atitude dele começou a mudar. No início, ele tinha sido um típico carcereiro impregnado de propaganda racista do Partido Nacional, o partido que criou o governo do apartheid na África do Sul. No entanto, à medida que se aproximava dos homens sob a sua supervisão, ele começou a mudar de ideia e até começou a fazer perguntas sobre o ANC.

Os prisioneiros tinham agora a oportunidade educacional deles. Isso demorou, entretanto eventualmente, o seu ensino deu frutos surpreendentes: ‘Enquanto nós explicávamos a ele calmamente o nosso não-racismo [crença na igualdade de todas as raças], o nosso desejo de direitos iguais e os nossos planos para a redistribuição da riqueza, ele coçou a cabeça e disse: ‘Isso faz mais sentido do que os Nats.’’ Claramente uma lâmpada foi acesa dentro dele.

Você vê como essa história se encaixa estranhamente em nossa passagem? Há um grupo de homens que dedicaram as suas vidas à causa da liberdade e um homem que é literalmente contra a liberdade – o seu guarda prisional. Os homens pró-liberdade poderiam ter escolhido lutar pela liberdade a partir do seu opressor, o que Mandela diz ser uma proposta condenada contra os carcereiros – a hostilidade para com eles só levaria à hostilidade em troca.

Então, em vez disso, eles decidiram ficar do lado da liberdade. Eles decidiram apresentar pacientemente o seu argumento a favor da liberdade, uma liberdade que, longe de prejudicar o carcereiro e o seu povo, seria na verdade do melhor interesse deles.

Entretanto, observe o que estava acontecendo por trás da forma externa dessa troca. Implícito no argumento dos prisioneiros a favor da liberdade dos Sul-Africanos não-brancos estava um argumento a favor da liberdade que realmente mais importa: a liberdade do ego e de tudo o que dele deriva.

Isso estava implicitamente contido no seu argumento intelectual – afinal, coisas como igualdade, não racismo, justiça e tratamento gentil para todos são argumentos contra o interesse próprio, argumentos contra o ego. Isso também estava implicitamente contido na sua demonstração de ausência de ego em relação ao próprio carcereiro: fazendo amizade com ele e tratando-o com respeito, mesmo sendo ele o ‘inimigo’ deles.

E por trás do gentil raciocínio deles para com ele havia um reconhecimento implícito do conflito intrapessoal que ocorria dentro dele: o conflito entre seu próprio ego e os melhores anjos de sua natureza. Toda a sua abordagem estava enraizada na convicção de que ele tinha a capacidade de ouvir ambos os lados com justiça e, se o fizesse, mudaria de ideia porque, parafraseando a nossa passagem, ele tinha a resposta. A lâmpada dentro dele estaria acesa – e estava. Estava acesa porque, nas palavras que Mandela diz sobre outro funcionário da prisão, mas que certamente se aplicam a esse também:

Ele tinha revelado que havia um outro lado de sua natureza, um lado que estava obscurecido, mas que ainda existia. Foi um lembrete útil de que todos os homens, mesmo os aparentemente de sangue frio, têm um núcleo de decência e que, se o seu coração for tocado, serão capazes de mudar.

Eu penso que essa apresentação do argumento a favor da liberdade de uma forma invulgarmente desprovida de ego foi o fator central que levou à liberdade que Mandela e os seus compatriotas procuravam na África do Sul. Ora, a história dessa luta é complexa e não quero romantizá-la – houve violência, muitas vezes violência horrível, envolvida nela, bem como não-violência. Mas a história da África do Sul é essencialmente a história dos brancos que foram convencidos a conceder a liberdade e dos negros que foram convencidos a não usar essa liberdade para procurar vingança.

E embora muitas coisas os tenham convencido, aqueles que inspiram o mundo até hoje são aqueles que demonstraram uma liberdade incomum em relação ao ego: o apelo do Bispo Desmond Tutu aos brancos para ‘se juntarem ao lado vencedor’, a generosidade e o perdão de Mandela para com aqueles que o tinham prendido, a Comissão da Verdade e Reconciliação que tentou curar [to heal] as feridas da nação através do perdão.

Mas a história da África do Sul é essencialmente a história dos brancos que foram convencidos a conceder a liberdade e dos negros que foram convencidos a não usar essa liberdade para procurar vingança.

Na verdade, Tutu tinha dito que, embora o seu país tenha, naturalmente, muitos problemas que continuam por resolver, a história da libertação da África do Sul é uma história de transfiguração, uma transfiguração provocada em grande medida por uma poderosa apresentação e demonstração do argumento a favor liberdade.

No seu livro ‘God Has a Dream: A Vision of Hope for Our Time’ [‘Deus Tem um Sonho: Uma Visão de Esperança para o Nosso Tempo’], ele escreve comoventemente sobre a transformação de corações e mentes que ocorreu durante as primeiras eleições livres da África do Sul, a eleição que levou Mandela à presidência.

Observe especialmente a última frase da seguinte passagem: Aqueles que foram contra a liberdade por tanto tempo agora eram a favor dela porque reconheceram que, em vez de feri-los, na verdade era também a sua liberdade. Eles tiveram a resposta:

As pessoas entravam na cabine como uma pessoa e saíam do outro lado como uma pessoa totalmente diferente. O negro entrou carregado com toda a angústia de ter tido a sua dignidade pisoteada e tratado como uma não-pessoa – e depois votou. E disse: ‘Ei, eu estou livre – a minha dignidade foi restaurada, a minha humanidade foi reconhecida. Eu estou livre!’ Ela emergiu como uma pessoa mudada, transformada, transfigurada.

A pessoa branca entrou na cabine como uma pessoa, sobrecarregada pelo peso da culpa por ter desfrutado injustamente de muitos privilégios, votou e emergiu do outro lado como uma nova pessoa. ‘Ei, eu estou livre. O fardo foi retirado. Eu estou livre!’ Ela emergiu como uma pessoa nova, diferente, transformada, transfigurada.

Muitos brancos confessaram que também estavam votando pela primeira vez – pela primeira vez como pessoas realmente livres. Agora eles reconheceram o que nós estávamos tentando lhes dizer há tanto tempo, que a liberdade era indivisível, que eles nunca estariam livres até que nós fôssemos livres.

Conclusão

Para concluir: Uma vez que a passagem que nós temos estado examinando se baseia no discurso das ‘quatro liberdades’ de Roosevelt, pode ser útil imaginar o discurso que Jesus nos poderia ter dado. Afinal de contas, tal como Roosevelt enfrentou um mundo oprimido por tiranos e dilacerado pela guerra, também nós enfrentamos hoje um mundo assim. Nós temos visto que Jesus realmente tem uma visão para um mundo melhor. Com base em todas as coisas que nós temos discutido nesse artigo, o que Jesus tem a nos dizer?

Em primeiro lugar, embora a maior parte do discurso de Roosevelt tenha sido um argumento a favor da guerra como meio de alcançar um mundo livre, Jesus rejeita enfaticamente essa opção. Ele rejeita assim o primeiro legado do discurso de Roosevelt que mencionamos: o ‘arsenal da democracia’. Um mundo verdadeiramente livre é um mundo mais cooperativo e como é que o conflito pode gerar cooperação?

Ao invés disso, diz Jesus, tem que estar do lado da liberdade, na forma de aqueles que alcançaram alguma medida de verdadeira liberdade, convencendo aqueles que são contra a liberdade de que a liberdade é o que eles realmente querem – algo que no fundo eles sabem e de fato já têm.

Jesus afirma assim o segundo legado do discurso de Roosevelt que nós mencionamos: cooperação internacional e humanitarismo. Isso só funcionará na medida em que os participantes tenham alcançado a liberdade a partir dos seus egos egoístas, mas no final, um mundo mais cooperativo é alcançado através da cooperação. Meios são fins.

E como é esse mundo livre, esse mundo melhor, esse mundo mais cooperativo? Roosevelt imaginou um mundo fundado nas quatro liberdades – liberdade de expressão e de religião e liberdade de viver sem penúria e de viver sem medo – e Jesus afirma a importância dessas liberdades. No entanto, é claro que ele diz muito mais. Na sua visão, essas mesmas pessoas que alcançaram a liberdade dos seus egos egoístas cooperam para concretizar as quatro liberdades e os direitos que as acompanham como uma afirmação do valor infinito de cada pessoa.

O resultado é um mundo que serve de incubadora para a realização da verdadeira liberdade de todas as pessoas – o reconhecimento de que elas merecem ser livres e que de fato já são livres no sentido que mais importa. Nós somos, todos, livres a partir do ego e de todas as formas – desde a tirania interna dos pensamentos desamorosos até a tirania externa de um mundo cruel – que ele [mundo cruel] tenta nos oprimir.

Assim, tal como Roosevelt teve a visão de um mundo livre, Jesus tem a sua visão de um mundo livre: uma visão não apenas de mentes individuais que encontram a liberdade, mas de um mundo em que todas as mentes encontram a liberdade juntas.

Embora Roosevelt considerasse a sua visão como algo ‘alcançável no nosso tempo e na nossa geração’, nós provavelmente pensamos que a visão de Jesus é mais alguma coisa para um ‘milénio distante.’ Nós não temos como saber quanto tempo isso levará, mas se essa é realmente a visão de Jesus, o que nós somos capazes de fazer senão arregaçar as mangas e começar a trabalhar nisso aqui e agora, com o dispositivo economizador de tempo do milagre para nos acelerar?

Nós podemos nos desesperar com a possibilidade de que isso realmente aconteça. No entanto, à luz da promessa do Curso de que nós já temos a resposta, nós faríamos bem em lembrar as famosas palavras de Gandhi sempre que qualquer tirano – um mundano, ou o ego tirânico em nossas próprias mentes – tenta nos convencer de que não há esperança:

Quando eu me desespero, eu me lembro de que, ao longo da história, o caminho da verdade e do amor sempre tem vencido. Houveram tiranos e assassinos e, por um tempo, eles são capazes de parecer invencíveis, no entanto, ao final eles sempre caem. Pensem nisso – sempre.’”

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Imagem artem-beliaikin-v6kii3H5CcU-unsplash.jpg – 31 de janeiro de 2024

Bibliografia da OREM3:

Livro “Um Curso em Milagres” – Livro Texto, Livro de Exercícios e Manual de Professores. Fundação para a Paz Interior. 2ª Edição –  copyright© 1994 da edição em língua portuguesa.

Artigo “Helen and Bill’s Joining: A Window Onto the Heart of A Course in Miracles” (tradução livre: A União de Helen e Bill: Uma Janela no Coração de Um Curso em Milagres”) – Robert Perry, site: https://circleofa.org/

E-book “What is A Course in Miracles” (tradução livre: O que é Um Curso em Milagres) – Robert Perry.

E-book “Autobiography – Helen Cohn Schucman, Ph.D.” – Foundation for Inner Peace (tradução livre: Autobiografia – Helen Cohn Schucman, Ph.D., Fundação para a Paz Interior).

Livro “Uma Introdução Básica a Um Curso em Milagres”,  Dr. Kenneth Wapnick, Ph.D.

Livro “O Desaparecimento do Universo”, Gary R. Renard.

Livro “Absence from Felicity: The Story of Helen Schucman and Her Scribing of A Course in Miracles” (tradução livre: “Ausência de Felicidade: A História de Helen Schucman e Sua Escriba de Um Curso em Milagres”) – Dr. Kenneth Wapnick, Ph.D.

Artigo “A Short History of the Editing and Publishing of A Course in Miracles” (tradução livre: Uma Breve História da Edição e Publicação de Um Curso em Milagres” – Joe R. Jesseph, Ph.D. http://www.miraclestudies.net/history.html

E-book “Study Guide for A Course in Miracles”, Foundation for Inner Peace (tradução livre: Guia de Estudo para Um Curso em Milagres, Fundação para a Paz Interior).

Artigo “The Course’s Use of Language” (tradução livre: “O Uso da Linguagem do Curso”), extraído do livro “The Message of A Course in Miracles” (tradução livre: “A Mensagem de Um Curso em Milagres”) – Dr. Kenneth Wapnick, Ph.D.

Artigo Who Am I? (tradução livre: Quem Sou Eu?) – Beverly Hutchinson McNeff – Site: https://www.miraclecenter.org/wp/who-am-i/

Artigo “Jesus: The Manifestation of the Holy Spirit – Excerpts from the Workshop held at the Foundation for A Course in Miracles – Temecula CA” (tradução livre: Jesus: A Manifestação do Espírito Santo – Trechos da Oficina realizada na Fundação para Um Curso em Milagres – Temecula CA) – Dr. Kenneth Wapnick, Ph.D.

Livro “Quantum Questions” (tradução livre: “Questões Quânticas”) – Ken Wilburn

Livro “Um Retorno ao Amor” – Marianne Williamson.

Glossário do site Foundation for A Course in Miracles (tradução livre: Fundação para Um Curso em Milagres), do Dr. Kenneth Wapnick, https://facim.org/glossary/

Livro Um Curso em Milagres – Esclarecimento de Termos.

Artigo “The Metaphysics of Separation and Forgiveness” (tradução livre: “A Metafísica da Separação e do Perdão”) – Dr. Kenneth Wapnick, Ph.D.

Livro “Os Ensinamentos Místicos de Jesus” – Compilado por David Hoffmeister – 2016 Living Miracles Publications.

Livro “Suplementos de Um Curso em Milagres UCEM – A Canção da Oração” – Helen Schucman – Fundação para a Paz Interior.

Livro “Suplementos de Um Curso em Milagres UCEM – Psicoterapia: Propósito, Processo e Prática.

Workshop “O que significa ser um professor de Deus”, proferido pelo Dr. Kenneth Wapnick, Ph.D..

Artigo escrito pelo escritor Paul West, autor do livro “I Am Love” (tradução livre: “Eu Sou Amor”), blog https://www.voiceforgod.net/.

Artigo “The Beginning Of The World” (tradução livre: “O Começo do Mundo”) – Dr Kenneth Wapnick.

Artigo “Duality as Metaphor in A Course in Miracles” (tradução livre: “Dualidade como Metáfora em Um Curso em Milagres”) – Um providencial e didático artigo, considerado pelo próprio autor como sendo um dos artigos (workshop) mais importantes por ele escrito e agora compartilhado pelo Dr. Kenneth Wapnick, Ph.D.

Artigo “Healing the Dream of Sickness” (tradução livre: “Curando o Sonho da Doença”  – Dr. Kenneth Wapnick, Ph.D.

Livro “The Message of A Course in Miracles – A translation of the Text in plain language” (tradução livre: “A mensagem de Um Curso em Milagres – Uma tradução do Texto em linguagem simples”) – Elizabeth A. Cronkhite.

E-book “Jesus: A New Covenant ACIM” – Chapter 20 – Clearing Beliefs and Desires – Cay Villars – Joininginlight.net© (tradução livre: “Jesus: Uma Nova Aliança UCEM” – Capítulo 20 – Clarificando Crenças e Desejos).

Artigo “Strangers in a Strange World – The Search for Meaning and Hope” (tradução livre: “Estranhos em um mundo estranho – A busca por significado e esperança”), escrito pelo Dr. Kenneth Wapnick e por sua esposa Sra. Gloria Wapnick.

Artigo “To Be in the World and Not of It” (tradução livre: “Estar no Mundo e São Ser Dele”), escrito pelo Dr. Kenneth Wapnick e por sua esposa Sra. Gloria Wapnick.

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Artigo: “The ark of peace is entered two by two” (tradução livre: “Na arca da paz só entram dois a dois”) – Robert Perry Site: https://circleofa.org/library/the-ark-of-peace-is-entered-two-by-two/

Artigo “Living a Course in Miracles As Wrong Minds, Right Minds, and Advanced Teachers – Part 2 of 3 – How Right Minds Live in the World: The Blessing of Forgiveness”, por Dr. Kenneth Wapnick, Ph.D.

Artigo “Living a Course in Miracles As Wrong Minds, Right Minds, and Advanced Teachers – Part 1 of 3 – How Wrong Minds Live in the World: The Ego’s Curse of Specialness”, por Dr. Kenneth Wapnick.

Transcrição do vídeo do Dr. Kenneth Wapnick no YouTube, intitulado: “Judgment” (tradução livre: “Julgamento”).  O artigo completo em inglês no site https://facim.org/transcript-of-kenneth-wapnick-youtube-video-entitled-judgment/.

Trechos do Workshop “The Meaning of Judgment” (tradução livre “O Significado de Julgamento”), realizado na Fundação para Um Curso em Milagres em Roscoe NY, ministrado pelo Dr. Kenneth Wapnick. O artigo completo em inglês no site: https://facim.org/online-learning-aids/excerpt-series/the-meaning-of-judgment/.

Comentários do professor de Deus Allen Watson, que transcrevemos, em tradução livre, do site Circle of Atonement (https://circleofa.org/workbook-companion/what-is-sin/).

Artigo “There is no sin” (tradução livre: “Não há pecado”), Robert Perry, site https://circleofa.org/library/there-is-no-sin/.

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Artigo escrito pelo Dr. Kenneth Wapnick, Ph.D. e pelo Padre Jesuíta W. Norris Clarke, da Companhia de Jesus, Ph.D., sobre o livro “Um Curso em Milagres e o Cristianismo: Um Diálogo”, disponível no site http://www.miraclestudies.net/Dialogue_Pref.html.

Livro “Um Curso em Milagres e o Cristianismo: Um Diálogo”, escrito pelo Dr. Kenneth Wapnick, Ph.D. e pelo Padre Jesuíta W. Norris Clarke, da Companhia de Jesus, Ph.D..

Artigo do Consultor, Escritor e Professor Rogier Fentener Van Vlissingen, de Nova Iorque, intitulado “A Course in Miracles and Christianity: A Dialogue” (“Um Curso em Milagres e o Cristianismo: Um Diálogo”), disponível no Blog Closing the Circle e acesso no link: https://acimnthomas.blogspot.com/2011/04/course-in-miracles-and-christianity.html.

Artigo sobre o livro “A Course in Miracles and Christianity: A Dialogue” (tradução livre “Um Curso em Milagres e o Cristianismo: Um Diálogo”), escrito por Dr. Kenneth Wapnick, Ph.D. e o Padre Jesuíta W. Norris Clarke, da Companhia de Jesus, Ph.D. Site http://www.miraclestudies.net/Dialogue_Pref.html.

Artigo do professor Robert Perry intitulado “Do we have a chalice list?” (tradução livre: “Temos uma lista de cálice?”), acesso através do link: https://circleofa.org/2009/07/13/do-we-have-a-chalice-list/.

Artigo “The religion of the ego” (tradução livre: “A religião do ego”), Robert Perry, link https://circleofa.org/library/the-religion-of-the-ego/.

Artigo “A New Realities Interview with William N. Thetford, Ph.D.”, conduzida por James Bolen em abril de 1984. Tradução livre Projeto OREM®. Artigo em inglês https://acim.org/archives/a-new-realities-interview-with-william-n-thetford/.

Artigo “Why is sin merely a mistake?” [tradução livre “Por que o pecado é apenas um erro?”], Robert Perry, link https://circleofa.org/library/why-is-sin-merely-a-mistake/.

Artigo “What a difference a few words make” (tradução livre: “Que diferença algumas palavras fazem”), Greg Mackie, disponível no link https://circleofa.org/library/what-a-difference-a-few-words-make/.

Artigo “Near-Death Experiences and A Course in Miracles” [Experiências de Quase-Morte e Um Curso em Milagres], coescrito por Robert Perry, B.A. (Cranborne, United Kingdom) e Greg Mackie, B.A. (Xalapa, Mexico), link https://circleofa.org/library/near-death-experiences-course-miracles/.

Artigo “Near-Death Experiences and A Course in Miracles Revisited” [Experiências de Quase-Morte e Um Curso em Milagres Revisitado], escrito por Greg Mackie, link Revisitado], e pode ser acessado no link https://circleofa.org/library/near-death-experiences-and-a-course-in-miracles-revisited/.

Artigo “Watch With Me, Angels” [Vigiem comigo, anjos], Robert Perry, link https://circleofa.org/library/watch-with-me-angels/.

Artigo transcrito de Workshop apresentado pelo Dr. Kenneth Wapnick, denominado “Watching With Angels [Vigiar com anjos], link: https://facim.org/watching-with-angels-part-1/.

Artigo “How Does Projection Really Work? [Como a Projeção realmente funciona?], Robert Perry, que pode ser acessado através do link https://circleofa.org/library/how-does-projection-really-work/.

Artigo “The Practical Implications of Projection: Summary of a Class Presentation” [tradução livre: “As Implicações Práticas da Projeção: Resumo de uma Apresentação de Aula”] poderá ser acessado através do link  https://circleofa.org/library/practical-implications-projection/.

Artigo “Reverse Projection: “As you see him you will see yourself” [tradução livre: “Projeção Reversa: ‘Assim como tu o vires, verás a ti mesmo’”], Robert Perry, link https://circleofa.org/library/reverse-projection-see-him-see-yourself/.

Artigo denominado “Are we living in a virtual reality” [“Nós estamos vivendo em uma realidade virtual?], Greg Mackie, link https://circleofa.org/library/are-we-living-in-a-virtual-reality/.

Artigo disponibilizado pelo site Pathways of Light, denominado “From Virtual do True Reality” [Da Realidade Virtual à Verdadeira], link https://www.pathwaysoflight.org/daily_inspiration/print_pol-blog/from-virtual-to-true-reality.

Série de artigos denominada “Rewriting the Rules of Virtual Reality” [Reescrevendo as Regras da Realidade Virtual] – partes 1 a 4, Dr. Joe Dispenza, link https://drjoedispenza.com/blogs/dr-joe-s-blog/rewriting-the-rules-of-virtual-reality-part-i.

Artigo “Commentary on What is Salvation” [“Comentário sobre O Que é Salvação”], Allen Watson, link https://circleofa.org/workbook-companion/what-is-salvation/.

Site oficial do Professor Allen Watson http://www.allen-watson.com/;

Artigo “Special Theme: What Is Salvation? [“Tema Especial: O Que É A Salvação?”], Thomas R. Wakechild, que pode ser acessado através do link http://acourseinmiraclesfordummies.com/blog/wp-content/uploads/2014/07/PDF-What-is-Salvation-with-Notes-Upload-7-15-14-ACIM-Workbook-for-Dummies.pdf.

Artigo “The Core Unit of Salvation” [A Unidade Central da Salvação], Robert Perry, link https://circleofa.org/library/the-core-unit-of-salvation/.

Artigo “ACIM Study Guide and Commentary – Chapter 5, Healing and Wholeness – Section III – The Guide to Salvation” [Guia de Estudo e Comentários ACIM – Capítulo 5 – Cura e Integridade – Seção III – O Guia para a Salvação], Allen Watson, acesso através do link http://www.allenwatson.com/uploads/5/0/8/0/50802205/c05s03.pdf.

Artigo “Commentaries on A Course in Miracles – ACIM Text, Section 1.I – Principles of Miracles” (“Comentários sobre Um Curso em Milagres – UCEM Texto, Seção 1.I – Princípios dos Milagres”), Allen Watson, site http://www.allen-watson.com/uploads/5/0/8/0/50802205/c01s01a.pdf

Artigo “A Course in Miracles: The Guide to Salvation” [Um Curso em Milagres: O Guia para a Salvação”], Sean Reagan, acesso através do link https://seanreagan.com/a-course-in-miracles-the-guide-to-salvation/.

Artigo “The Urgency of Doing Our Part in Salvation” [“A Urgência de Fazer Nossa Parte na Salvação”], Greg Mackie, acesso através do link https://circleofa.org/library/urgency-of-doing-our-part-in-salvation/.

Artigo “Shadow Figures” [figuras de sombra], Robert Perry, acesso através do link https://circleofa.org/library/shadow-figures/.

Artigo-estudo intitulado “Shadows of the Past” [Sombras do Passado], Allen A. Watson, acesso através do  link http://www.allen-watson.com/allens-text-commentaries.html.

Recomendamos o site The Pathways of Light Community, para reforços no processo de estudo: https://www.pathwaysoflight.org.

Artigo sobre o Capítulo 17: O Perdão e o Relacionamento Santo – Seção III: Sombras do passado; pode ser acessado através do link: https://www.pathwaysoflight.org/acim_text/print_acim_page/chapter17_section_iii.

Transcrição de palestra do professor David Hoffmeister, estudante, pesquisador e eminente divulgador de UCEM, durante a Conferência “A Course in Miracles – ACIM” [“Um Curso em Milagres”], no mês de fevereiro de 2007, acesso através do link https://awakening-mind.org/resources/publications/accepting-the-atonement-for-yourself/. As diversas palestras do professor David podem ser acessadas, em inglês, no site https://acim-conference.net/past-acim-conferences/.

Trechos do workshop realizado na Fundação para Um Curso em Milagres (Foundation for A Course in Miracles), em Roscoe, Nova Iorque, denominado “Regras para decisões”, Dr. Kenneth Wapnick, Ph.D., no link https://facim.org/online-learning-aids/excerpt-series/rules-for-decision/.

Artigo “Levels of Mind: Looking at the ‘Layers’ of Mind that form Perception” (“Níveis da Mente: Olhando para as ‘Camadas’ da Mente que formam a Percepção”), Site https://miracleshome.org/publications/levelsofmind.htm.

Artigo “To Desire Wholly is to Be” (“Desejar Totalmente é Ser”), do professor David Hoffmeister. Site: https://miracleshome.org/supplements/todesirewholly_171.htm.

Artigo “The Glory of Who We Really Are” [“A glória de quem nós realmente somos”], do professor Greg Mackie. Site: https://circleofa.org/library/the-glory-of-who-we-really-are/?inf_contact_key=2c1c99e05ff3c25330a7916d84d19420680f8914173f9191b1c0223e68310bb1.

Artigo “The difference between horizontal and vertical perception”, Paul West (16/09/2019). Site https://www.voiceforgod.net/blogs/acim-blog/the-difference-between-horizontal-and-vertical-perception.

Artigo “The Holy Relationship: The Source of Your Salvation [“O Relacionamento Santo: A Fonte de Sua Salvação”], Greg Mackie. Site Circle of Atonement, https://circleofa.org/library/holy-relationship-source-of salvation/?inf_contact_key=791ef4a4c578a34f45d28b436fec486d680f8914173f9191b1c0223e68310bb1.

Artigo “On Becoming the Touches of Sweet Harmony – The Holy Relationship as Metaphor – Part 1 and Part 2” [“Sobre se Tornar os Realces da Amena Harmonia – O Relacionamento Santo como Metáfora – Parte 1 e Parte 2”], 1º de junho de 2018, Volume 22 Nº 2 – Junho 2011, Dr. Kenneth Wapnick, Ph.D. Site https://facim.org/becoming-touches-sweet-harmony-holy-relationship-metaphor/.

Livro “Your Immortal Reality: How to Break the Cycle of Birth and Death” (tradução livre: “A Sua Realidade Imortal: Como Quebrar o Ciclo de Nascimento e Morte), de autoria de Gary R. Renard.

Fonte de consulta para a tradução dos Dez Mandamentos em português: https://biblia.com.br/perguntas-biblicas/quais-sao-os-10-mandamentos-e-onde-os-encontramos-na-biblia-cl/.

Artigo “Summary of the Thought System of “A Course in Miracles” [Resumo do Sistema de Pensamento de “Um Curso em Milagres”]. Links https://facim.org/summary-of-the-thought-system-of-a-course-in-miracles-part-1/; https://facim.org/summary-of-the-thought-system-of-a-course-in-miracles-part-2/.

Artigo “Miracles boomeritis” [Boomerite dos Milagres], Robert Perry, https://circleofa.org/library/miracles-boomeritis/.

Livro “Boomerite: Um romance que tornará você livre” [na versão em português; “Boomeritis: A Novel That Will Set You Free”, na versão original em inglês].

Artigo “A brief summary of “The obstacles to peace” [“Um breve resumo de “Os obstáculos à paz”], Robert Perry, site Circle of Atonement, link https://circleofa.org/library/brief-summary-obstacles-to-peace/.

Artigo “A Course in Miracles and ‘The Secret’” [“Um Curso em Milagres e ‘O Segredo’”], Greg Mackie. Site https://circleofa.org/library/a-course-in-miracles-and-the-secret/.

Artigo “How can the Course help us cope with a financial crisis” [“Como o Curso pode nos ajudar a lidar com uma crise financeira?”], Greg Mackie. Site https://circleofa.org/library/course-help-cope-with-financial-crisis/.

Artigo “True Empathy” [“A Verdadeira Empatia”], autor Robert Perry. Site https://circleofa.org/library/true-empathy/.

Artigo: “I NEED BE ANXIOUS OVER NOTHING”, autor Greg Mackie. Site: https://circleofa.org/library/carefree-life/;

Artigo “16-POINT SUMMARY OF THE TEACHING OF A COURSE IN MIRACLES”, autor Robert Perry. Site: https://circleofa.org/library/creation-by-god/

Livro “365 Days Through A Course in Miracles – A Daily Devotional”, de Jeff Nance.

Artigo ‘The Introduction to the Workbook’, de Allen Watson. Site: https://circleofa.org/workbook-companion/the-introduction-to-the-workbook/

Vídeo do Dr. Kenneth Wapnick, abordando a afirmação do livro Texto: “Faça com que esse ano seja diferente, fazendo com que tudo seja o mesmo” ((UCEM-Urtext-T-15.XI.10:11), disponível no YouTube através do link:  https://www.youtube.com/watch?v=KFNCHw_Hb5Q.

Artigo do Professor Robert Perry, denominado “THIS YEAR MAKE DIFFERENT: HOW THE COURSE WOULD HAVE US APPROACH THE NEW YEAR” [Tradução livre “Faça com que esse ano seja diferente: Como o Curso nos quer fazer abordar o Ano Novo”], disponível em inglês através do link: https://circleofa.org/library/a-different-approach-to-the-new-year/.

Livro “The Journey Home” de autoria do Dr. Kenneth Wapnick sobre a seção “The Closing of the Gap” [versão FIP do Curso: “Fechar a brecha”].

Artigo “We have the answer: Jesus’ vision of a better world and how we can achieve it” [tradução livre: ‘Nós temos a resposta: a visão de Jesus de um mundo melhor e como nós somos capazes de alcançá-lo’], escrito pelo professor Greg Mackie, disponível em Inglês no site https://circleofa.org/library/how-the-world-as-a-whole-should-be/. [Esse artigo foi coautorado pelo professor Robert Perry.]

Um milagre é uma correção. Ele não cria e realmente não muda nada. Apenas olha para a devastação e lembra à mente que o que ela vê é falso. Desfaz o erro, mas não tenta ir além da percepção, nem superar a função do perdão. Assim, permanece nos limites do tempo. LE.II.13

Nada real pode ser ameaçado.
Nada irreal existe.
Nisso está a paz de Deus.
T.In.2:2-4
Autor

Graduação: Engenharia Operacional Química. Graduação: Engenharia de Segurança do Trabalho. Pós-Graduação: Marketing - PUC/RS. Pós-Graduação: Administração de Materiais, Negociações e Compras - FGV/SP. Blog Projeto OREM® - Oficina de Reprogramação Emocional e Mental - O Blog aborda quatro sistemas de pensamento sobre Espiritualidade Não-Dualista, através de 4 categorias, visando estudos e pesquisas complementares, assim como práticas efetivas sobre o tema: OREM1) Ho’oponopono - Psicofilosofia Huna. OREM2) A Profecia Celestina. OREM3) Um Curso em Milagres. OREM4) A Organização Baseada na Espiritualidade (OBE) - Espiritualidade no Ambiente de Trabalho (EAT). Pesquisador Independente sobre Espiritualidade Não-Dualista como uma proposta inovadora de filosofia de vida para os padrões Ocidentais de pensamentos, comportamentos e tomadas de decisões (pessoais, empresariais, governamentais). Certificação: “The Self I-Dentity Through Ho’oponopono® - SITH® - Business Ho’oponopono” - 2022.

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